MODERNISMO NO BRASIL
(1ª GERAÇÃO)
SEMANA DE ARTE MODERNA
Material de Literatura
Prof. HIDER OLIVEIRA
CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIAL
•O Modernismo brasileiro foi se configurando a partir de fatos sociais
e artísticos ocorridos durante todo o Pré-Modernismo;
•Alguns intelectuais vinham se reunindo desde, mais ou menos, 1914
e tentando assimilar as mudanças no contexto brasileiro e mundial;
•A esses intelectuais, deram-se os nomes de MODERNISTAS.
1902
• Publicação de OS SERTÕES, de Euclides da Cunha.
1912
• Oswald de Andrade retorna da Europa e divulga o
MANIFESTO DO FUTURISMO.
1914
• A Primeira Grande Guerra agiliza o processo de
industrialização de São Paulo.
1915
• Início do Modernismo português, com a revista ORPHEU.
1917
• Anita Malfatti organiza uma exposição de pinturas,
gravuras, desenhos etc. Monteiro Lobato critica-a.
1918
• Fim da Primeira Guerra Mundial. Monteiro Lobato publica
URUPÊS. A burguesia enfrenta a aristocracia rural.
1921
• Mário de Andrade publica a série MESTRES DO PASSADO,
analisando a poesia de poetas árcades.
1922
• Centenário da Independência do Brasil. Semana de Arte
Moderna, em São Paulo.
SEMANA DE ARTE MODERNA
• Havia várias pessoas engajadas no processo de renovação da arte brasileira, principalmente no Rio
de Janeiro e em São Paulo;
• O “empurrão” inicial foi dado por mudanças sociais, políticas e, sobretudo, artísticas ocorridas na
Europa;
• Faltava apenas o ponto de partida no Brasil;
• Provavelmente, Di Cavalcanti sugeriu um evento único e grande o bastante que permitisse reunir e
apreciar todas as tendências e propostas identificadas como de renovação;
• Esses modernistas souberam utilizar a vontade de ruptura das vanguardas europeias como arma
para o reconhecimento objetivo da realidade nacional;
• Com isso, fazem, em 1922, a SEMANA DE ARTE MODERNA, não só para enriquecer nossa consciência
artística, mas também para forçar o contato da intelectualidade brasileira com as novas correntes de
arte europeia, chamadas de Vanguardas (Futurismo, Expressionismo, Cubismo, Dadaísmo e
Surrealismo).
LEMBRA-TE
APESAR DA AVERSÃO DOS
MODERNISTAS ÀS TENDÊNCIAS
EUROPEIAS, O CONHECIMENTO
SOBRE ELAS REPRESENTAVA
INFORMAÇÃO.
A SEMANA NÃO FOI
PROPRIAMENTE UMA SEMANA...
... Pois ocorreu apenas
nos dias 13, 15 e 17 de
fevereiro de 1922.
1ª NOITE: 13 DE FEVEREIRO DE 1922
• Foi aberto com a conferência de Graça Aranha – A EMOÇÃO
ESTÉTICA NA ARTE MODERNA;
• A conferência de Graça Aranha não causou espanto, ao contrário
da música de Ernani Braga, que fazia referências a Chopin;
• Isso fez com que a pianista Guiomar Novaes protestasse
publicamente contra os organizadores do evento;
• A noitada seguiu com outra conferência – A PINTURA E A
ESCULTURA MODERNA NO BRASIL -, de Ronald de Carvalho;
• Além disso, houve três solos de piano de Ernani Braga e três
danças africanas de Villa-Lobos.
2ª NOITE: 15 DE FEVEREIRO DE 1922
• Havia o anúncio de como grande atração a pianista Guiomar Novaes que,
apesar do protesto, compareceu ao evento e se apresentou;
• Entretanto, a “atração” foi uma conferência de Menotti del Picchia sobre
arte e estética, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade,
Mário de Andrade e Plínio Salgado, entre outros;
• A cada leitura, o público se manifestava através de miados e latidos;
• Ronald de Carvalho lê OS SAPOS, de Manuel Bandeira, numa crítica aberta
ao Parnasianismo;
• O público faz coro ironizando o refrão “FOI! – NÃO FOI!...”;
• Durante o intervalo, Mário de Andrade lê, das escadarias do teatro, trechos
de A ESCRAVA QUE NÃO É ISAURA.
