CASO CLÍNICO: CETOACIDOSE DIABÉTICA
Sylvia Beatriz de Vasconcellos Cavalcanti
Internato de Pediatria – HRAS/HMIB/SES/DF
Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)
Coordenação: Dra. Luciana Sugai
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 8 de março de 2014
CASO CLÍNICO

Identificação:
 LGA,
sexo feminino SES: 5106939
 12 anos
 Branca
 Procedente de Sobradinho - DF
 Peso = 27 kg
 Acompanhantes: mãe e pai
 Data da admissão: 14/02/2014 às 17h58

QP: “cansaço” há 4 dias
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

HDA (às 17h58)
 Criança
encaminhada do Hospital Daher após contato
prévio. Pais referem ter percebido polifagia, polidipsia
e poliúria há cerca de 2 meses, com piora do estado
geral (hiporexia e sonolência) nos últimos 4 dias e
perda de 3 kg nos últimos 15 dias.
Glicemia capilar há 1 hora: 364 mg/dl
Glicemia capilar agora: 445 mg/dl
Nega vômitos.
Não foram realizados exames (gasometria e cetonúria)
no hospital de origem
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Antecedentes patológicos pessoais:
 Nega
outras patologias, medicações de uso crônico,
internações prévias ou alergias

Antecedentes patológicos familiares:
 Mãe,
41 anos, hígida
 Pai, 43 anos, hipotireoidismo
 Irmão, 16 anos, hígido
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Antecedentes fisiológicos:
 Mãe
não trouxe cartão da criança
 Nasceu de parto cesáreo a termo (39sem), pesando
2.900g
 Recebeu alta com 48h de vida
 Nega intercorrências durante o pré-natal
 Aleitamento
materno exclusivo até 4 meses e
complementar até 1 ano
 Cartão de vacinas faltando apenas reforço de dT (sic)
 Desenvolvimento neuropsicomotor adequado
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Condições socioeconômicas e hábitos de vida:
 Mora
com os pais e irmão em casa de alvenaria com
saneamento básico completo
 Tem contato com animal doméstico (cachorro)
 Nega tabagismo passivo
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Ao exame físico:
 Bom
estado geral, corada, desidratada +/4+, afebril
e ativa
 ACV: ritmo cardíaco regular com bulhas normofonéticas
em 2T, sem sopros
 AR: MV fisiológico, sem ruídos adventícios
 Abdome:
normotenso, indolor, RHA +, sem
visceromegalias ou massas
 Extremidades bem perfundidas e sem edema
 Pele íntegra
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Hipóteses diagnósticas?
Diabetes mellitus (tipo I*)
 Primodescompensação

26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Exames?
Hemograma completo
 Glicemia plasmática
 Eletrólitos
 Gasometria
 Cetonúria e glicosúria
 Ureia e creatinina

Glicemia de jejum
 Hemoglobina glicada
 Teste de tolerância oral
à glicose

26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Exames iniciais
 18h07
=> cetonúria de 3+
 19h07 => gasometria arterial:
Gasometria arterial - 14/02
pH
7,237
PCO2
15,5
PO2
107,4
SatO2
97,5%
HCO3-
6,4
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Conduta?
26 de fevereiro de 2014
26 de fevereiro de 2014
DEFINIÇÃO

Cetoacidose diabética =
É uma complicação metabólica aguda e grave do
diabetes mellitus causada pela deficiência absoluta ou
relativa de insulina associada à elevação de hormônios
contrarreguladores


Emergência médica potencialmente fatal
Associada mais frequentemente na DM tipo I
Manifestação inicial em > 50% dos casos de DM I
=> primodescompensação


Ocorre predominantemente na infância
26 de fevereiro de 2014
EPIDEMIOLOGIA

Incidência x mortalidade

Em pacientes sabidamente diabéticos, a incidência
da CAD varia entre 1 a 10% por paciente/ano

Maior causa de mortalidade relacionado ao DM na
faixa etária pediátrica (2-10%)

Extremamente rara em diabetes mellitus tipo II,
exceto por evento desencadeante grave

Prognóstico depende do fator desencadeante e da
idade (extremos*)
26 de fevereiro de 2014
FATORES DESENCADEANTES

Primodescompensação

Infecções

Uso incorreto de insulina

omissão de dose ou subdose

falhas de bomba de infusão subcutânea

Estresse emocional ou físico

Distúrbios alimentares

Abuso de álcool

Uso de medicamentos (corticóides)
26 de fevereiro de 2014
FISIOPATOLOGIA

Os mecanismos primários envolvidos na cetoacidose
diabética são:
Deficiência absoluta de insulina
 Excesso de hormônios contrarreguladores






