Natália Pimenta Silva (aluna de IC) Gardênia da Silva Abbad (orientadora) A Análise de Necessidade de Aprendizagem é responsável pela identificação das competências que precisam ser treinadas, em determinado período, por um grupo de colaboradores. A abordagem mais vista nas revisões de literatura da área, concebida por McGehee e Thayer (1961) revela a importância de investigar as relações entre características da organização, dos grupos e dos indivíduos e está baseada na análise em três níveis (Organização - macro, Tarefas – meso - e Pessoas - micro). Alguns teóricos têm adotado teorias multinível para explorar necessidades de treinamento. No contexto de Empresas Juniores, organizações formadas exclusivamente por estudantes de graduação de Instituições de Ensino Superior que oferecem serviços ou produtos para a sociedade em sua área de atuação possuindo a finalidade de ser um complemento à formação profissional dos estudantes, nota-se que a produção científica e as práticas educacionais carecem de abordagens teóricometodológicas rigorosas, de modo a prover bases sólidas, cientificamente justificadas, para o desenvolvimento destes profissionais em formação. Tabela 1 Portanto, o objetivo do presente projeto é avaliar as necessidades de treinamento dos empresários juniores da Universidade de Brasília (UnB), buscando contribuir para o desenvolvimento dessas organizações. Participantes: 34 empresários juniores de 12 diferentes cursos de graduação da UnB (exceto um participante) com idades entre 18 e 25 anos, ocupantes de distintos cargos, de tempo de atuação na EJ variando de 1 dia a 54 meses, sendo 26,47% mulheres. Instrumento: formulário solicitando dados sociodemográficos e com quatro perguntas abertas relativas a: desempenhos adequados e inadequados de um empresário júnior, futuros desafios e mudanças que a EJ iria enfrentar, competências necessárias para o sucesso EJ e quem precisaria desenvolvê-las. Procedimentos: análise documental de sitios e portais eletrônicos do MEJ, para elaboração de mapa inicial. Entrevista coletiva, após Tabela 2preenchimento individual do formulário, os participantes relataram suas respostas e a manifestaram concordância ou discordância sobre as respostas dos outros participantes, detalhando especificações de sua EJ. Análise de dados: Foram objeto de análise os registros individuais e dos debates relativos a incidentes críticos e competências, onde foram criados 169 indicadores de competências. Esses indicadores foram revisados e alguns itens foram excluídos ou agrupados, segundo o critério de apresentarem o mesmo conteúdo. O mapa gerado foi comparado àquele esboçado na análise documental a fim de complementá-lo. Ao final passou por validação semântica, realizada com um grupo de empresários juniores, e por validação por juízes, com 3 profissionais especialistas na área de treinamento. Principais desafios identificados foram: (a) construção de uma boa imagem para os stakeholders, ressaltados professores e alunos; (b) redefinição das estratégias de marketing, tornar a empresa mais atrativa; (c) estabelecimento no mercado, consolidando as empresas juniores, ser reconhecida pelos clientes e por possíveis parceiros; (d) desenvolvimento e inovação de projetos e processos, ampliar o campo de atuação e possibilitar maior capacitação dos membros; (e) manter a qualidade dos serviços e a organização da empresa, estabilidade da EJ; (f) conhecer e aprimorar a gestão de projetos e gestão de recursos humanos. Foram criados 67 indicadores divididos em 4 categorias originadas e adaptadas do modelo de ANT multinível de Abbad e Mourão (2007, manuscrito não publicado, apud Ferreira, 2009). Sendo elas: Categorias Definição de categorias Comportamentos que refletem o seu engajamento Indivíduo e compromisso com a EJ, além de habilidades (21 indicadores) gerais que viabilizam uma comunicação efetiva e o aprimoramento de seu desempenho. Comportamentos direcionados para o êxito do seu Equipe trabalho em equipe, bem como para uma boa (10 indicadores) relação de trabalho com os membros da EJ. Comportamentos que possibilitam o Macroprocessos desenvolvimento contínuo da EJ, a efetividade de (24 indicadores) suas diretrizes, planejamento e projetos, e a resolução de problemas. Comportamentos direcionados à consolidação do posicionamento e da atuação da EJ, à preservação Contexto de sua imagem institucional e à ampliação de boas (12 indicadores) relações da EJ com o ambiente acadêmico, com o mercado e clientes, e com o MEJ. Analisando os indicadores, fica evidenciado que a dimensão conhecimento é descrita num número reduzido de indicadores, enquanto habilidades e, principalmente, atitudes aparecem com grande frequência, ressaltando a importância da finalidade das empresas juniores, a de complementar a formação dos estudantes, já que a dimensão conhecimento é a que predomina nas atividades propostas em sala de aula. Os indicadores encontrados nas categorias estabelecidas a partir de uma abordagem multinívei vão ao encontro dos efeitos esperados pela taxonomia proposta por Birdi (2000). No nível do indivíduo, por exemplo, no que se refere à afetividade encontram-se atitudes como a disposição para a aprendizagem, a motivação e o engajamento no trabalho; e ao cognitivo, o uso de informações verbais, habilidades para solucionar problemas e criatividade na realização de tarefas. Espera-se que esse mapa de competências seja útil para desenvolver ou aprimorar os processos de gestão por competências das EJ brasileiras. Referências disponíveis em anexo.