Unidade Curricular: Heterogeneidade e Estudos Aprofundados em Problemas Cognitivos e Motores Docente: Doutora Rosa Lima Trabalho realizado pelas alunas: Cláudia Cardoso Paula Silva Patrícia Rebelo ENQUADRAMENTO HISTÓRICO 1844 - John Little - Little Disease 1883 – Freud 1889 Willian A PC tem como origem uma lesão no sistema nervoso central (ainda imatura e em desenvolvimento) que ocorre na gestação ou nos primeiros anos de vida, e levará a uma alteração de movimentos e postura, onde a coordenação muscular não é correcta e o tónus muscular está com alterações. DEFINIÇÃO CONCEPTUAL “Uma sequela de uma afecção encefálica, que se caracterizada primordialmente por um transtorno persistente, mas não invariável do tônus da postura e movimento, que na primeira infância e que não somente é directamente secundária a essa lesão não evolutiva do encéfalo, como devido também a influência que tal lesão exerce sobre a maturação neurológica” Little Club (1958), Ponces, Barraquer, Corominas e Torras (1996) Phelps • Um transtorno persistente mas não invariável da postura e do movimento, devido a uma lesão não evolutiva do encéfalo, (1951) antes que o seu crescimento e desenvolvimento se completem. 1966/1969 • Uma desordem permanente e não imutável da postura e Seminário PC do movimento, devido a uma lesão não evolutiva do encéfalo, antes que o seu crescimento e desenvolvimento se completem” González (1977) Bobath (1979) • “Desordem motora persistente que surge antes dos três anos de idade, devido a uma lesão neurológica não progressiva, que interfere no desenvolvimento do cérebro”. • “Resultado de uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de carácter não progressivo, existindo desde a infância e interfere com o desenvolvimento motor normal da criança”. Black (1982) Cahuzac (1985) Equipa clínica do centro da reabilitação Calouste Gulbenkian (1986) • “Desordem não progressiva do movimento ou postura que começa na infância e é causada por um mau funcionamento ou dano do cérebro (disfunção cerebral).” • “Desordem permanente e não imutável da postura e do movimento, devido a uma disfunção do cérebro antes que o seu crescimento e desenvolvimento estejam completos”. • “uma lesão cerebral que atinge o cérebro num período de desenvolvimento e provoca perturbações de controlo da postura e do movimento.” Sanclemente e laFuente (2002) Bax • No seu livro Parálisis cerebral infantil definem o termo PC como “ um conjunto de problemas neurológicos com manifestações motoras” variadas. • “perturbações do desenvolvimento do movimento e da postura, que causa limitações da actividade e é atribuída a (2005) uma lesão não progressiva que ocorre durante o A escola • “Prefere o termo “doença motor cerebral” e considera o Francesa desenvolvimento fetal ou no cérebro imaturo da criança” problema essencialmente motor, admitindo coeficientes de inteligência, acima dos 70%. Resultante das várias interpretações podemos considerar: Lesão encefálica que afecta o SNC imaturo na etapa mais importante da vida da criança, em relação ao desenvolvimento cerebral; Existe uma alteração motora como elemento característico, com carácter permanente e não evolutivo; Apresenta alterações nos reflexos; ainda que a sintomatologista seja física, a afectação está no SNC; Os sintomas variam de acordo com a localização e a extensão da lesão podendo mesmo modificar-se, ao contrário da lesão que as origina; Não se vincula, necessariamente a deficiência mental e pode estar a outras perturbações como epilepsia, alterações de visão, problemas de fala, linguagem e de controlo respiratório ETIOLOGIA A paralisia Cerebral não surge associada a qualquer deficiência dos pais ou doença hereditária, excluindo-se a possibilidade de transmissão de pais para filhos. Factores endógenos A Paralisia Cerebral: Não está dependente só das suas causas mas também da sua topologia: maior gravidade ou menor gravidade; A Fase etária em que ocorre distúrbio poderá ser: Precoce ou Tardia Multifactorial Pré-natal Antes do nascimento Peri-natal Desde o inicio do trabalho de parto após 48 H do nascimento Pós-natal Durante os três primeiros anos de vida Período Pré-natal Período Embrionário Período Fetal • Embriopaticas: rubéola, sífilis, herpes e hepatite • Fetopatias: mutações cromossómicas, lesões fetais, interferência de químicos. Período Peri-natal Choque térmico; Anoxia; Prematuridade; Sobredosagem de droga/ medicamentos; Placenta prévia; Má posição do feto no momento do parto; Hemorragia associada; Resistência da cabeça; Parto provocado; Mudanças súbitas de pressão; Reacções de hipoglicemia; Reacções de hipoglicemia… Período Pós-natal Meningite ou encefalite; Mudanças