CASO CLÍNICO : CONVULSÃO FEBRIL
INTERNATO ESCS 2012
PEDIATRIA - HRAS
Apresentação: André Santana Guerra; Gabriel Lima Rodrigues
Coordenação: Luciana Sugai; Paulo R. Margotto
Brasília, 10/02/2012
www.paulomargotto.com.br
HRAS
 ID: MMA, 8 meses, feminino, 5.000 g
 Paciente compareceu ao serviço com crise
epiléptica há 10 minutos. O pediatra de
plantão constatou crise generalizada tônica,
cianose, ausência de movimentos
respiratórios associado a espasmo de toda a
musculatura esquelética.
 CONDUTA???
 CONDUTA:
 Iniciado oxigenioterapia sob máscara com FiO2
100% e monitorização da Sat de O2
 Paciente, imediatamente, iniciou movimentos
respiratórios
 Administrado 2 mg de Diazepam EV sem resposta
em 5 minutos
 Após nova infusão de 2 mg de Diazepam, a crise
cessou
 E SE HOUVER DIFICULDADE PARA OBTENÇÃO
DO ACESSO VENOSO ???
 Diazepam bucal e retal
 Midazolan bucal, nasal e IM
 HDA após estabilização do quadro:
 Mãe refere quadro febril há 3 dias, progressiva,
chegando a 39° C, que diminuía com uso de dipirona,
mas remitia antes de 6 horas. Associado ao quadro,
refere aumento da irritabilidade, coriza hialina, tosse
seca e eritema conjuntival. Nega dispneia, vômitos e
diarreia.
 Há 1 hora, paciente apresentou quadro de crise
tônico-clônica generalizada, com duração de 15
minutos, cessando após 2 doses de diazepam, com
sonolência breve no estado pós-ictal. Temperatura
axilar após a crise de 40°C.
 2 horas após a estabilização da crise, a criança
apresentava bom estado geral, estava ativa e reativa.
 Antecedentes:
 Pessoais: nega episódios semelhantes, doenças,
internações prévias e alergias
 Familiares: mãe e pai saudáveis. Tio, 30 anos, faz
tratamento para epilepsia há 15 anos
 Fisiológicos: parto normal, a termo, AIG, sem
intercorrências. Desenvolvimento
neuropsicomotor adequado. Amamentação
exclusiva até 6 meses. Imunização atualizada,
última vacinação há 4 dias
???
 EXAME FÍSICO:
 BEG, eutrófica, hipocorada +/4+, hidratada,






anictérica, acianótica e eupneica
Presença de coriza amarelada, orofaringe
hiperemiada, e otoscopia sem alterações
Neurológico: ausência de sinais meníngeos, ativa e
reativa, fontanela anterior plana e normotensa
ACV: RCR, 2T, BNF, sem sopros, FC: 140 bpm, pulsos
cheios e simétricos
AR: MV fisiológico, sem ruídos adventícios, FR: 36
irpm, Sat O2: 96%
ABD: semigloboso, RHA+, timpânico, sem
visceromegalias e massas palpáveis
Extremidades: bem perfundidas e sem edema
 EXAMES COMPLEMENTARES
 Hemácias- 3,65 x 106 , Hg: 10,5, Ht: 36%.
 Leucócitos 13.000, 42% segmentados, 2% bastões,




51% linfócitos, 5% monócitos.
Plaquetas: 216.000.
VHS: 34.
TGO: 38, TGP: 42.
Ur: 40, Cr: 0,4.
 Outros exames???
 Glicemia, eletrólitos e exames toxicológicos
sem alterações
 Não foram realizados exames de imagem
 Líquor não foi puncionado devido ao bom
estado geral da criança
???
HIPÓTESES ???
 EVOLUÇÃO:
 No dia seguinte, 4° dia, a criança permanecia com
bom estado geral, apesar da persistência da febre
 No decorrer do dia, observou-se o surgimento de
máculas róseas em tronco e pescoço que
disseminaram para face e extremidades
 Associado ao quadro, apresentou diminuição da
febre em crise
 A mãe recebeu as orientações necessárias e a criança
alta médica
SÍNDROMES EPILÉPTICAS
Definições
 Convulsões – Crises com manifestações motoras
 Crises epilépticas - evento neurofisiológico, representando uma
descarga elétrica anormal, excessiva e síncrona, de um grupamento
neuronal
 Epilepsia - condição crônica, caracterizada pela presença de crises
epilépticas recorrentes, na ausência de eventos externos
desencadeantes.
 Epilepsia refratária – Utilização de 3 ou + tratamentos adequados sem
sucesso (impossibilidade de vida social) -> neurocirurgia
 Estado de Mal Epiléptico (EME) –



