Implicações da Pedagogia de Integração na avaliação das aquisições dos alunos Avaliação com base em critérios Avaliar o quê ? • Quando se pensa em desenvolvimento de competências na escola, é natural que a avaliação das aquisições dos alunos seja uma avaliação da competência, propriamente dita, e não uma avaliação dos elementos que compõem essas competências. • Trata-se de avaliar se o aluno é competente ou não Roegiers, Xavier Tipos de avaliação Deve-se privilegiar uma avaliação mais global essencialmente qualitativa ou ao contrário uma avaliação mais analítica, criteriada, instrumentada, com carácter mais quantitativo? • A primeira é mais rápida, mais intuitiva mais subjectiva essencialmente qualitativa • A segunda é mais objectiva, analítica, mais precisa mais pesada e mais exigente • Uma não exclui a outra mas vamos analisar o segundo tipo AVALIAR COMPETÊNCIAS: UMA TRIPLA FUNÇÃO 1. ORIENTAR APRENDIZAGEM – ocorre no início do ano para conhecer as competência que deviam ser adquiridas no ano anterior; 2. REGULAR A APRENDIZAGEM – ocorre quando necessário no decorrer do ano, para regular e melhorar as aprendizagens; 3. CERTIFICAR A APRENDIZAGEM – ocorre no final do ano para determinar se o aluno tem competências para transitar de nível 1 – Orientar a aprendizagem Ocorre no início do ano – são avaliadas as competências que deviam ser adquiriras pelos alunos no ano anterior, a fim de diagnosticar as suas dificuldades e remediálas de modo que as novas competências a serem adquiridas venham a ser enxertadas em aquisições confiáveis 2 – Regular a aprendizagem • – Ocorre quando no decorrer do ano, faz-se uma avaliação que objectiva melhorar as aprendizagens • Para cada aluno tomado individualmente, tratase de avaliar o seu nível de domínio das competências com o objectivo de remediar as suas dificuldades. • Trata-se de uma avaliação formativa 3 – Certificar a aprendizagem • ocorre quando se avalia para determinar se o aluno adquiriu as competências mínimas para passar à série ( ano ou fase) posterior. Funções directas da avaliação • Reforço da autoconfiança; • Desenvolvimento da autonomia (por exemplo quando se leva o aluno ou aluna a medir os progressos que fez); • Integração das aquisições, à medida que o próprio facto de ser confrontado com uma prova em termos de integração ajuda o aluno a integrar as suas aquisições; • Informação dos diferentes actores envolvidos (direcção, professores, pais, responsáveis pelo sistema,…), etc. Recurso aos critérios • O que é um critério de correcção? • Vimos que uma avaliação em termos de competências consiste em apresentar ao aluno uma situação oriunda da família de situações que definem a competência. • A produção do aluno é depois examinada pelo aluno (a) ou pelo professor (a) por meio de um certo número de leituras, de pontos de vista chamados critérios Noção de critério de correcção • Avaliar uma competência é como pedir ao aluno para efectuar uma produção complexa com tanto cuidado quanto o número de critérios existentes . • Critérios são diferentes qualidades que se espera de uma produção, de uma realização. Formulação de um critério Um critério é uma qualidade - por isso a formulação de um critério deve precisar essa qualidade: Utilizando um substantivo que esteja ele próprio conotado positivamente (adequação, coerência, precisão, originalidade etc.); Utilizando um substantivo ao qual se acrescenta um complemento, ele próprio conotado (emprego pertinente, interpretação correcta, produção pessoal, etc.); Recorrendo a uma pergunta ( respeitou as normas de higiene e segurança?); Critérios e indicadores • Para avaliar se uma competência está dominada o recurso aos critérios de correcção nem sempre é suficiente. Muitas vezes, é preciso atribuir alguns indicadores que operacionalizem os critérios.. Critérios e indicadores • Devemos precisar a diferença entre um critério e um indicador. • Um critério é uma qualidade que deve ser respeitada. Tem um carácter geral e abstracto. • Um indicador é um indício observável de um critério. Ele permite contextualizar o critério. Tem um valor (seja uma quantidade, seja o valor 1/0. • Em geral recorre-se a vários indicadores para determinar se um critério é respeitado. Critérios mínimos e critérios de aperfeiçoamento • Os vários critérios que intervêm numa avaliação raramente têm o mesmo peso. Existem: • Critérios mínimos – conjunto de critérios na base dos quais será certificado o êxito ou o fracasso. • Critérios de aperfeiçoamento – critérios que não servem para ressaltar o êxito, mas que