Comunicação Social A leitura e a releitura do mundo Comunicação social As relações do homem com o mundo, inegavelmente, estão mediadas por sua percepção e construídas pela linguagem. É bem verdade que a natureza desta linguagem é de caráter social, pois a condição de sua existência é a própria exigência de troca e comunicação. A forma de designação do mundo pouco a pouco torna-se o próprio mundo. Mas, eis que, na própria oralidade que antecede a escrita, se insinua o gesto de criar sentidos. No mesmo ato em que se nomeia a natureza, o homem o interpreta; ou seja, desde o primeiro olhar o homem significa, isto é, atribui imaginariamente funções e designações: o homem lê. Propaganda e Publicidade A arte de vender influências Propaganda e publicidade A comunicação com as massas, em uma palavra, não é boa nem má; é simplesmente um poder e, como qualquer outro poder, pode ser bem ou mal empregado. No que diz respeito à propaganda, os primeiros defensores da instrução obrigatória e de uma Imprensa livre só enfrentavam duas possibilidades : a propaganda podia ser verdadeira ou falsa. Não previam o que realmente sucedeu, principalmente nas nossas democracias capitalistas acidentais – o crescimento de uma vasta indústria de comunicações com as massas, que na sua maior parte não se preocupa nem com o verdadeiro nem com o falso, mas com o irreal, o mais ou menos totalmente irrelevante. Propaganda: entre a democracia e a ditadura Propaganda é um modo específico de se apresentar uma informação, com o objetivo de servir a uma agenda. Mesmo que a mensagem traga informação verdadeira, é possível que esta seja partidária, não apresentando um quadro completo e balanceado do objeto em questão. Seu uso primário advém de contexto político, referindo-se geralmente aos esforços patrocinados por governos e partidos políticos. Uma manipulação semelhante de informações é bem conhecida, a publicidade, mas normalmente não é chamada de propaganda, ao menos no sentido mencionado acima. Do latim moderno, propaganda quer dizer "para ser espalhado". Em 1622, no início da Guerra dos Trinta anos, o Papa Gregório XV fundou o Congregatio Propaganda Fide ("Congregação para a Propagação da Fé"). Propaganda: entre a democracia e a ditadura Há dois tipos de propaganda – propaganda racional a favor da ação que é de acordo com o próprio interesse esclarecido daqueles que a fazem e daqueles a quem é dirigida, e a propaganda não-racional, que não é de acordo com o próprio interesse esclarecido de ninguém, mas que é ditada por e apela para, paixões, impulsos cegos, desejos ou medos inconscientes. “Toda propaganda efetiva”, escreveu Hitler, “deve resumir-se ao estritamente indispensável e deve, portanto, exprimir-se em meia dúzia de fórmulas estereotipadas.” Estas fórmulas estereotipadas devem ser constantemente marteladas porque “só pela repetição constante conseguir-se-á imprimir finalmente uma idéia na memória de uma multidão. Ser um dirigente significa estar apto a mover as massas”. Propaganda e publicidade O Kaiser, propaganda militar humorística francesa Propaganda e publicidade Recrutamento de britânicos para a guerra Propaganda e publicidade Propaganda anti-nazista americana Propaganda e publicidade Revista em quadrinhos anticomunista Propaganda e publicidade Panfleto anticomunista Publicidade: história e consumo A publicidade é uma atividade profissional dedicada à difusão pública de idéias associadas a empresas, produtos ou serviços, especificamente, propaganda comercial. Publicidade é um termo que pode englobar diversas áreas de conhecimento que envolvam esta difusão comercial de produtos, em especial atividades como o planejamento, criação, veiculação e produção de peças publicitárias. Mas estudos mostram uma tabuleta em argila encontrada por arqueólogos, a qual continha inscrições babilônicas, anunciando a venda de gado e alimentos, demonstrando que já se utilizava de algum tipo de publicidade na antiguidade. Foi, porém, após a Revolução Francesa (1789), que a publicidade iniciou a trajetória que a levaria até o seu estágio atual de importância e desenvolvimento. Publicidade: história e consumo Sob o sistema da livre concorrência, a propaganda comercial por todos e quaisquer meios é absolutamente indispensável. Mas o indispensável não é indispensavelmente o desejável. Uma propaganda eficiente e racional só se torna possível quando há uma compreensão clara, por parte de todos a quem é dirigida, da natureza dos símbolos e das suas relações com as coisas e com os fatos representados. Os simples de espírito têm a propensão a igualar o símbolo com o que ele representa, a atribuir às coisas e aos fatos algumas das qualidades manifestadas por palavras que o propagandista escolheu para dissertar sobre eles, em função dos seus próprios fins. Publicidade: história e consumo Consideremos um simples exemplo. Muitos cosméticos são feitos de lanolina, que é uma fusão de gordura extraída da lã de carneiro e de água, fusão agitada em emulsão. Esta emulsão apresenta muitas propriedades salutares : penetra a pele, não rança, é ligeiramente anti-séptica, etc. Mas os propagandistas comerciais ‘nada dizem a respeito das genuínas virtudes da emulsão. Dão-lhe um nome pitorescamente deleitoso, falam arrebatada e incorretamente da beleza feminina, e exibem figuras de louras sensuais cuidando dos seus tecidos cutâneos com um trófico da pele. “Os produtores de cosméticos”, escreveu um deles, “não estão vendendo lanolina, estão vendendo esperança.” Publicidade: história e consumo Os princípios atinentes a esta espécie de propaganda são extremamente simples. Encontrar uma ambição generalizada, um receio ou uma ansiedade inconsciente bastante geral; encontrar um meio de relacionar este desejo ou medo com o produto que se tem para vender; construir, depois, uma ponte de símbolos verbais ou visuais sobre o qual o cliente possa passar da realidade a um sonho compensatório, e do sonho à ilusão de que o seu produto, quando procurado, fará que o sonho se torne realidade. “Já não compramos laranjas, compramos vitalidade, já não compramos um automóvel, compramos prestígio”. Publicidade: história e consumo Publicado na revista Eu Sei Tudo, em fevereiro de 1918, no Rio de Janeiro, mesmo se tratando de Carnaval, este anúncio mostra ousadias para a época - o erotismo da Colombina, muito esvoaçante nas mãos de um Pierrô libidinoso, que usa lançaperfume para embriagar a foliona. A Casa de Alice, onde se ambienta a imagem, toda feita em carvão, era uma casa de prostituição localizada no bairro das Laranjeiras, que havia servido ao Império e passou a atender também a República. Como o fabricante do produto era amigo da proprietária e cliente fiel da casa, começou a produzir o brinquedo batizando-o com o nome da amiga, em forma de homenagem. Publicidade: história e consumo O lança-perfume, anteriormente importado da França e Argentina, era muito caro. A Rhodia começou a produzi-lo no Brasil em 1906, no Rio, inicialmente em frascos de vidro. Mais tarde vieram os concorrentes: Vlan e Flirt. Foi a coqueluche dos bailes de Carnaval do passado. Considerado entorpecente, acabou sendo proibido por Jânio Quadros, em 1961. Enquanto o Brasil brincava, 1918 foi o ano da gripe espanhola, que assolou o mundo. Publicidade: história e consumo 1919 - A alusão à Faculdade de Medicina de Paris, onde teria se graduado o “Dr. Pierre” é um apelo que o fabricante usou para passar mais credibilidade ao produto. A Primeira Grande Guerra havia terminado. O início do século já mostrava uma revolução nos comportamentos sociais. O continente era o centro dos acontecimentos, e a mulher o alvo preferido da propaganda. Publicidade: história e consumo Produtos vindos da Europa eram sempre bem-vindos. Especialmente da França, centro das artes, da ciência, da revolução do pensamento filosófico e político, onde os filhos da elite brasileira eram mandados para estudar. Publicidade: história e consumo 1920 - A Saude da Mulher (Almanaque Saúde da Mulher): O anúncio é objetivo, com um slogan claro: “A Saude da Mulher é a saude da mulher”, assim mesmo, sem o acento agudo, dando pistas de ter sido feito fora do Brasil. A série de anúncios deste produto mostra mulheres de muitos países, sugerindo tratar-se de um produto mundial. Com o lançamento do tônico Saúde da Mulher, em 1906, o laboratório Daudt Freitas & Cia desenvolveu como parte de sua estratégia de propaganda, a publicação do Almanaque "A Saúde da Mulher" que circulou até 1974 e alcançou tiragens históricas de 1,5 milhão de exemplares. Publicidade: história e consumo 1922 - A divulgação da marca é notória nesse clássico da propaganda: a imagem de um forte pescador com um peixe quase do seu tamanho às costas, deixando claro que Emulsão de Scott é o verdadeiro óleo de fígado de bacalhau. Não há símbolos nem desenho de letras. A marca é o próprio desenho da ação. Nada mais direto. Publicidade: história e consumo 1929 - Coty – Revista O Cruzeiro - Influência direta da Semana de 22, uma concepção modernista, em traço de escultura, dá a este anúncio um ar de enigma e mistério. No texto também uma renovação da linguagem, em forma de poema: “Nos jardins dos perfumes de Coty, colhei a flôr do seu enlevo... Discreta, sentimental, amorosa, sensual... para cada uma a suave sensação da primavera florida... num paraiso de crystal”. Publicidade: história e consumo Uma das marcas de creme dental mais lembradas de todos os tempos sem dúvida é Kolynos, que acompanhou o consumidor brasileiro praticamente por todo o século vinte. No início da década de 30 a Kolynos, buscando usar modelos com os quais as brasileiras se identificassem, encomendou uma série de anúncios tendo como figura principal mulheres morenas, sensuais e misteriosas. Este aqui é um exemplo deles, que recomendava: “O Kolynos limpa os dentes e as gengivas tal como é preciso limpal-os.” E por fim orienta: “Basta usar meia pollegada de creme numa escova secca”. Publicidade: história e consumo Anúncio da grife de perfumes Tom Ford, cuja veiculação foi cancelada em 2008 devido ao caráter explícito das imagens.