Modernismo
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)
 O Modernismo teve início com a Semana de Arte
Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo
nos dias 13 a 18 de fevereiro de 1922. Idealizada por um
grupo de artistas, a Semana pretendia colocar a cultura
brasileira a par das corrente de vanguarda do
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a
tomada de consciência da realidade brasileira.
 Ocorreram, durante esse período, exposições de artes
plásticas e saraus com conferências, leituras de
poemas, dança e música.
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)
 A Semana de Arte Moderna, vista isoladamente, não
deveria merecer tanta atenção. Seus participantes não
tinham sequer um projeto artístico comum; unia-os
apenas o sentimento de liberdade de criação e o desejo
de romper com a cultura tradicional. Foi, portanto, um
acontecimento bastante restrito aos meios artísticos,
principalmente de São Paulo.
 Apesar disso, a Semana foi aos poucos ganhando uma
enorme importância histórica.
1. Antecedentes: a Semana de Arte Moderna (1922)
 Primeiramente, porque representou a confluência de várias
tendências de renovação que, empenhadas em combater a
arte tradicional, vinham ocorrendo na cultura brasileira
antes de 1922.
 Em segundo lugar, conseguiu chamar a atenção dos meios
artísticos de todo o país. A partir daí, formaram-se grupos
de artistas e intelectuais que levaram adiante e
aprofundaram o debate acerca da arte moderna.
 Os reflexos da Semana fizeram-se sentir em todo o
decorrer dos anos 1920, atravessaram a década de 1930 e, de
alguma forma, têm relação com a arte que se faz hoje.
1.
Antecedentes:
a Semana de
Arte Moderna
(1922)
O Teatro Municipal de
São Paulo serviu de
palco para o evento que
marcou o início do
Modernismo no Brasil
2. Características gerais do Modernismo
 A busca de uma linguagem brasileira: desprezando o rigor
das regras gramaticais,principalmente aquelas ditadas pela
gramáica lusitana mas distante da realidade brasileira. Os
modernistas aproximaram a linguagem literária da lígua
falada pelo povo brasileiro.
 Nacionalismo crítico: interesse por temas brasileiros,
buscando valorizar nossa tradição e cultura, bem como nosso
passado histórico cultural.
 Ironia, humor, piada, paródia: os modernistas procuravam
ser bem-humorados. Zombavam da arte tradicional e das
figuras eminentes de nosso passado histórico
2. Características gerais do Modernismo
 Temas
extraídos do cotidiano: os modernistas
acreditavam na possibilidade de a arte ser extraída das
coisas simples da vida e não apenas dos grandes temas
universais. A produção modernista promove, assim,
uma dessacralização da arte.
3. A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”
AMARAL, Tarsila do. A feira. 1924. Óleo sobre tela, 46x55 cm
3.1 A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”
 Fase mais radical do movimento: necessidade de




definições
Abandono das perspectivas passadistas e liberdade
formal
Procura do original e do polêmico
Visão nacionalista, porém crítica, da realidade
Defesa da reconstrução da cultura brasileira sobre
bases nacionais: eliminação definitiva do nosso
complexo de colonizados, apegados a valores
estrangeiros.
3.1 A primeira fase do Modernismo (1922-1930): a “fase
heroica”
 Revisão crítica de nosso passado histórico e de nossas
tradições culturais
 Aproximação entre fala e escrita na linguagem.
 Período rico em publicações de obras literárias,
revistas e manifestos.
 Principais poetas: Oswald de Andrade, Mário de
Andrade e Manuel Bandeira.
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
 Oswald
de Andrade,
Tarsila do Amaral e Raul
Bopp lançaram, em 1928,
o mais radical de todos os
movimentos do período: a
Antropofagia. Partidários
de
um
primitivismo
crítico, os antropófagos
propunham a devoração
da cultura estrangeira.
Abapuru (1928), de Tarsila do Amaral.