súbitas de pressão; Doenças metabólicas; Tóxinas; Desidratações; Estrangulamento; Traumatismos por acidentes graves; Anoxia ; Acidentes anestésicos; Hipoglicemia; Incompatibilidade Rh Tumores; Hematoma “subdural”; Quistos; Fractura e contusão craniana; Entre outros… Aneurisma cerebral congénito; Trombose; Embolia cerebral; Encefalopatia hipertensa; Segundo, Wiggleworth, as principais origens de uma lesão cerebral em prematuros e não prematuros, estão relacionadas com as lesões hemorrágicas. CLASSIFICAÇÃO As classificações na paralisia cerebral “assentam essencialmente, nos critérios de tipo (aspectos morfológicos) grau, tonicidade (distribuição do tónus muscular) e possíveis disfunções associadas”. a) • Classificação baseada no tónus muscular b) • Classificação do tipo topográfica c) • Classificação baseada no grau de afectação Classificação baseada no tónus muscular Tipo Espástico Tipo Atetósico Tipo Atáxico TIPO ESPÁSTICO A espasticidade caracteriza-se pela rigidez muscular que “ dificulta ou impossibilita o movimento, em especial dos braços e dos membros inferiores. Os sintomas podem variar desde uma leve contracção até uma deformidade severa”. Andrade (2009) Lesão ao nível do sistema piramidal TIPO ATETÓSICO Caracteriza-se por uma perturbação em que o movimento caracteriza-se por irregular, lento contínuo e involuntário. Estes movimentos podem caracterizar-se nas extremidades ou alargar-se a todo o corpo. Lesão ao nível do sistema extra-piramidal TIPO ATÁXICO “Está presente uma grande descoordenação motora, tanto fina como global reflectindo-se também na linguagem falada, esta com grandes imprecisões na coordenação fonoarticulatória e no ritmo de produção verbal.” Lima (2002:15) Área afectada é geralmente o cerebelo e as vias cerebelosas. Classificação tipo Topográfica TIPO AFECTAÇÃO Monoplegia ou monoparésia Apenas um dos membros é afectado Paraplegia ou paraparésia Afecta os membros inferiores Hemiplegia ou Hemiparésica Afecta especificamente um dos lados do corpo Diplegia Os membros superiores são mais afectados que os inferiores Triplegia Afecta três menbros Tetraplégia ou tetraparésia Afecta as quatro extremidades superiores e inferiores Classificação baseada no grau de Afectação Leve Moderado Severo • “A linguagem é compreensível embora possa apresentar alguns problemas articulatórios.” • “A linguagem por estar afectada, e mesmo sendo inteligível, apresenta graves problemas de pronunciação.” • “Sérias dificuldades em articular de forma inteligível, ou mesmo ausência de fala.” Problemas associados à paralisia cerebral Défices Cognitivos Défices Visuais Défices Auditivos Problemas de percepção Problemas de Linguagem Conceitos associados ao desenvolvimento da linguagem: Linguagem Fala Comunicação Limitações sensoriais Linguagem interna Aprendizagem A fala, depende de movimentos rápidos e bem coordenados da cavidade orofaríngea assentas essencialmente em processos motores que através da interacção activa entre os sistemas respiratório, fonatório e articulatório, transformam padrões específicos de movimento em produtos de fala. Factores que podem dificultar a produção de fala e a comunicação: - Alterações das funções vegetativas - Quadros caracterizados por espasticidade - Apresentação de uma protusão lingual - A prevalência dos reflexos primitivos - Hipersensilidade facial - Ausência do controlo da cabeça - Apresentação ritmos respiratórios imaturos - As alterações morfológicas dos órgãos fono–articulatórios - As anomalias ao nível da fonação Alterações da Fonação Fonação: capacidade normal do individuo produzir sons A criança com PC apresenta: que “as sinergias motoras da laringe totalmente descoordenado ou desarmónico.” Lima (2002:21) A descoordenação pneumofóbica, vai-se repercutir a nível da actividade pré linguística da criança e das suas características principais. Alterações da Articulação Disartria “Sinónimo de dificuldades de expressão devido a alterações do tonus e do movimento dos músculos fonoarticulatórios, secundários a lesões dos SNC” Lima (2000:231) Alterações da Articulação Principais Dificuldades Reflexos ao nível da articulação e produção Lateralização e elevação da língua Articulação do fonema /r/ e fonema /l/ Exercer pressões sobre os lábios Produção de consoantes oclusivas (p, t, d, b) Actividade do sopro Articulação das consoantes fricativas (f, v, s, z, x, j) Elevação do dorso lingual Produção das consoantes palatais (…) (…) INTERVENÇÃO Na Intervenção na criança com Paralisia Cerebral Torna-se importante: - Iniciar a intervenção o mais cedo possível; - Diagnostico da criança; 1ºFASE - A recolha de informação junto dos pais e outros profissionais; - A