COMPONENTES DE UM JOGO
Um JOGO tem os seguintes elementos:
1. Papéis
Os papéis definem a representação de cada participante no grupo e podem ser:
 Desestruturados – ação do participante é espontânea e natural: como ele
agiria se estivesse no papel que desempenha;
 Estruturados – o participante representa um papel caracterizado de maneira
diferente de como agiria na vida real. Dependendo da atividade, os papéis
serão mais ou menos estruturados.
As regras do jogo também atuam como estruturantes ou desestruturantes dos papéis
desempenhados pelos participantes.
2. Cenário
Cenário é o ambiente em geral, o ambiente onde transcorre o jogo; é a definição da realidade
através de dados, onde o jogo ocorrerá.
3. Regras do Jogo
As regras servem de parâmetro para definição da situação, ou seja, o que pode ou não ser
feito. Através delas é possível colocar limites ao próprio jogo, sob o risco de invalidar a
experiência, no caso de seu descumprimento.
Algumas regras são explícitas e outras implícitas, com o objetivo de estimular o participante a
sair de suas limitações e romper com paradigmas.
4. Registros
É importante registrar o andamento dos acontecimentos e observar atentamente o grupo
durante as atividades. Tais registros serão úteis no fechamento, ou seja, nas etapas seguintes
do Ciclo de Aprendizagem Vivencial.
DINÂMICA DO JOGO
A aplicação de um jogo envolve algumas fases importantes para o sucesso no uso
do instrumento. São elas:
Preparação
Os participantes devem ser preparados para o jogo a ser aplicado. Tal preparação se dá em
dois níveis:
a) Anterior à aplicação do jogo, deve haver uma preparação do grupo com atividades que
propiciem a participação de todos, além de um clima adequado (entrosamento).
b) Esclarecer aos participantes sobre sua participação no jogo, falando sobre o objetivo do
mesmo, suas regras e tempo disponível.
Instruções
Durante a transmissão dos dados sobre o jogo, deve-se definir seu cenário e suas regras.
Esclarecimentos adicionais podem ser feitos durante o jogo e de acordo com a demanda do
grupo. No entanto, devem ser feitos discretamente evitando assim perguntas e comentários
em grupo que possam afetar a dinâmica do jogo, em função da influência gerada pela própria
questão nos outros participantes.
Simulações
Alguns jogos que são mais complexos requerem uma vivência anterior, um ensaio, com o
objetivo de assegurar o melhor entendimento da dinâmica do jogo.
O Jogo
O jogo deve ser acompanhado pelo facilitador que observará os detalhes a serem discutidos
posteriormente. Também é importante monitorar o andamento do jogo fornecendo
esclarecimentos adicionais.
Análise
Após o jogo os participantes serão coordenados pelo facilitador na análise do que aconteceu.
Nesse momento haverá uma troca de percepções pessoais sobre o que ocorreu no jogo. Os
comentários do facilitador irão complementar a troca de percepções.
Generalizações
O grupo faz uma comparação com a vida real, através da generalização com seu dia-a-dia.
Fechamento
Ao final do jogo deve ser feito um balanço final sobre o que aconteceu e o que se pode
aprender através daquela experiência. O grupo tira suas conclusões e em determinadas
situações, pode-se fazer um fechamento teórico sobre o tema central trabalhado no jogo.
Complementação
Após o fechamento, o facilitador pode fornecer algum material complementar como textos,
casos, resumos, etc. Tal material deve ser entregue logo após o fechamento, tendo um
tempo previsto no planejamento para tal momento.
ANDRAGOGIA
“O que marcará a modernidade educativa é a didática do aprender a conhecer, ou do
saber ensar, englobando, num só todo, a necessidade de apropriação do conhecimento
disponível e seu manejo criativo e crítico” (Pedro Demo, 1993).
Para o adulto aprender é uma decisão consciente que passa por definir o que aprender,
quando aprender, como aprender e com quem aprender. Este processo e aprendizagem é a
ANDRAGOGIA (Aprendizagem de Adultos) “a arte de fazer adultos aprenderem” e difere da
PEDAGOGIA (Aprendizagem de Crianças).
O adulto precisa identificar a necessidade de aprendizagem que certamente não se dá
simplesmente de maneira informativa. É de grande importância, que o adulto se sinta à
vontade e que tenha a sensação de que vai tirar algum proveito daquele tempo, ou seja,
deve-se considerar o grau em que a existência, as atitudes e as estruturas de pensamento de
um indivíduo foram modeladas por sua história e experiência de vida.
