Física I-A Prof. Rodrigo B. Capaz Instituto de Física Universidade Federal do Rio de Janeiro Informações Gerais Turmas: IQG + NTA + IGM Horário: 4as. e 6as. 13-15h Sala: A-343 (Aulas Magnas), A-327 (Aulas de Exercícios) Professores: - Rodrigo Capaz ([email protected]), Atendimento: 6as. 12-13h, A-432 - Daniel Kroff ([email protected]), Atendimento: 3as. 15-16h, A-318-3 Monitoria: Diversos horários (ver webpage) Webpage: http://omnis.if.ufrj.br/~victor/Pub_FisIA2011/Afisica/index.html Provas: P1 – 29/09, P2 – 29/11, PF – 13/12, 2a. Chamada – 20/12 Livro-Texto: Física I – Mecânica, Sears & Zemansky - Young & Freedman, 12a. Edição - Pearson Addison-Wesley Capítulo 1 – Unidades, Grandezas Físicas e Vetores Introdução Por que estudar Física? • • A mais fundamental das ciências Sonho de Laplace Laplace (1749-1827) Universo determinístico “Suponha-se uma inteligência que pudesse conhecer todas as forças pelas quais a natureza é animada e o estado em um instante de todos os objetos - uma inteligência suficientemente grande que pudesse submeter todos esses dados à análise -, ela englobaria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e também dos menores átomos: nada lhe seria incerto e o futuro, assim como o passado, estaria presente ante os seus olhos.” Introdução Por que estudar Física? • • A mais fundamental das ciências • A base de toda engenharia e tecnologia “desde uma pequena ratoeira a uma grande espaçonave” Exemplo 1: Transistor e computadores Bardeen, Shockley e Brattain Nobel de Física– 1956 1o transistor (1947) Jack Kilby Ano 2000: Pentium 4 42 milhões de transistores !!! 1o “chip” (1958) Nobel de Física– 2000 Exemplo 2: GPS (“global positioning system”) Albert Einstein Efeitos relativísticos na marcação do tempo Física Básica e Física Aplicada Michael Faraday Ao ser perguntado para que servia sua recente descoberta da indução eletromagnética, respondeu: “Para que serve um bebê recém-nascido?” Importância da ciência básica, sem compromisso com aplicações imediatas Introdução Por que estudar Física? • • A mais fundamental das ciências • A base de toda engenharia e tecnologia • Por prazer! • De entender e participar de uma das maiores aventuras do intelecto e do engenho humano • De apreciar a beleza contida na ordem e na regularidade da natureza 1.1 – A natureza da Física A Física é uma ciência experimental: A “resposta” da Natureza é o veredito supremo de uma teoria física. Oposto ao idealismo de Hegel, que na sua dissertação de 1801, "As Órbitas dos Planetas", demonstrava que não podia existir mais do que sete planetas; e, se isso contrariasse os fatos, pior para os fatos... A “arte” da Física está em: 1. O que e como perguntar à Natureza (experimento)? 2. Como interpretar suas respostas (teoria)? O diálogo entre teoria e experimento é coordenado pelo MÉTODO CIENTÍFICO O MÉTODO CIENTÍFICO OBSERVAÇÃO EXPERIMENTAÇÃO MODELAGEM PREVISÃO Quando as previsões não são confirmadas pelas novas observações, a teoria está incorreta ou então as observações foram feitas fora de seu domínio de validade Exemplo: Mecânica Clássica não é válida para objetos com velocidades próximas à da luz (Relatividade) ou na escala atômica (Mecânica Quântica) A Matemática é a linguagem da Física “A ciência está escrita neste grande livro colocado sempre diante de nossos olhos – o Universo – mas não podemos lê-lo sem apreender a linguagem e entender os símbolos em termos dos quais está escrito. Este livro está escrito na linguagem matemática.” Galileu Galilei (1564-1642) 1.2 – Solução de problemas de Física Entendo os conceitos, mas não consigo resolver os problemas... Fazer Física é resolver problemas! Estratégia: 1. 2. 3. 