Crise epiléptica > 30min sem pausa;
Crises epilépticas subentrantes (crise/inconsciência/crise/inconsciência)
Epiléptico: mudança de padrão das crises
Consenso Atual de Especialistas
Introdução
 Manifestação neurológica mais freqüente nos
departamentos de emergência;
 1-5% dos atendimentos, excluindo-se o trauma;
 80% das crises agudas em crianças cessam antes
do atendimento hospitalar;
 Grande parte dos episódios com duração > 5 min
persistirão por mais de 20-30 min -> lesão SNC e
sistêmicas.
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de
mal epiléptico em crianças”. J. pediatr. (Rio J.). 1999
Etiologia
 Neonatal:




Anóxia/isquemica
Infecções congenitas
Mal formações
Metabolismo
 Lactentes:
 epilepsia mioclônica benigna
do lactente
 convulsão febril benigna

sínd. Ohtahara/West
 Pré-escolar/escolar/adolescentes:
 ausência clássica
 epilepsia mioclônica juvenil
 Lennox-Gastau/sínd. Doose/
Encefalite crônica de Rasmussen
“Epilepsias na Infância”. Rizzutti S, Muszkat M. Neuropediatria Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo.
Fisiopatologia
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal
epiléptico em crianças”. J. pediatr. (Rio J.). 1999
Classificação – Crises generalizadas
 Crises generalizadas:
 Não apresentam evidência de início localizado, as
manifestações indicam acometimento de ambos
hemisférios cerebrais desde o início e as descargas
eletroencefálicas são bilaterais
 O sistema reticular ativador ascendente é
precocemente atingido pelas descargas, sendo a
consciência comprometida.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises generalizadas
 Crises tônico-clônicas (grande mal):
 Perda abrupta da consciência
com contração tônica e
depois clônica dos quatro
membros, apnéia, liberação
esfincteriana, sialorréia e
mordedura da língua,
durante cerca de 1 min.
 Período pós-ictal de 15-30min com letargia, confusão
mental e sonolência.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises generalizadas
 Crises clônicas:
 Abalos musculares clônicos repetitivos.
 Crises tônicas:
 Aumento do tônus muscular por 10-20 seg.
Podem comprometer apenas musculatura axial,
das raízes dos membros ou todo o corpo.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises generalizadas
 Crises de ausência típicas:
 Breves episódios de
comprometimento de
consciência acompanhados por
manifestações motoras muito
discretas como automatismos
orais e manuais, piscamento,
aumento ou diminuição do
tono muscular, etc.
 10-30 seg com início e término
abruptos.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises generalizadas
 Espasmos:
 Contração tônica rápida (10-15 seg) da
musculatura do pescoço, tronco e membros
(flexão ou extensão).
 Ocorrem em salvas, especialmente ao despertar e
durante sonolência
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises generalizadas
 Crises mioclônicas:
 Sacudidas musculares rápidas e intensas,
erráticas, fragmentadas ou generalizadas,
frequentemente bilaterais, podendo se associar a
espasmos tônicos, com padrões tônicos ou
clônicos multifocais, ou com mistura dos
diferentes tipos de crises.
CRISES CONVULSIVAS NO PERÍODO NEONATAL. Veiga SH, Margotto PR, Castro JG
www.paulomargotto.com.br
