Coerência e Coesão Coerência: um texto é coerente quando apresenta uma continuidade semântica e quando todos os enunciados produzidos pertencem à mesma unidade comunicativa. A Coerência depende, antes de mais, das relações de sentido que se estabelecem, de forma explícita, entre as palavras. Essas relações devem obedecer a três princípios: o princípio da relevância, o princípio da não contradição e o princípio da não redundância Coerência e Coesão As relações de sentido que se estabelecem, quer a nível explícito quer a nível implícito, constituem a coerência lógico-conceptual.Ex: A revista francesa de banda desenhada “À Suivre” publicou a primeira parte de uma história sobre Saint –Exupéry. O autor de “O Principezinho” morreu no dia 31 de Junho de 1944.(A ligação entre os dois parágrafos só se estabelece se soubermos que Saint-Exupéry foi um escritor francês, autor, precisamente, de “O Principezinho”. Esta informação não é dada no texto: está implícita. Captar as informações implícitas é, portanto, fundamental para apreendermos a coerência do texto. Coerência e Coesão Fundamental para a coerência do texto é, também, a pontuação. Um texto mal pontuado é difícil de perceber ou torna-se mesmo incompreensível. O universo textual é determinado por uma continuidade de sentido, isto é, uma expressão linguística pode ter vários significados, mas um texto tem apenas um sentido. É esta continuidade de sentido que constitui a base para a coerência. Coerência e Coesão Coesão é o modo como os componentes superficiais do texto (palavras/frases) se encontram ligados entre si. A Coesão é um mecanismo linguístico que consiste na retoma, no interior do texto, de elementos, contribuindo deste modo para a sua unidade. Há vários mecanismos de coesão: a substituição lexical, a repetição, a pronominalização, a definitivização , a articulação interfrásica, o tempo verbal, a anáfora, a catáfora e a elipse. A substituição lexical consiste na substituição de uma palavra por um termo equivalente (funciona como um sinónimo). Ex: De súbito, começa a gritar e a correr, pondo em pânico as galinhas. Cacarejando, a bichariafoge, sacudindo as asas. A repetição consiste na retoma de palavras já existentes no texto. A pronominalização ocorre quando um nome pode ser representado por um pronome. Ex: Estendeu a mão e afagou o lombo do cão. Também este escapara. A definitivização consegue-se na recuperação de informação graças ao artigo definido. Ex: Um camionista surpreendeu um meliante a tentar abrir a janela de um camião. (...) O camionista, de nacionalidade espanhola, conseguiu deter o indivíduo. A coesão interfrásica refere-se às palavras (conjunções, locuções conjuntivas, advérbios, locuções adverbiais) que servem para ligar frases entre si. O tempo verbal contribui também para a coesão textual. O imperfeito do indicativo situa os factos num plano mais afastado e assinala uma situação que se prolonga no tempo. O pretérito perfeito como que circunscreve um momento. O presente do indicativo aproxima a situação referida do leitor. A anáfora consiste numa retoma do referente de palavras anteriormente inseridas no texto (um elemento introduzido no texto remete para um antecedente). Ex: Traumatizado, o João ficou em casa com os amigos. Ele nem a rua queria atravessar. A catáfora é um mecanismo inverso do que se verifica na anáfora (há como que uma antecipação da informação introduzida no texto, posteriormente). Ex: Tudo nele, os gestos e o modo de falar, é uma imitação mal pronta dos homens que ouviu quando novo. A elipse consiste no apagamento de um elemento recuperável pelo contexto. Ex: -Queres ir comigo ao cinema? -Sim, claro (elisão de: quero ir ao cinema) -Sim , quero, mas não posso (elipse: ir ao cinema) Os marcadores de coesão textual constituem um dos meios privilegiados para ordenar, hierarquizar, ligar, tornar mais fluido o movimento construtor do discurso. São expressões como (além disso, então, mais ainda, repare, finalmente) que balizam o discurso, que orientam na interpretação, salientando, retomando, explicando determinados conteúdos ou apelando para a atenção do interlocutor para que o contacto não se perca. Há conectores discursivos situados no plano diretamente nocional: -Com pendor argumentativo (mas, repara, por exemplo, além disso, portanto, de facto) -Com valor aditivo (mais, mais ainda, e também, além disso, ainda por cima) -Com valor contra-argumentativo ou oposição(antes pelo contrário, não obstante, mesmo assim, apesar de tudo, em qualquer caso, isto não obsta a que, mas, sem embargo) -Com incidência no valor causal (por conseguinte, assim pois, daí que, pois, então, porque, de maneira que) Na organização temporal do discurso (antes de tudo, antes de mais, para começar, num primeiro momento, em seguida, depois, por outro lado, mais tarde, finalmente, por fim) -Na organização da informação textual (e depois, depois então) -A reformulação que representa o esforço de adequação e de garantia da continuidade discursiva, explicação ou correção (ou seja, melhor dito, quer dizer, por outras palavras, isto é, mais concretamente) A estrutura do texto argumentativo tem marcadores específicos: -A ordenação dos argumentos(em primeiro lugar, em segundo lugar, por último, finalmente) -A conexão entre os argumentos (já que, assim, posto que, considerando que, de modo que, de tal modo que, por conseguinte, em conclusão)