Encontro presbiteral à luz dos documentos da Igreja
FORMAÇÃO PERMANENTE - CLERO DA PROVÍNCIA
ECLESIÁSTICA DE MONTES CLAROS
30 de julho a 02 de agosto de 2012
Tema: Presbítero à luz da Presbyterorum Ordinis
Pe. Jésus Benedito dos Santos
[email protected]
Questões
1) Ouvindo o povo de Deus, as reclamações e os elogios
sobre os presbíteros, qual modelo de presbítero o povo
quer?
2) Qual o desenho de presbítero da Presbyterorum Ordinis?
3)Em que a novidade trazida pelo Vat. II e os outros
documentos do magistério nos ajudam no alargamento da
compreensão da identidade e missão presbiteral?
4) Que tipo de padre o magistério quer formar?
5) A comunidade é capaz de perceber e aceitar, na
atuação e comportamento pessoal, o presbítero que está
ali para Eles?
Padre von Balthasar
Na década de 60 o Padre von Balthasar já dava
profeticamente uma resposta a polêmica que surgiria
pós-concílio: “O presbítero possui desde o início uma
dupla imagem: por um lado, é um ministério, função,
por outro, é uma vida que deve ser modelo para o
rebanho (1Pd 5,3, 1Tm 4,12). Os dois lados do
presbiterato lutam para encontrar um harmonioso
equilíbrio (a obediência ao bispo é intrinsicamente
necessária, o celibato é extremante oportuno, a
pobreza na forma da generosidade, da casa aberta, do
não apego aos próprios bens devem marcar todo
presbítero e bispo: 1Tm 3,3.8;5,3;6,8; Tt 1,7).
Padre von Balthasar
Se não estou completamente enganado, num
futuro próximo, tentar-se-á dissolver a síntese que
deveria estar sempre presente no presbiterato:
uns irão colocar uma ênfase unilateral no
ministério e na função (o que corresponderia à
qual tendência de funcionalizar o homem vital);
verão no ministério apenas o carisma funcional
entre outros dentro do povo de Deus, conciliável
com o matrimônio e com as profissões mundanas,
a ser exercido conforme as necessidades da
comunidade.
Padre von Balthasar
Estes perderão de vista a conexão com a vocação
peculiar do Evangelho e irão preferir negar sua
existência. Outros irão perceber o chamado e seguir o
Cristo pobre, obediente e celibatário por amor ao reino
de Deus, e irão compreender que assumem o seu
ministério sob o sinal de entrega de sua própria vida
em favor dos irmãos; estes (e somente eles) serão
também no sentido existencial seguidores dos
apóstolos, que nos próprios Pedro e Paulo (Jo 21,18)
puderam se tornar seguidores do Senhor até o fim”
(Vom Ordensstande, in Schweizerrische Kirchenzeitung,
16, 1968
Introdução
Não há renovação na Igreja sem renovação
dos presbíteros. Tal afirmação não é sinal de
mentalidade clerical, mas a verdade,
radicada na estrutura da Igreja querida pelo
Senhor. O Concílio recorda que Cristo mesmo
promoveu alguns dos discípulos "como
ministros, de modo que no seio da sociedade
dos fiéis tivessem a sacra potestade da
ordem para oferecer o sacrifício e perdoar os
pecados" (n. 2).
Visão pré-conciliar
Visão pré-conciliar
Depois de Trento, o presbítero vem
definido essencialmente em função da
Eucaristia: o sacramento da ordem dá
esse poder e o caráter que confere
delegação para esse ofício. Todas as
outras funções exercidas pelo presbítero
não eram especificamente sacerdotais,
encontrava sua raiz na jurisdição.
Visão pré-conciliar
A jurisdição definia a posição
sacerdotal na comunidade eclesial:
o presbítero constituía a hierarquia
com o bispo e o papa, estando em
posição inferior em relação ao
bispo, aparecendo ligado ao bispo
não por um sacramento, mas pela
jurisdição.
