PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICOS GESTÃO, PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO PÚBLICO Curso de Especialização em Gestão Empresarial – CEMOS 2009 PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS 1ª Parte Paradigmas Constitucionais e Gestão Pública PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais (Carvalho Neto, 2003: passim 11 – 20) Na Alemanha, na década de 60, surge a idéia de três paradigmas constitucionais: Estado de Direito Estado Social; e Estado Democrático de Direito PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais (Carvalho Neto, 2003: passim 11 – 20) Estado de Direito Origens: Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, na França e surgimento das Constituições européias e norte-americana. Características: Império das leis - direitos individuais de liberdade e igualdade; Núcleo básico de responsabilidade de um Estado mínimo Adam Smith “soberano deveria cuidar dos assuntos relacionados à justiça, segurança, defesa, estradas, pontes, portos e canais, educação da juventude e à manutenção de uma boa imagem como governante”; Interação das sociedades civil e política pela concessão do direito a voto aos homens ricos. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais (Burkhead, 1971:4 apud Giacomoni, 2007) Surge na Inglaterra o embrião do Direito Orçamentário, com a Magna Carta de 1215, outorgada pelo Rei João Sem Terra. Em seu art. 12 o Parlamento autoriza as receitas “Nenhum tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo seu Conselho Comum, exceto com o fim de resgatar a pessoa do Rei, fazer seu primogênito cavaleiro e casar sua filha mais velha e os auxílios para esse fim serão razoáveis em seu montante”. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais (Carvalho Neto, 2003: passim 11 – 20) Estado Social ou do Bem-Estar Social Origens: após a 1ª Guerra Mundial - exploração do homem pelo homem e crescimento sem precedentes da riqueza e da miséria, deu origem a muita luta social. Características: direitos sociais e coletivos: saúde, educação, cultura, trabalho, previdência e seguridade e função social da propriedade; exploração capitalista gera estado de absoluta carência; massa, sem identidades individuais, destinatária dos programas sociais, sem o exercício da cidadania. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais (Carvalho Neto, 2003: passim 11 – 20) Estado Democrático de Direito Origens: Pós-guerra de 1945 - Nazismo, Stalinismo e outros sistemas totalitários - iconização e manipulação das populações – frustraram as promessas do Estado Social de dar cidadania verdadeira. Características: Proteção jurídica de interesses difusos: direito ambiental, do patrimônio histórico e do consumidor; reconhecimento da omissão e da incompetência de um Estado transgressor em suas relações; e implementa fluxos comunicativos de informação sobre atividades do Estado, desejos da sociedade e participação. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Paradigmas Constitucionais Políticas Públicas básicas Constituição brasileira de 1988 – Estado Democrático de Direito - indica a execução de: políticas do núcleo básico; políticas do Estado do Bem-Estar Social – forte passivo social; direitos difusos – proteção do meio-ambiente e do consumidores e práticas da gestão participativa e transparente. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública Governo x Administração Publica x Gestão Pública PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Governo Direção suprema dos negócios públicos, expressão política de comando, iniciativa, fixação de objetivos do Estado e da ordem jurídica vigente; institucional: Conjunto de poderes e órgãos constitucionais; funcional: complexo de funções estatais básicas; e operacional: condução política dos negócios públicos. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Administração Pública execução sistemática do Direito Público; institucional: conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do governo; funcional: funções necessárias aos serviços públicos; operacional: desempenho perene e sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do Estado ou por ele assumido em benefício da coletividade; e atividade neutra vinculada à lei ou à norma técnica, com conduta hierarquizada. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Gestão Pública gerência pública em determinado mandato; funções: planejamento, organização, direção, coordenação e controle; áreas: administração de recursos humanos, materiais, tecnológicos e informacionais e financeiros; decisão diante de conflitos internos e externos; múnus público – encargo de defesa, conservação e aprimoramento de bens, serviços e interesses coletivos;e objetivo principal: bem público. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Gestores Públicos podem opinar sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou de conveniência e oportunidade administrativas, e agregar políticas para um período de tempo específico. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Princípios (art. 37 CF/88) legalidade – gestão sob os mandamentos da lei; impessoalidade – gestão sem discriminação; moralidade – obediência a princípios morais; publicidade –divulgação de atos, contratos,...; finalidade – interesse público; continuidade – serviços não podem parar; indisponibilidade – Estado detém bens e direitos públicos; e igualdade – os cidadãos são iguais perante a lei. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Delimitação da gestão geográfica e legal – gestão pública nacional, estadual, municipal, etc.; funcional – gestão de recursos humanos, orçamentária, financeira, de materiais, etc.; e setorial – conforme os setores de atuação do governo: agricultura, assistência social, educação, saúde, etc. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Santos, 2006) Modelos de Gestão Burocrático Gerencial Puro Consumerismo (New Public Management); Public Service Orientation (PSO) Reinventando o Governo PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Aragão, 1997) Modelo Burocrático Max Weber e a Burocracia Surge em meados do século XVIII, na França; forma superior de organização social e de dominação (racional-legal); e capaz de levar as organizações a um maior grau de eficiência. Max Weber utiliza a organização do exército prussiano como base do seu modelo burocrático. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Aragão, 1997) Modelo Burocrático 1. estrutura de autoridade impessoal; 2. hierarquia de cargos baseada em sistema de carreiras altamente especificado; 3. cargos com claras esferas de competência e atribuições; 4. sistema de livre seleção para preenchimento dos cargos, baseado em regras específicas e contrato claro; 5. seleção com base em qualificação técnica (há nomeação e não eleição); PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Aragão, 1997) Modelo Burocrático 6. remuneração expressa em moeda e baseada em quantias fixas, graduada conforme o nível hierárquico e a responsabilidade do cargo; 7. o cargo como a única ocupação do burocrata; 8. promoção baseada em sistema de mérito; 9. separação entre os meios de administração e a propriedade privada do burocrata; e 10. sistemática e rigorosa disciplina e controle do cargo. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Aragão, 1997) Modelo Burocrático Problemas (segundo a visão neoliberal) – Insulamento - negligencia o interesse público e privilegia interesses de seus membros; – não busca resultados sociais relevantes na formulação e implementação de políticas públicas; – perdulário de recursos públicos - rent seekers. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Gerencial Puro surge com Margareth Thatcher, na Grã-Bretanha, na crise do Estado Social, em 1979; Estado sobrecarregado com políticas sociais; Crise econômica na década de 70; Enfraquecimento do Estado - globalização dos mercados financeiros; Neoliberais - reduzir o tamanho do Estado. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Gerencial Puro Beneficia contribuintes; Proposta do governo Thatcher: 1. definição das responsabilidades de cada funcionário; 2. clara definição dos objetivos organizacionais (finalísticos e não processuais); e 3. aumento da consciência do valor do dinheiro (fazer mais com menos). PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Gerencial Puro Instrumentos utilizados: 1. 2. avaliação de desempenho; introdução de técnicas de controle orçamentário; 4. descentralização administrativa; delegação de autoridade aos funcionários (empowerment); e 5. administração por objetivos. 3. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Gerencial Puro Grã-Bretanha diminui gastos sociais, com redução de quadros; EUA não aumentaram eficiência no governo federal Governo Reagan cortou transferências - governos locais enxugaram custos e melhoraram eficiência na prestação de serviços; Críticas ao modelo deram-se na própria GrãBretanha: falta de atenção à flexibilidade e à efetividade; e separação política/ administração dificultou manutenção de apoio político às reformas. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo do Consumerismo New Public Management ou Gestão por Desempenho; Beneficia o consumidor de bens e serviços públicos; Surge na Grã-Bretanha, na década de 1980, para corrigir gerencialismo puro; Flexibilização da gestão: flexibiliza a gestão orçamentária - busca de resultados; da lógica do planejamento (plano) para a da estratégia (cenários - alterações nos programas governamentais); Qualidade dos serviços públicos (desde meados da década de 80) – TQM; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo do Consumerismo Necessidades definidas pelo público consumidor de serviços (Citizen´s Charter); Estratégia voltada à satisfação dos consumidores: 1. descentralização – decisão sobre serviços mais próxima ao consumidor que a fiscalizará; 2. incremento da competição entre prestadores, para dar opção ao consumidor; 3. contratos de gestão de serviços públicos, com os setores público, privado e voluntário não lucrativo – para evitar monopólio – sist. avaliação no contrato. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo do Consumerismo Problemas: Relação entre agências autônomas (gastadoras), ministério controlador e Ministério das Finanças (controla limites); Conceitos Consumidor versus Cidadão – Escolha de serviços X Accountability e participação; Consumidores mais organizados tornam-se preferenciais – pois são os que fazem a avaliação dos serviços; e Equidade – quais consumidores serão atendidos, e quais os prestadores serão incentivados. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Public Service Orientation (PSO) Beneficia o Cidadão; Surge na Grã-Bretanha; traz os elementos do consumerismo e busca corrigir suas falhas; trata da Cidadania - accountability, transparência, participação política, equidade e justiça; Esfera Pública como espaço de aprendizagem social com o debate público. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Public Service Orientation (PSO) Planejamento participativo Cooperação entre agências: discute objetivos políticos via processo de debate público, não confinado à burocracia; melhor resultado global na oferta de serviços; e princípio da equidade para prestadores e usuários. Nova cultura cívica: processo de aprendizado social na esfera pública; accountability, justiça e equidade; e congrega políticos, funcionários e cidadãos. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Public Service Orientation (PSO) Problemas Pensado dentro dos parâmetros do poder local; não concebeu a coordenação em âmbito nacional; não traz medidas para garantir a equidade e atenuar as desigualdades regionais; Equidade regional é fator crítico em países tais como o Brasil, com suas imensas desigualdades. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Reinventando o governo Obra de Ted Gaebler e David Osborne, em 1994, EUA; Discute os fundamentos do governo agente, catalisador. Conceitos: administração por objetivos; mensuração de desempenho por resultados; qualidade total na administração; ênfase no cliente/transferência de poder aos cidadãos; tentar garantir a equidade. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Reinventando o governo Princípios básicos: 1. Competição entre os prestadores de serviço; 2. Transfere controle à comunidade; 3. Medir atuação das agências pelos resultados; 4. Orientação a objetivos, não por regulamentos; 5. Redefinir os usuários como clientes; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Abrucio, 1997) Modelo Reinventando o governo Princípios básicos: 6. Atuar mais na prevenção que no tratamento; 7. Priorizar produção de recursos, não o gasto; 8. Descentralização da autoridade; 9. Preferir mecanismos de mercado à burocracia; 10. Catalisar atuação dos setores público, privado e voluntário. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Marini, 2002) A Reforma do Gerencial Estado Brasileiro Início em 1995 - contexto de reformas estruturais Plano (Real) de Estabilização Econômica; inspirada nos princípios do gerencialismo e da new public management - flexibilidade, ênfase em resultados, foco no cliente e controle social; e Objetivos: equilíbrio das contas públicas e elevação da capacidade da ação estatal. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Marini, 2002) A Reforma do Gerencial Estado Brasileiro Criação do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (Mare) – comando de Bresser Pereira; Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado: Núcleo estratégico – leis e política; Atividades exclusivas– indelegáveis - poder de Estado; Atividades não-exclusivas – serviços sociais de alta relevância –setores público, privado e do terceiro setor; e Produção de bens e serviço ao mercado – setor de infraestrutura – empresas – tendência de privatização. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Marini, 2002) A Reforma Gerencial do Estado Brasileiro 1995-1997 revisão do marco legal; nova arquitetura-agências reguladoras, executivas e OS; Instrumentos - contratos de gestão, programas de inovação e de qualidade na administração pública; valorização do servidor: – fortalecimento das carreiras estratégicas; – revisão da política de remuneração; – realização de concursos públicos; e – capacitação para promover mudança cultural. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública (Marini, 2002) A Reforma Gerencial do Estado Brasileiro 1998 – 2002 Ministério do Planejamento, Orçamento, Gestão; Plano Plurianual 2000-2003 - planejamento protagonista: – plano sob diretrizes do Presidente; e – estrutura de programas organizada por objetivos; Lei de Responsabilidade Fiscal – exige do gestor controle de endividamento e de gastos de pessoal; TI – gestão moderna – atendimento e transparência: – governo eletrônico, Comprasnet, Receitanet, quiosques, rede governo, sistemas corporativos de gestão. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Gestão Pública A Busca da Excelência na Gestão Pública Gespública - Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização. Link www.gespublica.gov.br Modelo de Excelência em Gestão Pública – princípios da gestão pública e da gestão da qualidade total Atuação nas áreas de (1) liderança, (2) estratégia (3)cidadania, (4) atendimento e imagem junto à sociedade, (5) informações, (6) pessoas, (7)processos, e (8) resultados. Adesão – ciclos de autoavaliação e serviço voluntário; Participação no Prêmio Nacional da Gestão Pública – PQGF. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Bibliografia - 1ª parte ABRUCIO, F. O impacto do modelo gerencial na Administração Pública: Um breve estudo sobre a experiência internacional recente. In Cadernos ENAP. Brasília:Escola nacional de Administração Pública – ENAP, 1997, nº 10. ARAGÃO, C. Burocracia, eficiência e modelos de gestão pública: um ensaio. In Revista do Serviço Público. Brasília:Escola nacional de Administração Pública – ENAP, 1997, nº 3, pp.104-131. CARVALHO NETO, M. A contribuição do Direito Administrativo enfocado na ótica do administrado para uma reflexão acerca dos fundamentos do Controle de Constitucionalidade das Leis no Brasil: um pequeno exercício de teoria da Constituição. Brasília: UFMG, 2003; GIACOMONI, J. Orçamento Público. São Paulo:Atlas, 2007; MARINI, C. O Contexto contemporâneo da Administração Pública na América Latina. In Revista do Serviço Público. Brasília:Escola nacional de Administração Pública – ENAP, 2002, nº 4, pp.31-51; MATIAS-PEREIRA, J. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2006; SANTOS, C. Introdução à Gestão Pública. São Paulo:Saraiva, 2006; e PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS 2ª Parte Planejamento Governamental e Orçamento Público PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Origem - necessidade da sociedade prever ações. Cálculo que precede, estrutura e preside à ação. Primeira função administrativa na gestão pública e que estabelece condições para a melhora das demais. Processo sistematizado no qual se determina: que objetivos atingir; o que fazer; meios de realização; tipo de gerenciamento mais adequado; e controles a utilizar. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Princípios: integração – presente em toda a administração pública; validade – implica a fixação de prazos dentro de um horizonte de planejamento; flexibilidade- continuidade dos empreendimentos versus atendimento de contingências; assessoramento de especialistas – sem interferência, nem quebra de autoridade; e proposição de ações - por quem corre os riscos da ação. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Dimensões objetivos - intenções da instituição; recursos - financeiros, alocação de recursos orçamentários; estrutura - estrutura formal e seus recursos; política – apoio técnico e político ao plano. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Tipos de Planejamento Governamental Tradicional; Estratégico; Estratégico situacional; Participativo. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Tradicional Surge na União Soviética - reconstrução após a primeira grande guerra e crise de 1929 - orientação econômica; difusão: economias abertas - pós-guerra de 1945; economias subdesenvolvidos - décadas 50/60; processo de decisão centralizado para otimização de atividades de área específica e coordenação de políticas com base em objetivos e recursos disponíveis; ponto de vista estático – mesmo no longo prazo, (5 a10 anos) não questiona a missão da organização, sua estrutura e funcionamento; revisão periódica de planos - planos estáticos entre revisões; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Tradicional organizações justificam o vultoso volume de recursos para a manutenção ou o aumento: da prestação de serviços ou produção de bens para atender necessidades coletivas ou da administração; de investimentos e formulação/ gerenciamento de políticas voltadas para a aceleração do processo de desenvolvimento econômico e social. Problema: insuficiente em situações de turbulência ou mudança acelerada. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Surge na década de 1960, entre empresas dos EUA que não conseguiam lidar com a turbulência usando o planejamento tradicional; Estabelece um conjunto de providências, para o gestor tomar, considerando que: o futuro tende a ser diferente do passado; a organização tem condições e meios de influenciar seu ambiente e a sobrevivência da organização depende dela executar bem suas funções em comparação com a concorrência. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Características principais: foca no relacionamento da organização com o meio ambiente e define a missão nesse meio; visão e decisões para o longo prazo e impacto sobre toda a organização; planejamento com a colaboração de todos os dirigentes; define os fins da organização, os meios para atingi-los e as formas de execução e controle; é revisto sem calendário preestabelecido. