Longa duração da hiperglicemia nas primeiras 96 horas de vida associa-se com Severa hemorragia intraventricular nos recém-nascidos pré-termos Long Duration of Hyperglycemia in the First 96 Hours of Life Is Associated With Severe Intraventricular Hemorrhage in Preterm Infants Auerbach A, Friedman SE, Arad I, Peleg O, Abram TB, Oz B, Zangen DH. Department of Neonatology, and School of Public Health, Hadassah University Medical Center, Jerusalem, Israel J Pediatr 2013;163:388-93 Apresentação: Lara Vieira S. Meira Coordenação:Paulo R. Margotto Brasília, 5 de novembro de 2014 www.paulomargotto.com.br Introdução • A Hemorragia Intraventricular (HIV) ocorre geralmente nos primeiros 4 dias de vida, sendo a principal causa de morbidade e mortalidade em recém nascidos prematuros1,3. • A fisiopatologia envolve sangramento de vasos sanguíneos frágeis que respondem mal as frequentes mudanças no fluxo sanguíneo1,4,5. • Vários fatores de riscos, tais como prematuridade e peso ao nascer, intercorrências no período neonatal, escore de Apgar baixo e complicações neonatais (Síndrome da Angustia Respiratória [RDS] ou Instabilidade da pressão sanguínea) tem sido associado com a HIV6. • Poucos estudos apresentam associação entre as alterações frequentes nos níveis de glicemia em prematuros7-12 e as mudanças resultantes no fluxo sanguíneo cerebral e osmolaridade7, o que pode desafiar a fragilidade dos vasos sanguíneos e contribuir para o desenvolvimento do IVH. Introdução • A hiperglicemia ultimamente tem sido associada com o aumento da • • • • morbimortalidade e a insulinoterapia e o controle adequado dos níveis de glicose no sangue tem sido benéfico em adultos e crianças da UTI13-16. Em crianças de muito baixo peso ao nascer, o aumento das concentrações de glicose no sangue está associado ao aumento do risco para IVH grau 34 e mortalidade17. No entanto não tem sido provado a associação da amplitude da hiperflicemia e prognóstico detrimental em estudos de intervenção18. Recentes tentativas de tratar a hiperglicemia nos RN extremamente prematuros com precoce infusão contínua de insulina falharam em obter resultados benéficos e aumentou a a incidência de hipoglicemia e mortalidade nos 28 dias de vida19. O objetivo do estudo é identificar as alterações homeostáticas específicas da glicose que podem predizer a ocorrência de HIV (graus 3 e 4) e, consequentemente, ser utilizado para monitorizar um protocolo de intervenção com o intuito de diminuir a incidência de HIV. Métodos • Os dados para este estudo observacional foram os registros de admissão de todos os recém-nascidos com peso de nascimento abaixo de 2.000 g, durante 5 anos consecutivos (n=907) extraídos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hadassah University Hospital. Métodos • Grupo de estudo: todos neonatos (N=70) diagnosticados com HIV grave (grau 3-4) com pelo menos 2 ecografias cerebrais realizadas rotineiramente nos primeiros 3 dias de vida e, posteriormente, entre 5 e 10 dias de vida • Classificação dA HIV foi determinada de forma independente por um radiologista e, pelo menos, dois neonatologistas de acordo com o critério de Papille et al3 • Grau 3: Hemorragia da matriz germinal com dilatação ventricular (coágulo ocupando mais do que 50% dos ventrículos) • Grau 4: Hemorragia intraparenquimatosa • Grupo controle: recém-nascidos (1 ou 2 de acordo com a disponibilidade) com idade gestacional (10 dias) e peso ao nascimento (150 g) semelhantes sem HIV (de qualquer grau) pelos estudos norte-americanos de rotina * Um recém-nascido do grupo IHIV e 5 do grupo controle foram excluídos do estudo devido a dados faltantes. Métodos Fatores de Risco para HIV em prematuros1,6 • • • • • • • Idade gestacional Peso ao nascer Múltiplas gestações Primiparidade Etiologia do parto prematuro Tipo de parto Retardo do crescimento intrauterino • Complicações durante a gestação (preeclâmpsia, corioamnionites, sangramentos) • Escores de Apgar • Primeiro hematócrito • Exposição prévio a corticosteróide • Presença de trombocitopenia (plaquetas <100 000) • RDS • Hipotensão necessitando de terapia (dopamina ou dobutamina) • Sepse (hemocultura positiva durante o 3 primeiros dias de vida) • Persistência do canal arterial clinicamente significativo (PDA) • Enterocolite necrosante • Hematomas na pele • Hiperbilirrubinemia • Tratamento neonatal com indometacina (administrada para o fechamento de PDA) Métodos • Logo após o nascimento: infusão contínua de glicose de 4-7 mg / kg / min para atender às necessidades basais e