Classificação – Crises generalizadas
 Crises atônicas:
 Perda do tônus postural, promovendo queda se o
indivíduo estiver em pé.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises Focais
 Crises Focais:
 Manifestações clínicas indicam o envolvimento de
uma porção de um hemisfério cerebral.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises Focais
 Crises Focais Sensitivo-sensoriais:
 Com sintomas sensitivo-sensoriais Elementares:
sensitiva (parestesias, dor, sensações viscerais),
visuais, auditivas, olfatórias e gustativas.
 Com sintomas Experienciais: déjà vu, estados de
sonho, alucinações complexas. (indivíduo
reconhece como algo fora da realidade)
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises Focais
 Crises Motoras Focais:
 Com sinais motores elementares clônicos
 Crises motoras tônicas Assimétricas
 Crises com Automatismos Típicos do Lobo Temporal
 Crises com Automatismos Hipercinéticos
 Crises com Mioclonias Negativas Focais
 Crises Motoras Inibitórias
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises Focais
 Crises Gelásticas:
 Riso, de caráter incomum, estereotipado e
inapropriado, constitui o fenômeno complexo
mais importante.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Classificação – Crises Focais
 Crises Secundariamente Generalizadas:
Crises tônico-clônicas
generalizadas
geralmente
assimétricas
precedidas pela
versão da cabeça
e dos olhos para
o lado contralateral
ao início crítico.
A Neurologia que todo médico deve saber. Nitrini R, Bacheschi L A. 2ª Edição Editora Atheneu, São Paulo, 2003.
Diagnóstico Laboratorial
LCR
 Sempre que se optar pela não coleta do LCR, o paciente
deverá ser observado de modo atento nas primeiras seis a
12 horas, antes da alta hospitalar
 Geralmente não é necessário em pacientes sem alteração
neurológica após a crise epiléptica (raramente, a crise
epiléptica é manifestação isolada, além da febre, em um
paciente com meningite bacteriana > 18 meses
 Diversos autores recomendam a coleta do LCR em crianças
que tenham apresentado um primeiro episódio convulsivo
na vigência de febre e que tenham menos de 6 a 12 meses
de idade, mesmo na ausência de sinais meníngeos
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
Diagnóstico Laboratorial
 OBS: Presença de sinais de localização, em
pacientes com convulsões, deve alertar o médico
para a possibilidade da presença de lesão
expansiva (riscos de uma eventual herniação
cerebral pós-punção do LCR em pacientes com
abscessos, neoplasias ou mesmo enfartes
cerebrais extensos) -> TC
 Crianças maiores a dosagem de rotina de
eletrólitos e glicemia são de pouco valor quando
o exame neurologico está normal no período
pós-ictal;
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
Diagnóstico - Neuroimagem
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
Diagnóstico - EEG
 A principal indicação: suspeita da presença de
crises epilépticas eletrográficas que possam
estar ocorrendo sem manifestação clínica
(EME refratário);
 Ainda na fase aguda, o EEG pode ser
importante na detecção de alterações
específicas como na suspeita de encefalite
pelo herpes simplex.
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
Diagnóstico Diferencial