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Etapas definição de missão e objetivos; análise do ambiente externo – oportunidades e ameaças; avaliação interna – pontos fortes e pontos fracos; delineamento de estratégias para atingir objetivos, com revisões sem calendário preestabelecido; seleção das melhores estratégias, limitada aos recursos disponíveis; e execução, avaliação e controle – planos táticos e operacionais (usando planejamento tradicional). PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Situacional Surgiu na década de 1980, no Chile, com Carlos Matus, e influenciou a prática de planejamento na América Latina; usado em ambientes turbulentos que requerem planos e ações rápidas; planejamento como proposta de solução de problemas, onde cada organização mantém um “arquivo de problemas”; problemas são incorporados à ação governamental conforme a situação permita; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Situacional atuação sobre cada problema ou situação depende do momento de planejamento predominante; Momentos do planejamento; Explicativo – explica situações e relações entre agentes e atores e entre estruturas; Normativo – define alternativas de decisão; Estratégico – analisa a viabilidade das alternativas frente ao comportamento dos agentes e a capacidade de ação; Tático-operacional – implantação e execução do plano. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Estratégico Situacional PES explicita a ligação entre plano e orçamento: plano deve ter todas as ações (de produção) do orçamento; e orçamento contém a representação monetária de parte do plano e as atividades não abarcadas no plano (de não produção) PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Participativo surge com a experiência de Planejamento Estratégico da Cidade de Barcelona, nas décadas de 80 e 90; processo político: de propósito coletivo contínuo; para uma deliberada construção do futuro da comunidade; com a participação do maior número possível de membros de todas as categorias da comunidade; vinculado à decisão da maioria em benefício da maioria, requerendo mobilização e ação política para contrapor os interesses das minorias, se for o caso; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Planejamento Participativo conjunto de ferramentas de planejamento para participação na realização de mudanças estruturais a partir de uma pequena comunidade de base; elaboração, revisão e aprovação do plano requer a presença ativa dos líderes da comunidade em colaboração com equipe técnica; e execução e avaliação do plano requer a organização de grupos-tarefa e a participação com idéias, trabalho e material, sem burocracia. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Planejamento Governamental (Santos, 1997) Níveis de Planejamento Estratégico alta direção; alcance dos objetivos organizacionais; e horizonte de 2 a 5 anos/ para todos os níveis. Tático média direção - departamentos; objetivos departamentais; e horizonte de um ano. Operacional nível operacional – serviços; executa tarefas usando procedimentos e normas; metas semanais/mensais/trimestrais. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público Origem - necessidade da sociedade de prever o custo de suas ações. Orçamento = “orsus sum” - “planejar/ calcular”. Está incluído na área de administração de recursos financeiros da gestão pública. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público Definição Documento que prevê as quantias de moeda que, num período determinado, devem entrar e sair dos cofres públicos, com especificação de suas principais fontes de financiamento e das categorias de despesa mais relevantes. Usualmente formalizado através de Lei, proposta pelo Poder Executivo e apreciada pelo Poder Legislativo na forma definida da Constituição. Instrumento de caráter de instrumento múltiplo: político (realização da política pública), econômico (recursos versus necessidades), programático (planejamento), gerencial (de administração e controle) e financeiro (expressão dos recursos). (Sanches,1997) PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Sistemas Orçamentários (Diamond, 2005) “evoluem progressivamente, assumindo três requisitos principais[...] : [...] assegurar o controle de gastos; [...] estabilizar a economia; e [...] promover a eficiência na prestação de serviços. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Evolução das técnicas orçamentárias: Orçamento tradicional; Orçamentação por Desempenho; Orçamentação por Programas do PPBS americano; Orçamento Base Zero Orçamentação por Programas e Realizações - ONU; Orçamentação por Produção; Nova Orçamentação por Desempenho; e Orçamento Participativo. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento Tradicional (BURKHEAD, 1971:5, apud GIACOMONI, 2007:33) Veio à existência no Orçamento Britânico de 1822; lei que fixa a despesa e estima a receita; alocação de recursos aos elementos de gastos das unidades – Lei dos Meios; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento Tradicional (BURKHEAD, 1971:5, apud GIACOMONI, 2007:33) Foco: Controle de conformidade dos gastos com a lei orçamentária; controle político dos gastos; e contabilidade do que era adquirido; a serviço do Estado Liberal – manutenção do equilíbrio financeiro/ evitar a expansão dos gastos; impacto econômico secundário pelo baixo volume de gastos. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento por Desempenho (GIACOMONI, 2007:57-58) Surge, nos EUA, da necessidade de aumentar gastos para novos “projetos benéficos”, no paradigma do Estado Social; proposta do Presidente Taft (1910-12) para aumentar a eficiência e a economia; implementação pela Comissão Hoover, no Orçamento Federal dos EUA, de 1950. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento por Desempenho (GIACOMONI, 2007:57-58) instrumento de programação, execução e controle - viabiliza as funções de planejamento e gerência – Programa de Trabalho do governo; orientação à produção obtida com os insumos, não ao controle dos insumos; orçamento baseado em funções (áreas de atuação do governo), atividades e projetos, e informações de desempenho produção x insumos. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento por Desempenho (DIAMOND, 2005:39) Falhou por: obtenção de informações dispendiosa – sistema contábil e de custos; Órgãos de orçamento preferiam controlar insumos do que atribuir $ por desempenho; Orçamenteiros preferiam não ser cobrados por metas operacionais, carga de trabalho e padrões de desempenho. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Planning, Programming and Budgeting System – PPBS (DIAMOND, 2005:39) Adotado em 1961, nos EUA, para elaboração do orçamento do Departamento de Defesa dos EUA; aplicado, mais tarde, a todos os órgãos federais, aos governos estaduais e locais, e a outros países; Melhora da eficiência alocativa via priorização do gasto segundo análise de custos e benefícios. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Planning, Programming and Budgeting System – PPBS Une Planejamento ao Orçamento por intermédio de Programas, em três etapas da elaboração/ revisão orçamentária: Planejamento - identifica os objetivos e avalia estratégias; Programação – implementa as estratégias nos programas: a escolha de programas pelo governo e a sua otimização pelas agências setoriais; e Orçamentação – programas plurianuais detalhados em ações anuais com dotações. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Planning, Programming and Budgeting System – PPBS Dispensado em 1971, devido a: Estruturas <> para administração e programas; cada órgão uma metodologia; apresentação orçamentária na forma tradicional; problemas na definição de programas e custos; e críticas à abrangência de implantação. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento Base Zero (GIACOMONI, 2007:60-61) Desenvolvido nos EUA no final de 1960, pela empresa Texas Instruments Co.; adaptado para o orçamento público em 1973, por solicitação por solicitação de Jimmy Carter; requer que o administrador justifique integralmente seu orçamento em detalhe como se fosse novo; PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento Base Zero (GIACOMONI, 2007:60-61) Solicitações de baixo para cima; uso de Pacotes de Decisão para cada atividade ou operação de bens e serviços oferecida à sociedade; usado em fins da década de 1970 como método para avaliar e tomar decisão sobre despesas, no processo de elaboração e revisão dos orçamentos; vantagens: detecta orçamentos inflados e operações obsoletas; e problemas: resistência da burocracia à avaliação da eficácia de seus programas; uso exaustivo pode ser um desincentivo. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamentação por Programas e Realizações (DIAMOND, 2005:40-41) Conhecido como Orçamento-Programa - difundido pela ONU a partir de 1965 – até 1970 quase 50 países haviam adotado suas variantes; programas identificavam produtos finais dos Órgãos (MARTNER, 1972 apud GIACOMONI, 2007:161): “Um sistema em que se presta particular atenção às coisas que um governo realiza mais do que às coisas que adquire. [...] As coisas que um governo realiza em cumprimento de suas funções podem ser estradas, escolas, terras distribuídas, casos tramitados [...]” PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamentação por Programas e Realizações (DIAMOND, 2005:40-41) Processo Atribuição das funções às unidades organizacionais; Estabelecimento de programas, atividades e projetos significativos dentro das funções; Identificar os custos das funções e programas; Dados estes custos, decidir qual deverá ser a meta de produção de cada unidade. Obs: não inclui a fase de Planejamento Estratégico do PPBS PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamentação por Programas e Realizações (DIAMOND, 2005:40-41) Problema: impacto decepcionante na tomada decisão nos países em que foi implantado por falta de: procedimentos orçamentários operacionais sólidos; disciplina financeira; métodos eficientes de registro e informação de dados físicos e financeiros; e estreita coordenação entre o órgão central de orçamento e os outros órgãos do governo. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamentação por Produção (DIAMOND, 2005:40-41) Agrupa os custos completos de uma produção em particular, incluindo gastos fixos, independente do número de órgãos envolvidos; define indicadores mensuráveis para a produção prevista e os compara com as produções reais para medir a eficácia e a eficiência; e avalia a qualidade dos bens e serviços entregues. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Nova Orçamentação por Desempenho (DIAMOND, 2005:40-41) Inclui a orçamentação por produção; define indicadores para os impactos pretendidos na sociedade e os compara com os impactos reais para medir a efetividade; incorpora medidas/informações de desempenho para suporte à decisão; e obrigação de prestar contas, com recompensas e sanções – Sistema de Gestão por Desempenho. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento Participativo Traz as características do Public Service Orientation (PSO) e do Planejamento Participativo; utilizado no orçamento da cidade de Porto AlegreRS, no Brasil, na gestão de 1989 a 2002, com difusão a mais 102 municípios brasileiros (Avritizer); incorpora a participação das lideranças da sociedade civil, audiências públicas e outras formas de consulta direta à sociedade; transparência dos critérios e informações para a tomada de decisões. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Orçamento como Instrumento da Gestão por Desempenho (DIAMOND, 2005:13) Estruturação em programas; sistema de administração financeira e contabilidade: registre as despesas por competência; transações orçamentárias e financeiras on-line para propiciar decisões tempestivas; registre todos os ativos e passivos. controle interno para detecção de irregularidades e erros graves. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Busca da Eficiência (BRUMBY, 2005:3-4): Implementando a eficiência orçamentária Nível 1 – Macroeficiência - controle do gasto agregado – fardo sobre o setor produtivo da economia – estabilização; Nível 2 – Eficiência Alocativa – produção eficiente de bens públicos – realocação de recursos para a produção prioritária e para programas efetivos;e Nível 3 – Eficiência Produtiva – governo busca a maneira mais eficiente para prestar serviços, combinando insumos da maneira mais eficiente e adquirindo-os da maneira mais econômica. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Orçamento Público - Evolução Implementando a Eficiência na Prestação de Serviços Públicos (DIAMOND, 2005:passim 14-21) Flexibilizar a gestão de recursos – dar maior autonomia aos órgãos capazes de controlar gastos e cumprir metas; abordagem plurianual – dar maior certeza das receitas e despesas; aumentar pressão sobre órgãos para desempenhar: de cima - órgão central incentiva a reavaliação das atividades do Setorial com dividendos de eficiência; de baixo - setorial aperfeiçoa sua governança, e eficácia, estruturando a produção e controle. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Bibliografia - 2ª parte AVRITIZER, L. O orçamento participativo e a teoria democrática: um balanço crítico. Disponível em: <http://www.pbh.gov.br/redebrasileiraop/>. Acesso em: 1 set. 2009. BRUMBY, J. Budgetary Mechanisms in Support of Improving Allocative Efficiency. In:HIGH-LEVEL SEMINAR ON PERFORMANCE BUDGETING, 2005, Washington-DC. Performance Budget Seminar Papers. Washington-DC: International Monetary Fund - IMF, 2005. DIAMOND, J. Budget System Reform in Emerging Economies: The Chalenges Faced and the Reform Agenda.Washington-DC: International Monetary Fund, 2005; GIACOMONI, J. Orçamento Público. São Paulo:Atlas, 2007; MATIAS-PEREIRA, J. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2006; ROBINSON, M. Performance Budgeting Models and Mechanisms. In: HIGHLEVEL SEMINAR ON PERFORMANCE BUDGETING, 2005, WashingtonDC. Performance Budget Seminar Papers. Washington-DC: International Monetary Fund - IMF, 2005. SANCHES, Osvaldo M. Dicionário de orçamento, planejamento e áreas afins. Brasília:Prisma, 1997. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Bibliografia - 2ª parte WILDAVSKY, A. Salvando a análise de políticas do método de orçamentoprograma. In: BROMLEY, R.; BUSTELO, E. (Org.). Política X Técnica no Planejamento: Perspectivas Críticas. São Paulo: UNICEF; Brasiliense.1982. PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS Obrigado!!! tel: (61) 2020-2307 (61) 9982-9325 Email : [email protected] PROFESSOR CESAR PEIXOTO LEMOS