RACISMO Definição: "Conjunto de opiniões préconcebidas que valorizam as diferenças biológicas entre os seres humanos, atribuindo superioridade a alguns de acordo com a matriz racial. Tendência do pensamento, ou o modo de pensar, em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras, normalmente relacionando características físicas hereditárias a determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais." O RACISMO IMPREGNADO NO PENSAMENTO DA SOCIEDADE Apesar do tempo que separa a Abolição da Escravatura no Brasil dos dias atuais, os afrodescendentes permanecem discriminados no mercado de trabalho. Os resultados de uma análise de conteúdo realizada com base em 58 reportagens na revista de maior circulação nacional, Veja, traduzidos neste paper, revelam que o número de profissões ocupadas pelos afrodescendentes é bastante reduzido em comparação às ocupadas e expostas pelo contingente branco do país. Para além de qualquer questionamento sobre o preconceito sutil que caracteriza os textos jornalísticos das reportagens que compõem a amostra é importante evidenciar que a maior parte das profissões exercidas pelos afrodescendentes não exige, ou pouco exige, escolaridade regular, como é o caso de desportistas, cantores e músicos. INTRODUÇÃO – A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO E A ORIGEM DO PRECONCEITO RACIAL A organização da sociedade brasileira no período colonial estava ligada ao controle do senhor de engenho pela submissão de seus empregados livres e escravos. Estes últimos trazidos de diversos lugares do continente africano foram obrigados a romper bruscamente com suas raízes culturais, pois, eram distribuídos em grupos de diferentes etnias, impedindo assim, a manutenção de seus costumes “EU NÃO SOU RACISTA. MAS, SE A SOCIEDADE É, O QUE POSSO FAZER?”: BEMVINDO AO MUNDO DO RACISMO SITUACIONAL David Campayou, o torcedor espanhol que arremessou uma banana em direção a Daniel Alves, se defendeu. É mentira que seja racista. Para ele, “tanto faz se uma pessoa é negra, branca ou chinesa”, mas “o mundo é mais complicado”. Donald Sterling, o dono do time LA Clippers flagrado numa conversa em que mandava a namorada não se meter com negros, negou o racismo. Ele “não se importa se alguém é branco, preto, amarelo ou púrpura”. Mas “é assim. Nós vivemos numa sociedade, numa cultura. Eu não posso mudar a cultura. É grande demais”. O QUE ELES TÊM EM COMUM? Kareem Abdul-Jabbar, num bom artigo para a Time, fala do “racismo situacional”, algo que se aplica a ambos os casos: como na ética situacional, o racismo, hoje, não tem mais um só modelo ou padrão e sim um contexto que determina a escolha moral correta. É um princípio flexível, em que nós agimos levando em conta a maneira como a ideia de raça é encarada atualmente, e não como gostaríamos que fosse. Ele ilustra com um clichê: você encontra na rua uma grupo de negros tatuados. Se você mudar de calçada, está sendo racista ou realista? Jabbar é um ex-jogador de basquete americano. Atuou durante 20 anos na NBA e ganhou tudo. Muitos o consideram o maior de todos os tempos. Depois que se aposentou, teve uma breve carreira como técnico. Virou conferencista, escreveu o roteiro de um documentário e ganhou um cargo honorífico de embaixador da educação do governo. Sua formulação se aplica ao Brasil e ao mito da democracia racial que se acreditava haver aqui. Talvez a pior forma de discriminação, acredita ele, seja declarar que ela não existe ou que é culpa do sistema. Ecoando Sterling, Pelé afirmou que “isso tem em todos os setores da sociedade há muito tempo”. Em entrevista à Trip, Anderson Silva declarou que ”tem outras coisas mais importantes em que a gente tem que focar e gastar mais energia”. Para Kareem Abdul-Jabbar, todo o mundo tem o racismo no coração: “Sentimo-nos mais confortáveis em torno de pessoas com aparência e experiências parecidas. Mas, como seres humanos inteligentes, educados e civilizados, lutamos contra reações automáticas porque muitas vezes elas estão erradas e, finalmente, porque são danosas”. “A boa notícia será quando o racismo acabar, não quando as pessoas afirmarem que ele não existe porque, pessoalmente, não o notam”, escreve. “É por isso que o jeito mais efetivo de combatê-lo em face dessa atenção seletiva e do racismo situacional é expor todos os casos que encontrarmos”.