REALISMO / NATURALISMO O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento; – o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade. Eça de Queirós O Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo são as correntes artísticas que refletem a consolidação da burguesia e seu fortalecimento, em função da “implementação” do capitalismo avançado. A exaltação da liberdade individual, da rebeldia, são substituídas por novas palavras de ordem: ciência, progresso, razão. O apogeu da Revolução Industrial marcou transformações na vida, na arte e no pensamento. profundas O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais – por outro lado, a massa operária avolumava-se, formando uma população marginalizada, que não partilhava dos mesmos benefícios gerados por esse progresso industrial, sendo submetida a condições precárias de trabalho. Essa nova sociedade serve de pano de fundo para uma reinterpretação da realidade, que gera teorias de variadas correntes ideológicas. “As respigadeiras”, 1857 - Millet “O quebra-pedras,” 1849. Gustave Courbet “Raspando o assoalho”, 1857. Gustave Caillebotte POSITIVISMO Augusto Comte defendia o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação entre “ordem” e “progresso” – o que originou a expressão da bandeira do Brasil. Comte atribuía à constituição e ao processo da ciência positiva importância capital para o progresso de qualquer sociedade. SOCIALISMO Marx e Engels, “Manifesto comunista”, 1848 – definição do materialismo histórico e da luta de classes. “O que distingue nossa época – a época da burguesia – é ter simplificado a oposição de classes. Cada vez mais, a sociedade inteira divide-se em dois grandes blocos inimigos, em duas grandes classes que se enfrentam diretamente: a burguesia e o proletariado.” EVOLUCIONISMO Darwin, 1859, “A origem das espécies” – a evolução das espécies pelo processo de seleção natural, negando a origem divina difundida pelo Cristianismo. O homem passa a ser tomado como um ser animal, regido pelo instinto biológico. DETERMINISMO Taine propõe que o comportamente humano é determinado por forças biológicas, sociológicas e ambientais e históricas. Todos os fatos psicológicos e sociais são manifestações naturais que nada têm de transcendência. REALISMO NO BRASIL Na década de 1870 surge a Escola de Recife, com Tobias Barreto, Silvio Romero e outros, cujas ideias se aproximavam do pensamento europeu. Considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo no Brasil, com “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis. Na divisão tradicional da literatura brasileira, considera-se como data final do Realismo o ano de 1893, com a publicação de “Missal” e “Broquéis”, de Cruz e Souza. Essas obras registram o início do Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações. ROMANCE REALISTA Narrativa voltada para a análise psicológica e crítica da sociedade a partir do comportamento dos personagens. O romance realista é o retrato de uma época. NATURALISMO É um desdobramento do Realismo – há muitos pontos em comum entre ambos. A visão do naturalismo é mais determinista, ressalta-se o aspecto biofisiológico do homem, visto como animal, regido pelo instinto e pela fisiologia, não pelo espírito e pela razão. Tem início também em 1881, com a publicação de “O mulato”, de Aluísio de Azevedo. ROMANCE NATURALISTA Marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, em que se valoriza o coletivo. Autores: Aluísio de Azevedo, Júlio Ribeiro, Raul Pompéia. Obras: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pensão”, “O Ateneu”. O Realismo se tingirá de naturalismo, no romance e no conto, sempre que fizer personagens e enredos que submeterem-se ao destino cego das “leis naturais” que a ciência da época julgava ter codificado; ou se dirá parnasianismo, na poesia, à medida que se esgotar no lavor do verso tecnicamente perfeito. Alfredo Bosi