“Vigotski e a prática do psicólogo - primeiras aproximações”
(minicurso)
Achilles Delari Junior
[email protected]
UFMS-CPAR
PARANAÍBA-MS
“Na futura sociedade, a psicologia será em realidade a
ciência
do novo homem. Sem ela a perspectiva do marxismo e da
história da ciência seria incompleta. Entretanto, esta ciência
do novo homem será também psicologia. Por isso hoje mantemos suas rédeas em nossas mãos. Não há necessidade de
dizer que esta psicologia se parecerá tão pouco com a atual,
como, segundo as palavras de Espinosa, a constelação do Cão
se parece com o cachorro, animal ladrador (Ética, teorema
17, Escólio)”
— Lev Vigotski (1927/1991, p. 406)
__________________________________________________
(1) A psicologia ainda está por ser construída.
(2) A que temos agora é distante da que desejamos
(3) Desde já fazemos parte do processo de edificá-la
Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
CONTEÚDOS
Palavras iniciais
1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização e critérios axiológicos (...)
1.2 Contradições enfrentadas pelo psicólogo (...)
1.3 O método construtivo e a psicologia (...)
2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
2.1 Unidade psicofísica
2.2 Determinação da consciência pela existência (...)
2.3 Consciência: psiquismo propriamente humano.
2.4 Consciência compreendida mediante unidades.
2.5 Psiquismo mediante sua gênese histórica.
[buscaremos formular orientações práticas gerais para cada
item desses, no tópico 1 e 2]
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
Palavras iniciais
● Tem sido muito importante no Brasil a contribuição da obra
de Lev Vigotski à psicologia da educação e às práticas
pedagógicas de modo geral.
● A educação tem um lugar fundamental na proposta de
Vigotski para uma “nova psicologia”. Segundo ele “a
educação é a primeira palavra que [a nova psicologia]
menciona” (VIGOTSKI, 1926/1991, p. 144).
● Mas Vigotski não produziu exclusivamente uma psicologia
educacional ou escolar, nem sua teoria se restringe a uma
subdivisão das teorias da aprendizagem. Ao contrário, trata‐se
desde sua origem, e principalmente, de uma contribuição
geral à psicologia concreta do homem (ver VIGOTSKI, 1929/
1989, 1929/2000).
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
Palavras iniciais
● Tal abordagem pode nos permitir pensar a atuação do
psicólogo em diferentes contextos práticos, como a promoção
de saúde mental: nas práticas sociais comunitárias, nos
sistemas públicos de saúde coletiva, nas relações de trabalho,
nas lutas sociais, entre outros...
● Atuação em qualquer situação em que se efetivem
simultaneamente: (a) relações simbolicamente mediadas
entre as pessoas, (b) constituição social de sentidos para tais
relações e (c) significação para nossa própria vivência no curso
desse processo.
● Um psicólogo histórico‐cultural, busca compreender o ser
humano na concretude de suas relações sociais, a um só
tempo: situa‐o na especificidade delas (na família, no namoro,
na escola, no trabalho, na vida comunitária, na luta por
direitos civis, no lazer, na atividade lúdica, na criação artística,
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
Palavras iniciais
noutras instituições, etc.); e articula tais contextos específicos
no conjunto sistêmico, interfuncional, dinâmico e
contraditório da personalidade humana, no fluxo de seu
desenvolvimento histórico.
● Por um lado, o que há de geral no psiquismo humano
solicita contextualização. Se todo o ser humano é um
constante tornar‐se, aquilo em que nos tornamos demanda
situações reais para a realização do nosso devir.
● Por outro lado, a nossa vivência mais específica, mais
singular, mais situada e contextualizada, não pode deixar de
ter algo de geral, partilhado com nossos semelhantes.
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
Palavras iniciais
● Nossa própria personalidade não tem como realizar‐se e
desenvolver‐se senão:
- em relação com outras pessoas
- mediante processos sociais de significação
- no fluxo de uma gênese histórica
● A caracterização do humano como ser social, simbólico e
histórico, compõe um conceito pertinente à constituição
ontológica mais profunda e elevada da condição humana, no
interior da abordagem histórico-cultural.
● Deduz‐se assim que não se trata de uma abordagem que
só seria aplicada a um único contexto específico de relações
sociais, seja ele a escola, o mundo do trabalho, as
organizações comunitárias, as práticas terapêuticas e assim
por diante. O geral demanda o específico e vice-versa.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
“O método, ou seja, o caminho seguido, é visto como um meio
de cognição: mas o método é determinado em todos os seus
pontos pelo objetivo a que conduz”
— Vigotski (1927/1996, p. 346)
● Quando falo aqui de ética não me refiro aos padrões de
conduta que se formalizam em códigos de ética profissional,
ou se normatizam em procedimentos solicitados por comitês
de ética em pesquisa com seres humanos ou animais. Estes
são importantes e necessários, mas refiro‐me antes ao campo
dos princípios e valores mais gerais que permitem inclusive
formular tais códigos e orientar as normas de comitês como
esses.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
● Fazer ou deixar de fazer algo apenas pelo critério de não
ser punido em caso contrário é próprio do que poderíamos
chamar de uma “ética fraca”. Uma ética substancial,
sobretudo, diz respeito à reflexão do homem sobre os valores
relativos ao caráter bom ou ruim de suas próprias ações em
termos das consequências que elas venham a ter para nós e
para nossos semelhantes.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Há várias éticas, conforme o que têm como valor e bem
maior: “eudemonistas” (felicidade); “edonistas” (prazer);
“pragmatistas” (utilidade). Interpreto que a ética da obra de
Vigotski, pautada em princípios marxistas, e síntese de outras
tradições filosóficas deste autor (como o espinosismo ou a
tradição judaica na qual foi educado), pode ser adjetivada
como “humanista”, lato sensu.
