Ritual antropofágico
As subcorrentes da primeira geração
• Pau-Brasil (1924) - Nacionalismo crítico
• Antropofagia (1928) aprofunda e amplia
antropofágica: de degustação,
devoração crítica de suas influências de
modo a recriá-las, tendo em vista a
redescoberta
do
Brasil,
em
sua
autenticidade primitiva
Abaporu (Tarsila do Amaral)
• Aba = homem
Poru = que come
• Aquela figura monstruosa, com os pés
enormes plantados no chão brasileiro,
onde também há um cacto, sugeriu a
Osvaldo a idéia da terra, do homem
nativo, selvagem, antropófago...
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Osvaldo de Andrade
• Título – refere-se a processo de colonização
• Verso – “O índio tinha despido” – subverte
normais da gramática. “(...) TERIA (...)”
• Efeito de sátira.
as
PARÓDIA
• Imitação cômica de uma composição
literária
Canto do regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para São Paulo
Sem que veja a rua 15
E o progresso de São Paulo (Osvaldo de Andrade)
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias)
• Paródia
• Palmeiras X palmares
• Nacionalismo românico, ufanista
• Nacionalismo crítico e irreverente
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro (Osvaldo de Andrade)
Batizado de Macunaíma
(Tarsila do Amaral)
Macunaíma
(Mário de Andrade)
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói
de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da
noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão
grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a
índia, tapanhumas pariu uma criança feia. Essa
criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De
primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o
incitavam a falar exclamava:
_ Ai! Que preguiça!...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca,
trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho de
outros e principalmente os dois manos que tinha,
Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O
divertimento dele era decepar cabeça de saúva.
Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro,
Macunaíma dandava pra ganhar vintém.
Continuação...
E também espertava quando a família ia tomar banho no
rio, todos juntos e nus. Passava o tempo do banho
dando mergulho, e as mulheres soltavam gritos
gozados, por causa dos guaimuns diz-que habitando a
água-doce por lá. [...] Nos machos guspia na cara.
Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho
sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe
estava por debaixo do berço, o herói mijava quente na
velha, espantando os mosquitos bem. Então adormecia
sonhando palavras feias, imoralidades estrambólicas e
dava patadas no ar.
Nas conversas das mulheres no pino do dia o assunto
eram sempre as peraltagens do herói. As mulheres se
riam muito simpatizadas...
Iracema
Além, muito além daquela serra, que ainda
azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que
tinha os cabelos mais negros que a asa da
graúna, e mais longos que seu talhe de
palmeira.
O favo do jati não era doce como seu sorriso, nem
a baunilha recendia no bosque como seu hálito
perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem [...].
• Iracema é virgem, bela e veloz
• Macunaíma é feio, preguiçoso e sensual –
só fala aos seis anos, gosta de dinheiro,
mexe com as mulheres, urina na mãe e
sonha obscenidades.
PARÁFRASE
Desenvolvimento de um
texto sem alteração das
idéias originais.
PRINCIPAIS ESCRITORES
• Mário de Andrade (1893-1945)
• Osvaldo de Andrade (1890-1954)
• Manuel Bandeira (1886-1968)
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