4. IDENTIFICAR os conceitos relevantes: modelagem PREPARAR o problema: escolha das equações EXECUTAR a solução: matemática AVALIAR se a resposta faz sentido Modelo: versão simplificada de um sistema físico, contendo apenas os ingredientes essenciais para a solução de um determinado problema Exemplo: Planeta Terra 1. Geofísica: Terra não-esférica 2. Estudo da rotação: Terra esférica 3. Estudo da translação: Terra como “partícula” 1.3 – Padrões e unidades Grandeza Física: “Propriedade de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser expressa sob a forma de um número e uma referência (padrão)”. (VIM – Vocabulário Internacional de Termos Gerais e Fundamentais de Metrologia) Exemplo: altura = 1,73 m Valor Unidade (definida através de um padrão) Sistema de unidades: “Sistema Internacional (SI)” Grandezas e Unidades Fundamentais do S.I. Demais unidades podem ser obtidas a partir das unidades fundamentais Exemplo: newton: N = kg.m/s2 Padrão do tempo • Até 1956, 1 s =1/86400 do dia solar médio (média sobre o ano de um dia) • 1967: 1s = 9.162.631.770 períodos da radiação de uma transição atômica do Césio 133 (definição a partir do relógio atômico). International Atomic Time Relógio Atômico: evolução da precisão NIST-F1: precisão de 1s em 27 milhões de anos! NIST-F1 Escalas de Tempo Padrão do comprimento 1791- 1 metro = 10 -7 da distância do polo norte ao equador (meridiano de Paris) 1797- Barra de platina 1960- 1.650.763,73 comprimentos de onda de uma emissão do Kr 1983- Distância percorrida pela luz no vácuo em 1/299.792.458 de segundo. A velocidade da luz é definida como c = 299.792.458 m/s. Escalas de Comprimento Padrão da massa 1889: 1 quilograma = massa de uma peça de Platina-Irídio colocada no IBWM Único padrão que ainda é definido através de um artefato: deverá ser redefinido em breve Escalas de Massa Prefixos SI 1.4 – Coerência e conversão de unidades Toda equação deve ter coerência dimensional e de unidades Exemplo: d vt Se d está expresso em metros… … então vt deve ser expresso em metros também. m 10 m 2 5s s Dica: Ao colocar os valores numéricos das grandezas físicas em uma equação, inclua sempre as unidades correspondentes! Conversão de unidades Exemplo 1.1 (Y&F) – O recorde mundial de velocidade no solo é de 1228 km/h. Expresse esta velocidade em m/s. v 1228 ,0 Então: km h Sabemos que: 1km 103 m e 1h 3600s 103 m v 1228,0 341,11 m/s 3600s Exemplo 1.2 (Y&F) – O maior diamante do mundo tem volume de 1,84 polegadas cúbicas. Qual é o seu volume em centímetros cúbicos? E em metros cúbicos? V 1,84 pol3 Então: Sabemos que: 1pol 2,54cm V 1,84 2,54 cm 1,84 2,54 cm3 30,2 cm3 3 Em metros cúbicos: 3 Sabemos que 1cm 10-2 m Então: 2 3 V 30,2 cm 30,2 10 m 30,2 106 m3 3,02105 m3 3 1.5 – Incerteza e algarismos significativos Toda medida física tem uma incerteza associada e o resultado só pode ser expresso até o último algarismo significativo. Estação de trem de Rio Grande da Serra (SP): Altitude com precisão de milímetros! Maneiras distintas de expressar a incerteza: a. 56,47 ± 0,02 valor real entre 56,45 e 56,49 b. 1,6454(21) = 1,6454 ± 0,0021 c. Fracionária ou percentual: 47 ± 10% = 47 ± 5 d. Implícita: 2,91 = 2,91 ± 0,01 (incerteza no último significativo) Operações matemáticas com algarismos significativos Operações de multiplicação ou divisão: Número de A.S. do resultado é igual ao menor número de A.S. entre os fatores Exemplos: (0,745 2,2) / 3,885 0,42 (1,32578107 ) (4,11103 ) 5,45104 Operações de soma ou subtração: Número de A.S. do resultado é determinado pela casa decimal com maior incerteza entre os termos da operação Exemplo: 123,62 8,9 132,5 1.6 – Estimativas e ordens de grandeza (leitura) 1.7 – Vetores e soma vetorial Grandezas escalares: Especificadas por um único número (com unidade). Exemplos: massa, trabalho, energia, temperatura, carga elétrica Grandezas vetoriais: Especificadas por um módulo, direção e sentido (com unidades também). Exemplos: deslocamento, velocidade, força, momento linear, torque, momento angular. Vetor Deslocamento P2 Posição final P2 r r Deslocamento P1 Posição inicial P1 Deslocamento depende apenas das posições inicial e final – não da trajetória Vetores paralelos: mesma direção e sentido A B A Vetores antiparalelos: mesma direção e sentido oposto C A Vetores idênticos: mesmo