Glucagon
Cortisol
Catecolaminas
GH
Os eventos metabólicos da CAD assemelham-se ao
estado de jejum prolongado
26 de fevereiro de 2014
FISIOPATOLOGIA

Deficiência insulínica + ↑ contrarreguladores
Catabolismo acelerado
(1) Redução da utilização periférica de glicose
(2) Produção de glicose por vias alternativas
(3) Lipólise e cetogênese
26 de fevereiro de 2014
FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA



A hiperglicemia que excede a capacidade de reabsorção
renal (180 mg/dl), associada à hipercetonemia, causa diurese
osmótica
Há desidratação importante e perda de eletrólitos
Quadro pode ser agravado por vômitos
Desidratação


↑ contrarreguladores
Requer correção com insulina exógena, hidratação e
reposição eletrolítica
Risco de desidratação grave e acidose metabólica fatais
26 de fevereiro de 2014
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Desidratação

Respiração de Kussmaul

Náuseas e vômitos

Dor abdominal

Hálito cetônico

Rebaixamento do nível de consciência

Febre (infecção*)
26 de fevereiro de 2014
DIAGNÓSTICO
A Cetoacidose Diabética pode ser definida pelos seguintes
critérios bioquímicos:
•
•
•
Hiperglicemia > 200 mg/dl
pH < 7.3 ou bicarbonato < 15 mmol/L
Cetonemia e cetonúria
Fonte: Diabetic ketoacidosis in children and adolescents with diabetes. Pediatric Diabetes 2009: 10(Suppl. 12): 118–133
26 de fevereiro de 2014
CLASSIFICAÇÃO

A cetoacidose pode ser classificada de acordo com a
gravidade em:
LEVE
• pH < 7.3 ou bicarbonato < 15 mmol/L
MODERADA
• pH < 7.2 ou bicarbonato < 10 mmol/L
GRAVE
• pH < 7.1 ou bicarbonato < 5 mmol/L
26 de fevereiro de 2014
EXAMES COMPLEMENTARES
Exames complementares na Cetoacidose Diabética
Hemograma
Glicemia plasmática
Gasometria
Uréia e creatinina
Hemoglobina glicada
Eletrólitos (Na+, K+, Cl-, Ca2+, P- e Mg2+)
EAS - glicosúria e cetonúria com fitas reagentes específicas
Osmolaridade sérica
Cálculo do ânion gap




Leucocitose não necessariamente indica processo infeccioso
Ânio-gap > 35 sugere acidose láctica concomitante
É recomendada a medida dos níveis de β-hidroxibutirato
Culturas de sangue e urina na suspeita de infecção
TRATAMENTO

Objetivos





Corrigir desidratação
Reverter cetose e corrigir acidose
Restaurar glicose sérica para níveis normais
Prevenir complicações da terapia
Identificar e tratar eventos desencadeantes
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Avaliação clínica: confirmação diagnóstica e determinação da
causa



investigar possibilidade de infecção
Pesar o paciente
Avaliar severidade da desidratação


Desidratação de 5%
- tempo de enchimento capilar > 2 segundos
- turgor da pele anormal (pele inelástica)
- hiperpneia
*outros: ressecamento de mucosas, olhos encovados,
ausência de lágrimas, pulso fino, extremidades frias
Desidratação > 10%
- pulsos periféricos finos ou ausentes, hipotensão e oligúria
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Avaliar nível de consciência
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Medidas de suporte

Assegurar vias aéreas






Rebaixamento => aspiração por SOG
Acesso venoso periférico
Monitor cardíaco
O2 caso choque ou insuficiência circulatória grave
ATB se necessário e após cultura
Sondagem vesical quando indicada
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Monitorização






Sinais vitais de hora em hora
Glicemia capilar de 1/1 hora
Exames laboratoriais a cada 2 horas
Cetonúria de 2/2 horas
Monitorização da quantidade de insulina administrada
Avaliação neurológica a cada 1 hora


Sinais de edema cerebral
ECG
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Hidratação venosa


Déficits hídricos devem ser repostos
Severidade da desidratação geralmente é subestimada




infusão de fluidos deve ser em 1.5-2 vezes a necessidade hídrica diária
Em caso de choque: SF 0,9% a 10-20 ml/kg/hora em bolus por
1 a 2 horas

Acesso venoso calibroso

Repetir se necessário até restabelecimento da circulação
Reposição da desidratação:

Soro fisiológico 0,9% por 4-6 h + hidratação de manutenção (Holliday)