● Não se trata do mesmo humanismo cristão de Carl Rogers,
ou ateu de Jean‐Paul Sartre. Mas também coloca o ser
humano e a realização de seus potenciais como valor
inalienável e imprescindível.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Sobretudo, cabe o destaque de que, na concepção de
Vigotski, as potencialidades humanas só se realizam e se
ampliam no âmbito da ação coletiva e em aliança com a
alteridade, com os outros sociais, não sendo seu foco ético
uma realização humana apartada daquela de nossos
semelhantes, o outro não é impeditivo de nossa liberdade e
realização pessoal, mas uma das suas principais condições de
possibilidade.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Pode‐se interpretar que o valor da humanidade como bem
a ser preservado e cultivado, do ponto de vista da ética
presente na obra de Vigotski: (a) em primeiro lugar não se
traduz como humanismo ingênuo nem liberal; e (b) em
segundo lugar, consequentemente, demanda, frente a outras
orientações axiológicas, critérios próprios, como o seu
entendimento quanto à superação, à cooperação e à
emancipação.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● A noção de superação em Vigotski, entendida como ato e
necessidade de superarmo‐nos, de irmos além dos nossos
limites atuais, é ressaltada pelo estudioso russo Andrei Puzirei
como algo que manifesta “as finalidades e os valores
fundamentais presentes em todo o pensamento de Vigotski”
(PUZIREI, 1989b, p. 16 ‐ grifos na fonte). Uma leitura mais
rigorosa da obra de Vigotski nos permite identificar nela uma
forte “orientação ao ‘supremo’ no homem ou, para dizê‐lo
com palavras de Dostoievski, ao ‘homem no homem’, à sua
organização psíquica e espiritual, desde o ponto de vista do
que pode ser, em geral, o homem e dos caminhos que existem
para este estado possível, dos caminhos que abre, em
particular, a arte e a psicologia da arte.” (PUZIREI, 1989b, p.
16 ‐ grifos na fonte).
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Uma das principais condições concretas para a superação
humana é a cooperação entre as pessoas.
● Enquanto a ideologia liberal valoriza a competição como
força motriz da superação humana, a tradição à qual Vigotski
se filia discorda de que um ser humano só avance quando
outro é sobrepujado ou derrotado. Se aquela visão supõe o
“homem como lobo do homem”, e o outro como alguém a
temer ou subjugar, esta supõe que até para sermos indivíduos
necessitamos a presença e os cuidados de outras pessoas
para conosco.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Para ele, a função das primeiras palavras não é, como se
pensa, estritamente afetiva, "expressar emoções", mas
primordialmente indicativa, para "pedir ajuda". O primeiro
propósito da linguagem "é, antes de tudo, um pedido de
ajuda, uma chamada de atenção e, por conseguinte, a
primeira transposição dos limites da personalidade, isto é,
uma colaboração..." (VIGOTSKI, 1931/2000a, p. 338).
● A necessidade de atuar junto a mais alguém para avançar
em nossos potenciais não se restringe a aprendermos a andar,
a falar, a cuidar da própria higiene, a ler, escrever e contar. Por
toda vida há situações em que a superação de nossos limites
exige a presença de alguém mais experiente, que proporcione
mediações necessárias e a quem dirijamos solicitações.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Dizer que o conceito de liberdade em Vigotski não é liberal
poderá confundir o leitor, mas é preciso que se entenda que
se trata justamente disso. O conceito de liberdade é uma
construção da humanidade que veio sofrendo várias
alterações na história do ocidente, desde a antiga polis grega
ao ideário da Revolução Francesa e desse ao sonho socialista,
nunca plenamente realizado, ou à proposta anarquista
auto‐gestionária, também poucas vezes concretizada. Desse
modo, carregando origens histórico‐sociais diversas, os
sentidos para a palavra “liberdade” também seguem sendo
hoje os mais variados.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● Há dois pontos que cabe destacar no conceito de
liberdade/emancipação em Vigotski: (a) trata‐se de uma
conquista não um pressuposto; (b) é uma conquista que se
obtém cooperando com alguém e não sozinho.
● Desse modo, não há qualquer liberdade a ser constituída
que não passe pela relação com os outros.
● Vigotski dirá que “o problema central de toda a psicologia
é a liberdade” (1932/2010, p. 92) e que “uma grande imagem
do desenvolvimento da personalidade: [é] um caminho para a
liberdade. Renascimento do espinosismo na psicologia
marxista” (1932/2010, p. 92-93).
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.1 Contextualização geral e critérios axiológicos para um
humanismo crítico na abordagem histórico-cultural.
● O autor destaca a busca de um “salto para adiante, do
reino da necessidade para a esfera da liberdade, como
descrito por Engels” (Vigotski, 1930/1994, p. 182) - o que se
faz necessário tanto para “toda a sociedade quanto para a
personalidade
individual” (idem, p. 182)
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
éticos
O psicólogo pode trabalhar:
1 ‐ Critérios
axiológicos:
* Orientando seu método por suas metas
a) O valor da
superação
* Em função de metas que vão além dos limites individuais
atuais das pessoas e dos seus próprios – participando da
produção de “zonas de desenvolvimento próximo”
b) O valor da
cooperação
* Propondo modalidades de atividades nas quais as
potencialidades de uns contribuam para a superação dos
limites dos outros e as dos outros para a superação dos de
cada um.
c) O valor da
emancipação
* Sugerindo, proporcionando e participando de atividades que
permitam às pessoas ampliar os limites de sua autonomia, sua
capacidade de compor, de superar criticamente superstições,
de propor alternativas e engajar‐se ativamente em ações para
concretizá‐las
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.2 Contradições enfrentadas pelo psicólogo que se orienta
por um humanismo crítico e o critério ontológico da
historicidade como recurso pertinente
● Não é necessário nos alongarmos aqui no diagnóstico da
sociedade contemporânea, dita “pós‐moderna”, também
denominada “neoliberal”. Trata‐se de conteúdo corrente nas
reflexões críticas sobre políticas públicas e as que dedicam‐se
a algum tipo de análise das instituições atuais. Contudo, fica
posta uma tensão entre os valores que são o fundamento da
ética da abordagem histórico‐cultural, tal como a lemos, e os
valores privilegiados no mundo contemporâneo, de modo
geral, mais drasticamente em países periféricos e subalternos
como o Brasil.
