Gestão do
Absenteísmo
Dr. Jener Castelo Branco Mourão
Médico do Trabalho
V REUNIÃO CIENTÍFICA
Definição
O absenteísmo, absentismo ou ausentismo é uma
expressão utilizada para designar a falta do empregado
ao trabalho. Isto é, a soma dos períodos em que os
empregados de determinada organização se encontram
ausentes do trabalho, não sendo a ausência motivada por
desemprego, doença prolongada ou licença legal.
(CHIAVENATO, 1994, p.119).
Definição OIT…
A Organização Internacional do Trabalho – OIT, em 1991, definiu o
absenteísmo como “a não presença ao trabalho por parte de um
empregado que se pensava estar presente, excluídos os períodos de férias
e de folgas” e, em 1.994, definiu o absenteísmo de causa médica como “o
período de ausência laboral que se aceita como atribuível a uma
incapacidade do indivíduo, exceção feita para aquela derivada de gravidez
normal ou prisão”.
Contudo, na RECOMENDAÇÃO DA COMISSÃO PERMANENTE E
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA DO TRABALHO SUBCOMISSÃO DE ABSENTEISMO, as definições são:
- Propõe-se que o termo ABSENTEÍSMO passe a designar a “ausência
dos trabalhadores ao trabalho, naquelas ocasiões em que seria de se
esperar a sua presença, por razões de ordem médica ou quaisquer
outras”.
- ABSENTEISMO-DOENÇA será a “ausência ao trabalho atribuída à
doença ou lesão acidental e, como tal, aceita pela entidade empregadora
ou pelo Sistema de Seguridade Social”.
Classificação?
Segundo QUICK & LAPERTOSA (1982),
O absenteísmo é dividido em absenteísmo voluntário (ausência no trabalho por
razões particulares não justificada por doença); absenteísmo por doença (inclui
todas as ausências por doença ou por procedimento médico, excetuam-se os
infortúnios profissionais); absenteísmo por patologia profissional (ausências
por acidentes de trabalho ou doença profissional); absenteísmo legal (faltas no
serviço amparadas por leis, tais como: gestação, nojo, gala, doação de sangue e
serviço militar) e absenteísmo compulsório (impedimento ao trabalho devido a
suspensão imposta pelo patrão, por prisão ou outro impedimento que não permita
o trabalhador chegar ao local de trabalho).
Avaliação das Causas
Para COUTO (1987), o absenteísmo é decorrente
de um ou mais fatores causas, tais como, fatores
de trabalho, sociais, fatores culturais, de
personalidade e de doenças. O referido autor
alerta que não parece existir uma relação precisa
de causa e efeito, mas sim, um conjunto de
variáveis podem levar ao absenteísmo.
O número insuficiente de
recursos humanos pode
contribuir para elevar o
índice de absenteísmo, como
conseqüência da sobrecarga
e insatisfação dos
trabalhadores,
desencadeando a queda da
qualidade do cuidado
prestado ao homem (ALVES,
1995).
Segundo OTERO (1993), a etiologia do absenteísmo é multifatorial,
dependendo da sua origem.Podem ser classificados em fatores
dependentes da atividade laboral, perilaborais, do meio extralaboral,
Patologias sofridas pelo trabalhador, fatores individuais e fatores
dependentes do sistema administrativo.
Algumas Causas

1. Liderança despreparada - Não é mais novidade para as empresas que líderes
despreparados afugentam os membros das equipes, pois ao invés de conduzirem equipes
utiliza-se do cargo em que se encontram para delegar ordem de maneira arbitrária.

2. Infraestrutura deficiente - A falta de infraestrutura adequada, que dê suporte ao
colaborador para exercer suas atividades também pode ser considerada como fator que
contribui para o absenteísmo. Quem gosta de estar em um local de trabalho e se sentir de
"mãos amarradas", pois não dispõe de recursos mínimos para cumprir com suas
responsabilidades.

3. Metas intangíveis - O estabelecimento de metas serve como um norte, para que o
profissional saiba onde precisa chegar e atender às expectativas da organização. Contudo,
quando as metas estabelecidas são impossíveis de serem alcançadas pelo colaborador,
ele pode sentir-se oprimido e impelido a fugir do ambiente de trabalho. Em alguns casos,
as pessoas preferem faltar a lidar com uma situação de alto nível de estresse.