Acrescentar KCl, fosfato de potássio ou acetato de potássio
Dar preferência aos cristalóides
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Hidratação venosa

Se não houver elevação esperada do sódio com a
insulinoterapia, deve-se aumentar a concentração de Na+
no líquido infundido

Grandes quantidades de soro a 0.9% estão associadas à
acidose metabólica hiperclorêmica e ao edema cerebral!
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Sódio

O Na+ sérico pode estar diminuído na CAD:
• Hiperglicemia
• Aumento da osmolaridade sanguínea
• Transferência de água para extracelular
• Hiponatremia dilucional

Após a fluidoterapia e infusão de insulina, a [ ] de sódio pode
aumentar, sem indicar piora do estado hipertônico
TRATAMENTO

Insulinoterapia
Apesar da reidratação, a insulinoterapia é essencial para
normalizar níveis glicêmicos e interromper lipólise e
cetogênese
 Iniciar infusão de insulina 1-2 horas DEPOIS do início da
reposição hídrica



Insulina inicial em bolus não é necessária!!!


dose: 0.1 U/kg/h de insulina regular por via endovenosa
Risco aumentado de edema cerebral
Continuada na dose de 0.1U/kg/h até a resolução da CAD
=> pH > 7.3, bicarbonato > 15 mmol/L e/ou normalização
do ânion gap
TRATAMENTO

Insulinoterapia
Expansão inicial reduz significativamente glicemia
 35-90 mg/dl/hora
 Quando glicemia atingir < 250-300 mg/dl, acrescentar soro
glicosado a 5%
 Na impossibilidade de administrar insulina EV, uso de
insulina SC ou IM de ação lenta ou rápida a cada 1-2 horas
pode ser tão eficaz quanto a regular
 Contra-indicação: baixa perfusão periférica
 Glicemia-alvo: 200 mg/dl até resolução da CAD

26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Reposição de K+

Crianças em CAD apresentam perda de K+
Hiperosmolaridade
 Glicogenólise e proteólise
 Diurese osmótica


Efluxo de K+ do
intracelular
Vômitos
Depleção de volume causa hiperaldosteronismo
 Níveis de K+ sérico => normais, aumentados ou
diminuídos
 A administração rápida de insulina leva à hipocalemia


Arritmias cardíacas
26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO
A reposição de K+ é necessária independentemente da
concentração de potássio
 Hipocalemia: repor juntamente com expansão inicial de
volume e ANTES da infusão de insulina
 Hipercalemia: adiar reposição até que haja diurese
 ECG pode ajudar no diagnóstico dos distúrbios do potássio
 Hipocalemia: achatamento da onda T, onda P apiculada e
onda U
 Hipercalemia: onda T apiculada, achatamento da onda P
 Concentração inicial: 40 mmol/L (máximo 0.5 mmol/kg/hr)
 Persistência da hipocalemia => reduzir taxa de infusão de
insulina

26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Fosfato
A cetoacidose causa depleção intracelular de fosfato
 Diurese osmótica: fosfatúria
 Tratamento inicial da CAD cursa com diminuição dos
níveis séricos (transferência para o intracelular) sem
repercussão clínica


Principais pontos:

Não há benefício da reposição de fosfato

reposto juntamente com K+
Administração de fosfato pode induzir hipocalcemia
 Monitorização do Ca2+

26 de fevereiro de 2014
TRATAMENTO

Acidose

É revertida pela hidratação e insulinoterapia



Interrupção da formação de cetoácidos
Reversão da volemia melhora a perfusão renal e facilita excreção de
ácidos
Não há evidência de benefícios na administração de
HCO3-!

acidose paradoxal, hipocalemia e interferência nos níveis de Na+
Uso do bicarbonato deve ser feito com cautela
 Restrito a situações de acidemia severa (pH < 6.9)
 Dose de 1-2 mmol/kg em 1 hora

26 de fevereiro de 2014
MANEJO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA
Fonte: Diabetic ketoacidosis in children and adolescents with diabetes. Pediatric Diabetes 2009: 10(Suppl. 12): 118–133
MANEJO DA CETOACIDOSE DIABÉTICA
Fonte: Diabetic ketoacidosis in children and adolescents with diabetes. Pediatric Diabetes 2009: 10(Suppl. 12): 118–133
COMPLICAÇÕES





Edema cerebral
Hipoglicemia
Hidratação inadequada
Hipocalemia
Acidose hiperclorêmica
26 de fevereiro de 2014
COMPLICAÇÕES