3ª NOITE: 17 DE FEVEREIRO DE 1922
•Houve uma apresentação de músicas de Villa-Lobos;
•O público já não lotava o teatro e comportava-se mais
respeitosamente;
•Porém, a algazarra começa quando Villa-Lobos entra
em cena de casaca e chinelos;
•O público interpreta a atitude como futurista e vaia;
•Mais tarde, o maestro explica que não se tratava de
uma ação futurista, mas sim de um calo.
1ª GERAÇÃO MODERNISTA (1922-1930)
• Foi considerada a geração heroica, pois teve de
substituir a arte praticada há séculos no Brasil;
• O público consumidor de arte era parceiro dos
processos artísticos europeus;
• Essa geração queria acabar com tudo (ou quase tudo)
que se conhecia sobre arte no Brasil desde os tempos de
descobrimento do país;
• Quiseram revolucionar com o intuito de chamar a
atenção do público.
CARACTERÍSTICAS
• Contemporaneidade;
• Liberdade de expressão;
• Vocabulário próximo da oralidade;
• Temática próxima da realidade;
• Registro das origens nacionais;
• Xenofobia;
• Irreverência, ainda que diante de fatos históricos ou políticos;
• Ruptura com o passado, mais precisamente com o Parnasianismo e o
Romantismo;
• Despreocupação com a métrica;
• Privilégio da poesia sobre a prosa, mas poesia-prosódica.
MÁRIO DE ANDRADE
• Nasceu em 1893 e morreu em 1945;
• Participou ativamente da Semana de Arte Moderna;
• Publicou PAULICEIA DESVAIRADA, livro com nítida feição modernista –
verso livre, sem métrica e sem rima, irreverência na linguagem e
sentimentalidade espontânea;
• No PREFÁCIO INTERESSANTÍSSIMO, fundou a estética desvairismo,
gerando grande polêmica e sendo entusiasticamente aceita pelos jovens
modernistas;
• Sua maior obra foi MACUINAÍMA, uma verdadeira narrativa da cultura
brasileira.
TEXTO DE MACUNAÍMA
“Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro
passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar
exclamava: – Ai! Que preguiça!... e não dizia mais nada.
Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba,
espiando o trabalho dos outros (...)”
“Então pegou na gamela cheia de caldo envenenado de
aipim e jogou a lavagem no piá. Macunaíma fastou
sarapantado mas só conseguiu livrar a cabeça, todo o resto
do corpo se molhou. (...) Porém a cabeça não molhada
ficou pra sempre rombuda e com carinha enjoativa de
piá.”
OSWALD DE ANDRADE
•Nasceu em 1890 e morreu em 1954;
•Foi o modernista mais inovador;
•Expressou, em sua obra, a cultura brasileira de
maneira irreverente, mordaz e sarcástica;
•Por meio do MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL e do
MANIFESTO ANTROPÓFAGO, estabeleceu a atitude
brasileira , seja no social e histórico, seja na arte.
POEMA PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da nação brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
MANUEL BANDEIRA
• Nasceu em 1881 e morreu em 1968;
• Transitou pelo Parnasianismo, Simbolismo, Modernismo (das três
gerações) e Concretismo;
• Apresenta grande variedade de temas;
• Expressou, em sua obra, a ironia, o pessimismo, a melancolia, o
desconsolo, a solidão e a frustração;
• Sua obra é marcada pelo intimismo, pela pessoalidade e pelo tom
confessional;
• Fala ainda do aspecto social, como a percepção da miséria humana e da
fome.
POEMAS OS SAPOS
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
— “Meu pai foi à guerra!”
— “Não foi!” — “Foi!” — “Não foi!”.
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
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