4. Comunicação deficiente - A ausência de uma política clara de ascensão interna
também pode contribuir para o absenteísmo. Suponhamos que o mercado passe por uma
fase delicada e a empresa precise fazer algumas mudanças internas. Se não existir um
diálogo com o público interno, logo os colaboradores começarão a imaginar possíveis
demissões que nunca irão acontecer. Isso fará com que alguns se sintam desestimulados
a cumprirem com os horários, afinal podem ser os próximos da "lista negra".

5. Clima organizacional - Quando o clima organizacional é pesado, isso impacta no
comportamento das pessoas que tendem a se sentirem desmotivadas. Quem nunca ouviu
um profissional falar algo do tipo: "Quando penso em acordar e ir para aquele lugar
pesado, todos os dias... Prefiro arrumar uma desculpa e ficar em casa".
Algumas Causas
6. Cadê o feedback? - Quando não há feedback do líder para o liderado, o colaborador pede a noção do que a
empresa espera dele e muitas vezes se existe a possibilidade de desenvolver novas competências que o façam
ascender internamente. Lembremos aqui que os talentos buscam desafios a cada momento e muitos não se
adaptam à zona de conforto.
7. Qualidade de vida - O absenteísmo também aumenta quando o ambiente prejudica a saúde do profissional,
levando-o a adoecer e se afastar por doenças ocupacionais. O funcionário pode até tentar trabalhar adoentado,
mas chegará o momento em que seu corpo pedirá socorro e isso pode comprometer tanto a integridade dele,
como dos demais colegas de trabalho.
8. Assédio moral - Essa questão tem sido apontada como um dos fatores que mais contribuem para a
ausência do funcionário no ambiente de trabalho. Pode ocorrer de alguém que exerce um cargo de liderança
para o liderando, como também vice-versa. Isso tem levado as empresas a trabalharem o assunto de maneira
contínua, para que todos os colaboradores compreendam a gravidade e as consequências que o assédio gera a
quem é assediado, a quem assedia e até à própria empresa.
9. Imaturidade profissional - Há profissionais que com o passar do tempo acreditam que por terem anos de
empresa, são considerados indispensáveis e começam literalmente a abusar. Esquecem que podem ser
substituídos. Nesse momento, vale um diálogo aberto entre líder e liderado, a fim de que tudo seja resolvido
sem que medidas mais rigorosas precisem ser adotadas.
10. Preferencialismo - Se o preferencialismo chega a adentrar na empresa, em determinado momento aquele
profissional que tem a "estima" passará a utilizar os benefícios que recebe e dentre esses, passará a chegar
atrasado ou mesmo a faltar um dia de trabalho em benefício próprio. Isso será facilmente percebido pelos
demais membros da equipe e prejudicará a imagem a liderança junto ao time.
Quando a causa é a empresa…
Um aspecto importante a ser considerado é que as causas do
absenteísmo nem sempre estão no trabalhador, mas na
empresa, enquanto organização e supervisão deficientes,
através da repetitividade de tarefas, da desmotivação e
desistímulo, das condições desfavoráveis de ambiente e de
trabalho, da precária integração entre os empregados e a
organização e dos impactos psicológicos de uma direção
deficiente, que não visa uma política prevencionista e
humanista.
(ALEXANDRE, 1987; COUTO, 1987; CHIAVENATO,
1994; ALVES, 1995).
Quando a causa é o Médico
do Trabalho ou o SESMT…
• Médico do Trabalho as vezes adota a postura de
“policial" , investigando o absenteísmo e geralmente
entra em confroto com o trabalhador, sem avaliar com
cautela a multifatorialidade do absentéismo.
• Assim também procede alguns colegas do SESMT;
• Quando o SESMT sede a pressão da empresa para
diminuir o absenteísmo a todo custo.
Como fazer a avaliação do
Absenteísmo?
Para FLIPPO
(1973), os índices
servem para
destacar o
problema, isto é,
detectar as
causas, e se
forem usados
com habilidade e
prudência, pode
ser efetuada uma
medida de
controle.
Segundo NOGUEIRA & AZEVEDO (1982),
estudos epidemiológicos bem conduzidos, permitem
conhecer as diferentes variáveis que afetam o
absenteísmo, como sexo, idade, estado civil, turnos de
Trabalho, dias da semana, meses do ano, fatores
psicológicos, causas médicas de faltas ao trabalho entre
outros, assim como auxiliar na prevenção do mesmo.
Cálculo do
Absenteísmo
ABSENTEÍSMO = HORAS PERDIDAS
X 100
HORAS PLANEJADAS
OBS: PODE SER : DIAS PERDIDOS OU FALTAS
X 100
DIAS PLANEJADOS OU PRESENÇAS PLANEJADAS
índice de absenteísmo, segundo CHIAVENATO (1994, p. 172), deve refletir a
porcentagem do tempo não trabalhado em decorrência das ausências em
relação ao volume de atividade esperada ou planejada.
OIT Como fazer a avaliação?
A Organização Internacional do Trabalho, na Recomendação nº
112,0 nº 171 e a Convenção nº 161, evidenciam a importância de
registrar as causas de absenteísmo, desde que os dados obtidos
sejam utilizados exclusivamente para
objetivos epidemiológicos.
Avaliação dos dados…
Recomendação da COMISSÃO PERMANENTE E
ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA DO
TRABALHO - SUBCOMISSÃO DE ABSENTEISMO, que os
médico de todo o mundo possam referir dados que:
a) sejam susceptíveis de comparação;
b) permitam observar tendências do fenômeno ao longo do
tempo;
c) indiquem áreas-problema para futura investigação.
Segundo COUTO (1987), para a realidade brasileira, atualmente, podemos
classificar como índices de absenteísmo-doença excessivos, com valores de
índice de freqüência (If) maiores que 0,10 por mês. Isto é, num determinado
mês, para cada 100 trabalhadores ocorreram mais de 10 afastamentos por
doença. O autor considera a porcentagem de tempo perdido (%Tp) acumulado
maior que 1,2% alto, recomendando que a situação do trabalho deve ser
avaliada.
Cálculo do
Rotatividade
1- ROTATIVIDADE = ADMITIDOS + DEMITIDOS
_____________2________________
X100
EFETIVIDADE MÉDIA
2- ROTATIVIDADE =
DEMITIDOS
_________________________ X 100
EFETIVIDADE MÉDIA
EFETIVIDADE MÉDIA: NÚMERO MÉDIO DE
FUNC. EM UM DETERMINADO PERIODO
EF. MED = FUNC. NO INICIO DO PERIODO + FUNC. NO FINAL DO PERIODO
2
Causas Rotatividade

