CONCEITOS BÁSICOS DA PSICANÁLISE PANORAMA E CONTRIBUIÇÃO FREUDIANA Psicanálise Sigmund Schlomo Freud (Příbor, 1856 — Londres, 1939) foi um neurologista judeu-austríaco. Estágios psicossexuais influenciados pela maturação. 2 Teorias Psicanalíticas 3 Suposição central de que o comportamento é governado por processos tanto conscientes como inconscientes. Personalidade tem uma estrutura que se desenvolve com o tempo (até 5/6 anos). O desenvolvimento é constituído por estágios, elemento interativo é central. 4 O Freud Museum, situado em Hampstead, Londres, é um museu biográfico aberto na última casa onde Freud morou até sua morte. Museu Freud- Londres 5 Fala-se correntemente de duas tópicas freudianas, sendo a primeira aquela em a disposição principal é feita entre Inconsciente, Pré-consciente e Consciente, e a segunda a que distingue três instâncias: o Id, o Ego e o Superego. Ponto de vista dinâmico 6 De acordo com a teoria estrutural da mente, o id, o ego e o superego funcionam em diferentes níveis de consciência. Teoria Estrutural Modelo Dinâmico da Personalidade S U E P E consciência G R inconsciente O I D E G O Aparelho psíquico: Teoria Estrutural 8 ID EGO SUPEREGO • herdado • sede dos impulsos • mediador • atenção, consciência, memória, afeto... • consciência , julgamento, ideal do eu • herança cultural Teoria Dinâmica 9 Consciente Pré-consciente Inconsciente Psicanálise e crianças 10 Desde Freud se acredita que as patologias são “resíduos inadaptativos da experiência infantil”- modos de funcionamento mental primitivos em termos desenvolvimentistas” (FONAGY, 2007,p.143) Todas as teorias psicanalíticas reconhecem o ponto de vista desenvolvimentista. Psicanálise e crianças 11 Recentes estudos longitudinais confirmam que a patologia do adulto tem início na infância. 75% dos indivíduos afetados tiveram problema diagnosticável na infância (KIM-COHEN et al., 2003 apud FONAGY, 2007). Panorama Das Teorias 12 Freud via a patologia como resultado de trauma no desenvolvimento, com enfoque maturacional. Fracasso do aparelho mental da criança em lidar com a demanda pulsional predeterminada de amadurecimento. Panorama Das Teorias 13 Freud deu significado à doença mental ligando-a a experiências infantis. Uma de suas grandes contribuições foi o reconhecimento da sexualidade infantil. Mostrou também a grande influencia do ambiente social no desenvolvimento humano. Panorama Das Teorias 14 A Teoria Estrutural da personalidade teve grande influencia nas concepções da psicopatologia. Nas teorias psicanalíticas a noção de conflito está implícita no desenvolvimento normal. A vida humana esta determinada pela luta com as pulsões e o mal estar gerado pelo processo civilizatório. REPRESSÃO 15 •expresso impulso •reprimido •ansiedade reprimido •sintoma Panorama Das Teorias 16 “Não há como fugir à fraqueza, à agressividade e à destrutividade humanas, e a vida é uma luta constante contra a reativação de conflitos infantis” (FONAGY, 2007, p.147). CONTRIBUIÇÕES DE ANA FREUD 17 Freud foi o primeiro a identificar os mecanismos de defesa, mas se ocupou quase que exclusivamente da repressão. Ana Freud (1895-1982) foi quem descreveu nove mecanismos de defesa específicos. MECANISMOS DE DEFESA 18 Podem ser divididos em três grupos: os mecanismos mais primitivos que se manifestam nas psicoses e nos transtornos de personalidade; os mecanismos neuróticos que se manifestam nas neuroses, nos atos falhos e na formação dos sonhos; os mecanismos ou defesas maduras, que são os mais adaptativos. MECANISMOS DE DEFESA 19 neuróticos • repressão, deslocamento, formação reativa • isolamento, anulação, somatização, conversão. primitivos • dissociação, identificação projetiva • introjeção, negação maduros • supressão, altruísmo • sublimação, humor. Os mecanismos neuróticos ( GABBARD, 1990) 20 1.Repressão: opera inconscientemente expulsando desejos, sentimentos ou fantasias da percepção consciente. Esta presente em todas as neuroses, e é o principal na neurose histérica, e em menor intensidade na personalidade histérica. 