para evitar a hipoglicemia. • Monitorização de rotina (protocolo UTIN) - glicosímetro de cabeceira: realizado oito vezes por dia em todas as crianças durante os primeiros dias de vida. • Monitoramento da glicemia (12-24 vezes por dia): realizada quando havia estabilidade clínica ou quando os níveis de glicose no sangue estava instáveis. Métodos • A leitura do glicosímetro foi realizada pelo menos uma vez por dia pelo laboratório do Hospital • Os valores de glicose para os primeiros 4 dias de vida foram coletados a partir dos registros padrão de UTIN. • Hiperglicemia: glicose> 6,9 mmol / L (> 125 mg / dL) • Hipoglicemia: <3,3 mmol / L (<60 mg / dl) • A insulina foi utilizada sempre que os níveis de glicose no sangue foram maiores do que 11,1 mmol / L (200 mg / dL) em 2-3 medições consecutivas. Métodos • As variáveis estudadas da homeostase da glicose para cada neonato incluíram 1) 2) 3) 4) 5) 6) Número de eventos hiperglicêmicos e hipoglicêmicos Duração desses eventos Tempo que os recém-nascidos permaneceram hipoglicemia ou hiperglicêmico durante o período de 4 dias ou em relação ao tempo de coleta de dados para esta criança ("duração relativa") Inclinação máxima de um evento ser o maior quociente calculada a partir da alteração dos níveis de glicose dividido pelo tempo de sua evolução O valor de glicose máxima O índice hiper/hipoglicêmico • calculado multiplicando o tamanho amplitude de cada leitura de glicose anormal pelo seu tempo de duração. A soma cumulativa desses produtos divididos pela duração total de hipoglicemia ou hiperglicemia durante o período neonatatal deu um índice geral de homeostase da glicose representando estabilidade ou instabilidade de glicose para cada criança. Métodos • Índice de Gravidade (0-5): Correlação entre a ocorrência de hiperglicemia associada a HIV e a gravidade da doença geral de prematuros • Morte = 5 pontos • Dias de ventilação • nenhuma = 0 ; se 7 dias = 1 ; mais de 7 dias = 2 • Displasia broncopulmonar (necessidade de O2 com 36 semanas de idade pósconcepção) • não = 0 ; sim = 1 • Necessidade de tratamento com dopamina • não = 0 ; sim = 1 • Dias de nutrição enteral • Até 4 dias = 0, mais de 4 dias = 1 • No final os autores correlacionaram o escore final de gravidade as diferentes variáveis hipo/hiperglicêmicos. Métodos Estatística • Teste t para amostras independentes : comparação de variáveis quantitativas entre os grupos com HIV e controle. • Teste do Quiquadrado: associação entre os grupos de estudo e as variáveis qualitativas. • As variáveis consideradas significativamente (P <0,05), associadas com a variável dependente (HIV ou controle) na análise univariada foram inseridas de forma gradual em um modelo de regressão logística multivariada. • Valor P de 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. • Teste de Kruskal-Wallis (análise de variancia para amostras não paramétricas foi usado para correlacionar o escore de gravidade para variáveis glicêmicas. Consultem! Estatística computacional: Uso do SPSS - o essencial Autor(es): Paulo R. Margotto RESULTADOS • Menor idade gestacional, baixo índice de Apgar aos 5 minutos, e as ocorrências de SDR , ventilação mecânica, pneumotórax, trombocitopenia, hipotensão, sepse precoce e hematomas associaram-se significativamente com a ocorrência de HIV grave. • Corticosteróide pré-natal e o uso de indometacina no recémnascido foram mais comuns no grupo controle e pareceram ser protetor contra a HIV. • Não houve associação significativa com a HIV para gestação múltipla, primiparidade, tipo de parto, primeiro hematócrito ou a presença de corioamnionite, pré-eclâmpsia, persistência do canal arterial , enterocolite necrosante ou hiperbilirrubinemia (Tabela 1) RESULTADOS • Quando as variáveis associadas estatisticamente significativas com a HIV (P <0,05) foram introduzidos numa análise multivariada, apenas a SDR, trombocitopenia e hipotensão necessitando terapia de suporte pressórico permaneceram significativamente associada com HIV grave (Tabela I). • Tratamento com indometacina (administrado para o fechamento do canal arterial patente) manteve significativa associação protetora contra a HIV. Resultados – Características da população e incidência de HIV (análise uni e multivariada) Resultados - Análise das variáveis de glicose • Alterações nos níveis de glicose foram comuns em ambos os grupos. • Durante os primeiros 4 dias de vida: 86% dos recém-nascidos prematuros tiveram um e 29% tiveram mais de 4 eventos hiperglicêmicos. • O grupo HIV teve eventos mais