VIDA ESPÍRITA II CURSO: O LIVRO DOS ESPÍRITOS RELAÇÕES DO ALÉM TÚMULO "Desencarnar é mudar de plano, como alguém que se transfere de uma cidade para outra sem que o fato lhe altere as enfermidades ou as virtudes com a simples modificação dos aspectos exteriores. Importa observar apenas a ampliação desses aspectos, comparandose o plano terrestre com a esfera de ação dos desencarnados. Imaginai um homem que passa de sua aldeia para uma metrópole moderna. Como se haverá na hipótese de não se encontrar devidamente preparado em face dos imperativos de sua nova vida? A comparação é pobre, mas serve para esclarecer que a morte não é um salto dentro da Natureza. A alma prosseguirá na sua carreira evolutiva, sem milagres prodigiosos. Os dois planos, visível e invisível, se interpenetram no mundo, e, se a criatura humana é incapaz de perceber o plano da vida imaterial, é que o seu sensório está habilitado somente a certas percepções, sem que lhe seja possível, por enquanto, ultrapassar a janela estreita, dos cinco sentidos”. O Consolador - Emmanuel. No mundo espiritual o único poder irresistível é o da superioridade moral. Os Espíritos têm, uns sobre os outros, a autoridade correspondente ao grau de superioridade que hajam alcançado. 10 Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas. 11 Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado. Lucas, Cap. 14. 1 Passaram à outra margem do lago, ao território dos gadarenos.2 Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério3 onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros,4 pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar.5 Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras.6 Vendo Jesus de longe, correu e prostrou-se diante dele, gritando em alta voz:7 Que queres de mim, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?Conjuro-te por Deus, que não me atormentes.8 É que Jesus lhe dizia: Espírito imundo, sai deste homem!9 Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe: Legião é o meu nome, porque somos muitos.10 E pediam-lhe com instância que não os lançasse fora daquela região. Marcos, Capítulo 5. • E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjurovos por Jesus a quem Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? Atos 19:13-15 Os Espíritos de diferentes categorias se vêem, mas se distinguem uns dos outros, de acordo com a lei de afinidade, de sintonia, pois o semelhante sempre atrai o semelhante. Os bons Espíritos têm liberdade para irem a toda parte, estendendose às dimensões que já conseguiram alcançar e às dimensões que lhe são inferiores. Os maus estão impedidos de ascender às regiões habitadas pelos bons, com a finalidade de não as tumultuarem com as más paixões. - Os bons Espíritos tem por missão combater as más inclinações dos maus e ajudálos na jornada evolutiva. - Os Espíritos inferiores se comprazem em induzir outros ao mal. - Da mesma maneira que, na Terra, os homens se reúnem em associações, classes sindicalizadas, conjugando idênticos interesses de vários indivíduos, no mundo espiritual, os espíritos se juntam, afim de continuar buscando seus mesmos objetivos. - A linguagem usada pelos Espíritos é a linguagem do pensamento independentemente da linguagem material articulada. Eles não podem dissimular seus pensamentos, pois, uma vez emitido, o pensamento se revela e é patente a todos quantos estejam em condições evolutivas para captá-lo. - O fluido universal é o veículo de transmissão do pensamento entre os Espíritos "Os Espíritos já desencarnados vão ao encontro da alma a quem são afeiçoados. Felicitam-na, como se regressasse de uma viagem, por haver escapado aos perigos da estrada, e ajudam-na a desprenderse dos liames corporais. É uma graça concedida aos bons Espíritos o lhes virem ao encontro os que os amam, ao passo que aquele que se acha maculado permanece em insulamento, ou só tem a rodeá-lo os que lhe são semelhantes. É uma punição." Após a desencarnação, a reunião de parentes e amigos depende do grau de evolução e do caminho que seguem para o seu adiantamento. Relações entre os espíritos. Metades eternas Os espíritos nutrem sentimentos uns pelos outros, assim como quando encarnados. Podem ter afeições particulares, mais intensas que na Terra, pois os motivos são de ordem mais elevada. A matéria perde o sentido. - Mesmo pessoas que nutriam desavenças, até mesmo ódio, por motivos de ordem material, ao se perceberem na verdadeira vida, raciocinam melhor e deixam as desavenças de lado. Porém, se ainda dão um grande valor à matéria, ou não conseguem vencer o orgulho, as diferenças continuam. - A afeição nascida na Terra, se de ordem elevada, continua e até se dilata na vida espiritual. - Não existem as metades eternas, as almas gêmeas. Se existissem, teríamos que acreditar que o Pai nos criou e dividiu um a um, não nos permitindo sermos seres completos. O termo alma gêmea é apenas uma figura de linguagem, devendo ser considerada apenas como tal. - Como a evolução nos leva à perfeição, um dia todos os espíritos nos serão simpáticos. Espíritos simpáticos poderão deixar de sê-lo, se um deles for