Visão pré-conciliar
Os decretos disciplinares do
Concílio de Trento “suscitarão
uma reforma moral e espiritual
dos Presbitérios (daí nascerão os
seminários) e obrigarão também
os párocos a fazer a homilia e o
catecismo” (Sess.24, Cân. 4).
Visão pré-conciliar
Algumas majorações doutrinais caracterização o
discurso pós-tridentino sobre o presbítero – o catecismo
romano para as curas (1566), dito do Concílio de Trento,
ensina assim que eles são chamados com toda
propriedade não somente anjos mas até mesmo deuses
porque representam junto a nós a potência e a
majestade do Deus imortal. Influenciado pelos clérigos
regulares e pela escola francesa de espiritualidade, o
clero pós-tridentino caracteriza-se por uma sólida
piedade e um grande zelo pastoral, segundo um modelo
que se perpetua até o Concílio Vaticano II.
Concílio Vaticano II
A partir do século XIX, com a doutrina social da Igreja
Católica, especificamente, com a publicação da
encíclica “Rerum Novarum” (1891) pelo Papa Leão XIII,
inicia-se uma nova era de revisão e estruturação da
função social do presbítero católico, sobretudo com
acento no social e político, que vai culminar no Concílio
Vaticano II (1961-1965), convocado por João XXIII, com
o objetivo de promover o incremento da fé católica,
uma saudável renovação dos costumes do povo cristão
e adaptar a disciplina eclesiástica às condições dos
tempos atuais. Tal evolução desemboca-se no Concílio
Vaticano II (1962-1965).
Concílio Vaticano II
Um dos mais conhecidos documentos conciliares
é a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes” sobre
a Igreja no mundo atual. Entre várias renovações,
este concílio reformou a liturgia, a constituição e a
pastoral da Igreja, que passou a ser alicerçada na
igual dignidade de todos os fiéis e a ser mais
voltada para o mundo, clarificou a relação entre a
revelação divina e a tradição, e impulsionou a
liberdade religiosa, o ecumenismo e o apostolado
dos leigos.
Concílio Vaticano II
A era do Concílio Vaticano II
ficou conhecida como a
“Primavera da Igreja”, havendo
um convite para a revisão, a
renovação e a estruturação da
função do presbítero católico.
Presbyterorum Ordinis
Presbíteros novos para uma Igreja
realmente nova. Esse foi o espírito de
fundo que orientou o Concílio Vaticano
II quando se tratou de redefinir o
ministério presbiteral, à luz dos
horizontes abertos do Concílio. O fruto
da reflexão conciliar se condensou no
Decreto Presbyterorum Ordinis.
Presbyterorum Ordinis
Promulgado em 7 de dezembro de
1965, à vigília do encerramento do
Concílio, depois de um amplo debate, o
decreto conciliar sobre o ministério e a
vida sacerdotal, Presbyterorum Ordinis,
retoma a linha do Concílio. Alguns
aspectos merecem destaques para uma
melhor compreensão do decreto.
Presbyterorum Ordinis
1) Aspecto
Modelo apostólico do
presbítero, ou seja, a essencial
colocação da missão pastoral
do presbítero, unida à missão
apostólica que Cristo confiou
de modo particular aos
apóstolos: participando, a seu
modo, do múnus dos
apóstolos...missionaridade (2)
Presbyterorum Ordinis
2) Aspecto
Prioridade ao anúncio da palavra
de Deus: os presbíteros, como
cooperadores dos bispos, têm,
como primeiro dever, anunciar a
todos o Evangelho de Deus (4). O
presbítero, na qualidade de
educador da fé, tem o dever de
fazer com que cada fiel seja
ajudado a desenvolver a própria
vocação específica segundo o
evangelho (6)
Presbyterorum Ordinis
Desde antes de 1965
começou a desenvolver-se
o chamado movimento
bíblico católico, que, no
início, consistia numa
iniciativa mais carismática
do que institucional,
procurando: distribuir a
Bíblia, apresentar a
mensagem divina,
valorizar a interpretação
da S.E.
