Perpectivas religiosas da sexualidade e do matrimônio • • • • • OBJETIVO: Ver as realidade da sexualidade e do matrimônio numa perspectiva religiosa. O sexo – a união do casal – o matrimônio – a família são realidades que têm um significado profundamente religioso. São expressão da natureza íntima do ser humano e através delas homem e mulher descobrem (no dinamismo da relação amorosa) o sentido mais profundo de sua existência. Estas realidades comunicam para o ser humano realidades que o transcendem e que o relacionam com a ordem sobrenatural e religiosa. O DESLUMBRAMENTO HUMANO DIANTE DO MISTERIOSO Existe uma necessidade de explicação para tudo que seja superior à compreensão humana. O homem primitivo carente de tudo para enfrentar as duras provas de sua vida (primitiva) e a mercê de poderes que ele mesmo não compreende e nem consegue controlar se refugia na benevolência e na providência de divindades das quais se sente dependente e que concebe como semelhantes aos humanos (antropomorfismo). Os deuses, assim como os humanos são seres movidos pela paixão e não estão alheios ao que acontece entre os humanos! • O Amor, na cultura grega, é uma divindade que goza de toda compreensão e tolerância com base na crença de que através dela se manifesta a vontade divina e o desígnio dos deuses. • Entre o amor do casal e o matrimônio há uma íntima relação, embora ambas as coisas não estejam necessariamente unidas! O amor afeta a atração do casal entre si enquanto que o matrimônio visa à união entre o casal para constituir um lar e uma família. A realidade do matrimônio supõem uma relação estável entre as pessoas que costumam ser de um mesmo nível e a aquisição dos direitos e deveres típicos deste estado de vida. • Nas culturas antigas, o matrimônio goza de um caráter sagrado – a sagrada função de perpetuar a espécie; também está associado a imagem da casa ou da habitação – entre o lar e o altar existem raízes culturais muito antigas (A família é o meio através do qual a fé e as práticas religiosas são transmitidas de geração em geração). • • • • • • A ILUMINAÇÃO DA FÉ RELIGIOSA A religião judaica marca novos padrões na concepção do divino e na explicação das relações entre Deus e os homens, o Deus de Israel reclama unicamente para si o título de Deus único e rejeita qualquer tipo de idolatria (traição). A relação de Deus com a humanidade respeita igualmente a soberania divina e a liberdade humana: o homem é criatura de Deus, mas fica livre para seguir suas ordens ou afastar-se delas! A fé bíblica reconhece Deus como o criador de todas as coisas – a partir da sua “Palavra” – expressão de soberania e onipotência – Neste mesmo conjunto os dois primeiros capítulos de Gênesis nos mostram o amor e matrimônio como obra de Deus, através do qual o casal humano é chamado a cumprir uma missão sagrada (Gn 1,28). O sexo, o amor e o matrimônio não podem ser objeto de culto em si mesmas, conforme nos ensina o livro de Gênesis. O relato do primeiro pecado – desobediência do primeiro casal à ordem de Deus – traz como conseqüência a desgraça para toda a humanidade (dores do parto, fadigas do trabalho, fraticídio ...) O mal consiste em rejeitar a vontade de Deus e em não cumprir a sua lei. • • • • A EXIGÊNCIA DA GRAÇA CRISTÃ A realidade do pecado e seus efeitos sobre a natureza humana tem da parte de Deus uma iniciativa de salvação – Cristo é o novo Adão, aquele que redime toda a obra da criação. No NT já encontramos algumas indicações da novidade cristã sobre o matrimônio: Jesus se coloca taxativamente contra o divórcio praticado pelos judeus sob o amparo da lei mosaica. A resposta de Cristo aponta para a vontade de Deus desde a criação – “se tornarão uma só carne”. Os outros escritos do NT condenam tudo aquilo que não está de acordo com o uso reto da sexualidade, com o compromisso matrimonial e com os demais deveres matrimoniais (Mt 5,17.2730; Mc 7,21-22; Rm 1,26-27; 1 Cor6,9; Gl 5,19; Ef 5,3; Cl 3,5) O seguimento a Jesus visando o reino de Deus exige uma disposição de desprendimento que leva à renúncia voluntária – até de si mesmo. • As primeiras comunidades cristãs manifestavam uma estima considerável à virgindade e ao celibato como forma de vida que, comparada ao matrimônio, permite uma maior dedicação aos valores do reino de Deus. • O ensinamento oficial da Igreja reconhece a dignidade do estado matrimonial e contradiz algumas heresias que consideram o sexo e o matrimônio como alguma coisa indigna da condição cristã (1 Tm 4,13), o contrário também ocorreu, ou seja, houve no decorrer dos tempos uma alternância na compreensão do valor entre virgindade consagrada e matrimônio. • O valor da virgindade, do celibato e da castidade foi muito estimado no decorrer dos tempos afiançada pelo testemunho de vida de muitos santos. Já a escassez de elogios ao matrimônio não deve ser atribuída somente ao fato de o matrimônio ser considerado inferior à virgindade e ao celibato religioso, enquanto meio que conduz à perfeição cristã. • Por outro lado, a visão cristã do matrimônio, mesmo partindo de uma visão positiva da união matrimonial e da missão da família, está associada a uma concepção da sexualidade que ressalta nela as conseqüências negativas do pecado original e a escravidão moral à qual o homem se sente submetido. • O matrimônio possui, segundo a tradição cristã, um grande valor como instituição que presta um serviço à procriação humana é também um estado de vida querido por Deus e destinado a aperfeiçoar e santificar os esposos – tanto nas suas relações conjugais como no cumprimento dos seus deveres matrimoniais. • A indissolubilidade do matrimônio expressada pelos esposos diante da Igreja é confirmada por Deus para que ninguém possa separar o que fora unido com o consentimento humano e a graça divina. • O matrimônio cristão não pode ser considerado como um fato meramente privado, pois afeta a comunidade civil e religiosa. • O matrimônio e a família constituem a forma de vida querida por Deus para proporcionar ao homem e a mulher paz e felicidade ao longo de suas vidas onde se realizam os anseios mais profundos de amor, de fecundidade e de perenidade, nesta comunidade de vida a qual o casal se estabelece. • Quanto a celebração do matrimônio, a Igreja defende e mantém de forma constante e taxativa seu direito livre de determinar as condições em que o matrimônio de seus fiéis é celebrado, pois este ato é considerado um sacramento que entre os batizados com conseqüências de ordem jurídica, social, eclesial, moral e espiritual. • Infelizmente hoje em dia o matrimônio se vê submetido às influências de uma sociedade extraordinariamente pluralista, liberal e consumista, onde impera uma lei de mercado e de consumo. Pensando um pouco... • Como casal como definimos o que é o amor? • Como estamos vivendo o amor entre nós como um chamado de Deus à fecundidade, ou seja, como estamos sendo fecundos no amor? • Como podemos ajudar aos casais em dificuldades a viver o amor como fonte de graça e de vida para o casal? • Como vivemos a renúncia e o desapego como expressão do nosso seguimento à Jesus Cristo? • Reconhecemos o valor que o matrimônio como sacramento - sinal de Deus? Como podemos nos tornar “Apóstolos dessa missão”? • Em nossa época o matrimônio passa por várias situações que descaracterizam o seu verdadeiro sentido a partir da própria preparação e celebração. Como podemos preparar melhor os futuros casais e como celebrar com dignidade o matrimônio evitando ceder aos riscos que hoje se apresentam?