frequente e mais duradouros de hiperglicemia. Além disso, 15,7% das crianças do grupo HIV tinham valores anormais de glicose por mais de 50% da duração do estudo, contra apenas 4,6% das crianças do grupo controle (P = 0,008). • O valor médio da glicose máxima medida em cada criança durante o período de estudo também foi maior no grupo HIV em comparação com o grupo controle. • O índice hiperglicêmico indicando uma média ponderada no tempo de amplitude hiperglicêmico também foi maior no grupo HIV. • Variáveis hipoglicêmicas não foram significativamente associados com HIV grave na análise univariada. Não houve diferença estatisticamente significativa entre o índice de hipoglicemia • e o valor mínimo de glucose entre os dois grupos. (Tabela II) Resultados A análise multivariada das variáveis homeostase da glicose, mostrou que apenas a longa duração da hiperglicemia e a duração relativa das leituras hiperglicêmicas mantiveram-se fortemente associada com a ocorrência de HIV O aumento de 10 horas na duração total de eventos hiperglicêmicos mesmo leves (próximo à diferença real entre HIV e grupo e controle) resultou em uma proeminente OR (odds ratio) de 10,33 para a ocorrência de HIV grave Resultados • A Figura ilustra a distribuição das durações relativas leituras hiperglicêmicos nos dois grupos. • O box plot mostra que no grupo controle a maioria das crianças era hiperglicêmica por um período mais curto em relação ao grupo com HIV e que a distribuição da duração relativa foi mais homogênea do que no grupo com HIV. • Uma criança com hiperglicemia superior a 20 horas durante os primeiros 4 dias de vida foi mais propensa a ter HIV grave do que uma criança com menor duração da hiperglicemia. Discussão • 86% dos RN pré-termos estudados apresentaram hiperglicemia nas primeiras 96h (Estudos anteriores: 5-60%11,17) • Explicações:Limiar mais baixo adotado: >6,9mmol/ L->125mg/dL; relativa longa duração da monitorização da glicose; idades gestacionais mais baixas. • A análise multivariada mostrou que a SDR, hipotensão e trombocitopenia tiveram forte associação com a HIV. • As variáveis glicêmicas estudadas somente a duração da hiperglicemia mostrou-se associada independentemente com a HIV (10 HORAS DE DURAÇÃO DE MESMO LEVE HIPERGLICEMIA NOS PRIMEIROS 4 DIAS DE VIDA ASSOCIOU-SE COM RISCO DE 10,33 VEZES COM A HIV) • Neste estudo a hipoglicemia foi definida 3,3mmol/L(60mg/dL), um nível maior que outros usam para tratar hipoglicemia (45-50 mg/dL-2.5-2.7 mmol/L22). • Os autores observam Incidência mais baixa e menor duração da hipoglicemia em comparação com hiperglicemia. • Não foi demonstrado associação significativa de hipoglicemia com HIV grave. • Em contraste com hipoglicemia, hiperglicemia em prematuros tem sido raramente estudado como um fator que influencia na gravidade da doença, HIV ocorrência e mortalidade12,17,24. • Recentes tentativas de tratar a hiperglicemia nos RN extremamente prematuros com precoce infusão contínua de insulina falharam em obter resultados benéficos e aumentou a a incidência de hipoglicemia e mortalidade nos 28 dias de vida19,25. • No entanto, estudos em adultos e crianças na Unidade de Cuidado Intensivo indicam uma associação entre hiperglicemia leve e aumento da morbidade e mortalidade16,17,26. • Os autores questionaram se há uma variável hiperglicêmica específica que esteja fortemente associada a ocorrência de HIV, a fim de definir qual subgrupo de prematuros pode se beneficiar do monitoramento da glicose e tratamento. Como não é conhecida nenhuma definição clara do limite hiperglicêmico para recém-nascidos prematuros e como hiperglicemia leve para bebês nascidos a termo é significativamente maior que o percentil 50 dos valores de glicose de bebês prematuros nascido em <32 semanas18, os autores escolheram, de forma semelhante aos estudos anteriores7,12,27, os autores utilizaram de um limiar relativamente conservador (glicemia acima de 6,9 mmol / L (125 mg / dL) -a definição estatística para bebês nascidos a termo18. A constatação de que a duração da hiperglicemia é tão fortemente associada com a HIV é intrigante e sugere que alterações na homeostase da glicose são importantes como reflexo de um continuum de anormalidades biológicas Discussão • A necessidade de estudos de intervenção para avaliar a possível vantagem de monitoramento de hiperglicemia em prematuros é ainda apoiada por estudos retrospectivos recentes, demonstrando que a hiperglicemia precoce em prematuros é independentemente associada com aumento da mortalidade e