MAIS DO QUE VER TV Cláudia Regina da SilvaFranzão1 Resumo Este artigo pretende abordar o veículo midiático TV como enunciador de informações que fomentam comportamentos novos ao mesmo tempo em que cristalizam e apresentam objetos culturais através de múltiplas linguagens tendo como porta de entrada a imagem televisiva no processo comunicacional. Palavras-chave: televisão – cultura – leitura – código - imagem A televisão pode oferecer efetivas possibilidades de cultura, entendida esta como relação crítica com o ambiente. (Umberto Eco) Há muito se busca uniformidade para a definição do que é comunicação. Entre a diversidade de conceitos e teorias existentes, a conceitualização de Paoli vê comunicação como “o ato de relação entre dois ou mais sujeitos, mediante o qual se evoca um significado em comum.” Concordo com o autor parcialmente, pois ainda vejo necessidade de complementação, dado o número de fatores envolvidos em um processo comunicacional. Segundo o dicionário Folha/Aurélio, o vocábulo comunicação significa “ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos e/ou processos convencionados, quer através da linguagem falada ou escrita, quer de outros sinais, signos ou símbolos, quer de aparelhamento técnico especializado, sonoro e/ou visual.” Ainda neste verbete da obra supracitada, encontramos que comunicação é “a capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, de conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas.” Nesse processo de entendimento submete-se a informação recebida à julgamento de valor, distinção, discernimento e análise em relação a conhecimentos anteriores. Combinação e análise das informações transmitidas em associação com o repertório possuído para que se possa emitir julgamento de valor sobre a mensagem que se recebe. Por outro lado, há de se considerar que os falantes envolvidos no ato comunicacional podem parecer uniformes, digo parecer porque embora, partilhem dos 2 mesmos valores, das mesmas crenças e ideologia dominantes da comunidade, a diversidade de opiniões e de interpretações da realidade os coloca, tanto ao emissor quanto ao destinatário, em cheque no entendimento da mensagem. De um lado temos o emissor que atualiza sua verdade sobre as crenças e valores do grupo de acordo com sua interpretação pessoal através de seu discurso, onde este mesmo sujeito tenta transmitir ao destinatário toda sua mensagem em relação à informação pré-recebida e transformada em conhecimento, o qual agora faz parte de sua fala enquanto dialogam. Ao tecerem a trama do diálogo, ambos, emissor e destinatário, vão deixando transparecer uma aparente uniformidade de pensamentos, a qual permite o mínimo entendimento entre ambas as partes envolvidas. Vão construindo harmoniosamente a coerência dialógica entre os dois para que cada qual absorva o máximo das informações contidas na mensagem comunicativa externalizada. Essa aparente uniformidade terá a durabilidade da leitura significativa que cada parte envolvida no processo comunicacional faz do próprio discurso em relação ao do outro. Diante do exposto, como fica o diálogo em que se inscrevem o enunciador/TV e o enunciatário/telespectador dentro da comunicação midiática? Aliás, o que se entende por midiático? O termo midiático, segundo o Dicionário Houais da Língua Portuguesa (2001), significa próprio da mídia ou difundido por ela na difusão de informações. O vocábulo vem do francês “médiatique”, sendo considerada recente na Língua Portuguesa, pois entrou para o inventário em 1983. “Médiatique” é aquilo “que diz respeito à mídia, que produz um bom efeito nas mídias, especialmente na televisão”. Midiático, no português de Portugal é grafado com e (mediático) e ainda é considerado neologismo, o que nos leva a outra questão pertinente: a velocidade em que a língua evolui e a velocidade de validação dos conceitos criados pela comunicação. Os falantes criam palavras para externalizar o significado de um significante que trazem na cabeça ao observarem o mundo que gira ao seu redor. A partir do momento que o destinatário e os outros membros da comunidade a aceitam como forma de descrever algo, o termo passa a existir como neologismo e se torna vocábulo quando admitido no inventário lingüístico. Mas voltemos a conceituação do termo midiático. De acordo com o dicionário disponibilizado no site da Priberam Informática, oriundo de Portugal, o termo “mediático” pertence à classe dos adjetivos e é um “neologismo, relativo aos mass media; aquilo que é transmitido ou divulgado pelos mass media; aquilo que produz um 3 resultado positivo ou um efeito favorável nos mass media (especialmente falando-se de televisão).” (http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx). Tanto uma obra quanto a outra convergem seus conceitos para a comunicação televisiva. O veículo midiático televisão reúne em um só meio: imagem, fala e música para transmitir informações. Ao entrarmos em contato com o emissor TV somos bombardeados por uma enxurrada de informações