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1.2 Contradições enfrentadas pelo psicólogo que se orienta
por um humanismo crítico e o critério ontológico da
historicidade como recurso pertinente
● Como agir de acordo com valores como os da psicologia
vigotskiana, num país em que tais valores hegemonicamente
são tidos como antiquados ou mesmo utópicos, quando não
inexistentes ou totalmente ignorados? De fato, o marcador
semântico para nós importante nesse caso é a palavra
“hegemonicamente”.
● O que é “hegemônico” é predominante, o que mais se
destaca, o que mina e subordina as visões contrárias, mas não
é o “absoluto”, não prevalece de modo homogêneo, não
existe sem fissuras.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.2 Contradições enfrentadas pelo psicólogo que se orienta
por um humanismo crítico e o critério ontológico da
historicidade como recurso pertinente
● Desse modo, em suma, cabe destacar que aos princípios
éticos aqui insinuados, comentados, acrescenta‐se um
princípio ontológico que permite abordá‐los com mais
visibilidade. Trata‐se do princípio da historicidade dos valores.
Se nossas relações com as pessoas, nossos modos de
simbolizar o mundo mediante a linguagem e de agir sobre ele
mediante o uso de instrumentos, se constituem
historicamente, o mesmo se aplica aos nossos valores morais,
isto é, à nossa ética. Nossos valores se constituem
historicamente, e também só historicamente podem se
consolidar ou se enfraquecerem dando lugar a outros. A
história implica contradições e lutas.
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.2 Contradições enfrentadas pelo psicólogo que se orienta
por um humanismo crítico e o critério ontológico da
historicidade como recurso pertinente
● A busca de cooperação em função de superação constante,
como conquista de uma mais potente emancipação humana,
constitui‐se, portanto, em um desafio histórico, coletivo e
pessoal. Não é pouco, nem é suficiente. Mas é uma
interpelação que está posta.
● Paulo Freire disse em Curitiba, em 12 de junho de 1992:
“Cabe fazer o que é possível fazer hoje para que o que não é
possível fazer hoje seja feito amanhã”. Os limites do possível,
segundo Vigotski, se ampliam na relação com o outro (ver
VIGOTSKI, 1935/1989)
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
éticos
O psicólogo pode trabalhar:
1 ‐ Critério
ontológico
para a ética:
* Dimensionando suas metas no horizonte dos limites e
possibilidades históricos
d) A
historicidade
dos valores
* Avaliando criticamente a possibilidade de agir em
conformidade com seus princípios e a tensão que isso
envolve.
* Não utilizando meios contrários aos fins a que se propõe.
* Sabendo que fins sem meios que os realizem tornam‐se fins
inócuos.
* Compreendendo as contradições presentes no espaço de
intervenção entre o que joga a favor dos potenciais humanos
e o que os restringe.
* Compreendendo que tanto propor o inalcançável, quanto
apenas repetir o já alcançado são ações que geram frustração.
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
éticos
O psicólogo pode trabalhar:
d) A
historicidade
dos valores
* Propondo, portanto, desafios condizentes com as
possibilidades concretas de transformação da situação social,
no momento histórico dado.
* Lembrando, por fim, as palavras de Paulo Freire de que
“devemos fazer o que é possível fazer hoje para que aquilo
que não é possível fazer hoje seja feito amanhã”...
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1.3 O método construtivo e a psicologia como constitutiva da
vida humana
● Para Puzirei, o fato de Vigotski dizer que sua “história do
desenvolvimento cultural é a elaboração abstrata da
psicologia concreta.” (1929/ 2000, p. 35) seria como uma
“autocrítica” que “não apenas mostra a liberdade e espírito
crítico com que ele avaliava sua própria obra, mas também a
profundidade e a radicalidade de seu pensamento” (PUZIREI,
1989a, p. 76).
● Tal pensamento teria formulado um projeto no qual
Vigotski “via a ‘linha geral’ do desenvolvimento posterior da
psicologia histórico‐cultural. Esta tendência poderia significar
uma superação radical do ‘academicismo’ na psicologia
tradicional” (PUZIREI, 1989a, p. 76).
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1.3 O método construtivo e a psicologia como constitutiva da
vida humana
● Trata‐se de um projeto que solicita: “um movimento em
direção a um tipo completamente novo de investigação, que,
em virtude de alguns dos aspectos fundamentais do seu
“objeto”, um objeto histórico‐cultural e em desenvolvimento,
e de exigências fundamentais (derivadas deste último) de seus
métodos, a saber, externalização e análise, deve, ele próprio,
ser implementado dentro do quadro organizado de alguma
prática psicotécnica, servindo como um órgão necessário que
torna possível a projeção, realização, reprodução e
desenvolvimento dirigido dessa prática. Esse projeto de
reestruturação radical da psicologia permanece
essencialmente irrealizado na história subsequente da
psicologia.” (PUZIREI, 1989a, p. 76)
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1.3 O método construtivo e a psicologia como constitutiva da
vida humana
● Sobre o processo pelo qual nosso trabalho compõe‐se com
nossa própria personalidade e a daqueles com quem nele
dialogamos, deixo uma última sugestão de reflexão sobre o
chamado “método construtivo” em pesquisa psicológica.
Vejo‐o como pertinente também para a prática profissional,
se considerarmos o que Puzirei colocava, na citação acima,
sobre a articulação entre método de investigação e “prática
psicotécnica”. Vigotski diz que “um método construtivo
implica duas coisas: (1) ele estuda antes construções do que
estruturas naturais; (2) não analisa, mas constrói um
processo” (VIGOTSKI, 1929/1989, p. 55).
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1 Princípios éticos em psicologia histórico‐cultural
1.3 O método construtivo e a psicologia como constitutiva da
vida humana
● Dessa maneira os valores de que falamos aqui estão
implicados na ação e no método, orientado às metas que eles
definem. E abre‐se para nós o convite para produzir uma
prática profissional do psicólogo que pronuncia uma “palavra
que realmente significa e é responsável por aquilo que diz”
(BAKHTIN, 1992, p. 196).
