Descobrindo a Sinergia
do Discurso Amoroso no Grupo PET
Palavras-chave: Sinergia; Discurso Amoroso; Ensino-Aprendizagem; Grupo PET.
Carolina dos Santos Batista; Márcia Cristina Carvalho Lima; João Fábio Tarelov; Osvaldo Estrela Viegaz; Sheila Regina Lima Bezerra; Edna Aparecida Alves Munhoz
Pelligrini; Roberto Carlos Ferreira; Susana Alcântara de Lima; Izaura Ramos Lima; Fernanda Stanguini Vieira; Michelle Souza Passaretti; Reginaldo Luis Pereira;
Lilian Francisco; José Henrique Gomes Batista; Ricardo Sakamoto; Marisa Delfin Martins; Natalia Aparecida Norberto; Nildes R. Pitombo Leite - Tutora.
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO – SÃO PAULO – SP – BRASIL
Introdução e Fundamentação Teórica
O discurso amoroso encontra-se na forma de contemplação das relações sociais e
das ligações existentes entre as muitas áreas do conhecimento. A partir da
teleologia do discurso amoroso é possível analisar os meios pelos quais as
afinidades com o conhecimento em si são criadas. Voltada para a educação, a
relação de ensino-aprendizagem une professor e aluno em busca de um ideal
comum (o conhecimento). De acordo com Demo (2002), o intuito da Universidade
não é a contratação de professores somente para dar aulas, ensinando os alunos a
copiar sem pensar, de modo que tal figura gera a banalização da educação. Para
Freire (2007), os gestos de um professor, mesmo que aparentemente pequenos,
podem ter grande significância e contribuir para a educação e formação do
educando. Todo conhecimento somente se torna reconhecido quando é
compartilhado com os demais. Enquanto não se compartilha, pode-se falar tão
somente de informação. Se tal construção é permeada pelo discurso amoroso
revela a ocupação do sujeito pesquisador, ciente do seu papel enquanto formador
de seres humanos, na socialização solidária e sinérgica de experiências. Dessa
forma, ensina Freire (2007) que intervir na nossa realidade a fim transformá-la e
adaptá-la é fruto da nossa capacidade de aprender, o que nos distingue de outros
animais ou do cultivo das plantas. Além do mais, pensar significa desligar-se
provisoriamente do mundo das aparências para chegar a uma conclusão sobre o
sentido das coisas, diante de dificuldades (LAFER, 2003).
Objetivos
O objetivo geral deste trabalho é investigar o significado do discurso amoroso no
grupo PET. Como objetivos específicos foram delineados: investigar o significado
de produzir conhecimento a partir do discurso amoroso; identificar como esse
discurso é traduzido na prática do grupo PET; verificar como as diferenças
individuais são tratadas no conjunto do grupo; analisar a sinergia do grupo.
Metodologia
O presente trabalho teve sua realização a partir da abordagem de pesquisa
qualitativa, utilizando-se das estratégias de coleta: observação direta e
participante, entrevistas individuais e grupo focal com análise dos conteúdos
Bardin (2011), das mensagens obtidas.
Análise dos dados
O quadro 1 foi desenvolvido a partir dos dados obtidos por meio de três fontes de
evidências: observação direta e participante, entrevistas individuais e grupo focal.
Quadro 1 - Discurso Amoroso
Questões Discutidas
Significados Registrados
O discurso amoroso é uma ferramenta que alicerça as relações,
Qual o significado do Discurso
beneficiando a equipe e os que estão ao seu redor. Pode ser compreendido
Amoroso?
como a maneira de praticar o ensino-aprendizagem.
Qual o significado de produzir Disseminar o conhecimento vivenciado no Grupo PETADi, proporcionando
conhecimento a partir do discurso a troca de experiências, de forma sinérgica, tornando as relações mais
amoroso?
significativas.
A partir do desapego das verdades absolutas percebe-se que a empatia, a
Como esse discurso é traduzido na transparência e o senso crítico, utilizados em conjunto, traduzem a vivência
prática do nosso grupo?
e a filosofia do Grupo PETADi, respeitando-se a diversidade para favorecer
positivamente os envolvidos.
Com base em companheirismo, respeito, compromisso e compreensão,
Como as diferenças do conjunto são
expressos mútua e indistintamente, obtêm-se objetivo alcançado e
superadas?
construção/solidificação desses valores, cotidianamente.