codificadas em múltiplas linguagens, as quais exigem total atenção de nossos sentidos na tentativa de estabelecermos uma ponte sólida com o admirável mundo novo que nos invade. Observe uma pessoa ao se colocar diante de um aparelho de TV, parece que todas as outras coisas ao seu redor tornam-se invisíveis diante do estado de concentração que ela se coloca para entender a informação no ritmo que é apresentada no meio televisivo. A diversidade de informações sobre os mais distantes universos culturais desperta a curiosidade para o novo, para o que deve ser entendido e absorvido para depois alimentar mais aprendizado sobre o mundo real versus o imaginário. A TV e seu diálogo tornam-se uma extensão do mundo real que rodeia o homem, mais um dos espelhos onde ele pode espiar os outros ao mesmo tempo em que se vê nesse processo. É a leitura do uniforme e do diverso na comunicação existencial através da leitura das imagens. Ler uma imagem requer informação, interação e associação entre repertório e código(s) utilizados. A maior parte do tempo nos encontramos expostos a um fluxo contínuo de informações cuja arquitetura compõe-se de interações entre linguagens tão diversas que algumas nos escapam ao entendimento imediato: seja pelo ritmo próprio que impõem ou pelos referenciais que requerem para a efetivação de seu significado perante um contexto, afim de que possamos apreender a mensagem contida nele. Ao nos depararmos com uma mensagem a ser captada, nossos sentidos entram em ação buscando associações para o pleno entendimento. No caso da imagem, nossos olhos são instrumentos magníficos para darmos início a uma leitura baseada em nossa intuição e sensibilidade com subseqüente emissão de julgamento de valor, embora não nos demos conta do caminho percorrido nesse processo na maioria das vezes. Diante da imagem, fala e música da TV entramos em contato tanto com a nossa cultura quanto com culturas distantes, devido a programas estrangeiros traduzidos e adaptados para o meio televisivo brasileiro. As informações disponibilizadas nos mais diversos gêneros, tais como: programas infantis, desenhos animados, telejornais, documentários, novelas, minisséries, filmes e seriados, revelam-se como pequenas 4 amostras culturais dos lugares onde se deu a produção e finalização do espetáculo a que assistimos. Estabelece-se um diálogo ao mesmo tempo sonoro e silencioso. De um lado temos a TV com seu diálogo eloqüente enunciando a estória, ou estórias, dentro do programa a que assistimos, pois se considerarmos que há comerciais e que cada um deles se constitui numa “micro-narrativa” teremos ainda mais interações comunicativas com diferentes diálogos em diferentes ritmos. O que parecia tão uniforme e previsível acaba por se mostrar diverso numa entropia proposital. Na outra ponta da interação comunicativa, temos o telespectador em seu diálogo interno com a programação a que assiste. A todo o momento ele faz uso de código(s) e repertório(s) na associação para entendimento do que vê, ouve e sente. Há momentos em que o telespectador chega a verbalizar o diálogo interior que desenvolve com o personagem do que assiste dado o seu envolvimento com o meio. Este mesmo telespectador passa a enunciador quando dialoga em sua rede intersubjetiva sobre o que assistiu. Ao tecer comentários deixa transparecer sua visão de mundo ao mesmo tempo em que questiona o meio ambiente em que vive. Cercado por diversidades sociais, culturais e econômicas o telespectador vê expresso na “telinha” a amostragem de várias manifestações culturais formatadas para o meio. Nosso olhar sobre o mundo é formatado de acordo com a cultura na qual nos inserimos e sofre mudanças cada vez que contrastamos o nosso ao que chamamos de estrangeiro, o fora de lugar, o que não se encaixa exatamente em nosso meio. O estranhamento torna-se benéfico se levar ao questionamento, contribuindo para a ampliação da visão de mundo dentro do devir sociocultural, ou seja, se contribuir para transformações incessantes e permanentes, pelas quais a sociedade e a cultura se constroem e se dissolvem noutras, sempre carregando um pouco do passado com elas. Desde que nossos pais começam a se comunicar conosco – e isso pode ser até antes do nosso nascimento, segundo algumas pesquisas – nosso repertório comunicativo está em formação. Ao entrarmos no mundo, começamos a ter contato com representações simbólicas que nos ajudarão a ver, ler e entender o mundo que nos cerca; a comunidade em que viveremos. Começamos a comunicar e com o passar do tempo, nossos valores simbólicos se alicerçam e, por conseguinte, nossas crenças afloram de acordo com a ideologia na qual estamos inseridos. Aprendemos a ler o mundo que nos envolve. Considero que a leitura desse mundo ao nosso redor começa pela percepção da imagem, seja ela concreta ou abstrata. Mesmo um indivíduo de visão 5 prejudicada, um cego, por exemplo, faz uso da imagem acústica que lhe é comunicada ou da imagem táctil que experiencia para formar uma imagem interna do objeto a