À medida que as pessoas amadurecem, sofrem transformações:
- Passam a ser indivíduos independentes e autônomos;
- Acumulam experiências que servirão de substrato de seu aprendizado;
- Direcionam seus interesses para conhecimentos que lhe servirão no desempenho do papel
social ou na profissão;
- Esperam uma aplicação imediata do que aprendem e reduzem o interesse por coisas que
serão úteis num futuro distante;
- Gostam de aprender com desafios e se sentem estimulados a resolver problemas, mais do
que aprender um assunto;
- Têm motivações internas intensas, mais do que motivações externas
(recompensas e punições).
Atualmente há uma tendência de solicitar dos participantes uma responsabilidade por sua
própria aprendizagem. Nesse momento, o facilitador deixa de ser o único responsável pela
aprendizagem e passa a orientar o participante na busca e no processamento de
informações, que visam desenvolver também habilidades e comportamentos.
Segundo Içami Tiba em seu livro “Ensinar aprendendo”, o facilitador deve ser como um cozinheiro, que
prepara os alimentos para fazer um prato, preocupando-se com sua “palatabilidade”.
Além de “nutritivo”, o conhecimento tem que ser gostoso, ter a possibilidade de aliar inteligência,
necessidade e prazer. Para isso podemos utilizar atividades vivenciais, que alia o lúdico ao conhecimento.
Quando as informações passadas são atraentes, quanto mais sabemos algo, mais queremos saber. O que
torna uma informação atraente? Humor, clareza e sua utilidade.
A figura do facilitador é componente direto no desejo do participante em aprender. É necessário instigar o
participante a buscar mais conhecimentos e se interessar pelo que “julgamos” ser importante para ele.
Alguns facilitadores abusam de seu poder e não param para refletir sobre tais pontos e impõem seu
conhecimento sem verificar se os participantes estão preparados ou se querem recebê-los.
É necessário que o participante tenha a oportunidade de construir seu conhecimento e efetivamente
aplicá-lo em sua vida.
O “facilitador” precisa demonstrar interesse em fazer os participantes aprenderem, ter disponibilidade
em ajudar e tolerância em alguns momentos. Não é se vestir de uma metodologia que não acredita.
O FACILITADOR
O facilitador deve ser aquele que cria condições para uma
aprendizagem ativa, participativa e transformadora.
Quando pensamos no desenvolvimento humano, o facilitador é o “personagem” que vai lançar
os desafios para proporcionar a reflexão. Daí a importância de ter conhecimento técnico e
atitudes que reflitam a flexibilidade, coragem, busca de oportunidade, persistência, ousadia
para buscar novas abordagens e um espírito de humildade para aprender com os erros.
Da atuação do facilitador vão depender, em grande parte, os resultados a serem alcançados em
um processo de aprendizagem. Entende-se aqui por aprendizagem, a disponibilidade e a
motivação no sentido de superar qualquer atitude cômoda dos métodos expositivos ou
passivos para, por meio das atividades vivenciais, proporcionar ao grupo um processo dinâmico,
uma situação favorável ao aprendizado e ao sucesso do grupo.
Cada um deve ter consciência da importância do seu papel enquanto facilitador e da
responsabilidade que dele resulta, para desempenhá-lo com seriedade e competência,
buscando proporcionar aos participantes aprendizagens cognitivas e emocionais, de modo que
possam resgatar seu potencial criativo e inovador, o qual é inerente à sua criança interna e,
assim, enfrentar as situações do cotidiano com assertividade e alegria.
O facilitador deve ter cautela ao escolher atividades vivenciais, procurando escolher sempre aquelas
que venham ao encontro das necessidades do grupo e que também reflitam o respeito e a
sensibilidade que ele tem para com os participantes.
Pode haver atividades ótimas, mas se não forem adaptadas aos treinados e ao contexto
existente poderá advir um clima desfavorável prejudicando o relacionamento do facilitador
com o grupo e os resultados e, consequentemente, o sucesso pode não ocorrer.
O facilitador deve ficar atento a alguns pontos importantes:
- Maneira como apresenta a atividade aos participantes principalmente quando ela pode
suscitar sentimentos e emoções intensas.
- Verificar o nível de prontidão dos participantes para a atividade evitando ordens e sim,
fazendo convites.
- Ter atenção à comunicação não-verbal do grupo, assim como à comunicação não-verbal
com o grupo: é através dos gestos, das expressões faciais e corporais que a relação de
confiança pode ser ou não estabelecida e mantida. Esse fator pode determinar o sucesso de
qualquer processo de aprendizagem.
- Buscar fontes de informações e de ampliação de conhecimentos evitando desse modo,
basear-se em palpites ou intuições. Ele deve transmitir uma teoria pertinente aos aspectos
vivenciados ou abordagens no decorrer do processo de aprendizagem.
- Maximizar as oportunidades de aprendizagem para o grupo através da exploração da
situação vivenciada para que cada um aprenda através dela.
O facilitador precisa despertar confiança e segurança nos participantes demonstrando
interesse em fazê-los aprender. Falar de maneira compreensível e prática mobilizando os
conhecimentos e a energia criativa dos participantes, contribuindo para a promoção de um
clima agradável e fortalecendo a interação.