Muitos pastores
e fieis viam com
reserva essa
questão, pois o
uso e o estudo
bíblico era um
patrimônio das
Igrejas
Protestantes e
Evangélicas
Presbyterorum Ordinis
3) Aspecto
O concílio colocou a base numa
correta relação entre a
dimensão cristológica e
eclesiológica do ministério
ordenado – enquanto a teologia
precedente o limitava somente
na relação com Cristo, o Vat. II
abriu o caminho para,
colocando junto de Cristo e da
Igreja (PO 10-12, PDV 12-18)
Presbyterorum Ordinis
4) Aspecto
Tirou o ministério ordenado do
isolamento individualista no
qual era considerado antes,
recuperando o valor basilar do
sacerdócio comum, o
presbitério, a colegialidade
episcopal – relação individual
e comunitária do presbítero –
Algo muito valorizado João
Paulo II (PDV, 17 – PO 7-9)
Presbyterorum Ordinis
5) Aspecto
Fez uma releitura em chave
missionária da teologia inteira da
Ordem, tratando da relação entre
culto e apostolado de modo
unitário – em tensão com a
acentuação do dever cultual
própria da imposição precedente
consagrada pelo Concílio
Tridentino – buscando harmonizar
ordem e jurisdição (PO 9-10; PDV
11-18).
Presbyterorum Ordinis
6) Aspecto
Evidenciou a
descontinuidade na
relação sacerdócio
veterotestamentário e
sacerdócio
neotestamentário (PDV
13;15;21; PO 2;12)
Comentário
A igreja, no Vat. II, considerou insatisfatória a resposta
de Trento sobre a identidade do presbítero. Mas
também devemos nos livrar do dilema protestante se
quisermos saber quem é o presbítero. Se utilizarmos o
método teologia “de baixo”, partindo do conceito
antropológico de “sacerdote”, será inevitável considerar
que o conceito de sacerdócio está carregado de
conotações pagãs, não compatíveis com a teologia
cristã. Se partimos “do alto”, ou seja da pessoa de
Jesus, não há como negar que toda sua vida está
marcada por uma entrega ao Pai. Jesus é um sacerdote
diferente, ele oferece a si mesmo.
Comentário
Este é um paradoxo que transforma totalmente, ou melhor,
destrói a ideia de sacerdócio do passado. O sacerdócio de
Cristo é novo, único e supera todos os outros da história.
Nem Jesus, nem o NT utilizam a categoria “sacerdote” para
designar os seus ministros, mas apóstolos, presbíteros,
diáconos, profetas. Apóstolo é uma pessoa-símbolo,
sacramento, ícone, “quem vos recebe a mim recebe (Lc
10,16), englobando toda a riqueza do ministério
(sacerdote, profeta e rei) – esta compreensão joga por
terra toda a tentação clerical-triunfalista do antigo modelo
tridentino, mas também reducionista e meramente
funcionalista e igualitário de matriz protestante.
Presbyterorum Ordinis
7) Aspecto
Fez que derivassem
do ministério as
exigências da vida
espiritual e não viceversa - Santidade
(PO 12-18; PDV 1934)
Presbyterorum Ordinis
8) Aspecto
Na ordem clássica de enumeração das funções
sacerdotais coloca-se em primeiro lugar o
ministério de santificação dos fiéis por meio dos
sacramentos, depois anúncio do Evangelho e,
enfim, à guia da comunidade cristã. A Eucaristia
é fonte e ápice de toda evangelização, que
começa com o anúncio do Evangelho. Do
ministério do sacrifício eucarístico, centro e raiz
de toda a vida do presbítero (14), deriva a própria
força e a própria eficácia do sacrifício de Cristo
(2), no qual os sacerdotes exercem sua principal
função (13). Tudo isso demonstra que a missão
do presbítero, como da Igreja, compreende a
Eucaristia e que a Eucaristia completa e leva ao
fim toda a obra missionária.
Livro de Espiritualidade
presbiteral
Na questão da espiritualidade do
presbítero católico, antes o que dava
sustentação era a meditação da vida dos
santos, hoje o elemento estruturante está
sendo a lectio divina. A reflexão diária da
Palavra de Deus reaviva no ser humano a
fé, renovando as motivações profundas
do seu ministério – Leem todos os dias a
palavra de Deus (13).