que se refere o enunciador da mensagem. As próprias letras, a meu ver, podem ser encaradas como imagens associadas por combinação para registro de significações pelo produtor que as “desenha” e para possível construção de significados por parte de quem as decodifica. Entra aqui a questão do registro da visão de mundo que cada sujeito carrega na cabeça, sem esquecer que tal visão foi construída através da comunicação de mensagens embasadas em uma cultura pré-existente e que faz parte da história desse mesmo sujeito. O conceito de cultura adotado para este artigo é o de Balogh (2002), ou seja, “a cultura pode ser concebida como um vasto tecido de relações existente entre os textos das diferentes séries culturais que a compõem: a literatura, as artes, a ciência, a filosofia, etc...”. Nas manifestações culturais vemos externados os valores, crenças e ideologia que permitem a um determinado grupo social a convivência mais ou menos pacífica e o reconhecimento tanto de seus pares quanto o de si próprio em relação aos outros. Forma-se uma identidade, a sensação de pertencer a um lugar do qual emana o sentimento de união em simbiose a ponto de já não saber definir quem é o indivíduo e quem é o coletivo. A nossa imagem social num processo de espelhamento de si próprio e do outro, de observador e observado, lendo o mundo e sendo lido a todo instante pela sua imagem e semelhança. Nesse processo de leitura do mundo que carregamos na cabeça e do que nos cerca, diante de uma imagem podemos tecer tantas associações quantas o nosso léxico nos permitir. A ancoragem de sentido, entretanto, dependerá da ideologia, cultura e história em comum que enunciador e enunciatário possuam. Uma imagem só faz sentido para o enunciatário se ela encontrar a mesma valoração ou valoração semelhante a que lhe atribuiu o enunciador. Alimento midiático As mídias fomentam o surgimento de processos culturais diferentes das lógicas anteriormente predominantes, da divisão entre a cultura chamada de erudita e a cultura popular. O que antes era classificado como não cultural passa a ter difusão e após alguns anos a amalgamar-se a chamada cultura erudita. Tal união infiltra-se na trama social através das relações das mídias entre si, pois os consumidores passam a ter escolha entre produtos simbólicos alternativos. A veiculação de informações pelas 6 mídias tende a colocar a cultura como um todo em movimento, acelerando o tráfego entre suas múltiplas formas, níveis, setores, tempos e espaços. Das mídias, interessa-me neste artigo, um de seus veículos: a TV. O sucesso de todo espetáculo de TV parece residir no fato de que seus produtores o engendram a partir dos pontos de intersecção entre diálogo e ambivalência, resultando em sua leitura intertextual alicerçada nas diversas concepções culturais existentes e mais propriamente na do enunciatário. Trata-se da polifonia presente nos diversos programas televisivos ou, não raras as vezes, dentro de um único programa, onde observamos a intersecção entre o contexto atual e contextos anteriores na composição da mensagem. A multiplicidade de vozes e consciências independentes e distintas que representam pontos de vista sobre o mundo acaba por dar corpo à polifonia da qual falamos anteriormente. Ao falar em consciência, não estou empregando o vocábulo no sentido de um puro ser para si e em si, mas sim uma consciência que se manifesta em percepção de um mundo que a direciona e que faz emergir uma zona de fronteira, de troca de sentidos ao mesmo tempo em que “(...) tende a diluir e neutralizar todas as distinções geográficas e históricas, adaptando-as a padrões médios de compreensão e absorção.” (BALOGH, p. 51) O enunciador/TV hiperestimula os sentidos biológicos do enunciatário/telespectador, para que esse queira estar diante do texto televisivo. Por sua vez, o enunciatário/telespectador ao perceber o dialogismo, escrita em que se lê o discurso do outro, produz a identificação ideológica, cultural e histórica, a qual lhe proporciona a sensação de prazer ou desprazer diante da realidade exposta. O telespectador passa a almejar, ou não, tal realidade para seu mundo em função da sensação fomentada. Para exemplificar brevemente, vejamos o texto de Felipe Bragança, no site www.contracampo.com.br, sobre o turismo de aventura na arquitetura das imagens jornalísticas e o processo de identificação, quando ele comenta o estilo televisivo que a repórter Ana Paula Padrão demonstrou em seu trabalho tele - jornalístico: Como uma "segunda era de ouro das viagens", a contemporaneidade sufocada em seus limites reiterativos do cotidiano, se reconfigura em sua admiração pelo movimento, pela presença num lugar-outro, na diminuição das distâncias e na doce sintonia única em que as dinâmicas de vida têm adquirido em todo o mundo. O atravessar um espaço alheio, o ter contato com uma atmosfera não sua (do espectador), torna-se uma prática comum no 7 telejornalismo, sob o domínio das imagens inéditas. Num jogo de identidades público-jornalista, onde