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
éticos
O psicólogo pode trabalhar:
1 ‐ Critério
metodológico
para a ética:
* Agindo como um componente constitutivo da própria
realidade na qual se está intervindo.
e) A
intervenção
como
construção
* Encaminhando sua própria atuação profissional como
processo de mediação que participa da construção das
situações sociais às quais que se propõe a entender e sobre as
quais pretende agir – situações não existentes até a efetivação
dessa mesma mediação.
* Percebendo, portanto, sua própria ação e consciência como
processos que se transformam juntamente com a realidade
social sobre a qual se intervém, fazendo parte dela também,
tendo assim a transformação de si mesmo como um objetivo
profissional e ético.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
“Cada vez soam com maior frequência vozes que colocam o
problema da psicologia geral como um problema de
primeiríssima importância. Essas colocações (...) não partem
dos filósofos (...) nem dos psicólogos teóricos, mas dos
psicólogos práticos, que estudam aspectos concretos da
psicologia aplicada (...)”
— Vigotski (1927/1996, p. 203)
● Na psicologia soviética psicologia geral é o campo da
ciência psicológica que trata de seus fundamentos, de seus
princípios articuladores mais profundos, das categorias
meta‐teóricas que visam organizar a discussão, como: o
“objeto de estudo”; seu “princípio explicativo”; a “unidade
de análise” necessária para e investigação; e o “modo de
proceder” a própria análise, ligado às intervenções sobre a
realidade que ele comporta.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
Se o tempo for favorável trabalharemos cinco princípios
(2.1) Princípio da unidade psicofísica;
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social;
(2.3) Princípio da consciência como psiquismo propriamente
humano;
(2.4) Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades;
(2.5) Princípio da compreensão do psiquismo humano
mediante sua gênese.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.1) Princípio da unidade psicofísica
● Segundo Serguei Rubinstein “O princípio da unidade
psicofísica é o princípio mais importante da psicologia
soviética” (1972, p. 40). Estamos habituados a formar a partir
da palavra “psicofísica” a imagem do trabalho de laboratório
com os aspectos fisiológicos do funcionamento mental
humano ou animal. Contudo, aqui o significado do termo
posto como adjetivo para “unidade” é mais filosófico e de
orientação genérica. Lembremos que “psikhe” para os antigos
gregos era o “sopro vital”, nosso “impulso de vida”, “aquilo
que nos move”, e depois para alguns também “alma” ou
“mente”, e que “physis” denotava a natureza, todo o mundo
natural. Intuiremos então que uma unidade entre o psíquico e
o físico é a uma integração entre o que chamamos de funções
mentais e a natureza como um todo.
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.1) Princípio da unidade psicofísica
● O mesmo monismo, destacado por Rubinstein, aparece
também em Vigotski, para quem “a psique não aparece
isolada do mundo ou dos processos do organismo nem por
um milésimo de segundo” (1926/1991, p. 150). É preciso
olhar com atenção para essa proposição, pois já entrou para o
senso comum acadêmico o conceito de que “o homem não é
um ser biológico, mas sim social, cultural, histórico”. Tal
oposição, embora esteja correta no seu sentido mais geral,
não pode ser tomada ao pé da letra. Posto que sem a
materialidade corporal, sem nossos órgãos vitais, sem nossa
existência material, também não há ser humano algum.
● A constituição biológica do homem é de tal ordem que ela
não basta a si mesma e exige dele que disponha de recursos
para além de seus traços orgânicos hereditários
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.1) Princípio da unidade psicofísica
● Se antes se dizia que “o corpo age e a alma pensa e sente”,
podemos pelo monismo de Espinosa entender que “o corpo
age, pensa e sente”, por si próprio. O pensar é um aspecto
que pertence ao corpo humano, como também o sentir, das
emoções mais básicas às mais sutis, tais quais as de cunho
estético. Não precisamos, nessa visão, adicionar a nós algo
sobrenatural, insondável, inexplicável, incompreensível, para
que nos reconhecermos capazes de realizações culturais
diversas, no interior das leis dialéticas da própria natureza, no
sentido amplo da palavra, da qual não estamos isolados “nem
por um milésimo de segundo”. Nesse princípio se apoia o
posterior quanto às relações entre consciência e existência,
sobretudo entendida como existência social.
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
1 – Princípio
da unidade
psicofísica
* Entendendo mente e corpo como aspectos da mesma
realidade complexa e contraditória, que é a existência humana
concreta.
* Dialogando com outros saberes que permitam compreender
melhor essa totalidade e suas condições de possibilidade.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● Somos animais para os quais a existência sobre o planeta
não é possível sem as relações sociais. As quais por sua vez
são mediadas pela linguagem, produto da própria prática
humana e que se materializa na cultura e se transmite e se
transforma de geração para geração.
● No seu texto “A consciência como problema da psicologia
do comportamento” Vigotski diz que “a existência determina
a consciência” (VIGOTSKI, 1925/2005, p. 37).
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histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● Em “A ideologia alemã”: “Moral, religião, metafísica e todo
o restante da ideologia e suas formas correspondentes de
consciência, pois, não mais conservam o aspecto de sua
independência. Elas não têm história nem evolução; mas os
homens, desenvolvendo sua produção material e seu
intercâmbio material, alteram, a par disso, sua existência real,
seu pensamento e os produtos deste. A vida não é
determinada pela consciência, mas esta pela vida. No primeiro
método de abordagem, o ponto de partida é a consciência
tomada como o indivíduo vivo; no segundo, são os próprios
indivíduos vivos reais, tal como são na vida concreta, e a
consciência é considerada unicamente como consciência
deles" (MARX & ENGELS, 1983, p. 172 – grifo meu).
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histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● Os aspectos ideológicos, culturais, não teriam história
autônoma, posto que, são produções da existência humana,
não existem independentemente dela. Nessa tradição, a
própria consciência não tem vida própria, não é nenhum ser à
parte: “a consciência é o homem consciente”. Ao que
poderíamos acrescentar “o sentimento é o homem sentindo”
ou “a atividade é homem agindo”, são movimentos nossos,
são processos e não entidades com vida própria. Quem toma
consciência, sente e age é o homem. Mas quem é o homem?