2.Deslocamento: processo inconsciente pelo qual sentimentos se transferem de uma fonte à outra; é o principal mecanismo na formação das fobias, sendo responsável pelo fenômeno da transferência e o disfarce dos sonhos. Os mecanismos neuróticos ( GABBARD, 1990) 21 3.Formação Reativa: se caracteriza pelo desvio de um desejo ou impulso inaceitável, adotando-se um traço de caráter oposto. É encontrada no TOC e no transtorno de personalidade obsessivo-compulsivo. 4.Isolamento do Afeto: este mecanismo dissocia o afeto da ideação, é também comum em pacientes obsessivo-compulsivos; o isolamento frequentemente esta associado à intelectualização, que ajuda evitar o afeto. Os mecanismos neuróticos ( GABBARD, 1990) 22 5.Anulação: baseia-se no pensamento mágico, é uma ação simbólica realizada com o objetivo de anular um pensamento ou uma ação inaceitável.Também é característico dos pacientes obsessivo-compulsivos. 6.Somatização: envolve a transferência de sentimentos dolorosos para as partes do corpo, é típica dos hipocondríacos. Os mecanismos neuróticos ( GABBARD, 1990) 23 7.Conversão: este mecanismo se caracteriza pela representação de um conflito psíquico em termos físicos, é mais comum na histeria. DEFESAS MADURAS (VAILLANT,1977) 24 1.Supressão: expulsão consciente de sentimentos e pensamentos inaceitáveis da mente. 2.Altruísmo: subordinação de nossas necessidades e interesses aos dos outros. 3.Sublimação: processo inconsciente pelo qual impulsos inaceitáveis são canalizados para alternativas socialmente aceitas. 4.Humor: capacidade de fazer graça de si mesmo ou divertir-se com situações adversas. Mecanismos de Defesa Primitivos 25 1. Dissociação: processo inconsciente que separa ativamente sentimentos, representações do self, ou representações objetais contraditórias. É nos estágios iniciais de vida um importante organizador da experiência, sendo secundariamente elaborado como uma defesa patológica (Ogden-1986), sendo uma causa fundamental da fragilidade do ego. Mecanismos de Defesa Primitivos 26 2.Identificação Projetiva: processo em três etapas no qual aspectos do individuo são renegados e atribuídos a outra pessoa. 3.Introjeção: processo inconsciente pelo qual um objeto é simbolicamente introduzido e assimilado como parte do indivíduo. Pode suceder a uma identificação projetiva, ou ocorrer independentemente como inverso da projeção. Mecanismos de Defesa Primitivos 27 4.Negação: é uma rejeição direta a um dado sensorial traumático (defesa contra o mundo externo). FONTE: GABBARD, G. Psiquiatria Psicodinâmica. Porto Alegre : Artmed, 1998. Contribuições da Escola Inglesa 28 A teoria de Melanie Klein combina o modelo estrutural com um modelo de desenvolvimento baseado nas relações objetais. Os conceitos de posição depressiva e esquizoparanóide influenciaram muito a clínica. Klein atribuía consciência da mente ao bebê, o que hoje sabemos ser improvável até pelo menos o segundo ano de idade (BARON-COHEN et al, 2000, apud FONAGY, 2007). Contribuições da Escola Inglesa 29 Pesquisas mostraram que o relacionamento inicial com o cuidador é critico para o desenvolvimento. Muitas evidencias comprovam as idéias de Winnicott de que os bebes se orientam desde cedo pelas pessoas e sua expressões faciais. Contribuições da Escola Inglesa 30 Contudo a pesquisa não sustenta sua preocupação exclusiva com o relacionamento mãe - bebe como etiologia das doenças mentais, pois esta provado a importância da genética nos transtornos mentais graves. Freud valorizou muito os fatores constitucionais e a genética no desenvolvimento. ESTÁGIOS PSICOSSEXUAIS SIGMUND FREUD Desenvolvimento da Personalidade 32 Estágios ou Fases Psicossexuais: oral, anal, fálica, latência, adolescência. Progressão, Fixação,Regressão FASE LIBIDINAL 33 Etapa do desenvolvimento caracterizada por uma organização da libido sob o primado de uma zona erógena e pela predominância de uma modalidade de relação de objeto. Entre 