o espectador se vê inserido nas imagens (inacessíveis) de um lugar distante, ocupando o corpo presente de quem leva o microfone. (O tour dos Simpsons / Ana Paula vai à África.) Assim nascem os mitos televisivos, frutos da projeção das expectativas de seus telespectadores sobre o texto do enunciador. O enunciatário sente-se dentro da atmosfera mostrada pelo enunciador/TV. A natureza desses mitos, entretanto, dependerá da dialogia entre enunciador e enunciatário. O enunciatário recebe a informação do enunciador e ao processá-la, através de seus sentidos super-estimulados, identifica-se dentro do espetáculo, para a seguir projetar seus anseios e sentimentos em relação ao que vê. A partir desse processo de identificação e projeção, o enunciatário/telespectador dialoga não só consigo mesmo, mas também com tantos quantos forem os sujeitos de sua rede subjetiva que permitam a troca de informações e possível construção de senso crítico a partir do que se viu, ouviu e comentou. Ferrés, 1996, alicerça a crença da construção coletiva ao escrever sobre o sucesso dos interpretes de programas televisivos da seguinte maneira: O fato de que em determinadas épocas da história surjam determinadas estrelas ou tenham sucesso alguns tipos de programas demonstra que os mecanismos de identificação e projeção amiúde funcionam socialmente e não só em âmbito individual, não apenas o reflexo de um inconsciente individual, mas também coletivo. Particularmente o que nos interessa aqui é o inconsciente coletivo do qual brotam atitudes conscientes quando as informações são estimuladas de forma benéfica. A utilidade do texto de TV está nos olhos do enunciatário consciente da sua própria linguagem e da linguagem do enunciador. A utilidade do meio está nos olhos de quem o assiste, mas não o aceita como a única verdade sobre o fato. O enunciador/TV presta-se a ser a ponta do iceberg para uma viagem muito mais interessante sobre o meio social em que se encontra o enunciatário. A TV é entendida aqui como veículo de informações sobre o mundo, esteja ele distante ou próximo. A exposição do enunciatário a espetáculos de forma desordenada e despreocupada transforma-o em terreno estéril, como se ao receber a semente não soubesse o que fazer para germiná-la e produzir alimento. Sendo assim, passa a copiar comportamentos e atitudes simplesmente porque os elege como significantes de sua identidade, na tentativa de ser ao mesmo tempo único e coletivo em seu grupo social. 8 Remetendo novamente a Ferrés, 1996, deparamo-nos com o problema da leitura de imagens: Quando no Ocidente a letra impressa era a forma de comunicação cultural hegemônica, havia milhões de analfabetos. Hoje em dia, quando a forma de comunicação hegemônica é a imagem, solucionou-se quase totalmente o problema do analfabetismo, mas há grandes massas de analfabetos na imagem. Com estas afirmações em mente, devemos repensar não só os meios utilizados para o letramento, mas também a própria noção da palavra, visando a formação do cidadão crítico do discurso de que seu enunciador faz uso; a formação do cidadão capaz de mudar a realidade através de atitudes comunicativas conscientes e pacíficas. Dialogar sobre as informações veiculadas pela TV de forma consciente e na tentativa de entender e aprimorar o meio ambiente em que o sujeito se encontra significa que: “(...) Acima dos gêneros, a crítica de televisão é a crítica de um novo patamar das relações sociais e das relações ideológicas entre os sujeitos, e só a partir daí ela ganha seu sentido político – o que mais interessa.(...) A crítica de televisão não lida (apenas) com a estética. Ela não tem por objeto uma arte, mas um fato social como a própria língua (ou como a linguagem). Portanto, deve declarar que, discutindo a cultura, está discutindo a sociedade e seus sujeitos.” (BACCEGA, 2000 p. 37) Somente discutindo o que nos cerca é que podemos chegar a uniformidade e diversidade positivas na constituição social. O veículo para isso viaja nas asas da conscientização plena do que é a comunicação. Referências bibliográficas BACCEGA, Maria Aparecida. Crítica de Televisão: Aproximações. In: MARTINS, Maria Helena (org.). Outras Leituras: Literatura, Televisão, Jornalismo de Arte e Cultura, Linguagens Interagentes. São Paulo : Ed.Senac, 1999 BALOGH, Ana Maria. Cultura e Intertextualidade – media e transmutações. In: BALOGH, Ana Maria; ADAMI, Antonio e outros (orgs.). Mídia, Cultura, Comunicação. São Paulo: Arte & Ciência, 2002. BRAGANÇA, Felipe. O tour dos Simpsons: Ana Paula vai à África http://www.contracampo.com.br , acesso em 10 de janeiro de 2006. DICIONÁRIO Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro : Ed. Objetiva, 2001. 9 DUARTE, Eduardo. 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São Paulo: Arte & Ciência, 2002. 1 Licenciada em Letras pela Unesp com especialização em Teorias Lingüísticas e o Ensino de Idiomas e mestranda do Programa de Pós-graduação em Comunicação, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp-Bauru