Questões
1 - Como tenho articulado em minha vida o
meu ser (identidade) e o meu agir
(apostolado)?
2 – Em que a novidade trazida pelo Vat. II e
os outros documentos do magistério nos
ajudam no alargamento da compreensão
da identidade e missão presbiteral?
Presbyterorum Ordinis
O Concílio começou a refletir sobre a
teologia do presbiterado quando
percebeu a sua inadequação em
relação à renovada doutrina do
episcopado. Era difícil unir a ideia
“ministerial” e “missionária” do bispo,
delineada pela Lumen Gentium com a
ideia “sacra” e “cultual” de presbítero
herdada da tradição tridentina.
Presbyterorum Ordinis
Segundo a visão sacra existe um
sacerdócio visível do NT
sacramentalmente. Esse sacerdócio é
transmitido mediante o sacramento da
Ordem e um dos efeitos é o sinal
indelével do caráter. Com a Ordem se é
incorporado à estrutura hierárquica do
oficio sacerdotal, que nunca poderá ser
eliminada.
Presbyterorum Ordinis
O Concílio conseguiu plasmar uma
figura de presbítero “ministerial” e
“missionário”, no interior do qual se
colhe elementos mais tradicionais,
fazendo uma leitura crítica, o enquadra
numa perspectiva global da qual
emergem um entrelaçamento ao
mesmo tempo eclesiológico e
cristológico.
Presbyterorum Ordinis
O Concílio procurou oferecer
uma leitura convincente da
escritura e da tradição – com o
consequente retorno às origens
e às fontes – apresentando uma
teologia harmoniosa, rica e útil
sobre o presbítero
Presbyterorum Ordinis
Pela análise dos textos conciliares,
parece que o Concílio desenvolveria
a doutrina sobre o presbítero em
relação à eclesiologia e não à
cristologia. Isto se deu por haver
uma elaboração mais estática da
cristologia com uma elaboração
mais dinâmica da eclesiologia.
Presbyterorum Ordinis
Percebe-se que dos leigos se
estudou a missão na Igreja e no
mundo sobre as bases do batismo;
dos bispos se afirmou o papel
missionário e garantia da
comunhão eclesial sobre as bases
da sacramentalidade do
episcopado. E dos presbíteros?
Presbyterorum Ordinis
No renovado quadro eclesiológicomissionário, observou-se a inadequação
da velha teologia do presbiterado e ela
foi reformulada colocando à luz os
estímulos provenientes da renovada
eclesiologia. Assim, foi em relação à
eclesiologia e não à cristologia que o
Concílio desenvolveu a doutrina sobre o
presbítero.
Presbyterorum Ordinis
Ao tratar o sacerdócio, o Concílio de
Trento partia da perspectiva sacramentalsacrifical: da Eucaristia à Ordem. O Vat. II,
sem negar Trento, coloca a doutrina num
contexto mais amplo: o ponto de partida é
missionário-eclesial: da missão da Igreja à
Ordem. Esta é a novidade sobre o
“presbítero”, a recolocação no âmbito da
missão de toda Igreja.
Presbyterorum Ordinis
Também se atribui aos presbíteros a
representação do Cristo-Cabeça (PO,
2 § “c” 6 § “a” 12 § “a”), ideia nova
acerca deles e que o Vaticano II
nunca estende aos bispos, sem que
se veja se esta representação de
Cristo é permanente na pessoa deles
ou no exercício de seu ministério.
Presbyterorum ordinis
Presbyterorum ordinis
centra na caridade pastoral
o ministério presbiteral, por
isso, ela se configura a
alma e a forma da pastoral
presbiteral.
Presbyterorum ordinis
Essa caridade pastoral é o eixo
para o agir do presbítero, que se
torna, por meio dela,
instrumento do Espírito na
história e, a exemplo de Jesus,
homem consagrado ao povo que
lhe é confiado.
Considerações
Os “impulsos mais fecundos acerca dos
presbíteros não provêm do documento
Presbyterorum Ordinis, decreto mais
centrado na espiritualidade do que na
dogmática, e onde estão justapostos
sem retomada crítica alguns teologúmenos bastante heterogêneos”
(LACOSTE, 2004, p.1427).