Nem todos os pacientes com perda de consciência ou que apresentem
tremores ou mesmo liberação de esfíncteres, apresentam fenômenos
epilépticos;

Procurar afastar a possibilidade de outros distúrbios paroxísticos de
ordem não epiléptica (síncopes, equivalentes enxaquecosos, etc);

Dúvida? Melhor aguardar um segundo episódio, orientando os
familiares para as observações necessárias e para evitar riscos como por
exemplo os perigos de submersão em piscinas ou na própria banheira

“O diagnóstico errôneo de epilepsia não só prejudica o tratamento
específico, como também determina efeitos danosos psicossociais
com o diagnóstico de epilepsia”.
“Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de mal epiléptico em crianças”. J. Pediatr. (Rio J.). 1999
Introdução
 A Crise Epiléptica Febril (CEF) é o evento convulsivo mais
comum na faixa etária pediátrica
 Prevalência de 2 a 5% nos EUA e Europa Ocidental
 Chile, revelou incidência anual de 4%.
 São os pediatras que assistem a estes pacientes na crise e,
muitas vezes, acompanham os casos posteriormente
 Cérebro imaturo + susceptibilidade a infecções
“Tratamento das crises febris”. Guerreiro MM. Jornal de Pediatria - Vol. 78, Supl.1, 2002.
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de Neurofisiologia Clínica do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo
Etiologia
 As CEF podem estar relacionadas a outras síndromes
epilépticas, por isto é de importância a pesquisa do
heredograma e eventual estudo genético em casos
selecionados.
 Em 1997 foi descrita uma família australiana que
apresentava CEF e outros tipos de crises generalizadas
afebris (mioclônicas, atônicas, tônico-clônicas, ausências),
e esta entidade nosológica foi denominada de síndrome de
epilepsia generalizada com crises febris plus (SEGCF+), do
inglês - generalized epilepsy with febrile seizures plus(GEFS+)
 Deficiência de ferro(?)
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de Neurofisiologia Clínica do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo
Etiologia Infecciosa + CF
 “In the multi-center review, the most common
associated infectious illnesses were otitis media
(34%), upper respiratory infection (12%), viral
syndrome (6%), and pneumonia (6%). Urinary
tract infection (3%), gastroenteritis (2%),
varicella (2%), and bronchiolitis (1%) were
identified in a smaller subset of patients. Thirtyfour percent of patients had no infectious
diagnosis at time of ED discharge, presumably
because they were early in their course of
illness.”
“Pediatric seizures and their management in the emergency department”. Freedman S B , Powell E C. Clinical
Pediatric Emergency Medicine Volume 4 • Number 3 • September 2003
Características clínicas
 Ocorrência em intervalo de idade restrita
 Desenvolvimento neurológico normal anterior e posterior às
crises
 Ausência de anomalias estruturais do SNC, embora crianças com
enfermidades neurológicas tenham maior suscetibilidade à CEF
 A maioria das CEF ocorrem dentro das primeiras 24 horas da
febre
 Não há consenso nos diversos estudos sobre o grau de febre,
nem sobre a velocidade de subida da temperatura
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de Neurofisiologia Clínica do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo
Classificação
 Crises simples (80%):





generalizadas
duração inferior a 15 min
resolvem-se espontaneamente
ocorrem até em 24 hras
menor risco de complicações
 Crises complexas (20%) :
 quadros focais
 duração maior do que 15 min (podendo evoluir com estado
de mal epiléptico)
 crise recorrente na mesma doença febril, ou em até 24
horas do primeiro episódio
“Pediatric seizures and their management in the emergency department”. Freedman S B , Powell E C. Clinical
Pediatric Emergency Medicine Volume 4 • Number 3 • September 2003
Evolução
 Recorrência de CEF no mesmo episódio febril é
observada em 1-20% dos pacientes;
 Principais fatores de risco associados à
recorrência de crises epilépticas são: inerentes
ao paciente, ao tipo de crise inicial, e às
características de quadro infeccioso
desencadeante;
 Cerca de 2-4% evidenciam a longo prazo serem
portadores de epilepsia, risco duas a quatro
vezes superior ao da população geral;
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de Neurofisiologia Clínica do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo
Recorrência
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M
F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de
Neurofisiologia Clínica do Hospital Universitário da Universidade
de São Paulo
Diagnóstico
 Suspeita clínica nos casos em que há relato de
febre e disfunção neurológica aguda
 A febre (TAX >ou= 37,8ºC) comprovada
 Sinais agudos ou subagudos de
comprometimento do SNC - rebaixamento do
nível de consciência (exceto período pós crítico
imediato e sedação medicamentosa), sinais de
hipertensão intracraniana (abaulamento de
fontanela, vômitos, estrabismo) e sinais
meníngeos.
Ensaio: o pediatra frente à crise epiléptica febril. Guilhoto L M F F; Felgueira R M; Lioi M C A; Lioi M I A . Setor de Neurofisiologia Clínica do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo
ORIENTAÇÕES NA CRISE CONVULSIVA FEBRIL
 Acalmar os pais e explicar sobre a benignidade do
ocorrido
 Durante a febre:




