EXAME DE URINA
Ana Cristina Simões e Silva
Professora Adjunta Departamento de Pediatria
Unidade de Nefrologia Pediátrica
Faculdade de Medicina - UFMG
2009
Introdução
O exame de urina é um dos mais
solicitados na práctica médica, porque não
só permite avaliar o próprio aparelho
urinário desde os rins até a uretra, como
também, por meio de uma amostra de fácil
obtenção, fornece informações sobre
diversas doenças.
Indicações
1. Avaliação geral (exame de screening) –
recomendações da AAP/ limitações
2. Infecções urinárias
3. Nefropatias primárias: glomerulopatias,
síndrome nefrótica
4. Nefropatias
secundárias:
vasculites,
Diabetes mellitus, LES
5. Nefrolitíase
6. Outras doenças
•
Coleta de urina
A melhor amostra de urina é a primeira da
manhã, jato médio. Deve ser coletada em
frasco de preferência estéril. O volume
deve ser suficiente para medir a densidade
(>10 ml).
Urina: Características gerais
Cor: Normalmente amarelo claro, que pode
aumentar a intensidade em casos de
diurese reduzida.
Rosada ou vermelha: nas hematúrias,
hemoglobinúrias,
porfiria,
ingesta
de
alimentos
ou
substâncias,
síndrome
carcinoide.
Marrom ou colúrica: icterícias.
Negra: alcaptonúria, metahemoglobinemias.
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Urina: Características gerais
2. Aspecto: normalmente é transparente.
Pode ser turvo por: piúrias, fosfatúrias,
proteinúrias
3. Densidade: 1010 a 1020. Aumenta no
diabetes mellitus, diminui no diabetes
insipidus.
4. pH: normalmente é ácida, mas pode variar
de 4.5 a 8. A urina é muito ácida nas
acidoses
metabólicas,
ou
por
medicamentos.
Alcalina:
alcalose
respiratória.
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Urina: Exame Químico
• É realizado com as fitas reagentes
(dipstick) – exame de screening
• Glicose: deve ser negativa. Se a glicemia
está acima do transporte tubular máximo
(160-180 mg/dl), a
glicose aparece na
urina
(glicosúria), que sempre é
patológica e é quantificada pela fita.
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Glicosúria
• Também pode dever-se à causa renal
ou glicosúria renal normoglicêmica:
glicosúria renal primária, glicosúria
da gravidez, glicosúria tóxica por
metais, e nas disfunções tubulares
complexas como na síndrome de
Fanconi.
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Cetonúria
• Corpos cetônicos. Normalmente deve ser
negativo.
Se
positivo,
caracteriza
cetonúria, que é quantificada pela fita.
Pode ocorrer em: cetoacidose diabética,
jejum prolongado, vômitos acetonêmicos,
hiperinsulinismo com hipoglicemia e
esgotamento do glicogênio hepático.
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Proteinúria
• Normalmente se elimina uma quantidade
insignificante de proteínas (150 mg/24
horas, incluindo a albumina e outras
proteínas). Sempre se deve avaliar de
forma quantitativa, e, se possível, em urina
de 24 horas por métodos turbidimétricos
com
ácido
sulfosalicílico
3%,
ou
tricloroacético a 12 % ou nefelométricos. A
fita reativa é habitualmente teste de
screening.
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Proteinúria
•
•
•
•
São causas de proteinúria:
Falsa por leucocitúria ou hematúria
Extrarrenal: ortostática, benigna ou juvenil
Renal
-por lesão glomerular : glomerulonefrites,
síndrome nefrótica, hipertensão maligna,
toxemia gravídica, nefropatia diabética.
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Proteinúria
• por lesão tubular como nas
tubulopatias congênitas, fase de
recuperação da insuficiência renal
aguda, pielonefrites.
• Outras
causas:
estado
febril,
mieloma múltiplo, doença de Hodgkin
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Proteinúria
• Proteinúria seletiva: á a mais comum. É formada
predominantemente por proteínas de baixo peso molecular
(albumina, alfa 1 ou beta). Indica quase sempre lesão
glomerular.
• Proteinúria não seletiva: aparecem todas as frações
proteicas presentes no plasma. Pode ser também indicativa
de lesião glomerular, porém mais grave.
