XLVIII Congresso Nacional da ABIPEM Cuidados na Escolha e Monitoramento de Fundos de Investimento Expo Center Norte – SP – 22/8/2014 Claudio Maes – CVM/SIN/GIF 1 Alerta As opiniões aqui expostas são de exclusiva responsabilidade do apresentador, não necessariamente refletindo o entendimento da Comissão de Valores Mobiliários sobre as matérias abordadas. 2 Agenda Fundos de investimento – uma breve abordagem Dicas para a escolha do fundo Dicas para monitorar o investimento Interação 3 Formalidades Um fundo de investimento é um condomínio (aberto ou fechado), destinado à aplicação em ativos financeiros, nos termos da ICVM 409. Como são condomínios, não sociedades, os fundos de investimento não estão amparados na Lei das S/A. A posse dos ativos do fundo pertence ao administrador, mas a propriedade aos cotistas – o patrimônio do fundo não se comunica com o patrimônio de seus prestadores de serviços. 4 FI FIC FIC - FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS (DE FI) O fundo de cotas é somente uma “casca”, os riscos encontram-se nos fundos investidos. O RPPS adquirindo cotas de um fundo de investimento está depositando confiança na capacidade do gestor em administrar uma carteira de ativos; já ao adquirir cotas de um fundo (de cotas de) fundos estará confiando na capacidade do gestor em escolher outros gestores. 5 Fundos Previdenciários Não representam um tipo específico de fundo, com uma política de investimento própria exigível em razão dessa condição. A característica essencial que os define é o público alvo exclusivo a que se destinam. Atualmente, consideram-se “Previdenciários” os fundos constituídos para aplicação de recursos de entidades de previdência privada, RPPS e planos de previdência complementar aberta e seguros de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência. Cenário Durante longo período os fundos de investimento brasileiros conseguiram conjugar boa performance com baixo risco e liquidez. Tal desempenho, incomum, foi decorrente dos elevados juros pagos por títulos públicos negociados em mercados com extrema liquidez. Em um cenário de queda na taxa de juros, as aplicações em líquidos títulos públicos tendem a não oferecerer performance compatível com as necessidades atuariais de um RPPS. 7 Custo da Liquidez Liquidez é um benefício e, como tal, possui um preço, que no caso é sua tendência em impactar negativamente a performance. 8 Atenção! A CVM não possui mandato legal para fiscalizar cumprimento de normas da Previdência, como a Resolução CMN 3.922. Ademais, o foco da supervisão de caráter preventivo da CVM é nos fundos de varejo. Assim, é primordial garantir que os RPPS sigam procedimentos adequados de due dilligence quando selecionam um fundo de investimento para aplicar recursos. Lembranças Básicas Risco e benefício são positivamente relacionados quem deseja maior benefício tem que aceitar mais risco. Rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Aplicações em cotas de fundos não são asseguradas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). 10 Dicas – Riscos Em “CNTP”: Ativos ilíquidos são mais arriscados que líquidos; Ativos de crédito privado são mais arriscados que títulos públicos; Reputação (imagem) é algo muito valioso para agentes de mercado; Operações entre agentes sob controle comum tendem a oferecer maior risco para os investidores que operações entre partes independentes. 11 Problema Clássico RPPS + Gestor novo ou pequeno e Administrador “distante” + Fundo criado sob medida para os Regimes + RPPS possui(rá) parcela significativa do patrimônio sob responsabilidade do Gestor + Investimento em crédito privado = Informações Essenciais PÚBLICO-ALVO e OBJETIVOS POLÍTICA DE INV. e COMPOSIÇÃO DA CARTEIRA NÍVEL de RISCO HISTÓRICO DE RENTABILIDADE LÍQUIDA VIS-A-VIS RISCO INCORRIDO 13 Diligências - Comprando Certifique-se de que recebeu informações de boa qualidade que sejam úteis ao correto entendimento do produto. Na hipótese de não entender a política de investimentos do fundo à perfeição, procure suporte profissional, mas nunca invista no que não consegue entender. Antes de comprar cotas, confira a carteira no site da CVM e não deixe de checar se o fundo realiza muitas operações com partes ligadas ao gestor. Também cabe comparar o desempenho com fundos similares. 14 Diligências - Comprando Confirme se a política de investimentos do fundo é adequada aos objetivos do RPPS e se o veículo tem como público-alvo entidades de previdência. Cheque se (i) a política de investimentos pode resultar em perdas significativas para os cotistas, (ii) tais perdas podem superar o investimento e (iii) é possível que os cotistas tenham de aportar recursos adicionais para cobrir prejuízos. 15 Diligências - Comprando Verifique se o fundo aplica em derivativos e, caso positivo, com qual propósito – proteção da carteira ou alavancagem? Fundos que operam derivativos em exposições superiores ao seu patrimônio – alavancagem – são mais arriscados. Apure os limites de investimento em ativos do exterior e em crédito privado. Observe o limite estabelecido para que o fundo invista em ativos emitidos pelo administrador, gestor e empresas ligadas. 