O pensamento histórico em Marx A esquerda socialista Os jovens hegelianos, depois conhecidos como os hegelianos de Esquerda, foram um grupo de estudantes e jovens professores na Universidade Humboldt de Berlim após a morte de Hegel ocorrida em 1831. Os jovens hegelianos foram opositores ao popular grupo hegelianos de Direita os quais detinham as cátedras do departamento e outras posições de prestígio na universidade e no governo. Conta-se que a sala de Hegel era dividida em esquerda e direta, onde naturalmente ideias e ideais casavam, dando origem a diversas vertentes políticas e intelectuais, e principalmente a dicotomia contemporânea. Principais expoentes da Esquerda hegeliana David Strauss - Das Leben Jesu (Cristianismo e salvação aos pobres); Bruno Bauer - Kritik der evangelischen Geschichte des Johannes (A história do cristianismo seria uma farsa, e os valores apregoados um modo de manipular os mais humildes – crítica ao poder político e religioso); Ludwig Feuerbach- Das Wesen Christentums (A religião cristã, e principalmente o protestantismo levaria o povo a alienação e a inércia, onde as fábulas e milagres são as respostas para todas as coisas). Max Stirner- Der Einzige und Sein Eigentum (o livro proclama que todas as religiões e ideologias se assentam em conceitos vazios, que, após solapados pelos interesses pessoais -egoístas- dos indivíduos, revelam sua invalidade. O mesmo é válido às instituições sociais que sustentam estes conceitos, seja o estado, a legislação, igreja, o sistema educacional, ou outra instituição que reclame autoridade sobre o indivíduo.) Anarquismo e existencialismo. Karl Marx - Materialismo Histórico e o Comunismo; A esquerda socialista ll A História das Idéias Socialistas possui alguns cortes de importância. O primeiro deles é entre os socialistas Utópicos e os socialistas Científicos, marcado pela introdução das idéias de Marx e Engels no universo das propostas de construção da nova sociedade. O avanço das idéias marxistas consegue dar maior homogenidade ao movimento socialista internacional. Pela primeira vez, trabalhadores de países diferentes, quando pensavam em socialismo, estavam pensando numa mesma sociedade - aquela preconizada por Marx - e numa mesma maneira de chegar ao poder. As ideias de Marx e Engels As teses apresentadas por Marx e Engels levaram a uma total modificação do caminho que vinha sendo percorrido pelas idéias socialistas e constituíram a base do socialismo moderno. Apesar de obras anteriores, é o Manifesto do Partido Comunista que inova definitivamente o ideário socialista. A partir de sua publicação em 1848, tanto Marx quanto Engels aprofundaram e detalharam, em suas demais obras, suas concepções sobre a nova sociedade e sobre a História da humanidade. "Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo." Antes de qualquer coisa, devemos fugir à idéia de que anteriormente a Marx existissem apenas trevas. O que há de genial no trabalho de Marx é sua aguçada visão da História e dos movimentos sociais e a utilização de instrumentos de análise que ele próprio criou. Marx se serve de três principais correntes do pensamento que se vinham desenvolvendo, na Europa, no século passado, coloca-as em relação umas com as outras e as completa em suas obras. Sem a inspiração nestas três correntes, admite o próprio Marx, a elaboração de suas idéias teria sido impossível. São elas: a dialética, a economia política inglesa e o socialismo. Para Marx o movimento dialético não possui por base algo espiritual mas sim algo material. "A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes." O materialismo dialético é o conceito central da filosofia marxista, mas Marx não se contentou em introduzir esta importante modificação apenas no terreno da filosofia. Ele adentrou no terreno da História e ali desenvolveu uma teoria científica: O materialismo histórico. O materialismo histórico, a concepção materialista da história desenvolvida por Marx e Engels, é uma ruptura à História como vinha sendo estudada até então. A história idealista que dominava até então. A história idealista que dominava até aquela época chamava-se de História da Humanidade ou História da Civilização a algo que não passava de mera seqüência ordenada de fatos histórico relativos às religiões, impérios, reinados, imperadores, reis e etc. Para Marx as coisas não funcionavam desta maneira. Em primeiro lugar, como materialista, interessava-lhe descobrir a base material daquelas sociedades, religiões, impérios e etc. A ele importava saber qual era a base econômica que sustentava estas sociedades: quem produzia, como produzia, com que produzia, para quem produzia e assim por diante. Foi visando isto que ele se lançou ao estudo da Economia Política, tomando como ponto de partida a escola inglesa cujos expoentes máximos eram Adam Smith e David Ricardo. Em segundo lugar uma vez que a base filosófica de todo o pensamento marxista (e, portanto, também de sua visão de história) era o materialismo dialético, Marx queria mostrar o movimento da história das civilizações enquanto movimento dialético. "As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante." A teoria da História de Marx e Engels foi elaborada a partir de uma questão bastante simples. Examinando o desenvolvimento histórico da Humanidade, pode-se facilmente notar que a filosofia, a religião, a moral, o direito, a indústria, o comércio etc., bem como as instituições onde estes valores são representados, não são sempre entendidos pelos homens da mesma maneira. As ideias e versões passadas como história são maneiras e modos propostos pelos vencedores, pelos dominantes de cada época, ou seja, pela classe social dominante. “A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas”. Marx achava que a dialética de Hegel estava de "cabeça para baixo" e era preciso corrigi-la. Isso porque Hegel, grosso modo, era idealista, isto é, via a Razão como determinante da realidade objetiva, enquanto Marx era materialista e pensava justamente o contrário: que era o mundo material que condicionava as ideias, ou seja, o sentido de realidade. Por isso, ele desenvolveu uma interpretação que ficou conhecida como materialismo dialético. O que Marx trouxe de original foi uma análise dialética das relações sociais e econômicas (as bases materiais e concretas da sociedade) que formavam uma estrutura que explicava fatos históricos e culturais. “O trabalhador só se sente a vontade no seu tempo de folga, porque seu trabalho não é voluntário, é imposto, é trabalho forçado”. A sociedade liberal e capitalista, segundo Marx, funcionava com base no antagonismo entre duas classes: a burguesia, que detinha os modos de produção (fábricas, empresas, terras, comércio, etc.), e o proletariado, trabalhadores que vendiam sua força de trabalho. Na dialética marxista, a burguesia seria a tese - e o proletariado, sua antítese. A síntese seria a superação da sociedade de classes por uma sem classes, o comunismo. As crises do capitalismo, então, decorreriam dos conflitos entre burguesia e proletariado, e seriam o prenúncio de uma superação dialética da economia política. Ao assumirem seu papel histórico e dialético, os trabalhadores instituiriam, no lugar do sistema capitalista, a ditadura do proletariado, que seria um Estado provisório a ser superado pelo comunismo.