história do parto; - Do seu desenvolvimento; - A alimentação; - A saúde; 2ºFASE - Recolha de informação; - Capacidade intelectual; -Personalidade; - Ao nível de comunicação; - Capacidade motora; - Ao grau de desenvolvimento; - À aprendizagem da criança. ALIMENTAÇÃO Hiperextensão da cabeça; Espasmos de abertura e/ou encerramento da boca; Diminuição da força de encerramento labial; Movimentos involuntários da língua; Hipersensibilidade oral; Alterações da motricidade oral. ALIMENTAÇÃO Colocar a criança mais confortável, sociável e sobretudo mais segura se adoptarmos um posicionamento adequado Uma correcção do tronco com uma ligeira flexão da cabeça, a intenção é que a criança esteja relaxada. Podemos também optar por fazer um controle oral adicional RESPIRAÇÃO Pedindo à criança que apague velas de diferentes tamanhos e posicionados a distâncias diferentes; Soprar assobios e cornetas adaptadas; Ao fim de algum tempo a criança já os realiza de forma espontânea. FONAÇÃO O decúbito dorsal é considerada umas das formas mais adequadas para iniciar os sons. De modo a vibrar o tórax, a criança deve com a mão estendida para incitar as vocalizações, os choros o riso ou gritos podem servir de suporte para a iniciação da fala. ARTICULAÇÃO Deve-se executar movimentos inicialmente isolados e posteriormente mais coordenados iniciando-se pelos fonemas sonoros e sílabas inversas. Assim que a criança articule os fonemas começamos a ensinar sílabas com sentido/monossílabos. Comunicação aumentativa e alternativa “O ser humano está (…) geneticamente preparado para a interacção social (…), só o envolvimento social (…), pode proporcionar experiências interactivas contingentes e reciprocamente reguladas que desenvolvem na criança um sentimento de competência como parceiro social.” Leitão (1994:19) (SAAC). Sistemas alternativos /aumentativos Uma resposta fundamental para colmatar as lacunas existentes na área da comunicação em adultos e crianças com limitações físicas para a produção oral, revelando-se como um meio eficaz para a acção verbal. Sistemas alternativos/ aumentativos Sistemas de comunicação sem ajuda Sistemas de comunicação com ajuda CATEGORIAS DIVERSIFICADAS - Sistemas de comunicação por objectos; - Agrupa-se em categorias diversificadas; - Constituídos por objectos de tamanho real, miniaturas ou parte de objectos; - Sistemas de comunicação por imagem, que incluem principalmente imagens, tais como fotografias e desenhos lineares; - Sistemas de comunicação através de símbolos gráficos (sistema PIC, SPC, Bliss, Rebus, Sigsymbols, Picsyms, Oakland); - Sistemas combinados utilizando símbolos gráficos e manuais (Makaton); - Sistemas com base na escrita (alfabeto, sílabas, palavras, frases, alfabeto) e sistemas de comunicação por linguagem codificada por linguagens codificadas (Braile, Morse). No fundo, através de um sistema alternativo e comunicativo de comunicação, é possível promover capacidades comunicativas e linguísticas em pessoas severamente incapacitadas, tornando-as capazes de interagir, comunicar, de expressar necessidades e sentimentos de partilhar experiencias e informações, de codificar as suas representações, o que evitam o isolamento inter-comunicativo e contribuem para o desenvolvimento do seu potencial humano. Puxa por mim! Vê quão longe posso chegar! Faz-me trabalhar até cair. Depois levanta-me do chão. Abre uma porta e faz-me correr até ela antes que se feche. Ensina-me para que possa aprender, depois deixa que entre no túnel das experiências sozinhas. E quando, próximo do fim, me voltar para te ver ajudar outro a embarcar nesta aventura, ver-me-ás sorrir. Kathleen, 2008 Citado por Tomlinson no livro “Diferenciação Pedagógica e Divessidade”: Porto Editora Bibliografia ALVES, A. et al (2004), Crescer com Paralisia Cerebral, Cadernos de Educação de Infância, n.º 72, Lisboa Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral (2009). Web site: http://www.apifarma.pt/uploads/17-APPC.pdf BAUTISTA, R. (1997). Necessidades Educativas. Lisboa: Dinalivro. FERREIRA, F. (2009). Um olhar sobre o funcionamento das unidades de apoio à multideficiencia no distrito de Braga. Web site: http://repositorio.uportu.pt/dspace/bitstream/123456789/171/1/TME%20385.pdf FRANCISCO, Ana, GOMES, Ana, OlIVEIRA, Carina, (2009/10), Sistemas de comunicação aumentativa e alternativa, Unidade Electiva “Tecnologias de Apoio a comunicação para as crianças com NEE”, Escola Superior de Educação de Lisboa, Lisboa, disponível de ttp://1.bp.blogspot.com/_kNan2zUsKb4/Su69_9ehVlI/AAAAAAAAAFo/uX2W_Tg7ukI/s1600-h/1.bmp, em 17 de Janeiro, 2001 LIMA, Rosa (2000). 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