Há situações que podem ocorrer em que os participantes passam a analisar e questionar o
facilitador. Nestas situações, ainda que difícil, é preciso lidar com stes conflitos como
parceiros, ser capaz de se autoquestionar e questionar seu programa. Em alguns grupos o
facilitador se torna o alvo da discussão. Nestes momentos é necessário não impor sua linha
de análise da realidade, mas permanecer calmo.
O facilitador deve estar atento a sua postura evitando dar ordens, avisos e ameaças usando
de moralismo e sermões com o grupo. Precisa estar atento para não ridicularizar algum
participante fazendo com que a pessoa se pareça tola ou fique envergonhada.
Muitas vezes o facilitador aplica uma atividade e diante das perguntas que surgem acaba por dar
a solução no lugar do grupo, o que foge a proposta metodológica.
Outro item que o facilitador deve estar atento é o de não se esquivar de responder questões
desagradáveis tentando distrair o grupo para um outro tópico ou ainda dar argumentos lógicos
para problemas emocionais.
Auto-análise do Facilitador:
- Qual a finalidade do conhecimento que ajudamos a produzir no grupo?
- Quais os verdadeiros beneficiários desse conhecimento?
- Quais são nossos interesses e competências ao nos propormos a realizar este trabalho?
- Quais são as situações em que devemos intervir e que teremos condições para ajudar?
- Que são as habilidades e competências que quero desenvolver neste grupo?
Influência Positiva do Facilitador
- O facilitador deverá mostrar disponibilidade para ajudar, aceitação e tolerância em alguns
momentos.
- Demonstrar interesse em fazer os participantes aprenderem.
- Inspirar confiança e segurança.
- Lidar com os conflitos como um parceiro.
- Ser capaz de se autoquestionar e questionar o programa.
- Falar de maneira compreensível e prática.
- Evitar que a animação se transforme em abertura absoluta.
- Permanecer calmo quando você é o tópico da discussão.
- Mobilizar conhecimentos e energia criativa dos participantes.
- Contribuir na geração de um clima agradável fortalecendo a interação.
- Não improvisar conteúdos nem entrar em justificativas das regras e técnicas.
- Não impor sua linha de análise da realidade
Influência Negativa do Facilitador
- Dar avisos como ameaças
- Usar de moralismo e sermões com o grupo
- Dar a solução no lugar do grupo, que foge a proposta participativa.
- Ridicularizar, fazer com que a pessoa pareça tola, ou fique envergonhada.
- Esquivar-se de questões desagradáveis, divergindo atenções e alegrando grupo.
- Dar argumentos lógicos para problemas emocionais
- Prometer algo ao grupo e não cumpri-lo.
Observações Importantes
- Adultos não gostam que lhe chamem a atenção, o facilitador não é mais do que um adulto com
seus próprios pensamentos. É preciso aceitar que suas explicações possam ser incompreensíveis ou
fora de cogitação para os outros.
- A recusa em aprender muitas vezes está ligada à história de vida da pessoa e, para ela, é o jeito
certo de agir.
- O facilitador não está lidando com verdades absolutas. Mas sim, transmitindo visões e
conhecimentos que lhe parecem ser corretas.
- O facilitador está, em tese, melhor informado do que os participantes sobre um determinado
assunto.
- Depende dos participantes decidirem se as informações são ou não importantes para ele e de que
forma irão utilizá-las.
- O facilitador deve levar os participantes ao questionamento de suas estruturas e modelos
explicativos “testados e aprovados”.
- É mais fácil para qualquer pessoa perceber suas limitações a partir da comparação com os outros e
da observação das coisas ao seu redor.
- O facilitador deve fazer uma análise a partir da meta-perspectiva (visão a distância), ganhando
distância dos acontecimentos e de seus próprios sentimentos.
O papel fundamental do facilitador deve ser o de levar os participantes ao questionamento
de suas estruturas e modelos previamente testados e aprovados. Estes questionamentos são
fundamentais para que se abra caminho para outros métodos de interpretações, para a
possibilidade de uma aprendizagem significativa.
Sabemos que para o facilitador este é um processo a ser construído e aprendido dia após dia
e desta forma, precisa fazer uma análise tendo visões mais amplas, ganhando distância dos
acontecimentos e de seus próprios sentimentos.
ATIVIDADE:
Acesse o link: http://www.ogg.com.br/beergame.php
 Jogo Beer Game. ( Tente jogar buscando o número mínimo de jogadas).
 Identifique todos os elementos de um jogo conforme citados nos Slides anterior.
 Desenvolva um relatório final: (Estratégias adotadas, expectativas, frustações, pontos
positivos e negativos, relatos conceituais e conclusões).
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Apresentação do PowerPoint