Português Jurídico
 Grupo: Rafael Alves
Rodrigo Santos
Leudo Araújo
Isaque Sousa
Coesão e Coerência
Textuais
Leonor Lopes Fávero
Introdução
 As causas de seu desenvolvimento são, dentre outras,
as falhas das gramáticas da frase no tratamento de
fenômenos como a referência, a definitivização, as
relações entre sentenças não ligadas por conjunções, a
ordem das palavras no enunciado, a entoação, a
concordância dos tempos verbais, fenômenos estes que
só podem ser explicados em termos de texto ou em
referência a um contexto situacional.
 ‘’É a descontinuidade entre enunciado e texto, já que
há uma diferença qualitativa entre ambos (e não
meramente quantitativa)’’. (Conte, 1977, p.17-8)
 Sendo o texto mais do que a soma dos enunciados que
o compõem, sua produção e compreensão derivam de
uma competência específica do falante - a competência
textual.
 ‘’Texto em sentido amplo, designando toda e qualquer
manifestação da capacidade textual do ser humano (uma
música,a um filme,uma escultura,um poema etc.), e, em se
tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade
comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação
dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo
locutor e o evento de sua enunciação’’ (Fávero e Koch, 1983, p.25).
 O discurso é manifestado, linguisticamente, por meio de textos.
O texto consiste, então, em qualquer passagem falada ou escrita
que forma um todo significativo independente de sua extensão.
Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo contextual
caracterizado pelos fatores de textualidade: contextualização.
Coesão,
coerência,
intencionalidade,
informatividade,
aceitabilidade, situacionalidade, e intertextualidade.
Coesão e Coerência
 Halliday e Hasan (1976) afirmam que o que permite
determinar se uma série de sentenças constitui ou não
um texto são as relações coesivas com e entre as
sentenças, que criam a textura.
 O sistema linguístico está organizado em três níveis: o
semântico (significado), o léxico-gramatical (formal) e
o fonológico ortográfico (expressão). Os significados
estão codificados como formas e estas realizadas como
expressões. Desse modo, a coesão é obtida
parcialmente através da gramática e parcialmente
através do léxico.
 A coesão é manifestada no nível microtextual, isto é, as
palavras que ouvimos ou vemos, estão ligados entre si
dentro de uma sequência.
 A coerência, por sua vez, é manifestada em grande
parte macrotextualmente, isto é, os conceitos e as
relações sub jacentes ao texto de superfície, se unem
numa configuração, de maneira reciprocamente
acessível e relevante. Assim a coerência é o resultado
de processos cognitivos operantes entre os usuários e
não mero traço dos textos.
coesão e coerência constituem fenômenos
distintos pelo fato de:
 Poder haver um sequenciamento coesivo de fatos isolados que não têm
condição de formar um texto (a coesão não é condição nem suficiente nem
necessária para formar um texto).

Exemplo 1:
Meu filho não estuda nesta universidade.
Ele não sabe que a primeira Universidade do mundo românico foi a de Bolonha.
Esta Universidade possui imensos viveiros de plantas.
A Universidade possui um laboratório de línguas.
 Poder haver textos destituídos de coesão mas cuja textualidade se dá ao nível da
coerência.
 Exemplo 2:
Luiz Paulo estuda na Cultura Inglesa.
Fernanda vai todas as tardes ao laboratório de física do colégio.
Mariana fez 75 pontos na FUVEST.
Todos os meus filhos são estudiosos.

Como bem aponta Conte (1977, p.16-7) o exame
desses exemplos permite tirarmos três conclusões:
 A retomada de elementos não é o único meio para se
constituírem relações interfrásicas (não é condição
necessária para a coerência).
 A coerência não deve ser buscada unicamente na
sucessão linear dos enunciados, mas, sim, numa
ordenação hierárquica. Assim para a textualidade do
exemplo 2, contribui o último enunciado de ordem
superior aos três procedentes – ‘’Todos os meus filhos
são estudiosos.’’ –, enunciado este que reduz os outros
três a um denominador comum e recupera a unidade.
 A coerência não é independente de fatores, tais como,
escritor/locutor, leitor/alocutário, lugar e tempo do
discurso.