Nessa abordagem, o homem, como já foi dito é um “ser
social”. Digamos que só nesses termos podemos conceber
“quem ele é”, e não apenas “o que ele é”.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● Dizer que o homem é um ser social requer ainda algumas
especificações, pois há muitos sentidos e muitos modos de
existir do social. Eu gostaria de destacar apenas cinco planos
articulados e interdependentes da existência social com os
quais podemos trabalhar em psicologia histórico‐cultural:
(a) relações sociais de classe;
(b) relações sociais institucionais;
(c) relações sociais grupais;
(d) relações sociais intersubjetivas;
(e) relações sociais no plano do indivíduo, na dinâmica e
estrutura de sua personalidade.
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histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● “do mesmo modo pelo qual a vida de uma sociedade não
representa um todo singular e uniforme, e a sociedade é subdividida
em diferentes classes, assim também, durante um dado período
histórico, não se pode dizer que a composição das personalidades
humanas represente algo homogêneo e uniforme, e a psicologia
deve levar em consideração o fato básico de que a tese geral que foi
formulada agora mesmo, pode ter apenas uma conclusão direta:
confirmar o caráter de classe, a natureza de classe e as distinções de
classe que são responsáveis pela formação dos tipos humanos. As
várias contradições internas que são encontradas em diferentes
sistemas sociais, têm sua expressão tanto no tipo de personalidade
quanto na estrutura da psicologia humana naquele período
histórico” (VIGOTSKI, 1930/1994, p. 176).
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histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● Como destacado por Melo (2001), duas contribuições
importantes da psicologia de Vigotski podem ser trazidas ao
diálogo quando precisamos ampliar o conceito de relações
sociais para além do de “relações sociais de classe”, mesmo
este sendo fundamental. Trata‐se de: (a) sua formulação
sobre a “lei genética geral do desenvolvimento”; e (b) sua
formulação sobre a “psicologia do drama de papéis sociais”.
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histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● A lei genética geral do desenvolvimento, também
conhecida como “lei da dupla formação”, geralmente é
identificada na obra de Vigotski nos seguintes termos: “Um
processo interpessoal é transformado num processo
intrapessoal. Todas as funções no desenvolvimento da criança
aparecem duas vezes: primeiro no nível social, e depois, no
nível individual; primeiro entre pessoas (interpsicológica), e,
depois, no interior da criança (intrapsicológica). Isso se aplica
igualmente para a atenção voluntária, para a memória lógica e
para a formação de conceitos. Todas as funções superiores
originam‐se das relações reais entre indivíduos humanos”
(VIGOTSKI, 1930/ 1989a, p. 64)
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
(2.2) Princípio da determinação da consciência pela existência
social
● “O drama realmente está repleto de ligações de tal tipo
[conflitivo]: o papel da paixão da avareza dos ciúmes, em uma
dada estrutura da personalidade. Um caráter divide‐se em
dois (...) O drama realmente está repleto de luta interna
impossível nos sistemas orgânicos: a dinâmica da
personalidade é o drama (...) O drama sempre é a luta de tais
ligações (dever e sentimento, etc.) Senão não pode ser drama,
isto é, choque dos sistemas. A psicologia ‘humaniza‐se’”
(VIGOTSKI, 1929/2000, 34‐35 – grifos na fonte).
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
1 – Princípio
da
determinação
da consciência
pela existência
* Sendo psicólogo do homem concreto, que em sua existência
social se faz consciente, e não apenas “psicólogo da
consciência ou do inconsciente” de um homem, nem
“psicólogo das funções mentais” de um homem.
* Atuando na identificação e compreensão da multiplicidade
de fatores que compõem a vida social da qual a consciência
humana emerge e na qual ela cumpre função.
* Entendendo o próprio ser humano como componente de
sua existência social, não sendo ela externa a ele.
* Situando seu foco de ação com as pessoas na articulação dos
diferentes modos de existir do social frente aos quais/no
interior dos quais suas vivências se constituem (classes,
instituições, grupos, intersubjetividade e indivíduo).
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
1 – Princípio
da
determinação
da consciência
pela existência
* Elegendo as táticas possíveis em cada plano da existência
social, assim como priorizando os planos em que
transformações mais eficazes sejam exequíveis no momento
histórico dado em função das condições disponíveis. {por
exemplo: trabalhar com indivíduos não é deixar de trabalhar
com o ser social, etc., nem sempre se pode intervir com o
mesmo peso com relação a todos os planos de articulação da
existência social}
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
1 – Princípio
da
determinação
da consciência
pela existência
* Identificando, registrando e buscando compreender a
dinâmica geral do drama de relações e papéis sociais próprios
dos diferentes espaços intersubjetivos, grupais, institucionais,
de classe e ainda de gênero, de etnia e de geração. Drama
esse que, com suas regras próprias de prescrição e
performance de papéis sociais, implica redes de ações
partilhadas, complementares e/ou antagônicas, que
constituem a própria produção situada, contextualizada, de
mediações simbólicas nas quais cada pessoa, como ator social,
se constitui – se limita, se delimita e se potencializa.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
2.3 Princípio da consciência como psiquismo propriamente
humano
● É bastante conhecida, e nem por isso deixa de ter valor, a
chamada oposição de Vigotski a duas tendências clássicas em
psicologia, no final do século XIX e início do XX: o
“mentalismo” e o “comportamentalismo”. Segundo ele,
ambas deixam de estudar cientificamente a consciência.
● Tratarei aqui, de modo resumido, alguns pontos
pertinentes ao conceito de consciência como psiquismo
propriamente humano: (a) consciência como conhecimento
partilhado; (b) consciência como vivência de vivências; (c)
consciência como reflexo e refração da realidade; (d)
consciência como processo cognitivo e afetivo; (e) consciência
e sua relação com os processos não conscientes.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
2.3 Princípio da consciência como psiquismo propriamente
humano
● Devido ao volume muito grande de material teórico
passarei a comentar verbalmente os princípios, e já em
seguida tentar extrair as orientações gerais para a prática, tal
como feito para os princípios anteriores. É difícil pensar
orientações práticas de uma teoria sem se falar da própria,
será falado, mas será preciso reduzir o número dos slides em
função do nosso tempo.