Uso de antitérmico regular
Não agasalhar muito
Evitar banhos com água quente
Usar compressas frias nas axilas e virilhas
 Durante a crise:
 Deitar paciente em superfície lisa, em decúbito lateral, com
a cabeça apoiada e não introduzir objetos na boca da criança
 Procurar atendimento médico se crise durar mais de 5
minutos ou presença de cianose intensa
 Orientar quanto ao uso de diazepam gel, via retal, durante a
crise
CONDUTA NA CRISE EPILÉPTICA
 INTERROGAR:
 Sintomas neurológicos e epilepsias prévias
 Uso crônico de medicações e doses
 Doença sistêmica atual
 Febre ou infecções
 Vômitos, diarreia e jejum prolongado
 Trauma
 Intoxicação exógena
 Vacinação recente
 Histórico familiar
NA VIGÊNCIA DO EPISÓDIO 5-10MIN
 SUPORTE AVANÇADO:
 Estabilizar coluna cervical
 Manter as vias aéreas pérvias e a ventilação




adequada (aspiração e intubação se necessário)
Oxigenioterapia (FiO2 100%)
Posicionar paciente para prevenir broncoaspiração
Avaliar presença de instabilidade cardiocirculatória
Acesso venoso para administração de drogas e
exames diagnósticos
 Glicemia capilar, eletrólitos e exame toxicológico
Casella EB, Mângia CMF. Abordagem da crise convulsiva aguda e estado de malepiléptico em crianças. Jornal de Pediatria. 1999
TRATAMENTO DURANTE A CRISE 1
 EV
DIAZEPAM
1ª DOSE
5
min
DIAZEPAM
2ª DOSE
5
min
DIAZEPAM
3ª DOSE






Dose: 0,1-0,3 mg/Kg/dose
Máx: 10mg/dose
Início da ação: 1-3 min
Duração: 5-15 min
Vel infusão: < 2 mg/min
Efetivo em 80% dos casos
 Via retal
 Dose: 0,5 mg/Kg/dose
 Ação em 2-3 min
***OBS: pode ser usado na via bucal
(absorção errática)
***OBS: Encefalopatia bilirrubínica no
período neonatal
TRATAMENTO DURANTE A CRISE 2
 Diluir em água destilada ou SF 0,9%
FENITOÍNA EV
Dose de ataque: 20mg/Kg
 Dose máxima 1 g
 Início da ação: 10-30 min
 Duração: 12-24 horas
20
min
 Vel infusão: < 1 mg/Kg/min; <50
mg/min
 Dose de manutenção: 5-7 mg/Kg/dia
FENITOÍNA EV
Até 2 doses adicionais de
5mg/Kg
(iniciar 12 horas após dose de ataque)
 Não fazer IM
 Não diluir em SG
TRATAMENTO DURANTE A CRISE 3
FENOBARBITAL EV
 Dose máx: 1 g
Dose de Ataque: 20-40mg/Kg
 Início da ação: 10-20 min
20
min
 V de Infusão: < 1-2
mg/Kg/min; <100 mg/min
 Duração da ação: 1-3 dias
 Início da ação: 10-20 min
FENOBARBITAL EV
Dose Adicional: 5 mg/Kg
 Dose de manutenção: 3-5
mg/Kg/dia (iniciar 24 horas
após dose de ataque)
TRATAMENTO DURANTE A CRISE 4
 PERSISTÊNCIA DA CRISE
 ESTADO DE MAL EPILÉPTICO REFRATÁRIO





UTI
INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL
VENTILAÇÃO MECÂNICA
TERAPIA FARMACOLÓGICA
OPÇÕES:
MIDAZOLAN
FENOBARBITAL
PROPOFOL
ÁCIDO VALPROICO
OBS: AVALIAÇÃO DO NEUROLOGISTA, EEG
 Shah I, Deshmukh CT. Intramuscular Midazolam vs
Tempo em segundos
Intravenous Diazepam for Acute Seizures, Indian Journal of
Pediatrics- Vol 72, August, 2005
 www.paulomargotto.com.br
300
250
200
150
100
50
250,35
97,22
119,44
0
Midazolam
Diazepam sem Diazepam com
acesso IV prévio acesso IV prévio
COCHRANE BVS
 DRUG MANAGEMENT FOR ACUTE TONIC-CLONIC
CONVULSIONS INCLUDING CONVULSIVE STATUS
EPILEPTICUS IN CHILDREN
 MANEJO FARMACOLÓGICO DAS CONVULSÕES TÔNICOCLÔNICAS INCLUINDO ESTADO DE MAL EPILÉPTICO EM
CRIANÇAS