 Exemplo 3

‘’Comemora-se este ano o sesquicentenário de
Machado de Assis. As comemorações devem ser
discretas para que dignas de nosso maior escritor. Seria
ofensa à memória do Mestre qualquer comemoração
que destoasse da sobriedade e do recato que ele
imprimiu a sua vida, já que o bruxo de Cosme Velho
continua vivo entre nós’’
Como analisar a coesão
 Há autores que distinguem dois níveis de análise,
correspondendo a coesão e coerência, embora a
terminologia possa ser diferente; outros não
distinguem e outros ou fazem referência a apenas um
desses fenômenos ou estudam vários de seus aspectos
sem qualquer rotulação .
 A coesão e a coerência textuais constituem níveis
diferentes de análise. Isso porque pode haver um
sequenciamento coesivo de fatos isolados que não têm
condição de formar um texto. Por outro lado, também
pode poder haver textos destituídos de coesão, mas
cuja textualidade se dá no âmbito da coerência.
 A coerência de um texto é facilmente deduzida por um
falante de uma língua, quando não se encontra nenhum
sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral
ou escrito. É a competência linguística, tomada em sentido
amplo, que permite a esse falante reconhecer de imediato a
coerência de um discurso. A competência linguística
combina-se com a competência textual para possibilitar
certas operações simples ou complexas da escrita literária
ou não literária: um resumo, uma paráfrase, uma
dissertação a partir de um tema dado, um comentário a um
texto literário, etc.
 O sistema linguístico está organizado em três níveis: O
semântico, o léxico – gramatical, e o fonológico –
ortográfico. Os significados estão codificados como formas
e realizadas como expressões, porém a coesão é obtida
através da gramática e parcialmente através do léxico.
Conceito de coesão Halliday e Hasan (1976)
 Propõem a distinção dos mecanismos coesivos em cinco
categorias, divididas de acordo com o modo como os itens
lexicais e gramaticais relacionam-se com o texto e no texto:
referência, Substituição, elipse, conjunção e coesão lexical.
 Para se obter a coesão é importante a escolha de conectivo
adequado para expressar as diversas relações semânticas, o
mesmo conectivo pode expressar relações semânticas
diferentes, pois é preciso saber reconhecê–las. Embora a
omissão de conectivos, será admissível, quando a relação
semântica estiver bem clara para evitar ambiguidade (a não
ser que seja intencional).
 Os mecanismos de coesão introduzem os argumentos
e organizam sua retomada na sequência do texto: são
realizados por um subconjunto de unidades que
chamarmos de anáforas esse procedimento concorrem,
portanto, sobretudo para a produção de um efeito de
estabilidade e de continuidade.
 A coesão relaciona-se com o modo como os
componentes do universo textual conectam-se numa
relação de dependência para a formação de urna,
sequência linear. Em outras palavras, a coesão diz
respeito aos processos de sequêncialização que
asseguram urna ligação linguística entre os elementos
da superfície textual.
Coesão Referencial
 Pode ser caracterizada pela alta repetição do texto
falado e é perceptível com facilidade isso acontece para
facilitar o sentido da fala.
 Certos itens na língua que tem função de estabelecer
referência,ou
seja,
não
são
interpretados
semanticamente por um sentido próprio,mas referemse a alguma coisa necessária a sua interpretação.
 O leitor/alocutário relaciona determinado signo a um
objeto tal como ele percebe dentro da cultura em que
vive. A coesão referencial pode ser obtida por
substituição e por reiteração.
 A pró-forma (elemento gramatical representante de uma
categoria), ligada na substituição, podem ser, pronominais,
verbais, adverbiais, numerais e exercem função de pró–
sintagma, pró–constituinte, ou pró–oração.
 Analisando a reiteração que se baseia na repetição de
expressões no texto ou a recorrência de termos, produz o
que se chama de coesão sequencial parafrástica. Nessa
repetição, um novo sentido vai sendo impresso à palavra
que está sendo repetida. Não é, portanto, uma repetição
pura e simples, mas adquire um novo significado, pois vai
contribuindo para intensificar os diferentes efeitos.
 Manifesta-se também através da anáfora (algo que será dito
posteriormente)
 E também o estabelecimento das referências pode se dar
tanto pela referência endofórica (Ocorre entre elementos
do próprio texto) e como pela referência exofórica ( ocorre
entre elementos do texto e outros dados da realidade
exterior – situação).
Coesão recorrencial
 A coesão recorrencial se dá quando, apesar de haver
retomada de estruturas, itens ou sentenças, o fluxo
informacional caminha, progride; tem, então, por
função levar adiante o discurso.