Considerações
A ordenação ali é concebida de modo
predominante como consagração para a
missão. O conceito de presbítero que domina
intencionalmente nos textos definitivos do
documento se articula a de sacerdócio. O
termo presbítero e sacerdote não é preciso
não é bem posto em relação com as duas
outras funções que cabem aos presbíteros, o
ministério da palavra e a direção do povo de
Deus.
Considerações
A novidade do Vat. II consiste em ter
invocado para o para o presbítero
uma identidade sacramental, que
expressa o vínculo “ontológico” que a
ordenação estabelece entre o
presbítero e Cristo, e,
consequentemente, entre o
presbítero e o bispo.
Considerações
Houve uma superação da compreensão
de que a ordenação conferia o ministério
do culto e jurisdição os deveres de
pregação e guia pastoral, os quais não
faziam parte da essência do sacerdócio.
Em termos mais simples: do sacramento
da ordem provinha o ministério litúrgico,
enquanto pelo direito, o ministério do
magistério e pastoral.
Considerações
O Vat. II falando do ministério presbiteral faz a
união dos três dimensões: profeta, sacerdote e
rei. Também não impõem o presbítero como
uma dignidade superior em relação ao povo de
Deus, mas como serviço a este, o irmão estre
os irmãos (PO,9). Tal aspecto torna-se
teologicamente possível pelo resgate do
conceito de presbítero em relação à Igreja e
esclarecimento da relação entre ministério
sacerdotal e sacerdócio comum.
Considerações
Há uma transferência
da dimensão sacrifício
e da santificação para
o da palavra e da
regência.
Considerações
O resgate da colegialidade presbiteral está
fundamentada na redescoberta do ensinamento
dos padres, o renovado interesse pelas fontes
bíblicas e certo retorno à Igreja primitiva. Tudo isso
contribuíram para o despertar da colegialidade,
colocando em evidência o conceito de comunhão
que andava esquecido. Isto contribuiu para uma
visão biblicamente fundada da doutrina do
presbiterato (Comunhão apostólica e envio de
Cristo)
Considerações
O sacramento da Ordem põe o presbítero
no colégio presbiteral, para exercer, não
individualmente, mas colegialmente, o
ministério da evangelização e da ação
pastoral na sua Igreja Particular. Antes de
uma relação com a comunidade ele está
marcado pela relação com os irmãos no
presbitério, com o bispo e demais
presbíteros daquela Igreja particular.
Considerações
A fraternidade sacramental dos presbíteros não
nasce da necessidade psicológica ou funcional,
mas tem sólidos fundamentos na Palavra de
Deus e na teologia dos sacramentos e se insere
plenamente no tema da caridade e da
comunhão (Vat II – a colegialidade está em
todos os níveis da Igreja, como na forma dos
conselhos paroquias, conselhos diocesanos,
sínodos diocesanos, sínodos episcopais e
conselhos presbiterais, entre outros).
Considerações
O Vaticano II recorda "a todos a alta
dignidade da ordem dos presbíteros"
(n. 1), mas, por outro lado, ensina
que os presbíteros não "caem do
céu", mas são provenientes da
comunidade de fiéis e "vivem no
meio dos outros homens como
irmãos no meio dos irmãos" (n. 3).
Considerações
O Decreto Presbyterorum
Ordinis indica os três deveres
fundamentais dos presbíteros:
proclamar a palavra de Deus,
celebrar os sacramentos, e
exercer o ministério da caridade.
Considerações
O sacerdote deve recordar que a sua
tarefa "não é ensinar uma sabedoria
própria, mas ensinar a palavra de Deus"
(n. 4). Todavia, tal ensinamento não
consiste em repetir automaticamente as
mesmas fórmulas, mas no "aplicar a
perene verdade do Evangelho às
circunstâncias concretas da vida" (n. 4).
Questões
1 – Que tipo de padre o magistério quer formar?
2 - Quais valores foram colocados mais em
destaquem?
