Saúde Mental no Trabalho Sofrimento psíquico e subjetividade contemporânea Mundo hoje: oceano infinito, agitado por ondas turbilhonares – fluxos variáveis sem totalização possível em territórios demarcáveis, sem fronteiras estáveis, em constantes rearranjos. De acordo com alguns, um segundo dilúvio – só que desta vez as águas nunca mais irão baixar, nunca mais haverá terra à vista, as arcas são muitas e flutuam para sempre, lotadas de Noés também muitos e de toda espécie. Nunca mais os pés pousarão na paisagem estável de uma terra firme: habituar-se a “navegar é preciso”, sem um norte fixo, como ponto de vista geral sobre esta superfície tumultuada e movente. Não há mais apenas uma forma de realidade com seu respectivo mapa de possíveis. Os possíveis agora se reinventam e se redistribuem o tempo todo, ao sabor de ondas de fluxos, que desmancham formas de realidade e geram outras, que acabam igualmente dispersando-se no oceano, levadas pelo movimento de novas ondas. Sofrimento psíquico e subjetividade contemporânea Subjetividades hoje: arrancadas do solo, elas tem o dom da ubiqüidade – flutuam ao sabor das conexões mutáveis do desejo com fluxos de todos os lugares e todos os tempos, que transitam simultâneos pelas ondas eletrônicas. Filtro singular e fluido deste imenso oceano também fluido. Sem nome ou endereço fixo, sem identidade: modulações metamorfoseantes num processo sem fim, que se administra dia a dia, incansavelmente. Sofrimento psíquico e subjetividade contemporânea onde está a identidade? como recompor uma identidade neste mundo onde territórios nacionais, culturais, étnicos, religiosos, sociais, sexuais perderam sua aura de verdade, desnaturalizaram-se irreversivelmente, misturam-se de tudo quanto é jeito, flutuam ou deixam de existir? Como reconstituir um território neste mundo movediço? Como se virar com esta desorientação? Como reorganizar algum sentido? Como fazer surgir zonas francas de serenidade? E este coro transnacional oscila em variações sobre o tema compostas por posições afetivas que vão da deslumbrada à apocalíptica. Esperança ou desesperança, tanto faz: pólos de uma posição moralista que naturaliza um sistema de valor e com ele interpreta, julga e prognostica o que se passa – final feliz ou fim de tudo. Zygmunt Bauman: o conceito de sociedade líquido-moderna Relações perversas do trabalho na contemporaneidade Trabalho e adoecimento Trabalho e degradação ambiental Trabalho e precarização social A precarização social e do trabalho e suas dimensões Vínculos de trabalho e relações contratuais Formas de organização do trabalho e condições de trabalho Precarização da saúde dos trabalhadores Grupo das LER/DORT Transtornos mentais (Fragilização do reconhecimento social, da valorização simbólica e do processo de construção das identidades individuais e coletivas. Enfraquecimento da organização coletiva. Violência psicológica no trabalho Saúde Mental Relacionada ao Trabalho (SMRT) – a psicopatologia da precarização e da violência Essa categorização tem como fundamento estudos clínicos e sociais realizados em diferentes países, inclusive no Brasil, ao longo das últimas três décadas, e tem sido objeto de revisão e sistematização recentes. Estão incluídos neste grupo: quadros depressivos; esgotamento profissional (Burnout); o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) dependência de bebidas alcoólicas e outras substâncias (drogas ilegais e psicotrópicos). Referências Franco, T., Druck, G. & Seligmann-Silva, E. (2010). As novas relações de trabalho, o desgaste mental do trabalhador e os transtornos mentais no trabalho precarizado. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, 35(122), 229-248. Linhart, D. (2009). Modernisation et précarisation de la vie au travail. Papeles del CEIC (Centro de Estudios sobre la Identidad Colectiva), (49). Disponível em: www.identidadecolectiva.es/pdf/43.pdf. ROLNIK, Suely. Novas figuras do caos. In: SANTAELLA, L. & VIEIRA, J. A (Orgs.). Caos e Ordem na Filosofia e nas Ciências. Face e Fapesp, São Paulo, 1999. Disponível no site dev.nucleodesubjetividade.net