16 Diligências - Comprando Compare a taxa de administração e as despesas correntes com as de outros fundos similares e certifique-se de que entendeu perfeitamente a taxa de performance, se houver. Identifique quem são os prestadores de serviços do fundo. Informe-se sobre eles, especialmente se estão cadastrados na CVM e seu histórico junto ao regulador. Cheque os prazos de carência para (i) pedir resgate e (ii) receber os recursos após o pedido. 17 Qualidade da Informação As informações não podem induzir o investidor a erro e devem ser escritas em linguagem simples, clara, objetiva e concisa. As informações fornecidas devem ser úteis à avaliação do investimento. As informações não podem assegurar ou mesmo sugerir a existência de garantia de resultados futuros ou isenção de risco para o investidor. Informações factuais devem ser diferenciadas de interpretações, opiniões, projeções e estimativas, assim como devem indicar suas fontes. INFORMACAO SEM QUALIDADE, RECLAME COM A CVM 18 Compliance A formalização da sua existência e de seus procedimentos e o correto funcionamento da área de controles internos é essencial para que administradores de recursos de terceiros possam reduzir o risco de inobservância legal. 19 Diligências - ANBIMA Modelo ANBIMA de Due Diligence (www.anbima.com.br) Exemplos de Informações sobre o gestor e administrador: • Receitas/Ativos sob gestão • Histórico & Reputação – Opiniões de investidores e clientes • Recursos Humanos – perfil dos sócios e principais gestores • Compliance e auditoria interna • Questões jurídicas e legais (equipe, manuais e prática) • Gestão de Risco (equipe e modelos e prática) • Postura Fiduciária (ex: práticas em relação a recursos próprios, investimentos em ativos de partes relacionadas e segregação de atividades conflitantes) Diligências - ANBIMA Modelo ANBIMA de Due Diligence (www.anbima.com.br) Exemplos de Informações sobre os fundos de investimento: • Histórico • Estratégias e riscos • Volatilidade das cotas e riscos incorridos • Comportamento em crises • Piores desempenhos • Atendimento a cotistas Dicas no Acompanhamento Acompanhe (ao menos) as informações periódicas do fundo www.cvm.gov.br / ACESSO RÁPIDO / Fundos de Investimento: 1. Diárias - valor da cota e do patrimônio líquido do fundo aberto; 2. Mensais – lâmina (varejo); extrato de conta dos cotistas; balancete; composição; e perfil mensal. 3. Anuais – demonstrações financeiras com parecer de auditoria independente. Ativismo: seja um cotista ativo! Ainda que a presença em assembleias não seja possível, sempre que tiver alguma dúvida demande explicações ao administrador. 22 Dicas no Acompanhamento Caso seu fundo aberto invista em ativos ilíquidos, maior a possibilidade de uma má avaliação desses ativos resultar em transferência indevida de riquezas entre cotistas. Caso note nas informações do fundo algo inusitado em relação à avaliação, questione o administrador do fundo. Caso fique sem resposta ou a mesma não seja satisfatória, reclame com a CVM! 23 Dicas no Acompanhamento Olho na variação da cota! Volatilidade é risco! Acompanhe diariamente como andam resgates e aplicações do fundo. Captações líquidas negativas podem ser indicativas de problemas... Investido em fundo negociado na Bolsa? Acompanhe os Fatos Relevantes Possua uma rotina de monitoramento e dê utilidade (ao menos) ao material produzido pelo administrador Mantenha aberto o diálogo com o gestor 24 Olho nas Despesas! As despesas retiram rentabilidade do fundo. Atenção especial com os fundos de cotas, pois possuem encargos “em cascata”. Verifique se o desempenho justifica as despesas. Os encargos do fundo são listados em norma, quaisquer outras despesas correm por conta do administrador (e saem da taxa de administração). Não existe almoço grátis. Se o fundo oferece benefícios extraordinários, tal como capital protegido, esteja certo de que quem está pagando, ainda que indiretamente, são os cotistas. 25 SBR SUPERVISÃO BASEADA EM RISCO Resolução CMN 3.427/06 / Deliberação CVM 521/07 De acordo com esta metodologia de supervisão, o regulador foca sua atuação nos principais riscos ao desempenho de suas atribuições legais, racionalizando a aplicação de recursos materiais e humanos e buscando uma abordagem mais preventiva do que reativa. SBR – Plano Bienal Fatores de Risco do SBR dos Fundos (2103-2014): Avaliação de Ativos; Composição da Carteira; Diligências na Aquisição de Ativos; Gestão de Liquidez ; e Informações Periódicas e Eventuais. Obrigado! O PRODIN – Programa de Orientação e Defesa do Investidor acolhe e responde a consultas, reclamações e denúncias de investidores: Internet, em www.cvm.gov.br, “Fale com a CVM”; Forma presencial (gerências de orientação aos investidores do RJ e SP); Telefone , no nº gratuito 0800-7225354; Correios, nos seguintes endereços: 1. SP - Rua Cincinato Braga, 340, 2º andar, 01333-010, São Paulo – SP; 2. RJ - Rua 7 de Setembro, 111, 5° andar, 20050-901 Rio de Janeiro – RJ; ou 3. DF - SCN Quadra 02, Bloco A, Ed. Corporate Financial Center, Módulo 404, 70712-900, Brasília - DF 28