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
3 – Princípio
da consciência
como
psiquismo
propriamente
humano
* Privilegiando ações que viabilizem a potencialização das
funções psíquicas propriamente humanas, ou seja, aquelas nas
quais o homem se realiza como tal e que são a um só tempo:
(a) voluntárias – que exigem tomada de decisão; (b)
conscientes – que exigem pensar sobre o pensamento, sobre a
emoção e a ação; (c) mediadas – que exigem recorrer à
linguagem; e (d) de origem social – que implicam modos de
participação de um outro e de ver a si mesmo como um outro.
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
a) Consciência
como
conhecimento
partilhado
* Sendo um organizador e participante de situações em que as
pessoas comunicando‐se com as demais (sobre o mundo,
sobre os outros, sobre elas mesmas) possam ir reorganizando
seu modo de agir e também sua própria consciência do real e
de si.
* Possibilitando ações em que a linguagem partilhada entre as
pessoas trate de situações relevantes, do ponto de vista vital,
para as pessoas envolvidas, descolando‐se das formas mais
automatizadas e imediatas de entendimento e sentimento
para a realidade, desarticulando‐as e permitindo o surgimento
de novas e mais potentes formações de sentido.
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b) Consciência
como vivência
de vivências
* Produzindo e dando visibilidade a situações em que a
comunicação social permita um ato de “espelhar” a ação, a
fala e a emoção de cada um, proporcionando uma relação de
suspensão, estranhamento e distanciamento necessários para
a tomada de consciência da situação vivida junto com outros e
junto a si mesmo.
c) Consciência
como reflexo e
refração da
realidade
* Atentando para que na sua própria consciência e na
daqueles com quem atua, tanto se “reflete” uma imagem do
mundo real (já que toda consciência é “consciência de algo”),
quanto se “refrata” essa mesma imagem (já que toda
consciência é “consciência de alguém”, ou seja, permeada
pelas necessidades e orientações desse alguém).
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
c) Consciência
como reflexo e
refração da
realidade
* Percebendo e lidando com a contradição dialética de a
consciência tanto ser poder de ação e compreensão quanto
limite para agir e compreender – de forma a não tratá‐la nem
como impotente nem como onipotente no plano da
transformação da realidade.
d) Consciência
como processo
cognitivo e
afetivo
* Considerando que a compreensão que as pessoas têm da
realidade não é apenas intelectual, mas nuançada por afetos,
os quais compõem a realidade concreta do homem
consciente. Que a compõem não só como algo que pode
atrapalhar sua visão mais crítica da realidade, mas também
como algo que permite que tal visão se construa – se
houvesse uma consciência totalmente desprovida de afeto, ela
não teria como lidar de modo realista com o mundo.
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
d) Consciência
como processo
cognitivo e
afetivo
* Não operando no sentido da simples contenção dos
processos afetivos como garantia da emergência de ações
eficazes e adaptadas, mas no da potencialização das emoções
propriamente humanas necessárias para a ampliação da
capacidade das pessoas de comporem com o mundo, com
mais bem estar e alegria.
* Com atitude de empatia em relação às emoções do outro,
no sentido de que mesmo as causas das emoções sendo
imaginárias, as próprias emoções continuarão sendo reais e
merecem consideração e respeito.
* Com atitude também de distanciamento com relação às
emoções do outro, no sentido de que, mesmo elas sendo
reais, isso não quer dizer que se tenha claro o que as está
motivando. Sermos totalmente impregnados pelas emoções
do outro não sempre o ajudará a lidar melhor com elas.
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histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
e) Consciência
e o problema
dos processos
não
conscientes
* Tendo conhecimento da dialética entre as funções da
consciência e sua negação, não só pelo fato de que para saber
de algo não é possível saber de tudo a um só tempo, como
também pelo fato de que, como diz Vigotski “mesmo sabendo
exatamente como agir, podemos agir de modo diferente” –
pois nem sempre conhecemos as motivações das nossas ações,
sentimentos e pensamentos ou dominamos a disposição
deles/para eles em nós.
* Proporcionando momentos de simbolização, comunicação e
ação partilhada que permitam tomada de consciência quanto
aos motivos até então não evidentes e amparando, na relação
com o outro, as dimensões afetiva, cognitiva e volitiva
constitutivas desse ato simbólico.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
e) Consciência
e o problema
dos processos
não
conscientes
* Desmistificando tanto para si quanto para aqueles com
quem se trabalha (na medida em que se tornem crenças
despotencializadoras do desenvolvimento da autonomia
humana) as noções animistas dos processos inconscientes
(tomados como forças com vida própria) e valorizando o
homem como a unidade vida de suas funções mentais
conscientes ou não.
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histórico‐cultural
2.4 Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
4 ‐ Princípio
da
compreensão
da consciência
mediante
unidades
* Tomando diante das realidades sociais e pessoais com as
quais se vai trabalhar uma atitude de investigação e
compreensão crítica sobre sua origem e funcionamento, sob o
foco de fenômenos particulares (unidades) que as constituam
e possibilitem uma visão integrada e sistêmica do psiquismo
humano como um todo.
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2.4 Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
a) Consciência
e relações
Personalidade
<-> Meio
= a vivência
como
unidade...
* Buscando formas de compreender e estar sensível às
vivências (experiências vitais dinâmicas e singulares) das
pessoas, as quais no curso e na situação social de seu
desenvolvimento proporcionam uma síntese dialética dos
traços característicos de formação da sua personalidade com
as influências de todo o meio social, do qual a própria pessoa
também faz parte.
* Estabelecendo oportunidades e recursos de simbolização
pelos quais tais vivências sejam partilháveis e presentes ao
diálogo das pessoas com os outros e com elas próprias.
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2.4 Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
a) Consciência
e relações
Personalidade
<-> Meio
= a vivência
como
unidade...
* Procurando não destituir as vivências de seu caráter de
acontecimento, isto é de processo único, incomparável,
irrepetível, no qual o homem se engaja literalmente “em
pessoa”, como personalidade social concreta, numa condição
em que nenhum outro pode estar em seu lugar.