3 – Em que essa visão do magistério, nos
documentos, nos ajudam no alargamento da
compreensão da identidade e missão presbiteral?
Optatam Totius
O decreto coloca a formação dos presbíteros
no contexto amplo da eclesiologia do
Vaticano II, em particular nas três
características: a comunhão, o ministério e a
missão. O presbítero torna-se sinal de uma
missão para a comunhão e de uma
comunhão para a missão. A formação dos
futuros presbíteros é baseada sobre uma
profunda pedagogia de comunhão que
encontra sua fonte no amor pela Igreja.
Optatam Totius
Segundo o documento, o presbítero, sinal
universal de salvação e sacramento para
o mundo, não existe por si mesmo, mas
no mundo e para o mundo. O objetivo do
seminário é a formação de uma
autêntica personalidade presbiteral, na
qual a evangelização se enraíze no
sacramento da Ordem e penetre, assim,
na essência do presbiterato.
Optatam Totius
No decreto OT, a missão tem uma relevância
formativa enorme. Procurando conformar os
futuros presbíteros a Cristo Pastor, dá à formação
um sentido pastoral e missionário. O que se visa,
é também um presbítero que tenha um modo
verdadeiro e crítico de relacionar-se com os
outros, tenho conhecimento da mentalidade
moderna, seja capacitado para o diálogo do seu
tempo (11), saiba buscar soluções dos problemas
humanos à luz da fé, anunciando as verdades
eterna de modo convincente (16)
Considerações
Na última década, isto é, 80-90, o debate, sobretudo
de Schillebeeckx, com suas teses sobre o direito das
comunidades cristãs à Eucaristia. Surgiram reações
de teólogos e exegetas como (Kasper -1975, Grelot –
1982, Vanhoye -1983) mostrando as lacunas e
afirmações forçadas, além da ausência da dimensão
cristológica. Nessa mesma década, foram publicados
estudos sistemáticos de Dianich (1985) e Greshake
(1995) que prestigiavam, respectivamente, e não de
maneira unilateral, a perspectiva eclesiológica e a
cristológica.
Considerações
Com a retomada dos fundamentos
teológicos da espiritualidade do
ministério ordenado na nesta
mesma década, o interesse
renasceu, particularmente com o
Sínodo dos Bispos em 1990, dando
origem a Pastores Dabo Vobis,
1992.
Considerações
Mas, se com a Pastores Dabo
Vobis deu-se por encerrada a
questão, as questões sobre à
espiritualidade, à formação dos
seminaristas e formação
permanente dos presbíteros
continuam em aberto.
Considerações
Não existe cristologia sem doutrina da trindade
e não existe eclesiologia sem abertura
missionária da Igreja. O ser da Igreja é original e
imediatamente missão. A Igreja é sacramento
de salvação enquanto é sacramento de
unidade. “Evangelizar constitui, de fato, a graça
e a vocação da igreja, a sua mais profunda
identidade” (EN, 1976 – Paulo VI); “renovado
impulso na atividade missionária da Igreja”
(RM,30, 1990 – João Paulo II)
Considerações
Continuam ainda válidas as linhas propostas
pelos decretos conciliares, o Optatam totius,
sobre a formação sacerdotal; e o
Presbyterorum Ordinis, sobre o ministério e a
vida presbiteral, ambos de 1965, que se
coligam a Ratio fundamentalis institutionis
sacerdotalis, de 1985, e a Pastores dabo
vobis de 1992, de João Paulo II, e outros
documentos do papa, das congregações
romanas e dos bispos brasileiros.
Sínodo de 1971 e 1990
Tais questões foram objeto de dois sínodos
episcopais que trataram diretamente da
questão segundo grau da Ordem, em
particular o de 1971 (Ultimis temporibus de
sacerdotio ministeriali – 1971- Paulo VI pediu
que publicasse tal como foi elaborado pelo
Sínodo dos bispos), e o de 1990 sobre o
ministério presbiteral (Pastores dabo vobis –
1992 – João Paulo II).