além do limite do êxito, servem para determinar o nível de desempenho do aluno (a) ou para classificá-los uns em relação aos outros Critérios de correcção em Expressão Plástica OTI • -No término da 4ª série o aluno deverá ser capaz de produzir, a partir de um suporte visual um um objecto artístico ou utilitário utilizando os materiais da sua região, situação significativa para ele. • • • • C1 -Adequação com a situação apresentada C2 – Uso adequado das ferramentas da disciplina ( Recursos saber e saber fazer, utilização dos materiais) C3 – Respeito pelas regras de higiene e segurança C4 – Originalidade ( Criatividade) Quais serão os critérios mínimos e os critérios de aperfeiçoamento? Competência visada: Resolver um problema da vida aplicando diferentes ferramentas matemáticas (adições, subtracções, percentagens etc.) Critérios mínimos Critérios de aperfeiçoamento C1 – Interpretação correcta do problema C4 – Precisão C2 – Utilização das ferramentas matemáticas na prática C5 – Produção pessoal C3 – Coerência na resposta C6 – Utilização, sob exigência das ferramentas matemáticas em C2 Critérios de correcção • CM1 – Pertinência da Produção Se o aluno compreendeu o que lhe foi solicitado • CM2 – Utilização correcta dos recursos ou ferramentas da disciplina Saberes, saber fazer, saber ser • CM3 – Qualidade / Coerência da produção Se o produto final corresponde ao desejado • CA4 – Criatividade • CA5– Higiene e segurança Avaliação certificativa • Quando se trata de pronunciar o êxito ou fracasso do aluno ou aluna, é preciso recorrer a medidas que permitam determinar a partir de quando os critérios podem ser considerados respeitados pelo aluno e até que ponto reflectem o domínio da competência visada • Chama-se a isto limites de domínio Exemplos de limites de domínio • Obter êxito em duas situações num total de três; • Obter êxito em cada situação de 60% no mínimo (atribuindo, por exemplo, a cada um desses critérios um certo número de pontos) • Obter, no mínimo 60% para os critérios mínimos • etc. Oportunidades para comprovar um critério • A avaliação em termos de competências se apresenta teoricamente sob a forma de uma situação complexa a ser resolvida pelo aluno ou aluna • Essa situação pertence a uma família de situações definida pela competência • A produção do aluno compreende várias partes, que são as oportunidades de avaliar cada um dos critérios • Para evitar que o êxito ou fracasso não seja atribuível apenas ao acaso, buscam-se algumas oportunidades de comprovar cada critério. Regra dos 2/3 • Consiste em dar a cada aluno pelo menos três oportunidades de comprovar cada critério • Considera-se que há domínio de um critério pelo aluno ou aluna quando este consegue êxito em 2/3 dos itens relativos ao critério • Os itens devem ser considerados diferentes oportunidades para o aluno mostrar o seu domínio • È importante que os três itens tenham o mesmo nível de dificuldade e tratem da mesma competência • De Ketele (1966) Regra dos 3/4 • Segundo De Ketele • ¼ dos itens que tratam dos critérios de aperfeiçoamento é o máximo • Se um número superior tratasse não haveria garantia que o aluno domina os critérios mínimos. • Recomenda o integração da regra de 2/3 com a de ¾ Como conceber uma prova de avaliação de integração • Precisar os critérios mínimos e os critérios de aperfeiçoamento • Construir uma situação de avaliação que permite avaliar cada um dos critérios mínimos pelo menos três vezes e operacionalizar os critérios por meio dos indicadores, considerando, a situação de avaliação construida. Constituição de uma prova • • • • • Focalização na competência A existência de uma situação problema A pertinência da família de situações O carácter significativo da situação Possibilidade de aplicar a regra de 2/3 e a regra de 3/4 Possibilidade de aplicar a regra de 2/3 e a regra de 3/4 • Ver se está sendo dada ao aluno a oportunidade de comprovar cada critério no mínimo, três vezes. Essas três oportunidades devem ser indepedentes umas das outras • Ver se a prova respeita a regra dos 3/4 Regra dos 2/3 CM1 CM2 CM3 Certificação na regra de 3/4 • • • • Critério mínimo 1 Critério mínimo 2 Critério mínimo 3 Critério de aperfeiçoamento • TOTAL 3 pontos 7 pontos 5 pontos 5 pontos 20 pontos Regra dos 3/4 CM 1 CM2 CM3 CA Referência bibliográfica • Roegiers, Xavier & De Ketele, Jean Marie, (2004) – Uma pedagogia de integração – Competências e Aquisições no ensino, 2ª edição – Brasil – ARTMED • Roegiers, Xavier (2006) – Aprendizagem integrada – Situações do quotidiano escolar -ARTMED