* Procurando, ao mesmo tempo, não fechar as vivências no
campo do insondável, incompreensível e impossível de ser
partilhado ou recriado.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
a) Consciência
e relações
Personalidade
<-> Meio
= a vivência
como
unidade...
* Buscando para si, como profissional responsável, e para o
outro, como interlocutor essencial, recursos para visualizar as
conexões entre experiência acumulada histórica, social, e
pessoal (autobiográfica), com as vivências no “aqui e agora” e
suas marcas na memória de cada um, tanto quanto
contribuindo para a reorganização do caráter dessas conexões
na direção de mais saúde e autonomia.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b) Consciência
e relações
Pensamento
<-> Linguagem
= o significado
da palavra
como
unidade...
* Tomando uma atitude de dedicação sistemática à
compreensão dos múltiplos significados da palavra do outro,
como síntese dialética da linha do desenvolvimento da fala
com a do pensamento, tomando tal síntese em suas diferentes
variações funcionais e etapas de desenvolvimento, como
mediação por excelência para a gênese da consciência, tanto
quanto como suporte à articulação intersemiótica com outras
formas de significação verbais e não verbais.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b) Consciência
e relações
Pensamento
<-> Linguagem
= o significado
da palavra
como
unidade...
* Mantendo atitude de respeito ao universo vocabular,
sintático e semântico do outro, aos gêneros discursivos
próprios das diferentes situações e grupos sociais com os quais
está habituado, sem negar‐se a contribuir sempre que possível
para a ampliação desse universo, reconhecendo que ao fazê‐lo
também amplia o seu o seu próprio.
* Procurando, assim, compreender os significados de suas
palavras tanto como múltiplos e inesgotáveis, quanto como
passíveis de designações objetivas tangíveis, desde que
articuladas às condições de produção das trocas dialógicas em
que tais palavras se inserem.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
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I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b) Consciência
e relações
Pensamento
<-> Linguagem
= o significado
da palavra
como
unidade...
* Compreendendo que o significado mais objetivo das
palavras não esgota toda a dinâmica da produção de sentidos
que implica ainda o todo de sua visão de mundo e sua
personalidade.
* Pautando‐se na orientação de Vigotski de que para
compreender o significado das palavras é preciso ainda buscar
compreender o pensamento e/ou o seu subtexto, e que para
compreender o pensamento cabe ainda buscar saber das
motivações e da esfera afetivo‐volitiva de quem pronuncia tais
palavras.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
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I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b) Consciência
e relações
Pensamento
<-> Linguagem
= o significado
da palavra
como
unidade...
* Criando situações de comunicação social e ação partilhada
contextualizada, nas quais indícios desses diferentes modos de
funcionamento dos processos de significação possam ser
colhidos, interpretados e devolvidos ao fluxo do diálogo com
as pessoas envolvidas.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
5 ‐ Princípio da
compreensão
do psiquismo
humano
mediante sua
gênese
histórica
(origem e
desenvolvimento)
* Orientando sua prática com uma permanente atitude
investigativa com relação ao funcionamento, a estrutura e a
origem mais próxima e mais distante das vivências e processos
de significação que se articulam e/ou se chocam na
constituição social da personalidade daqueles com quem se
está trabalhando.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
a)
Compreender
os processos
psíquicos pela
sua gênese:
* Entendendo que para compreender o desenvolvimento de
alguém se passa ao mesmo tempo a participar dele, já que
saber do desenvolvimento não se restringe a registrar uma
anamnese, assim como a história da humanidade não se
restringe ao nosso passado.
i. Não estudar
objetos fixos,
mas processos
* Buscando demover de si e daqueles com quem se trabalha a
pré‐concepção de que uma doença, um sintoma, uma
capacidade, uma habilidade, um preconceito, um sentimento,
um conflito, uma lei, uma determinação institucional, um gesto
ou um sentido, a visão de mundo de alguém ou os traços de
sua personalidade, sua consciência, sua inteligência e seus
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
i. Não estudar
objetos fixos,
mas processos
sistemas afetivos, sejam algum tipo de objeto estático, algo
pronto e acabado, que sempre esteve ali daquele modo e
assim sempre haverá de estar.
* Portanto, não vendo esses processos como “coisas”, como
“entidades”, como algo que tão somente se classifica, se mede
ou se enquadra, se tria, se usa, se descarta, se conserta ou
reforma, mas como movimentos produzidos por seres
humanos vivos, concretos.
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
2.4 Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
i. Não estudar
objetos fixos,
mas processos
* Agindo com relação a tais processos entendendo‐os como
tais, portanto com cautela no estabelecimento de juízos, e com
compromisso para com a própria constituição social dos
mesmos – como sob a orientação de Aristóteles de que “só em
movimento é que um corpo mostra o que é”.
* Produzindo técnicas sistemáticas para obtenção de pistas que
permitam compreender e atuar com relação ao psiquismo
humano na sua processualidade, por mais focais que precisem
ser as intervenções.
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2 Princípios de psicologia geral numa abordagem
histórico‐cultural
2.4 Princípio da compreensão da consciência mediante
unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
ii. Não ficar
nas
aparências,
mas buscar a
essência
* Estando atento para o fato de que dois processos
aparentemente idênticos podem ter origens bem diferentes, e
de que processos com origens semelhantes podem não dar a
vê‐lo, por na aparência mostrarem‐se diferentes. {válido para
os mesmos exemplos dados logo acima, uma doença, um
sintoma, uma capacidade, etc.}
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iii. Olhar o já
cristalizado
pelas marcas
de sua origem
viva.
* Estando atento para o fato de que algo hoje já tido como
automático, natural, cristalizado, simples de fazer, ou simples
de dizer que não pode ser feito, teve também um processo
histórico de constituição que o trouxe até esse estado,
processo esse cujas marcas de vida anterior podem estar
cristalizados no que parece sem vida, como ocorre no caso de
um “fóssil” (“comportamentos fossilizados, diz Vigotski”).