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
 Contrariamente à xenofobia, os antropófagos não
negavam a cultura estrangeira, mas também não
copiavam nem imitavam. Assim como os índios
canibais devoravam seus inimigos, acreditando que
desse modo assimilariam suas qualidades, os artistas
antropófagos propunham a “devoração simbólica” da
cultura estrangeira, aproveitando suas inovações
artísticas, porém sem a perda da nossa identidade
cultural.
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
“ [...]
Tupi, or not tupi that is the question. […]
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império.
Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos
portugueses. [...]
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca
João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: – Meu filho,
põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a
dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da
Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem
complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de
Pindorama.”
OSWALD DE ANDRADE
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)
3. 2. A antropofagia: a deglutição cultural
“ [...]
Tupi, or not tupi that is the question. […]
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império.
Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos
portugueses. [...]
Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca
João Ramalho fundador de São Paulo.
A nossa independência ainda não foi proclamada. Frase típica de D. João VI: – Meu filho,
põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a
dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da
Fonte.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem
complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de
Pindorama.”
OSWALD DE ANDRADE
Em Piratininga
Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha
(Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)
3. 3. Oswald de Andrade (1890-1954)
 A
obra de Oswald de Andrade
representa um dos cortes mais
profundos do Modernismo brasileiro
em relação à cultura do passado.
Debochada, irônica e crítica, estava
sempre pronta para satirizar os meios
acadêmicos ou a própria burguesia.
 Seu conceito de nacionalismo era
diferente daquele pregado pelos
românticos. Oswald defendia a
valorização de nossas origens, de
nosso passado histórico e cultural,
mas de forma crítica, isto é,
recuperando, parodiando, ironizando
e atualizando a nossa história da
colonização
Oswald de Andrade pintado por Tarsila do Amaral
3. 4. Mário de Andrade (1893-1945)
 A poesia de Mário de Andrade é
marcada pela tentativa do poeta em
romper com as estruturas artísticas do
passado. Mário de Andrade lutou por
uma língua brasileira, que estivesse
mais próxima do falar do povo.
 Com Macunaíma, o herói sem
nenhum caráter, Mário de Andrade
renova a linguagem do herói
brasileiro. Fosse o índio ou o burguês
bem comportado, o herói que aparece
nos romances românticos tinha muito
de irreal e quase nada de nacional.
Macunaíma é uma personagem que se
transforma
a
cada
instante,
assumindo as feições das diferentes
etnias que deram origem ao povo
brasileiro.
Mário de Andrade pintado por Tarsila do Amaral
3. 5. Manuel Bandeira(1886-1968)
 Entre as inúmeras contribuições
deixadas pela poesia de Manuel
Bandeira, duas se destacam: o
seu
papel
decisivo
na
solidificação da poesia de
orientação modernista, com
todas as suas implicações (verso
livre,
linguagem
coloquial,
irreverência, liberdade criadora,
etc.), e o alargamento da lírica
nacional pela sua capacidade de
extrair poesia das coisas
aparentemente
banais
do
cotidiano.
Manuel Bandeira pintado por Portinari (1931)
3. 5. Manuel Bandeira(1886-1968)
 Partindo de temas até então
considerados “baixos” para a
criação da “grande poesia”,
Bandeira criou uma poesia rica
em construção e significado,
apesar de sua aparência quase
prosaica.
 Outro legado é a simplicidade e
o despojamento com que são
trabalhados certos temas, como
a reflexão existencial, a solidão,
o amor, a vida e a natureza.
Manuel Bandeira pintado por Portinari (1931)
Referências bibliográficas
Passagens integralmente retiradas de:
 ABAURRE,
Maria Luiza; PONTARA, Marcela;
CESILA, Juliana Sylvestre. O ensino de Literatura. São
Paulo: Santillana, 2009.
 ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela.
Literatura: tempos, leitores e leituras. 2 ed. São Paulo:
Moderna, 2010.
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a Semana de Arte Moderna (1922)