Fonte: Dados da Pesquisa (2013)
O quadro 2 apresenta informações compiladas que expressam o significado
extraído no quadro 1. Ademais, expressa os valores atribuídos por meio da
discussão das três fontes de obtenção dos dados, que não estão explicitados no
......
quadro 1, tais como doação, ajuda, cooperação, facilitação, aceitação,
transformação, abertura, troca, estreitamento de laços e compreensão recíproca.
Quadro 2 - Construto Amor
No Senso Comum
Autores
Selecionados
Nas Ciências Sociais
Significados Registrados
Autores
Selecionados
Significados Registrados
Salzberg (2000)
Amor e benevolência; capacidade de
dar e receber.
Rocha (2002)
Amor, integração, união, fortificação
de relacionamentos; trabalho com o
coração; envolvimento; parte
integrante de uma construção;
reconhecimento e aceitação do outro;
confiança; proteção e verdade.
Fromm (1980)
Amor, atividade criadora, cuidado,
conhecimento, ajuste, afirmação.
Kets de Vries
(2001)
Sentidos de propósito; prazer;
alegria e significado.
Sampaio e Leitão
(2007)
Amor, aceitação do outro como ser
legítimo na convivência;
aprendizagem; relacionamentos
interpessoais e interorganizacionais
como principal diferencial
competitivo.
Predebon (2002)
Afetividade; aceitação;
convivencialidade.
Brandão (2002)
Convivencialidade; familiaridade;
teia de relacionamentos;
solidariedade.
Rogers (1977)
Amor, autenticidade, apreço,
compreensão, autonomia,
autoaceitação, tendência à realização.
Kaufman (2000)
Amor, escolha, aceitação sem
julgamento, contribuição,
desenvolvimento de potencial.
Tulku (1978)
Amor, trabalho, talento,
responsabilidade, criatividade e
comunicação verdadeira.
Fonte: Adaptado de Leite, Nishimura e Leite (2010)
Discussão dos Resultados
O paradigma de que o homem é um ser essencialmente racional carece de revisão,
uma vez que traz como consequência a repressão das emoções e dos afetos,
prejudicando o metabolismo de base e saúde mental dos indivíduos. O Programa
de Educação Tutorial – PET demonstra a importância em estabelecer relações
interpessoais com respeito, compreensão e amor, para crescimento, sinergia e
unicidade do grupo. Esse discurso amoroso é destinado a afastar todo e qualquer
preconceito que impede os indivíduos de acreditar que o poder do amor é
essencial para a formação e desenvolvimento do ser humano. Os dados empíricos
e teóricos registrados nesta pesquisa dentro e fora dos quadros 1 e 2, indicam a
confluência dos valores amor, integração, afetividade, aceitação e
convivencialidade, o que conduz à superação de dificuldades como as apontadas
por Lafer (2003). No grupo PET essas dificuldades são superadas com base na
sinergia e no discurso amoroso presentes nas relações estabelecidas entre todos os
‘petianos’, com o apoio necessário advindo da Instituição de Ensino.
Considerações Finais
As instituições de ensino devem priorizar a construção do saber na relação tríplice
universidade-professor-aluno, relação essa já observada em um Grupo PET.
Entretanto, ressalta-se que esta pesquisa foi realizada no âmbito do grupo PETADi
Uninove. Os resultados indicam pontos comuns entre a vivência desse grupo e o
que a literatura apresentou no senso comum e ciências sociais. Sugere-se que
outras pesquisas possam ser realizadas com o propósito de ampliar para outros
grupos PET, em níveis regional e nacional, a investigação ora realizada.
Referências Bibliográficas
1.BARDIN, L. Análise de Conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011. 2. DEMO, P. Pesquisa e Construção de Conhecimento –
Metodologia Científica no Caminho de Habermas. Editora Tempo Brasileiro, 5ª Edição. Rio de Janeiro: 2002. 3.FREIRE, P.
Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. Editora Paz e Terra, 35ª Edição. São Paulo: 2007. 4.
LAFER, C. Hannah Arendt: Pensamento, Persuasão e Poder. Editora Paz e Terra, Vol. 36. São Paulo: 2003. 5. LEITE, N. R. P;
NISHIMURA, A. T.; LEITE, F. P. O Estudo do Construto Amor em Administração: Ciência ou Senso Comum? Reuna, v 15,
n.2, p. 59-81. Belo Horizonte: UNA, Maio – Agosto/2010.
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