 Constitui um meio de articular a informação nova
(aquela que o escritor/locutor acredita não ser
conhecidada) à velha (aquela que acredita conhecida
ou porque está físicamente no contexto ou porque já
foi mencionado no discurso).
 Observarção importante: não se deve confundir
recorrência com reiteiração.
 A recorrência tem por função , repito, assinalar que a
informação progride; e a reiteração tem por função
assinalar que a informação já é conhecida (dada) e
mantida.
 Constituem casos de coesão recorrencial: recorrência
de termos; paralelismo, paráfrase, recusos fonólogicos
segmentais e supra-segmentais.
 Recorrência de termos
 Dressler reconhece, na recorrência de termos, dentre
outras, as funções de ênfase, intensificação.
 Em:
"O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo, cansaço."
 Nos versos de Fernando Pessoa em que a repetição do
termo "cansaço" consegue imprimir-lhe um caráter
concreto.
Paralelismo
 Ocorre paralelismo quando as estruturas são reutilizadas,
mas com diferentes conteúdos.
 No poema de Manuel Bandeira Irene no céu, há não só
recorrência de termos, mas também de estruturas.
 Cito ainda, como exemplos de paralelismo, recorrência de
termos, um trecho do texto de Rubem Alves.
 "Era uma aldeia de pescadores onde a alegria fugira,e os
dias e as noites se sucediam numa monotonia sem fim, das
mesmas coisas que se diziam, dos mesmos gestos que se
faziam, e os olhares eram tristes, baços peixes que já nada
procuravam, por saberem inútil procurar qualquer coisa, os
rostos vazios de sorrisos e de surpresas, a morte prematura
morando no enfado, só as intermináveis rotinas do dia-adia, fusão daqueles que se haviam condenado a si mesmos,
sem esperança, nehuma outra praia pra onde navegar..."
Paráfrase
 A paráfrase é uma atividade efetiva de reformulação pela
qual, como diz Fuchs, "bem ou mal, na totalidade ou em
parte, fielmente ou não, se restaura o conteúdo de texto de
um texto-fonte, num texto-derivado".
 Como apontam Fávero e Urbano
 "todo e qualquer texto tem uma multivocidade inerente
(muitas leituras); o enunciador faz sempre uma
interpretação do texto-fonte e, assim, não só o restaura de
modo diferente, mas também faz uma interpretação do
texto-derivado no momento em que o produz como
paráfrase".
 Constituem exemplos de paráfrases as fábulas de La
Fontaine.
Recursos fonológicos,
segmentais e supra-segmentais
 A
função
do
componente
fonólogico
no
estabelecimento da coesão.Se, como diz Dressler "em
princípio, a forma fonética do texto é uma
consequência da estrutura semântica fornecida pela
sintaxe", ela somente poderá ser prevista se levar em
conta pelo menos a pragmática, a estilística e a
psicolinquística.
 Alguns casos que a coesão é também obtida com esse
componente.
 1.Ritmo
 Elemento pouco tratado na linguística, ele é parte na
formação do texto. A duração relativa das sílabas está
ligada, à posição das pausas, acentos e entoação; de
outro, a mudança do tempo pode constituir por si só
uma função delimitadora ou um realce. Para que fique
clara a função do ritmo na obtenção da coesão(e da
coerência também), deve-se entendê-lo como uma
sucessão de movimentos num jogo de tensão e
distensão; assim a análise rítimica é indissociável da
rede complexa de significantes que compõem o texto.
 2.Recursos de motivação sonora
 Destaco a expressividade das vogais e das consoantes,
alilterações, ecos, assonâncias etc., e passo a apresentar
alguns exemplos.
 No exemplo, de Chico Buarque de Holanda:
"Pedro pedreiro, pedreiro esperando o trem
que já vem, que já vem, que já vem, que já vem..."
 As consoantes j e v imitam o chiado dos freios, dando-nos a sensação de parada
lenta.
 No exemplo, o poema "Um sonho", de Eugênio de Castro tem-se a aliteração.
"Na messe que enloirece, estremece a quermesse;
O sol, celestial girassol, esmorece...
E as cantilenas de serenos sons amenos
Fogem fluídas, fluindo à fina flor dos fenos...
As estrelas com seus halos
Brilham com brilhos sinistros...
