NEOLIBERALISMO E DIREITO: IMPACTOS IDEOLÓGICOS Guilherme Milkevicz – Bolsista Voluntário Orientador: Prof. Dr. Abili Lázaro Castro de Lima INTRODUÇÃO/OBJETIVOS Tem-se por escopo analisar a influência do discurso pretensamente “científico” que oculta o caráter político das decisões econômicas e teorias neoliberais, tendo em vista que o neoliberalismo é apregoado como a Ciência Econômica por excelência, desprovida de ideologia (ou pós-ideológica). MÉTODO Nossa investigação jamais pôde deixar de avaliar a realidade como uma síntese de múltiplas e complexas determinações, o que permite (e mesmo exige) que o aporte conceitual seja capaz de deslizar constantemente sob o objeto de estudo. Esse espectro teórico-metodológico nos orientou na pesquisa, na certeza de que, por vezes, um olhar oblíquo é mais revelador que o enfrentamento “direto” da problemática, já que por “enfrentamento direto” anuncia-se comumente a maneira tradicional de abordagem, ou seja, a maneira bem assentada e aceita círculos discursivos de legitimação da teoria. BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O novo espírito do capitalismo. SP: Martins Fontes, 2009. HAYEK, Friedrich. Direito legislação e liberdade: a miragem da justiça social. São Paulo: Visão, 1985. RESULTADOS/DISCUSSÃO O que se percebe hodiernamente é a tentativa do discurso econômico de se apresentar como científico. Essa ideia de cientificidade se assenta num imaginário que rememora as pretensões de um positivismo metodológico que defende a viabilidade de um hiato entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. Veritas est adaequatio intellectus ad rem: a verdade como conformação entre o pensamento e a coisa. Essa perspectiva abriu o horizonte cognitivo para o reconhecimento da exigência – já que possível – de neutralidade e imparcialidade. É com essas duas pretensões que a economia se manifesta como o âmbito da técnica e, assim sendo, terreno para a intervenção exclusiva dos especialistas. É como desencantamento do mundo que essa economia exprime o dever de cientificizar a economia, dissociando-a de todas as ideologias que a contaminam. É preciso, pois, cindir o econômico e o político com a finalidade de que o econômico possa revelar sua justeza com base na neutralidade e na imparcialidade. CONCLUSÕES O discurso econômico nas últimas décadas assumiu progressivamente as feições do científico e do técnico. Cada vez mais conceitual e com a linguagem muito peculiar de uma disciplina que se pretende sistêmica, estabelecendo uma barreira hermenêutica, tornando-a acessível tão somente para especialistas.