módulo, direção e sentido Vetor negativo: mesmo módulo e direção, porém sentido contrário A A A Diz-se que o vetor B A B é o negativo do vetor A Módulo de um vetor (notação): A ou A Soma de dois vetores: C A B B A Comutativa Soma gráfica: A B C A B C B A B A A B C A B Soma de vários vetores: Associativa C B A R A C B Subtração de vetores: A B A B A B A B A B R A B C A B C A B C A A B B A B Multiplicação de um vetor por um escalar: (Exemplo: F ma ) A 2A 0,5 A 1.8 – Componentes de vetores y Ay O A A Ax Ay Vetores componentes de Ax Ax A cos Ay A sen x Componentes de A (escalares, podem ser negativos) y B By Bx O Bx B cos 0 x A Cálculos de vetores usando componentes y 1. Módulo e direção Ay A A Ax2 Ay2 tg Ay Ax arctg Ay Ax 2 m, Ay 2 m Ax O Ax Cuidado! Ambiguidade: 2 valores possíveis de θ para um dado valor de tg θ – Analisar sinais das componentes Exemplo: A y x 135 Ax 2 m x 315 Ay 2 m A D cA Dx cAx , Dy cAy 2. Multiplicação por um escalar R A B Rx Ax Bx , Ry Ay By 3. Soma vetorial: y By R Ay A Ry O B Bx Ax Rx x Exemplo 1.8 (Y&F) – SOMA DE VETORES EM 3D – Depois da decolagem, um avião viaja 10,4 km do leste para oeste, 8,7 km do sul para norte e 2,1 km de baixo para cima. Qual é a sua distância ao ponto de partida? altura 2,1 km S 10,4 km L O 8,7 km N A Ax2 Ay2 Az2 10,4 km2 8,7 km2 2,1 km2 13,7 km 1.9 – Vetores unitários • Têm módulo igual a 1 • Não possuem unidade • Indicam uma direção e sentido Ax Axiˆ Ay Ay ˆj A Ax Ay Axiˆ Ay ˆj y Ay ˆj Ax O ˆ i x y ˆj Em 3D: A Axiˆ Ay ˆj Az kˆ A kˆ z iˆ x Soma usando vetores unitários: A Ax iˆ Ay ˆj B Bx iˆ B y ˆj R A B Ax iˆ Ay ˆj Bx iˆ B y ˆj Ax Bx iˆ Ay B y ˆj Rx iˆ R y ˆj 1.10 – Produtos de vetores Produto escalar B B cos Definição: A B AB cos A B cos A A B B A cos De maneira equivalente: A cos B A B Casos particulares: Se 0 90 , A B 0, porquecos 0. Se 90 180 , A B 0, porquecos 0. B Se 90 , A B 0, porque cos90 0. A B A vetores ortogonais Se 0 , A B AB, porquecos0 1. vetores paralelos Se 180 , A B AB, porquecos180 1. vetores antiparalelos A B B A 180 A Produto escalar usando componentes Produto escalar entre os vetores unitários: iˆ iˆ ˆj ˆj kˆ kˆ (1)(1) cos0 1 iˆ ˆj ˆj kˆ iˆ kˆ (1)(1) cos90 0 Assim: A B Axiˆ Ay ˆj Az kˆ Bxiˆ By ˆj Bz kˆ Axiˆ Bxiˆ Ax iˆ By ˆj Axiˆ Bz kˆ Ay ˆj Bx iˆ Ay ˆj By ˆj Ay ˆj Bz kˆ Az kˆ Bx iˆ Az kˆ By ˆj Az kˆ Bz kˆ A B Ax Bx Ay By Az Bz Aplicação: Uso do produto escalar para calcular ângulos entre vetores Problema 1.90 (Y&F): Ângulo entre ligações químicas no metano (ou no diamante, ou no silício…) Dados: Uma das ligações está ao longo da direção iˆ ˆj kˆ , enquanto que outra está ao longo de iˆ ˆj kˆ . A B AB cos A B cos AB Calculando os módulos: A iˆ ˆj kˆ B i ˆj kˆ A A (1) 2 (1) 2 (1) 2 3 B B (1) 2 (1) 2 (1) 2 3 Calculando o produto escalar: A B (1)(1) (1)(1) (1)(1) 1 1 1 1 Podemos então calcular o ângulo: 1 1 3 3 3 1 arc cos 109,47 3 cos Produto vetorial C A B Módulo: C AB sen Direção: Ortogonal a ambos os fatores do produto. Sentido: Determinado pela regra da mão direita Note que o produto vetorial não é uma operação comutativa: A B B A Interpretação geométrica B C AB sen Bsen A Produto do módulo de A pela componente de B na direção ortogonal a A Casos particulares Se 90 , A B AB, porquesen 90 1. B A vetores ortogonais Se 0 , A B 0, porquesen 0 0. vetores paralelos Se 180 , A B 0, porquesen 180 0. vetores antiparalelos B B A 180 A Produto vetorial usando componentes Produto vetorial entre os vetores unitários: y iˆ iˆ ˆj ˆj kˆ kˆ 0 Pela regra da mão direita obtemos: iˆ ˆj ˆj iˆ kˆ ˆj kˆ kˆ ˆj iˆ kˆ iˆ iˆ kˆ ˆj Lembre-se: permutações cíclicas ˆj kˆ z iˆ ˆj k iˆ ˆj... iˆ x Assim: A B Axiˆ Ay ˆj Az kˆ Bxiˆ By ˆj Bz kˆ Axiˆ Bx iˆ Ax iˆ By ˆj Ax iˆ Bz kˆ Ay ˆj Bx iˆ Ay ˆj B y ˆj Ay ˆj Bz kˆ Az kˆ Bx iˆ Az kˆ B y ˆj Az kˆ Bz kˆ A B Ay Bz Az By iˆ Az Bx Ax Bz ˆj Ax By Ay Bx kˆ iˆ Ou na forma de um determinante: A B Ax Bx ˆj kˆ Ay By Az Bz Próximas aulas: 6a. Feira 12/08: Aula de Exercícios (sala A-327) 4a. Feira 17/08: Aula Magna (sala A-343)