Appleton Richard, Macleod Stewart, Martland Timothy
Cochrane Database of Systematic Reviews, Issue 12, 2011
 O lorazepam EV é, pelo menos, tão efetivo quanto o diazepam EV
 O uso de lorazepam EV apresentou:
 Menor necessidade de adicionar outro anticonvulsivante
 Menor incidência de depressão respiratória
 Menor número de internações em Unidade de Terapia Intensiva
 Quando paciente apresenta acesso venoso de difícil punção, o
Midazolan bucal é mais eficaz que o Diazepam retal
McIntyre J, et al. Lancet 2005
Safety and efficacy of buccal midazolam versus rectal diazepam for
emergency treatment of seizures in children: a randomised controlled trial.
CRISE CONVULSIVA NO PERÍODO NEONATAL
 Assegurar perfusão e ventilação adequadas
 Manter glicemia em torno de 70-120 mg%
 Se for possível, tratar a causa base
 Tratamento farmacológico:
 1ª droga: Fenobarbital
 2ª droga: Difenilhidantoína
 3ª droga: Midazolan
 4ª droga: Tionembutal
 OBS: Diazepam pode causar encefalopatia bilirrubínica em
neonatos. O seu veículo, benzoato de sódio, desloca a ligação
bilirrubina-albumina, aumentando os níveis de bilirrubina livre
BIBLIOGRAFIA

1) CASELLA EB, MÂNGIA CMF. ABORDAGEM DA CRISE CONVULSIVA AGUDA E ESTADO DE MAL EPILÉPTICO EM
CRIANÇAS. J Pediatr.(Rio J). 1999; 75 (Supl.2): S197-S206
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2) MARTINS HS, ET AL. PRONTO SOCORRO: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO EM EMERGÊNCIAS. 2ª EDIÇÃO. 2008
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3) CARVALHO WB, SOUZA N, SOUZA RL. EMERGÊNCIAS E TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICA. 2004
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4) NITRINI R, BOUSHI LA. NEUROLOGIA QUE TODO MÉDICO DEVE SABER. 2003
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5) CONDUTAS EM NEUROLOGIA PEDIÁTRICA. UNICAMP. 2003
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Ped Emerg Med 2003; 4:195-206
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TREATMENT OF SEIZURES IN CHILDREN: A RANDOMISED CONTROLLED TRIAL. Lancet. 2005 Jul 16-22;366(9481):205-10.

8) SHAH I, DESHMUKH CT. INTRAMUSCULAR MIDAZOLAM VS INTRAVENOUS DIAZEPAM FOR ACUTE SEIZURES, Indian J
Pediatr.2005 Aug;72(8):667-70

9) VEIGA SH, MARGOTTO PR, CASTRO JG. CRISES CONVULSIVAS NO PERÍODO NEONATAL. IN. MARGOTTO PR.
ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO DE RISCO, 3ª EDIÇÃO, 2012 (NO PRELO)

10) ENSAIO: O PEDIATRA FRENTE À CRISE EPILÉPTICA FEBRIL. GUILHOTO L M F F; FELGUEIRA R M; LIOI M C A; LIOI M I A .
Pediatria (São Paulo) 2005;27(2):103-1312)

11) GUERREIRO MM. TRATAMENTO DAS CRISES FEBRIS. J Pediatr (Rio J) 2002; 78 (Supl.1): S9-S13

13) “EPILEPSIAS NA INFÂNCIA”. RIZZUTTI S, MUSZKAT M. NEUROPEDIATRIA Rev. Neurociências 8(3): 108-116, 2000

14) www.paulomargotto.com.br , Distúrbios Neurológicos. Acessado em 06/02/12
Consultem a metanálise
comparando MIDAZOLAM X DIAZEPAM
no tratamento do status
epilepticus:
 Midazolam versus diazepam for the
treatment of status epilepticus in children
and young adults: a meta-analysis.
 McMullan J, Sasson C, Pancioli A, Silbergleit
R.
 Acad Emerg Med. 2010 Jun;17(6):575-82.
ARTIGO INTEGRAL!
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OBRIGADO!!!
Ddo Gabriel, Dr. Paulo R. Margotto, Ddo André
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Caso Clínico: Convulsão febril