MAL EPILÉPTICO Pediatria HRAS 2010 Luiz Sarmanho Marcelo Henrique S S Martins Orientadora: Dra Luciana Sugai www.paulomargotto.com.br Identificação: • NTCM.; sexo feminino; DN: 20/04/02; 4a e 10m; Natural de Brasília –DF; procedente do Riacho Fundo II Queixa Principal: • Convulsão há 3 horas História da Doença Atual: • Pcte há 12 h, iniciou cólica abdominal difusa, intensa, seguidos por 6 episódios diarréia amarelada, sem sangue e febre c/ calafrios • Fez uso de ½ cp Imosec, 20 gts dipirona e 5ml Amoxaxilina • Houve persistência da febre e, há 3 horas, associou-se cefaléia intensa, holocraniana, e 4 episódios de vômitos. • Em seguida Crise Convulsiva Tônico-clônica Tremores de MMSS, olhar fixo e dentes cerrados. Nega sialorréia ou liberação esfincteriana. Duração de +- 1,5 min. Desorientação e sonolência pós ictal • Nova crise convulsiva após 5 m, a caminho do hospital. Antecedentes Pessoais e Patológicos • Nasceu parto Normal,à termo, chorou ao nascer, P =2.000g (não trouxe cartão da criança). • Mãe G2P2A0, realizou pré-natal (9 consultas), apresentou pré- eclampsia. • Varicela aos 3anos. • Nega internações ou outras patologias prévias. • Nega episódio prévio de crise convulsiva • Amamentou exclusivamente até 6o mês de vida • Nega alergias medicamentosas ou alimentares • Cartão vacinal completo (sic) Antecedentes Familiares • Mãe, 24a sadia, tabagista (3cig/dia) há 5a • Pai, 35a, sadio, mecânico, tabagista (12 cigarros/dia) • Possui 1 irmão; bronquite alérgica Hábitos de vida e condições sócio-econômicas • Reside em casa de alvenaria, 2 cômodos, possui rede esgoto • Nega animais domésticos Exame Físico • REG, sonolenta, não cooperativa, desidratada (2+/4), hipocorada (+/4), acianótica, anictérica, Tax= 40º C • ACV: RCR 2T BNF s/ sopros. FC = 128bpm • AR: MVF com roncos de transmissão, s/ RA . Fr = 22irpm • Abdome: Plano, RHA+, flácido, s/VMG • Ex. Neurólógico: Sonolenta, GCS = 9, Brudzisnki + (?), pupilas midriáticas Exames: • Ht: 41,8 g% Hb: 14,0 g/dl VHS = 05 mm • Leuc.: 6.700 (68/06/24/02/00) • Plaquetas: 317.000 • Glicose: 115 mg/dl • Ca: 8,8 • Na = 127 mg/dl • K = 3,0 • Cl = 93 • pH = 7,42 pCO2 = 31,7 HCO3- = 22,1 BE= 3,4 Diarréia Dor abdominal Febre Cefaléia Vômitos CONVULSÃO Infecciosa Tóxica Metabólica Traumática Neoplásica Diarréia Vômitos Dor Abdomial Febre GECA Dist. Hidroeletrólitico Rotavirus Shiguella?? Salmonela?? E. Coli?? Convulsões Meningite Encefalite Causas GECA Meningite Convulsão Febril Distúrbio Hidroeletrólitico Infecciosa Tóxica Metabólica Traumática Neoplásica 1º DIH - 8h - Torporosa, Glasgow 8-9, Brudzinski +(?); sonolenta, não responsiva Correção CT 1º do Na e K cranio? Punção lombar? Há indicação? DIH -15h • Paciente persitia com sonolência. Apresentou ainda 3 episódios de diarréia. Diurese presente. • Sonolenta, torporosa, pupilas isocóricas GCS12-13 2º DIH – 9 h Paciente orientada, consciente. Apetite e diurese presentes. Ainda apresentou 4 episódios de diarréia. GCS = 15 2º DIH – 11h – Na = 130; K = 4,5; Cl = 103 3º DIH – 9h - Alta com orientações Diarréia Vômitos Dor Abdomial GECA Dist. Hidroeletrólitico Febre Convulsões Internato em Pediatria – HRAS Fev/2010 Epilepsia: crises epilépticas recorrentes na ausência de eventos externos Crise epiléptica: descarga elétrica anormal, excessiva e síncrona espontâneo ou secundário a eventos exógenos Convulsão: crise epiléptica com manifestações motoras Crise não-convulsiva: Alterações em áreas posteriores do cérebro sintomas visuais, auditivos, sensitivos, ausências Casella, EB et al. JPed 1999; 75 Estado de Mal Epiléptico: • Atividade convulsiva contínua com mais de 30 min • crises subsequentes sem recuperação da consciência durante 30 min • Crise com mais de 5 min mecanismos inibitórios perdem eficácia Persistencia por mais 20-30 min: lesões SNC e sistêmicas Agertt, F et al. J Epilepsy Clin Neurophysiol 2005; 11 Casella, EB et al. JPed 1999; 75 Ricetta, AG et al. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 Generalizada Ambos hemisférios cerebrais Conciência é sempre comprometida • Generalizada convulsiva Tônico-clônica, tônica, clônica, mioclônica • Generalizada não convulsiva Ausência típica, atípica, atônica Ricetta, AG et al. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 Parcial Uma porção de um hemisfério cerebral • Simples Sintomas visuais, motores, somatossensitivos • Complexa Alteração da conciência Com ou sem automatismos Ricetta, AG et al. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 1 a 5% dos atendimentos Excluindo trauma 6% da população 1 crise até os 15 anos • 1% epilepsia 12% apresentará EME na 1º crise 1,6% admissões 51% menores 2 anos Mortalidade 6 a 11% Morbidade 50% Agertt, F et al. J Epilepsy Clin Neurophysiol 2005; 11 Casella, EB et al. JPed 1999; 75 • Interrupção abrupta da medicação • Convulsão febril • Infecções do SNC • Distúrbios eletrolíticos • Traumas, AVE • Doenças neurodegenerativas, neoplasias • Intoxicações • Síndrome de abstinência de narcóticos neonatos Goldstein, J. Clin Ped Emerg Med 2008; 9 Ricetta, AG et al. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 Fisiopatologia Casella, EB et al. JPed 1999; 75 História • Frequência das crises, mudança na freq ou tipo, sintomas associados, infecções recentes • Sintomas antes, durante e após a crise Aura, espasmos, perda de consciência, liberação esfincteriana, sialorréia, cianose, sonolência, confusão. Medicações • Baixa adesão, ajuste recente de dose, intoxicações História médica • Alergia, trauma, cefaleia, hipotonia, movimentos anormais, doenças de base Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061–1086 História, medicações Sinais vitais Exame segmentar Trauma, HIC, cardiopatias Exame neurológico • Nível consciência: Glasgow, orientação, memória • Sinais de localização: hemiparesia, ataxia, meningismo Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061–1086 Exame História Glicose TODOS Eletrólitos Gasometria DM, lactentes, desidratação, diarréia, vômitos, crise prolongada, etc. HC, VHS, PCR Infecção? Toxicológico Intoxicação? Dosagem de Anti-convulsivante Uso de AC Líquor Lactentes < 12m Meningismo Alt. Consciência Período pós-ictal prolongado EEG Diagnóstico não conclusivo Monitorização é mais útil Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061–1086 Tomografia Computadorizada História de Trauma, DVP, hipótese de cisticercose, distúrbios da coagulação, imunocomprometidos. Ultrassonografia Neonatos e lactentes: hemorragia RNM, SPECT, PET-scan Maior Sensibilidade para malformações e tumores Agertt, F et al. J Epilepsy Clin Neurophysiol 2005; 11 ABC do suporte de vida Oxigênio em máscara com reservatório (FiO2 100%) Glicemia capilar • Hipoglicemia? SG 10% 2ml/kg História de intoxicação? • Izoniazida? Piridoxina: 50-100mg/dose • Opióides? Naloxone 0,1mg/kg/dose se <20kg ou 2mg/kg/dose se > 20kg Diazepam • 0,2-0,4 mg/kg EV (Máximo de 10mg/dose) • Até 3 doses • Controle em 1-10 min • EC: depressão respiratória e da consciência Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061–1086 Fenitoína • 15-20 mg/kg in bolus ou diluídos em 250 a • • • • • 500ml de SF a 25mg/min Repetir: 5-10 mg/kg 2 doses Após 24h, manutenção: 5-10 mg/kg/dia Controle em 10-30 min Utilizada mesmo após cessar a crise: ½ vida curta BZD EC: arritmias cardíacas e hipotensão arterial Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061– 1086 Emergências Clínicas 3a ed. FMUSP Fenobarbital • 10-20 mg/kg a 50-75mg/min • Se o doente encontra-se em abstinência da droga, esse é o agente de escolha, antes da fenitoína • EC: depressão respiratória, da consciência, hipotensão arterial Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061– 1086 Emergências Clínicas 3a ed. FMUSP UTI + suporte ventilatório + EEG Alta mortalidade Midazolam • 0,15-0,2 mg/kg in bolus + IC 0,05-0,4 mg/kg/h Propofol • 1 a 2mg/kg seguido de 1 a 15 mg/kg/hora (manutenção) Pentobarbital • 10 a 15mg/kg em 1h seguido de 0,5 a 1mg/kg/h. Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061– 1086 Emergências Clínicas 3a ed. FMUSP Manejo Inicial Estado de Mal Epiléptico SL=Sublingual EME PR=Retal IN=Intra nasal IO=Intra ósseo Childhood Seizures Emerg Med Clin N Am 25 (2007) 1061–1086 Sequência Dose Idêntica! do Diazepam • 10 a 20mg, 1 a 2mg/min (FMUSP) Crise epiléptica + febre na ausência de infecção intracraniana ou outra causa definida Crise afebril + febre 24h antes ou depois 5% das crianças entre 6m e 5a (18-22m) • Baixo limiar do córtex • Infecções + febre alta • Genética Guerreira, MM. Jped 2002; 78 Montenegro, MA. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 CF simples: 70-75% • Crise tônico-clônica generalizada • Menos 15m, sem recorrência em 24h CF complicada: 25-30% • Crise parcial • Mais 15m, com recorrência 24h Guerreira, MM. Jped 2002; 78 Montenegro, MA. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 Crise benigna? • Sequelas a longo prazo • Risco de epilepsia Recorrência • Menor 18 meses • História familiar de CF • Duração da febre < 1h • Febre baixa Epilepsia posterior • História familiar de epilepsia • CF complicada • Alteração exame neurológico Antitérmicos + antibióticos Fator de risco para recorrência Profilaxia intermitente • Diazepam 0,5-1 mg/kg/dia quando tiver febre Profilaxia contínua • Elevação da temperatura muito rápida • Até 2a: Fenobarbital 3-5 mg/kg/dia • Acima 2a: Valproato 20-40 mg/kg/dia Guerreira, MM. Jped 2002; 78 Montenegro, MA. Manual de Urg e Emerg em Ped, Unicamp 2010 Consultem: Crises convulsivas no período neonatal Autor(es): Sérgio Henrique Veiga, Paulo R. Margotto, Josileide G Castro