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iv. Lançar mão
da análise
genético‐causal
* Conhecendo a metodologia de pesquisa da investigação da
mente humana proposta pela abordagem, para lançar mão de
seus recursos como aporte aos processos diagnósticos da
realidade e de compreensão da realidade durante o próprio
trabalho de intervenção, com isso subsidiando avaliações
futuras e reorientação da prática.
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EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iv. Lançar mão
da análise
genético‐causal
* Permitindo situações de interação nas quais se produzam,
em diferentes momentos no tempo, processos nos quais novos
recursos simbólicos sejam introduzidos para dar conta de uma
tarefa significativa (num processo educativo para prevenção de
doenças, por exemplo – a apropriação dos conceitos não se dá
de modo instantâneo), tendo assim dimensão da origem de
novas formações amparadas pela utilização/apropriação desses
recursos.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iv. Lançar mão
da análise
genético‐causal
* Buscando, portanto, compreender as causas dos processos
por intermédio do acompanhamento sistemático de sua
origem (gênese) tal como ela se dá em sua própria intervenção
sobre ela.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
b)
Compreender
a articulação
de diferentes
planos
genéticos ou
históricos
* Entendendo que em teoria histórico‐cultural quando se fala
de “história” considera‐se tanto o seu conceito mais geral de
processo dialético de constituição processual do real, quanto
de história no sentido estrito ou história da humanidade.
Procurando ampliar os princípios anteriores para os diferentes
planos e domínios do conceito de história.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
i. Filogênese
ou história do
desenvolvimento da
espécie
* Tomando conhecimento do fato de que nossa espécie tem
tanto limites quanto possibilidades, que a evolução é um
processo que continua em curso, mas que por hora ainda
somos “Homo sapiens”. O que significa entender que temos
também determinações biológicas e não somos onipotentes
com relação a elas, tanto quanto entender que a própria
espécie é provida de aparatos biológicos, em geral, e
neurofuncionais, em particular, que permitem e solicitam a
mediação do outro e da linguagem para seu desenvolvimento
efetivo e potencial.
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EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
ii. Sociogênese
ou história do
desenvolvimen
to dos
diferentes
grupos sociais
* Procurando sistematicamente compreender a história da
sociedade na qual se está inserido assim como o estão as
pessoas com quem se vai trabalhar – no sentido geral das lutas
que a compõem, tanto quanto no sentido específico das
narrativas sobre a cultura dos grupos e setores sociais
específicos dentro da configuração societária mais ampla.
* Agindo com relação às pessoas como sujeitos do processo de
constituição coletiva de sua história tanto quanto como
constituídos por relações que vão além da interferência de
suas vontades individuais.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iii. Ontogênese
ou história do
desenvolvimen
to do ser
humano
singular –
envolve a
questão da
periodização.
* Assumindo que compreender sobre desenvolvimento
ontogenético e seus períodos não é só para quem “lida com
crianças”, mas que todo ser humano para ser tal como é hoje e
para poder ser algo distinto amanhã, só o pode fazer com base
nas conquistas e incompletude de seu desenvolvimento
anterior. Com as sucessivas crises que esse processo envolve
(não só na adolescência, como às vezes se imagina, mas em
toda a ontogênese), com o modo particular pelo qual tais
crises são vividas de acordo com a relação que cada um
estabelece com o contexto no qual se desenvolve e realiza seu
constante “tornar‐se humano”.
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I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iii. Ontogênese
ou história do
desenvolvimen
to do ser
humano
singular –
envolve a
questão da
periodização.
* Sendo um agente que participa do processo de
desenvolvimento do outro, por intermédio de sua intervenção,
cooperando com ele, nas suas atividades – dirigidas a metas,
dotadas de sentido e significados pertinentes à sua vivência e
sua história.
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I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iii. Ontogênese
ou história do
desenvolvimen
to do ser
humano
singular –
envolve a
questão da
periodização.
* Sendo, sobretudo, um “organizador do meio social” que
proporciona as mediações necessárias para que o
desenvolvimento se dê. Lembrando para o trabalho do
psicólogo o mesmo que Vigotski fala para o trabalho do
educador, ou seja: “quem educa, não é apenas o professor,
mas sim o meio social educativo”, o professor é só o seu
organizador. Assim também quem pode promover um
desenvolvimento psicológico tão saudável quanto possível, não
é apenas o psicólogo, é um “meio social promotor de relações
saudáveis”... Ao psicólogo cabe um papel de organizador desse
meio social.
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unidades
PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iv.
Microgênese
ou história do
desenvolvimen
to de processos psíquicos
particulares
grupo num
intervalo de
tempo relativamente curto.
* Atuando como partícipe da produção, formação, constituição
conjunta de processos psíquicos particulares (como a resolução
de um problema cognitivo; como a transformação catártica de
um dado sistema de afetos; como a aprendizagem de um
conceito novo; como uma tomada de decisão quanto a um
tema de importância vital; como a tomada de consciência de
modos de agir prejudiciais à própria saúde; ou como a tomada
de consciência de capacidades que até então não se entendia
ter ou não se valorizava como aptas a promover ações eficazes
sobre o real, sobre o outro e sobre si...).
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PRÍNCÍPIOS
EM SUA DIMENSÃO PRÁTICA
I ‐ Princípios
de psi. geral
O psicólogo pode trabalhar:
iv.
Microgênese
ou história do
desenvolvimen
to de processos psíquicos
particulares
grupo num
intervalo de
tempo relativamente curto.
Compreendendo sua emergência relativamente rápida não
como algo mágico ou mecânico, mas como fruto de uma
articulação com os demais domínios, ou planos, genéticos
envolvidos na totalidade do desenvolvimento psíquico das
pessoas, em sua constituição como tais.
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Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
Para baixar um texto completo do qual foram extraídos os
excertos trabalhados aqui, com as referências bibliográficas
completas, acesse, por favor:
http://www.vigotski.net/vigotski_pratpsi.pdf
Slides disponíveis em: http://www.vigotski.net/ufms-cpar.ppt
Minicurso: Vigotski e a prática do psicólogo – primeiras aproximações
MUITO OBRIGADO!
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Vigotski e a prática do psicólogo: primeiras