1913 e 1923 é aperfeiçoada esta noção com a introdução das fases pré-genitais: oral, anal e fálica. FASE ORAL (1º. Ano) 34 Trauma do nascimento, separação Mecanismos de introjeção e projeção Satisfação oral por apoio a nutrição Não distinção eu-outro, etapa de sucção e sádica Caráter oral passivo e oral sádico FASE ORAL (1º. Ano) 35 Libido centrada nas necessidades nutricionais, mas também obtenção de prazer oral. Necessidades de calor e contato humano são base para relações posteriores. Libido á princípio é narcísica (bebê e seio são um só). FASE ORAL (1º. Ano) 36 Nos primeiros meses as relações são de objeto parcial, somente por volta de seis meses mãe é percebida como objeto total. Relação com a mãe é o protótipo de suas relações futuras com o mundo. Se a relação é adequada o ego se fortalece e aumenta a auto- estima, criança torna-se apta a enfrentar novas demandas; se não podem ocorrer comportamento. fixações em padrões orais de Caráter Oral 37 É aquele cujo padrão de adaptação contém importantes elementos de fixações orais. Caráter Oral Receptivo: se houve suficiente gratificação o sujeito é otimista e confiante, mas pode tender a passividade e inatividade. Se houve excessiva frustração pode ser pessimista e ressentido, sendo excessivamente dependente ou isolado. Caráter Oral 38 Caráter Oral Agressivo: tendência à odiar e destruir, ter ciúmes da atenção que outros recebem, nunca esta satisfeito, tende a ser espoliador e vingativo. O caráter do adulto é produto não somente das fixações orais, mas também das fases seguintes. As formas particulares de caracteres orais dependem da proporção de sublimações e formações reativas no manejo dos impulsos orais. FASE ANAL (2 – 3 anos) 39 Aquisição esperada: autocontrole, mais autonomia. Etapa expulsiva e retentiva, controle esfincteriano. Angústia objetiva (desaprovação); internalização (superego). Caráter anal: ordem, parcimônia; controle,rigidez. FASE ANAL (2 – 3 anos) 40 Libido concentrada na região anal, prazer na retenção e expulsão das fezes, além da valorização social destas atividades. Aprendizado do controle esfincteriano até 3 anos. Fase Anal Expulsiva: fezes são objetos destruídos e sua eliminação tem caráter destrutivo. Fase Anal Retentiva: fezes são material precioso que a criança quer reter para si. FASE ANAL (2 – 3 anos) 41 As atitudes dos familiares em relação aos hábitos de higiene são decisivas no sucesso nesta fase. Facilidade do controle depende: 1. Amadurecimento físico (±18 meses); 2. Compreensão e comunicação da criança; 3. Atitudes compreensivas dos pais; 4. Tolerância da criança às tensões; 5. Gratificação com esta aprendizagem. Angústia Objetiva e Superego 42 Criança percebe que há formas de conservar o amor dos pais e evitar punições, basta atender exigências. Desenvolve-se angústia objetiva como antecipação da desaprovação externa, o comportamento ético só na presença dos pais. Internalização das proibições fará parte do superego, maior desenvolvimento da consciência. Simbologia das Excreções e Expressão Social 43 Interesse pelas fezes vai se deslocando para dinheiro e coisas de valor para guardar e trocar (“me limparam”). Importante oferecer materiais substitutos como areia, barro, massa de modelar, argila. Destas sublimações artísticos. podem derivar talentos CARÁTER ANAL 44 Pessoas com caráter retentivo tendem a ter prisão de ventre, ser fechadas e mal humoradas, são mesquinhas, obstinadas, ordeiras, meticulosas, formalistas. Tendem a se perder em detalhes insignificantes. Pessoas com caráter expulsivo tendem a ter explosões emocionais, ser “boca suja”, ser muito críticas e vingativas. Erotismo Uretral: ambição, piromania. FASE FÁLICA (3 – 6 ANOS) 45 Complexo de Édipo > eleição de objeto Angústia de castração: simboliza lesão, separação, perda de amor Resolução masculina e feminina Caráter Fálico: resoluto, provocativo, competitivo,hostil. FASE FÁLICA (3 – 6 ANOS) 46 O termo fálico se refere a representação do pênis, onde a libido esta