preguiçoso e não acompanhar a evolução. RECORDAÇÕES DA VIDA CORPORAL - Ao retornar ao mundo espiritual, o espírito vai se recordando de sua existência aos poucos, a depender do período de perturbação. As lembranças vão surgindo à medida que o espírito toma consciência de sua situação e vai tentando recordar os fatos. - Todas as lembranças de sua existência estão guardadas em sua memória. Mesmo os menores atos e pensamentos estão armazenados. Porém, as lembranças afloram de acordo com a necessidade. O apego à matéria muito influencia a nossa capacidade de relembrar. O espírito se recorda de suas vidas passadas de acordo com sua intenção e vontade e se passa como se fosse uma coisa presente , assim como nos lembramos dos fatos mais vivos em nossa mente , eles a vivem normalmente pelo esforço mental e direcionamento da sua vontade . Estas lembranças são trazidas de acordo com o grau de importância para esse espírito. Quanto mais evoluído estiver, menos se lembrará das coisas materiais. - Lembram se de fatos que mais possam auxiliá-los em sua evolução. - O Espírito se sente feliz por ser lembrado, mas é o pensamento que o atrai para nós, e não os objetos que dele conservamos. - Os Espíritos conservam a lembrança dos sofrimentos que suportaram durante sua última existência, e essa lembrança os faz melhor avaliar a felicidade que podem desfrutar como Espíritos. Apenas os Espíritos inferiores lastimam os gozos que perderam, ao deixar a Terra. Para os Espíritos elevados, a felicidade eterna é mil vezes preferível aos prazeres efêmeros do planeta. - Deve-se manter respeito aos restos mortais de todos, mas sem veneração. Lembrar sempre que o espírito não se encontra naqueles restos. “É sempre grato ao espírito que se lembrem dele, e os objetos que lhe pertenceram trazem-no à memória dos que ele no mundo deixou. Mas, o que atrai é o pensamento destas pessoas e não aqueles objetos.” São Matheus e o Anjo, Caravaggio, 1602 - As condições dos Espíritos e as maneiras por que vêem as coisas variam ao infinito, de conformidade com os graus de desenvolvimento moral e intelectual em que se achem. os Espíritos de ordem elevada só por breve tempo se aproximam da Terra. Os Espíritos de uma ordem intermediária passam mais freqüentemente por aqui, embora considerem as coisas de um ponto de vista mais elevado do que durante a encarnação. Os Espíritos vulgares são de alguma maneira os que aqui permanecem, e constituem a massa da população ambiente do mundo invisível. Conservam, com pouca diferença, as mesmas idéias, os mesmos gostos e as mesmas tendências que tinham quando encarnados; intrometemse nas nossas reuniões, nos nossos negócios, nas nossas diversões. Não podendo satisfazer suas paixões, gozam com os que a elas se entregam, e as excitam nessas pessoas. COMEMORAÇÃO DOS MORTOS FUNERAIS - A lembrança que temos de nossos entes desencarnados é extremamente importante para eles. Se são felizes, aumentalhes a felicidade. Se são sofredores, serve-lhes como lenitivo. - Os espíritos acodem ao chamado dos que ficam na terra tanto no dia dos mortos como em qualquer outro dia. No dia de finados os espíritos podem ir aos cemitérios, mas só pelos seus amigos e não pela multidão de indiferentes, e se pudéssemos vê os veríamos sob a forma que tinham quando encarnados. - A prece é que santifica o ato da rememoração, não importando o lugar onde é feita, desde que feita pelo coração. - - Quanto à afeição de um ou outro local de sepultamento, denota um grande apego à matéria. - Os túmulos de famílias não têm nenhuma importância para os espíritos desencarnados, porém são úteis aos encarnados, porque podem assim concentrar “Nos velórios, o espírita, não se desespera; mantém-se em atitude respeitosa, pois sabe que o espírito desencarnante está em delicada fase de desprendimento do corpo e de transformação de sua existência. Não usa velas, coroas, flores, pois o espírito não precisa dessas exterioridades; mas procura oferecer o que o desencarnante realmente precisa, que é o respeito à sua memória, orações, pensamentos carinhosos em favor de sua paz e amparo no mundo espiritual. É fraterno com os familiares e amigos do desencarnante, ajudando-os no que puder. Nos sepultamentos não adota luxo nem ostentação, nem se preocupa em erigir túmulos, mas lembram sempre com afeto os entes queridos já desencarnados e procura honrá-los com atos bons e carinhosos em sua homenagem. “Ora sempre pelo bem estar e progresso espiritual dos desencarnados, mas sabe que não é indispensável ir aos cemitérios para isso, porque as vibrações alcançam o espírito, onde quer que ele esteja.” (1) Isso não significa que o espírita se torne uma pessoa insensível frente à partida dos entes queridos. Ele terá a dor da separação. Mas tem a certeza de que é apenas isso, uma separação momentânea. Que nos reencontraremos no mundo espiritual e sem os sofrimentos que desencadearam o processo. O espírita sabe também que estará ligado ao ser querido através do pensamento, das boas lembranças e da prece.” Denise Bianchini PRÓXIMA AULA: • TEMA: Retorno à vida corporal • LE – Cap.VII, perguntas. 330 a 370