Em 1893 nasceu Mário Raul de Moraes Andrade, no dia 9 de outubro, filho de Carlos Augusto de Moraes Andrade e Maria Luísa Leite Moraes Andrade; na Rua Aurora, 320, em São Paulo – SP e morreu em São Paulo em 25 de fevereiro de 1945, vitimado por um enfarte do miocárdio, em sua casa. O mesmo foi enterrado no Cemitério da Consolação. https://www.youtube.com/watch?v=qbNHorpAsx4 (vídeo de 1min e 30seg) Desde cedo, fez aulas de piano e escreveu poesias, mas sem a intenção de transformar a escrita em profissão. Um tremor nas mãos atrapalhou a prática do piano. Exerceu os cargos de professor, crítico, poeta, contista, romancista e músico, formou-se pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, passando a lecionar neste mesmo local posteriormente. Era um artista modernista*, movimento literário que faz críticas ao anterior, o parnasianismo*. de muita qualidade. Foi, inclusive, reconhecido por críticos como o mais importante intelectual brasileiro do século XX. Mário de Andrade é um dos principais nomes do movimento modernista brasileiro. O escritor ajudou a organizar a Semana de Arte Moderna de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. e esteve ao lado de grandes personalidades do modernismo, como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti e Menotti del Picchia. Na Universidade do Distrito Federal, atualmente Universidade Estadual do Rio de Janeiro, assumiu o cargo de diretor do Instituto de Artes em 1938. Voltou para a terra natal em 1942 e deu aulas de história da música no Conservatório Dramático e Musical. Mário de Andrade era um estudioso de cultura brasileira, por isso foi o fundador do Departamento de Cultura de São Paulo, vinculado à Prefeitura Municipal de São Paulo. Por alguns anos, atuou também como fotógrafo. Entre as obras mais importantes do autor, vale destacar “Amar, verbo intransitivo”, “Macunaíma” e “Paulicéia Desvairada”. O último livro, inclusive, marca o começo do modernismo literário brasileiro. Sua inspiração veio pelos movimentos que aconteciam na Europa na época, em especial o futurismo* e o expressionismo*. É importante perceber a importância no nacionalismo* para o autor, a cultura nacional era muito presente nas obras de Andrade. A literatura passou a ficar mais interessante e em 1917 Mário lançou o primeiro livro, “Há uma gota de sangue em cada poema”. Em seu estilo pode-se perceber inovações, algumas obras apresentam características mais calmas e intimistas, enquanto outras trazem a política e as críticas para o debate. É importante ainda, perceber o uso do coloquialismo na linguagem, em oposição a um formalismo mais acentuado do parnasianismo. Gostava de levar para a sua literatura o folclore. Conheceu a Amazônia e o nordeste em suas viagens. Publicado em 1928, Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, é uma das obras pilares da cultura brasileira. Numa narrativa fantástica e picaresca, isto é, “malandra”, herdeira direta das “Memórias de um Sargento de Milícias” (1852) de Manuel Antônio de Almeida, Andrade traz temas de mitologia indígena e o folclore brasileiro. O tom bem-humorado e a inventividade narrativa e linguística fazem de Macunaíma uma das obras modernistas brasileiras mais afinadas com a vanguarda no mundo. Nesse romance encontram dadaísmo, futurismo, expressionismo e surrealismo com misturas nas raízes culturais brasileiras. Pode-se dizer que a obra é uma rapsódia, que é uma palavra que vem do grego e designa obras tais como a Ilíada e a Odisseia de Homero. “Macunaíma nasce à margem do Uraricoera na Floresta Amazônica e já manifesta uma de suas características mais fortes: a preguiça. Desde pequeno ele busca prazeres amorosos com a mulher de seu irmão Jiguê. Em uma de suas “brincadeiras” amorosas, Macunaíma se transforma em um príncipe lindo. Por suas traquinagens, Macunaíma é abandonado pela mãe. No meio do mato, encontra o Curupira, que arma uma cilada para o herói, da qual acaba escapando por preguiça de seguir o falso conselho do Curupira. Depois de contar à cotia como enganou o monstro, ela joga calda de aipim envenenada em Macunaíma, fazendo seu corpo crescer, com exceção da cabeça, que ele consegue desviar do caldo”. Publicado em 1922, mesmo ano da Semana de Arte Moderna, Paulicéia Desvairada lança as bases estéticas do Modernismo. Inspirada na análise da cidade de São Paulo e seu provincianismo. Foi o primeiro livro de poemas modernista. Mário de Andrade definiu o livro como “áspero de insulto, gargalhante de ironia”, com “versos de sofrimento e de revolta”. Inspiração São Paulo! comoção de minha vida ... Os meus amores são flores feitas de original ... Arlequinal! ... Traje de losangos .... Cinza e ouro .... Luz e bruma ... Forno e inverno morno .... Elegâncias sutis sem escândalos , sem ciúmes ... Perfumes de Paris ... Aryz ! Bofetadas líricas no Trianon ... Algodoal !... São Paulo comoção de minha vida ! Galicismo a berrar nos desertos da América ! (Mário de Andrade, 1921)