concentrada. No início há uma ótica fálica da sexualidade. Com o desenvolvimento o impulsos ativos irão predominar no menino e os impulsos passivos na menina. FASE FÁLICA (3 – 6 ANOS) 47 Vivência edípica (fantasias de incesto em relação ao genitor do sexo oposto, associado a ciúmes e impulsos homicidas em relação ao progenitor do mesmo sexo) e eleição de um objeto de amor. O complexo de Édipo pode assumir a forma negativa. A fixação e não resolução satisfatória traz consequencias para as escolhas amorosas na vida adulta (neurose). COMPLEXO DE CASTRAÇÃO 48 Para os meninos o centro de seus temores é a perda do pênis, muito valorizado, mas também a perda do amor do pai. Segundo Freud nas meninas o complexo de castração surge após sua aceitação, gerando ressentimentos para com a mãe. Grande importância da educação sexual adequada. CARÁTER FÁLICO 49 Pessoas tendem a ser resolutas e seguras, mas como formação reativa contra sentimentos de inferioridade. Muitos são provocativos e hostis, mulheres “fálicas” são muito competitivas com relação aos homens. Superação desta etapa resulta em forma mais colaborativa e madura de se relacionar amorosamente. FASE LATÊNCIA (5- 10 ANOS) 50 Maior desenvolvimento do ego e superego Novos interesses (sublimações) Identificação (formação dos superego) Funções do SE: autocrítica, ideais Caráter infanto- juvenil: despreocupado, aventureiro, identificação com heróis. FASE LATÊNCIA (5- 10 ANOS) 51 Criança se afasta dos interesse sexuais e utiliza esta energia para fortalecimento do ego. Torna-se mais apta a controlar impulsos e o interesse no mundo externo se diversifica-escola, amizades, jogos. FASE LATÊNCIA (5- 10 ANOS) 52 Se passou bem as outras fases agora é período de calmaria, se não é de turbulência-irritação, agressividade, exibicionismo, excesso de curiosidade sexual; ou então, por defesa- mau aproveitamento escolar, muitos medos, enurese, problemas alimentares. Dois períodos: 5-8 (obediência, regras rígidas); 8-10 (mais democrática, visão mais realista dos pais). FORMAÇÃO DO SUPEREGO E SUAS FUNÇÕES 53 Freud: superego é o herdeiro do complexo de Édipo. A resolução se dá pela introjeção das figuras parentais. Superego recebe também influência das atitudes e opiniões dos pais e outras figuras admiradas e da própria cultura (costumes, crenças, valores). FORMAÇÃO DO SUPEREGO 54 Identificação pessoas importantes Introjeção figuras parentais Crenças de raça e classe social Valores morais Costumes, tradições FUNÇÕES DO SUPEREGO 55 AUTOCRÍTICA • Regula auto-estima FORMAÇÃO DE IDEAIS • Ego ideal CARÁTER INFANTO-JUVENIL 56 Pessoas despreocupadas e aventureiras, que parecem não querer crescer. Gostam muito de competições esportivas, carros, filmes de aventura. Se identificam com os heróis da ficção, sentem-se melhor com companhias do mesmo sexo. Se chegam a se casar é apenas por convenção social. Mito do garotão que não envelhece. FASE GENITAL (10 – 20 anos) 57 Pré-puberdade: muda comportamento e autoimagem, ser reconhecido, diferente Puberdade: genitais assumem primazia, superação do Édipo Capacidade de amar e trabalhar. FASE GENITAL (15- 20 ANOS) 58 Pós-puberdade: vocação, emancipação, relações com sexo oposto, maior integração Problema vocacional Separação da dependência familiar Amores: afirmação da identidade, temores das primeiras relações. CARÁTER GENITAL 59 Superação dos conflitos infantis e da ambivalência. Supremacia da genitalidade na organização da libido, pulsões pré-genitais no pré-prazer. Superação do Édipo, sem culpas e preparado para completa satisfação sexual. Livre expressão das emoções e relações objetais não ambivalentes. Pessoas amigáveis, amorosas e que se preocupam com os outros. REFERÊNCIAS 60 BEE, H. A Criança em Desenvolvimento- Porto Alegre: Artmed, 2003. D’ANDREA,F. Desenvolvimento da Personalidade. 8ª. Edição- Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A., 1987. PERSON, E. ; COOPER, A.; GABBARD, G. (org.) Compêndio de Psicanálise- Porto Alegre: Artmed, 2007.