Sínodo de 1971
Existe dois polos de discussão que o Sínodo de 1971
procurou trabalhar, o primeiro privilegiando
exclusivamente o aspecto eclesiológico, apontando
para uma visão funcional do ministério e tende a
apresentá-lo como determinação da comunidade, e
portanto fechado nas potencialidades do sacerdócio
comum. Em oposição, o segundo polo, que privilegia
o aspecto cristológico, insiste sobre a dimensão
ontológica do sacerdócio e sobre a sua função
mediadora diante dos fieis (sacerdócio ministerial e
ministério sacerdotal)
Sínodo de 1971
Tanto um quanto outro documento
buscam recuperar do ponto de vista
doutrinal a identidade do presbítero
católico, sob o modelo clássico, isto
é, cristológico. Há um reforço da
identidade cristológica em 1971 em
detrimento da identidade eclesial
do presbítero.
Pastores dabo vobis 1992
Documento pós-sinodal, é original pela contínua
citação dos textos conciliares (64 citações), do
sínodo sobre o sacerdócio ministerial (1971),
das cartas apostólicas sobre a renovação dos
seminário (de institutione in seminariis
tradenda, 1963), da carta encíclica (de
sacerdotali caelibatu, 1967) e outro
documentos da Cúria Romana. Pode se ver a
originalidade também na impostação e no estilo
bíblico. No conteúdo tem um tom agostiniano.
Pastores dabo vobis 1992
O documento é definido como suma na qual
se encontram considerações sobre todos os
aspectos importantes que dizem respeito à
formação sacerdotal: avaliação das
circunstâncias atuais (cap. 1), natureza e
missão do sacerdócio ministerial (cap. 2),
vida espiritual do sacerdote (cap. 3), pastoral
vocacional (cap. 4), formação para o
sacerdócio (cap. 5), e formação permanente
(cap. VI).
Pastores dabo vobis 1992
A caridade pastoral é o ponto de
referência precioso de todo o
documento. Constitui, portanto,
a absoluta originalidade e o
tema central de toda a
problemática sacerdotal (23).
Pastores dabo vobis 1992
O termo caridade pastoral é antigo na
Igreja. Encontra-se em Santo Agostinho,
São Gregório Magno e, em tempos mais
recentes, São Francisco de Sales,
entendida como a alma de todo o
apostolado, ou seja, como
espiritualidade esponsal que nasce de
um forte amor por Cristo e por sua
Igreja.
Pastores dabo vobis 1992
O texto da exortação recorda que
a caridade pastoral nos ajuda a
superar a famosa distinção entre
espiritualidade e apostolado, dois
termos que a tradição nos
transmitiu unidos, como um
implicação recíproca (22)
Pastores dabo vobis 1992
A união com Cristo Bom Pastor abarca por
completo e toda de uma vem na missão
pastoral, que é parte constitutiva da
personalidade do presbítero: “a missão dos
apóstolos não é deles, mas a mesma de
Jesus Cristo” (14), “ministério do qual o
presbítero é dispensador, é, em definitivo,
Jesus Cristo mesmo” (24). Trata-se de uma
graça de unidade que torna impossível dividir
no presbítero o “ser” e o “agir” (70).
Pastores dabo vobis 1992
A caridade pastoral significa ter o
coração de Jesus: “formar os
futuros sacerdotes na
espiritualidade do coração do
Senhor implica em levar uma vida
que corresponda ao amor e ao
afeto de Cristo Sacerdote e Bom
Pastor” (49)
Considerações
A pista a ser seguida para pensar o presbítero
é está na integração: "A identidade sacerdotal
- escreveram os Padres Sinodais - como toda
e qualquer identidade cristã, encontra na
Santíssima Trindade a sua própria fonte", que
se revela e autocomunica aos homens em
Cristo, constituindo nele e por meio do
Espírito a Igreja como "gérmen e início do
Reino" (PDV,12)
Considerações
Por isso o presbítero encontra a verdade plena da sua
identidade no facto de ser uma derivação, uma
participação específica e uma continuação do próprio
Cristo sumo e único Sacerdote da nova e eterna
Aliança: ele é uma imagem viva e transparente de
Cristo Sacerdote . O sacerdócio de Cristo, expressão da
sua absoluta "novidade" na história da salvação,
constitui a fonte única e o insubstituível paradigma do
sacerdócio do cristão, e, especialmente, do presbítero.