Edema cerebral
Incidência baixa na população geral
 Responsável por 60-90% das mortes em CAD complicada
 Patogênese ainda é desconhecida
 São fatores de risco:










idade < 5 anos
diabetes inicial
longa duração dos sintomas
hipocapnia importante
níveis elevados de uréia à apresentação
acidose severa
tratamento com bicarbonato
fluidoterapia excessiva nas primeiras 4 horas
administração de insulina na primeira hora!
26 de fevereiro de 2014
COMPLICAÇÕES

Edema cerebral
Alterações osmolares x Hipoperfusão cerebral

O grau de formação do edema cerebral está associado ao
grau de desidratação e hiperventilação, e não às alterações
osmóticas no decorrer do tratamento! Tal evidência
corrobora a hipótese de que o edema cerebral ocorre por
hipoperfusão cerebral durante a cetoacidose, tendo as
alterações osmolares um papel secundário
26 de fevereiro de 2014
COMPLICAÇÕES

Edema cerebral
Manifestações clínicas do edema cerebral ocorrem 4 a 12
horas após o início do tratamento
 Sinais e sintomas de edema cerebral:








Cefaléia
Desaceleração da FC
Alterações de consciência (irritabilidade, inquietude, sonolência,...)
Sinais neurológicos focais (paralisia de nervos cranianos)
Aumento da PA
Diminuição da SatO2
Monitoramento neurológico é essencial
26 de fevereiro de 2014
COMPLICAÇÕES

Tratamento do edema cerebral
Se houver suspeita, iniciar tratamento imediato
 Reduzir fluidoterapia em 1/3 do volume
 Manitol 0.5-1 g/kg IV em 20 min


Repetir se não houver resposta em 30min – 2horas
Alternativa: solução salina hipertônica
 Elevação da cabeceira
 Intubação caso necessário



Hiperventilação não é recomendada!
Após início do tratamento, solicitar TC de crânio para
descartar outras causas de deterioração neurológica
26 de fevereiro de 2014
CONCLUSÕES

A CAD é causada por deficiência relativa ou absoluta de insulina

Iniciar reposição volêmica ANTES da administração de insulina

1 a 2 horas após início da fluidoterapia iniciar insulina regular
=> 0.1 U/kg/h

A expansão é necessária somente em casos com necessidade de
restaurar circulação periférica

A fase de manutenção da HV deve ser feita continuamente por 48
horas em taxa máxima de 1.5-2 vezes a necessidade hídrica diária
Se glicemia cair muito rapidamente antes da resolução da CAD,
aumentar oferta de glicose


NÃO diminuir a infusão de insulina!
26 de fevereiro de 2014
CONCLUSÕES
Mesmo em níveis normais ou elevados de K+ na CAD, há
SEMPRE um déficit corporal total de K+, que deverá ser
reposto (taxa > 10ml/kg/h)
 Não há evidência de eficácia ou segurança no uso do
bicarbonato no tratamento da cetoacidose
 Sempre devem estar disponíveis o manitol e a solução salina
hipertônica
 Em casos de sintomas neurológicos importantes, fazer
manitol imediatamente
 Manejo da cetoacidose deve ser feito em serviços com
suporte clínico e laboratorial adequados

26 de fevereiro de 2014
CONCLUSÕES
O diagnóstico correto e o tratamento rápido e eficaz da CAD
são essenciais para diminuir a morbimortalidade desta
condição
 Todos os casos de CAD recorrente podem ser prevenidos:

Acompanhamento rotineiro da glicemia
 Correção das doses de insulina em pacientes com diabetes mellitus
diagnosticada
 Orientação adequada aos pacientes com diagnóstico prévio

26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Continuando...

14/02 às 20h15 => Conduta inicial:





Dieta oral zero
Fase rápida 20ml/kg
Insulina ultra rápida 0.1UI/Kg agora
Dx, cetonúria, glicosúria 1/1h
Vigilância clínica rigorosa

Às 21h36:
 Errata: Feito insulina regular 0.1 UI/kg

Às 21h45:
 Criança apresentou hidratação após fase rápida de 20ml/kg e realizado insulina
 Após 1h , Dx = 272mg/dl, cetonúria de +1 e glicosúria +4
 Iniciado Holliday com glicose a 10% para correr em 6h
CASO CLÍNICO