SE OS FUNCIONÁRIOS PEDEM PARA
SAIR É PORQUE A EMPRESA PODE NÃO
SER UM BOM LUGAR PARA TRABALHAR;

SE É A EMPRESA QUE ESTÁ DEMITINDO
OS FUNCIONÁRIOS, GERALMENTE
REVELA UMA FALHA NO PROCESSO DE
RECRUTAMENTO E SELEÇÃO;
Consequências do Absenteísmo

Interfere nos planejamentos e cronogramas setorias;

Atrasa o alcance das metas elencadas;

Diminuição da produção;

Diminuição das vendas;

Aumento do FAP, RAT e NTEP se o trabalhador requerer
o benefício previdenciário;

Piora do relacionamento interpessoal e intersetorial,
consequente piora do clima organizacional;

Aumento do custo empresa para tentar alcançar as
mesmas metas elencadas antes do absenteísmo;

Dentre outras…
Gestão do Absenteísmo

Diante da avaliação dos dados epidemiológicos devemos priorizar os grupos etários,
sexuais e setoriais com o maior percentual de absentéismo para iniciar as ações
preventivas;

Avaliar todas as convenções e acordos trabalhistas que representam os trabalhadores
da empresa e implantar todas as suas considerações pertinentes a redução de
abesenteísmo;

Treinamento da liderança da empresa com vistas na multifatorialidade do
abesenteísmo, evitando o preferencialismo, a indicação de metas intangíveis e ampliar
a comunicação da visão da empresa com todos os setores para melhorar as boas
espectativas dos trabalhadores sobre o futuro da gestão;

Explicitar para o grupo gestor da empresa os custos envolvidos com o absenteísmo,
se possível quantificando juntamente com o perfil epidemiológico por setor, para
notear as ações de investimento necessárias;

Priorizar a prevenção de acidentes de trabalho e /ou doenças ocupacionais com
ações definitivas na melhoria da qualidade de vida do trabalhador. (Ex: Melhorias
ergonômicas)

Palestras Motivacionais, ginástica laboral e dinâmicas com os grupos de trabalhadores
pertinentes aos CIDs de DORT/LER e alterações psicossociais.
Obrigado!!!
Em Deus tenho
posto a minha
confiança; não
temerei o que me
possa fazer o
homem.
Salmos 56:11
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