A referência a Cristo é, então, a chave absolutamente
necessária para a compreensão das realidades
sacerdotais (PDV, 12)
Considerações
O presbítero é ao mesmo tempo um
consagrado e um enviado: consagração e
missão fazem parte do mesmo carisma. O
autor da Carta aos Hebreus usa uma frase da
qual a PO (3) se apoia: “Os presbíteros,
tirados dentre os homens e constituídos a
favor dos homens nas coisas que se referem
a Deus, para oferecerem dons e sacrifícios
pelos pecados, convivem fraternalmente com
os restantes homens”.
Considerações
Paulo VI destacou muitas vezes a dimensão
comunitária e social do sacerdócio, afirmando que
um sacerdote não pertence mais a si mesmo e
que sua vida espiritual está condicionada à
comunhão com os irmãos, aos quais direciona o
seu ministério: ele está a sua disposição e a seu
serviço: “o sacerdócio não é para aquele a quem
é conferido, não é uma dignidade pessoal, não é
fim em si mesmo. O sacerdócio é ministério, é
serviço, é mediação entre Deus e o próximo”
(mensagem aos sacerdotes, 1975)
Considerações
Todos nós, portanto, enquanto Pastores, somos convidados a
tomar consciência, mais do que qualquer outro membro da
Igreja, deste dever. Aquilo que constitui a singularidade do
nosso serviço sacerdotal, aquilo que dá unidade profunda às
mil e uma tarefas que nos solicitam ao longo do dia e da
nossa vida, aquilo, enfim, que confere às nossas actividades
uma nota específica, é essa finalidade presente em todo o
nosso agir: "anunciar o Evangelho de Deus". Está nisto um
traço bem vincado da nossa identidade, que dúvida alguma
jamais haveria de fazer desvanecer, que nunca objecção
alguma deveria eclipsar (Paulo VI, 68). Diante de um mundo
sempre mais secularizado e descritianizado, o papa sente a
necessidade de chamar toda a Igreja ao dever da
evangelização.
Considerações
João Paulo II, na Redemptoris missio, dedicase ao exame da validade permanente do
mando missionário, num período em que a “
missão ad gentes parece estar numa fase de
afrouxamento” (2). Daqui deriva a relação
entre a vida presbiteral e a missão, ficando
clara a dimensão missionária do presbítero.
Todos os presbíteros devem ter no coração a
mentalidade missionária(2)
Considerações
O que caracteriza e unifica o ser do
presbítero (identidade) e seu agir
(espiritualidade) é a caridade pastoral,
do qual deriva a decisão de dedicar-se
à missão, ao ponto de ter as mãos e
os pés amarrados pelo Espírito, a
serviço e vantagem do que é útil a
muitos, de modo que sejam salvos
Considerações
O dever dos presbíteros, na qualidade de servidores
e testemunhas de Jesus Cristo na Igreja e no mundo,
é um dever missionário. A consagração é para a
missão. Como sublinha o Concílio, "o dom espiritual
que os presbíteros receberam na ordenação não os
prepara para uma missão limitada e restrita, mas,
pelo contrário, para uma imensa e universal missão
de salvação até aos últimos confins da terra, dado
que todo e qualquer ministério sacerdotal participa
da mesma amplitude universal da missão confiada
por Cristo aos Apóstolos" (PDV, 18)
Considerações
Duas questões a ser
respondida pelo Vat. II e os
outros documentos (OT, Sínodo
de 71 e PDV)
1) Quem é o presbítero?
2) Para que ele existe?
Questões
1 - Como tenho articulado em minha vida o
meu ser (identidade) e o meu agir
(apostolado)?
2 – Em que a novidade trazida pelo Vat. II e
os outros documentos do magistério nos
ajudam no alargamento da compreensão
da identidade e missão presbiteral?
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Formação presbiteral à luz dos documentos da CNBB