Às 23h13:
 Dx 276mg/dl ; cetonúria 3+; glicosúria +2
 Realizar insulina regular 0.1mg/kg UI IM, agora
 Repetir Dx, glicosúria e cetonúria com 1h
Às 0h37
 Dx 293 mg/dl; cetonúria +2; glicosúria +2
 Como houve melhora da cetonúria (cetonúria <+3) não realizar insulina
regular, por hora
 Segue com controle rigoroso 1/1h de Dx, glicosúria e cetonúria
Às 2h06:
 Dx 332mg/dl; cetonúria +2; glicosúria +3
 Como Dx > 300, fazer insulina regular 0.1UI/Kg
 Segue com controle de Dx, glicosúria e cetonúria
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

15/02 - Box 20 – Evolução matutina (12h10)
 No início do plantão, criança estava desidratada, com
glicemia de 340mg/dl. Permaneceu 6h sem realizar insulina.
Foi colhida gasometria (8h: pH=7,3 PO2=105 PCO2=24,6
HCO3=11,9 Lac=0,4 BE=-12,8) e solicitado cetonúria e
glicosúria. Como criança não urinou, foi realizado 500ml de
soro fisiológico em uma hora. Logo após urinou, mas
manteve-se hidratada no limiar. Calculada a reposição de
líquidos e reiniciada a insulina regular. Após 2h de
tratamento, criança apresentou glicemia de 260, glicosúria
+++, cetonúria+. Foi liberado dieta e iniciado glargina sob
orientação da endocrinologia, com glicemia antes e pós
prandial.
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

Ao exame: BEG, corada, nutrida, hidratada no limiar, anictérica,
ativa, reativa, acianótica, afebril e eupneica
AR: MVF sem RA
ACV: RR em 2T, BNF sem sopro
ABD: plano, flácido, indolor, sem VMGs, ausência de dor à
descompressão
Ext: bem perfundidas (tempo de enchimento < 2s) e sem edema

Neurológico: ausência de sinais meníngeos
Conduta:
 Suspender HV se alimentação adequada;
 Reavaliar paciente antes de ir para ala;
 Encaminhar para Ala B se cama.
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

15/02 - Box 20

13h48


13h54



Glicemia antes do almoço de 281, glicosúria 0, cetonúria +3
Glicemia = 361 Cl=102 K=3,7 Na=135 Hb=13,4 Ht=37,4
Leuc=3.600 (NT 48 B 1 S 47 E 5 M 4 L 43) Plaq=201.000
Mantenho conduta para ir a Ala B
15h23


Glicemia agora de 359mg/dl;
Corrijo com insulina e libero lanche vespertino.
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

16/02:
# 1º DIH Ala B
 Criança segue em bom estado geral, sem intercorrências, aceitando
bem a dieta oral
 Ao exame: BEG, hidratada, corada, eupneica, afebril
AR: MVF sem RA
ACV: RR em 2T, BNF sem sopro
Abdome: plano, flácido, indolor, sem VMGs, ausência de dor à
descompressão
Neurológico: ausência de sinais meníngeos
 Conduta:



Supensa HV
Glargina 14 U pela manhã
Orientações
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO

16/02:




Dieta oral para diabético
HV em Y com Holliday e SF 0.9%
Glargina 10 UI pela manhã
Insulina regular conforme esquema
Controles Glicêmicos (mg/dL)
16/02
10h
202
12h
281
14h
350
18h
383
19h
466
21h
339
02h
180
08h
168
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO
Paciente seguiu internada na Ala B para controle glicêmico
adequado e ajuste de insulina
 Esquema de insulina glargina ajustado até 15 UI pela manhã

Controles Glicêmicos (mg/dL)
17/02
18/02
19/02
20/02
08h
359
233
191
203
12h
365
307
263
272
18h
429
324
257
324
21h
330
264
336
389
03h
212
221
323
273
08h
233
191
203
161
26 de fevereiro de 2014
CASO CLÍNICO
Paciente evoluiu sem intercorrências maiores
 Queixa de parestesia em punho esquerdo
 Diagnosticada hiperlipidemia
 USG: esteatose hepática incipiente



Alta hospitaltar em 21/02
Prescrição de esquema de insulina glargina 15 UI pela
manhã + insulina ultrarrápida:
1 UI = café
 2 UI = almoço
 1 UI = jantar


Consulta agendada com Endocrinopediatria no HCB
26 de fevereiro de 2014
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS






Condutas no Paciente Grave. Elias Knobel. Atheneu. 3ª ed. 2006.
Emergências Clínicas – Aborgagem Prática. Herlon Saraiva Martins, Rodrigo
Antonio Brandão Neto, Augusto Scalabrini Neto, Irineu Tadeu Velasco
Manole. 7ª ed. 2012.
Foss-Freitas MC & Foss MC. Cetoacidose diabética e estado hiperglicêmico
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caso clínico: cetoacidose diabética