• Proteinuria monoclonal:
quando
se
observa
um
componente monoclonal anormal- a proteína de Bence
Jones (ex. mieloma múltiplo)
• Microalbuminúria: é utilizada como marcador de lesão
renal em hipertensos e diabéticos
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Nitritos
• Nitritos : se torna positivo pela
nitrato
redutase
presente
nas
enterobactérias. É uma prova rápida,
mas tem uma sensibilidade de 25 % e
uma especificidade de 94-100 % para
infecção urinária
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Bilirrubina
Bilirrubina. Se denomina colúria, a
presença de bilirrubina direta na urina,
levando a uma coloração amarelo escura
Aparece em todas as icterícias obstrutivas
ou parenquimatosas. Esta ausente nas
icterícias hemolíticas ou pré-hepáticas
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Urobilinogênio
• Normalmente negativo
• Aumenta nas anemias hemolíticas
por grande produção de bilirrubina
que leva a uma maior produção e
excreção de urobilinogênio
• Ausente na icterícia obstrutiva
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Esterase leucocitária
• Esterase leucocitária: é usada como
teste rápido para detectar piúria,
apresentando sensibilidade de 57 a
95 % e especificidade de 94-98 %
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Hemoglobinúria
• Hemoglobinúria: Ocorre nas hemólises
intravasculares, crônicas ou epidósicas,
como hemoglobinúria paroxística noturna,
hemoglobinúria paroxística “ao frio”, póstransfusões incompatíveis, em algumas
anemias hemolíticas, etc.
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Exame do Sedimento
Centrifuga-se 5 a 10 ml de urina e
elimina-se o sobrenadante. Coloca-se
uma gota do sedimento entre lâmina e
lamínula para exame ao microscópio
Constitui-se em um dos exames mais
úteis e, por sua vez, mais simples para
avaliação das doenças do trato urinário
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Sedimento urinário
O sedimento inclui aspectos
analíticos diversos: citologia,
bacteriologia e identificação de
cilindros e cristais precipitados
na urina.
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Citológico
• Citológico: os leucocitos normalmente se
consideram até 4 por campo de maior aumento,
de modo que 5 ou mais são considerados
patológicos e sugestivos de infecção. A piúria
expressa como mais de 10 leucocitos por ml de
urina em câmara de contagem de glóbulos ou um
leucócito por campo em coloração de gram, tem
uma sensibilidade de 80 a 95 % para infecção
urinária e uma especificidade de 50 a 76 %. Sua
ausência questiona o diagnóstico de infecção
urinária.
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Piúria
• Por outro lado, piúria com cultura negativa
pode indicar infecção por germes não
usuais
como
C.
trachomatis,
U.
urealiticum, M. tuberculosis ou fungos.
Pode ser também uma piúria não
infecciosa ou estéril por doenças
glomerulares,
febre,
processos
inflamatórios na bexiga ou na região
pélvica (apendicite).
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Hematúria
• Hematúria: presença de hemácias na urina, que
pode ser macro ou microscópica. Normalmente o
sedimento urinário não contém hemácias,
considerando-se normal até 2 ou menos por
campo de grande aumento (algumas vezes <5 pc).
A hematúria pode ser de vias urinárias: por
hemorragia
uretral,
vesical
(traumatismos,
pólipos, câncer, cistite), prostática, ureteral
(geralmente por litíase renal).
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Hematúria
• Hematúria
de
causa
renal:
glomerulonefrites,
pielonefrites,
doenças císticas, nefrolitíase, trauma
renal, neoplasias, etc.
• Hematúria extrarrenal:
diáteses
hemorrágicas (hemofilia, púrpura
trombocitopênica, etc)
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Cilindrúria
• Cilindros: conglomerados de elementos
celulares ou proteicos que formam moldes
dos túbulos renais. Podem ser hialinos,
granulosos,
hemáticos,
leucocitários,
céreos, etc.
• Cilindros
hialinos:
têm
o
mesmo
significado que a albuminúria, podendo
surgir
normalmente
em
pequena
quantidade.
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Cilindrúria
• Cilindros granulosos são sempre patológicos,
assim como os epiteliais que os originam por
degeneração celular. Indicam lesião tubular,
aparecendo na urina de glomerulopatas.
• Cilindros hemáticos aparecem nas hematúrias
parenquimatosas renais.
• Cilindros leucocitários aparecem de modo
característico nas pielonefrites
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Cristalúria
• Cristais: em pH ácido podem ser de
ácido úrico, uratos sódico, oxalato e
cistina. Em pH alcalino: fosfatos,
fosfatos triplos e fosfato cálcico.
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Outras avaliações
• Relação proteína/ creatinina
amostra de urina
• Relação
cálcio/
creatinina
amostra de urina
em
em
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