Ensino Médio no Brasil: sugestões para o debate Maria Helena Guimarães de Castro Outubro de 2015 Fundação Seade • O número de matrículas no Ensino Médio está estagnado. A taxa de escolarização líquida cresceu pouco e é a menor da AL ( BID, 2015) • Os resultados das avaliações nacionais SAEB/Prova Brasil ao final do EM estão estagnados. • Uma pesquisa recente indica baixo nível de audiência no Ensino Médio público, com níveis elevados de faltas de professores e alunos*. • Problemas cumulativos no ensino fundamental, especialmente nos anos finais. Os alunos chegam despreparados ao EM. • As sucessivas reformas dos últimos anos não chegaram na sala de aula.... * IBOPE, 2011. Audiência do Ensino Médio. São Paulo: Ibope/Instituto Unibanco . Quase 20 anos de reformas curriculares do E. Médio • 1996: LDB – EM: etapa final da Educação Básica – Carga horaria 800 horas; 200 dias letivos • 1998: PROMED Racionalização e expansão das redes Desenvolvimento Curricular Descentralização e Autonomia da escola Não foi por falta de reforma curricular que o ensino médio não melhorou.... • 1998: Diretrizes Curriculares – Interdisciplinaridade e contextualização – Base comum: áreas de conhecimento • Linguagens, Códigos e suas Tecnologias • Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias • Ciências Humanas e suas Tecnologias – Base diversificada integrada com a base comum • Máximo 25% da carga total – Escolas com liberdade de organização do currículo Mais mudanças curriculares... • 2006: novos conteúdos e disciplinas – História e Cultura Afro-Brasileira; Filosofia, Sociologia. • 2009: Filosofia e Sociologia obrigatórios • 2010: Ensino Médio Inovador – Apoiar o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras – Aumento da carga horária ( 3 mil horas) – Nova discussão curricular: formação geral, científica, tecnológica, cultural e conhecimentos técnicos-experimentais Novas Diretrizes Curriculares do Ensino Médio • 2012: novas diretrizes curriculares – 13 disciplinas obrigatórias – Oferta obrigatória de língua espanhola – Inclusão de conteúdos transversais: • • • • • Educação alimentar e nutricional Respeito e valorização do idoso Educação Ambiental Educação para o Trânsito Educação em Direitos Humanos – Outros componentes a cargo de cada sistema Cenário Atual • Após tantas mudanças, resultados pífios: – – – – – Um currículo extenso, superficial e fragmentado Melhora lenta e tímida dos resultados (SAEB, PISA) Programas inadequados de formação de professores Problemas graves na infraestrutura das escolas Iniciativas estaduais: dificuldades na implementação ( Pesquisa FCC) – O ENEM como o norteador do currículo! Principais criticas ao Currículo do E. Médio • Os currículos dos estados são desiguais e se concentram nas áreas ou disciplinas obrigatórias. • Não há tempo para a parte diversificada. • Formação de professores • Há excesso de disciplinas e de conteúdos. • Desmotivação dos alunos. • Cursinho preparatório ao ENEM, SISU e PROUNI • Caminho Único para tudo: ensino técnico, tecnológico e superior. A Base Nacional proposta não abre alternativas, apenas congestiona o único caminho existente • • • • Carga horária diária de 7 horas? Recursos? 13 disciplinas no currículo ( DCNs 2012) A formação geral é dada pela BCN Componentes curriculares obrigatórios ainda pautados pelo ENEM • Cursos técnicos não são colocados como alternativas de fato, mas somam-se ao currículo básico da Base Comum A Base Nacional e o Ensino Médio • O que se espera de uma Base Nacional Comum: o detalhamento dos indicadores de realização e expectativas do resultado para uma dada disciplina ou área, para orientar os currículos, no plural. • Uma base não é um currículo. É a indicação das aprendizagens esperadas em termos de competências e habilidades que todo aluno deve constituir e dos conhecimentos que dão substância a essas competências e habilidades. • E. Médio X Base Nacional Comum: questão central – Um modelo único para um público tão heterogêneo? – Como compatibilizar a Base com a diversificação do sistema? – O que significa 60% e 40%? O desafio da reforma do EM é político • Uma Agenda mínima de reformulação do EM: • Uma nova arquitetura do sistema: mais opções curriculares e itinerários de aprendizagem • Mais ensino diurno • Prioridade: Formação de Professores e Carreira • Flexibilizar o ENEM: ENEMs + núcleo comum • Mais inclusão: EJA noturno profissionalizante • A diversificação do sistema a partir do terceiro semestre do EM: trajetórias diversificadas Provocações para o debate • É suficiente reformar o currículo sem alterar a arquitetura do sistema de ensino médio? • Como viabilizar um sistema mais diversificado e flexível sem impedir os alunos de prosseguir os estudos? • Quais as implicações do novo conceito de aprendizagem ( habilidades cognitivas e socio emocionais) para o desenho e organização do novo currículo? Questões em Aberto Quais habilidades e conhecimentos nossos estudantes deverão aprender para enfrentar o futuro como cidadãos globais? O que é essencial? Como a tecnologia pode enriquecer o currículo? O mundo jovem é tecnológico e aberto à experimentação. Projeto de vida e protagonismo dos jovens como diferencial Mudanças na sociedade e na natureza do trabalho Propostas e Sugestões ao CONSED.... Base comum nos 3 primeiros semestres do EM Diversificação e construção de Percursos de Aprendizagem ou Trilhas a partir do segundo semestre do segundo ano Aprofundamento das áreas do conhecimento Itinerários acadêmicos ou técnicos Articulação dos cursos técnicos com carreiras tecnológicas de nível superior PROBLEMAS E DESAFIOS A ENFRENTAR • 14 anos de educação compulsória • Formação e contratação de professores dificulta a diversificação • Legislação e burocratização excessivas • Tendências no mundo: diversificação a partir dos 15 anos • O que mostra a experiência internacional? Educação compulsória no mundo Idade início 4 5 6 7 Brasil Argentina Chile Colômbia México Uruguai Canadá EUA Alemanha Espanha França Itália Portugal Finlândia Suécia Inglaterra Holanda Austrália China Japão Coreia do Sul Fonte: UNESCO Institute for Statistics, 2014. Idade término 14 15 16 17 18 Duração (em anos) 14 13 13 10 14 14 10 12 12 10 11 12 9 10 9 11 12 10 9 9 9 O Institute for Statistics da UNESCO tem dados de mais de 200 países: - Idade de início média: 5,7 anos - Idade de término média: 14,5 anos - Duração média: 9,8 anos Ensino médio* em países selecionados Parte comum Trilhas 1 ano Acadêmica (5 áreas) Vocacional Inglaterra Acadêmica (lycée general) França - Acadêmica (lycée tech.) Vocacional (lycée prof.) EUA 3 anos Finlândia - Portugal 1 ano Comprehensive HS (disciplinas de especialização) Acadêmica Vocacional Acadêmica Vocacional (profissional) Vocacional (artístico) Espanha Alemanha 2 anos Geral (“comprehensive HS”) - Acadêmica Vocacional Geral (“comprehensive HS”) Coreia do Sul * Aqui refere-se ao upper secondary (ISCED 3). - Acadêmica Vocacional Muito Obrigada • [email protected] • [email protected]