Cornamusas e crótalos,
Cítolas, citaras , sistros
Soam suaves, sonolentos,
Em suaves, lentos lamentos De acentos graves...
Suaves...“
 A harmonia das vogais contribui para a fluidez, vaguidão, imprecisão do texto.
Coesão Sequencial
 Definição: São os que têm por função, da mesma forma que
os de recorrência, fazer progredir o texto, fazer caminhar o
fluxo informacional.
 Podem ocorrer de três formas:
Sequenciação temporal
Sequenciação por conexão
Sequenciação Temporal
 Definição: Embora todo texto tenha uma sequenciação
temporal, uso o termo em sentido estrito: para indicar o
tempo do “mundo real”
 Pode ser obtida por:
 1°. Ordenação linear dos elementos – é o que torna
possível dizer:
Vim, vi e venci
E não
Venci, vi e vim
Ou
Levantou cedo, tomou banho e saiu
E não
Saiu, tomou banho e levantou
 2°
Expressões que assinalam a ordenação
continuação das sequências temporais
Primeiro vi a moto, depois o ônibus.
 3° Partículas temporais
Não deixe de vir amanhã
Irei ao teatro logo a noite
 4° correlação do tempos verbais.
Ordenei que deixassem a casa em ordem
Ordeno que deixem a casa em ordem.
ou




Sequenciação por Conexão.
Definição: Num texto, tudo está relacionado; um enunciado a outros na medida em que
não só se compreende por si mesmo, mas ajuda na compreensão dos demais. Está
interdependência semântica e/ou pragmática é expressa por:
Operadores do tipo lógico;
Operadores discursivos;
Pausas.
Operadores do tipo lógico
 Definição: Têm por função o tipo de relação lógica que o escritor/ locutor estabelece
entre duas proposições. Por exemplo, relações de:
 Disjunção: combina proposições por meio do conector “ou” que pode ser:
Inclusivo: significando um ou outro, possivelmente ambos.
- Quer sorvete ou chocolate?
- Quero os dois.
- Há vagas para moças e/ou rapazes
São exemplos de sequência alternativa compatível, a expressão e/ou explicita esse
sentido.
 Exclusiva: Indica que somente umas das duas é
verdadeira, nunca ambas:
Pedro ou João será eleito presidente do clube.
 Condicionalidade: conecta proposições que mantêm
entre si uma relação de dependência entre antecedente
e consequente: afirma-se não que ambos são
verdadeiras , mas que a consequente será verdadeira se
a antecedente o for.
 Pode de ser de três tipo:
- Factual ou real:
- Não factual ou hipotética
Se chover, não iremos à festa
- Contrafactual ou irreal:
Se tivesse asas, voaria até o sol
 Causalidade:
A relação de causalidade está inserida no tipo factual
ou real da condicionalidade. Há relação de causalidade
sempre que se verifica entre duas proposição A e B
uma relação de causa e conseqüência:
 Mediação: São expressas por duas proposições, uma
das quais exprime o meio para atingir um determinado
fim:
 Complementação: Expressa-se por duas proposições,
uma das quais complementa o sentido de um termo da
outra:
 Restrição ou delimitação: Expressa-se por duas
proposições em que uma restringe, limita a extenção
de um outro termo.
2° operador do discurso
 Definição: têm por função estruturar, através de
encadeamentos, os enunciados em textos, dando-lhes
uma direção argumentativa, isto é, orientando o seu
sentido em dada direção
 Podem ser: de conjunção, disjunção, contra junção,
explicação, conclusão, comparação.
 Conjunção: designa o tipo de conexão cujos
conteúdos se adicionam:
 Disjunção: trata-se da disjunção de enunciados que têm orientações
discursivas diferentes.
 Contra
junção: designa o tipo de conexão que articula
sequencialmente frases cujos conteúdos se opõem.
 Explicação ou justificação: introduz-se uma explicação de um ato
anteriormente realizado:
 3° Pausa
 Indicadas, na escrita, por dois pontos, vírgula, ponto e virgula ou ponto
final e etc., substituem os conectores frásicos, podendo assinalar
relações diferentes facilmente explicitadas:
Não mexa nesses fios; levará um choque ( condicionalidade)
Não fui ao casamento; mandei um telegrama (contra junção)
Onze e meia. Preciso ir. O metrô para à meia-noite (causalidade)
Estava cansado; decidiu não sair (conclusão)
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Coesão e Coerência. - Direito Turma G -2012