redução da substância branca cerebral a termo30 e com desenvolvimento adverso, neurológico e comportamental aos dois anos de idade31. . • A limitação do presente estudo é a sua natureza retrospectiva, o que permite analisar apenas as associações, mas não a causa e efeito relacionados. • Os episódios prolongados hiperglicêmicos observados no grupo com HIV poderia ter sido um resultado de morbidade clínica e não uma causa de complicações clínicas graves11,18, como exemplificado pela correlação entre o escore de gravidade clínica e variáveis hiperglicêmicas. • Do mesmo modo, não foi possível determinar a relação de tempo entre hiperglicemia e desenvolvimento da HIV. • A limitação do nosso estudo é a sua natureza retrospectiva, o que permite analisar apenas as associações, mas não a causa e efeito relacionados. • Os episódios prolongados hiperglicêmicos observados no grupo com HIV poderia ter sido um resultado de morbidade clínica e não uma causa de complicações clínicas graves11,18, como exemplificado pela correlação entre o escore de gravidade clínica e variáveis hiperglicêmicas. • Do mesmo modo, não foi possível determinar a relação de tempo entre hiperglicemia e desenvolvimento da HIV. CONCLUSÃO Os valores de glicose flutuante e HIV são comum RN pequenos estressados e recém-nascidos prematuros doentes. Foi encontrada uma associação forte e independente entre hiperglicemia e hemorragia intraventricular. Esta associação foi relacionada principalmente com a duração em vez da amplitude dos eventos hiperglicêmicos. Com base em um resultado favorável de um acompanhamento rigoroso da glicose em Unidades de Terapia Intensiva, estudos de intervenção são também indicados em prematuros. Esses estudos devem apontar para diminuir seletivamente a duração de hiperglicemia em crianças aos limites mais baixos do que os aprovados hoje, sob um protocolo rigoroso e atento de perfusão de insulina. ABSTRACT Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto Consultem também! Estudando Juntos! Distúrbios da Glicose e o Cérebro •HIPOGLICEMIA Prognóstico a longo prazo da epilepsia sintomática do lobo occipital secundária a hipoglicemia neonatal Autor(es): Hesham Montassira, Yoshihiro Maegaki, Kousaku Ohnoa, Kaeko Ogura. Apresentação:Fernando Augusto Lopes Deckers • Este estudo mostrou um grupo de pacientes que teve hipoglicemia no período neonatal, evoluíram com epilepsia do lobo occipital (apresentando cada um pelo menos um episódio de status epilepticus). • - Este grupo de pacientes apresentou quadros de epilepsia que inicialmente foram de difícil controle, alguns evoluindo com vários episódios de status epilepticus. • - A maioria evoluiu com controle das crises epilépticas, apenas um se mantinha sintomático Possíveis razões da predileção cerebral para a encefalopatia hipoglicêmica: • alto grau de migração axonal e sinaptogênese ocorrem no lobo occipital, durante o período neonatal e o desenvolvimento de receptores para aminoácidos excitatórios, os quais podem ser estimulada por níveis elevados de aspartato.Este último mecanismo pode resultar na morte selectiva de os neurônios pós-sinápticos • Também foi levantada a hipótese de que a alta atividade metabólica durante o início da vida predispõe esta área para lesão, como ocorre em doenças mitocondriais Hipoglicemia e lesão cerebral neonatal - 2013 Autor(es): James P Boardman, Courtney J Wusthoff, Frances M Cowan. Apresentação: Guilherme Prata, Daniel Pinheiro Lima; Guilherme Ferreira Almeida; Paulo Ferraresi, Paulo R. Margotto • Em uma grande série de crianças com hipoglicemia neonatal isolada e disfunção neurológica aguda, houve relação com um padrão predominantemente posterior de lesão em um terço delas, e foi mais comum uma distribuição mais ampla das lesões. • Exitem fortes evidências que o resultado é pior quando a hipoglicemia ocorre associada à encefalopatia hipóxica-isquêmica e essas crianças devem ser acompanhadas com cuidado extra, especialmente quando o crescimento da cabeça está abaixo do ideal.. HIPOGLICEMIA E LESÃO CEREBRAL Hipoglicemia neonatal e lesão cerebral occipital Autor(es): Peter M. Filan;Terrie E. Inder;Tergus J. Cameron;Michael J. Apresentação: Fabiana Márcia de Alcântara Morais • A lesão em região occipital associado a hipoglicemia tem como consequências a longo prazo a instabilidade,epilepsia e diminuição da visão. • A etiologia é desconhecida,no entanto o hiperinsulinismo transitório pode ser um fator de risco independente. • Descrição de 4 casos de hipoglicemia,que levaram a lesão cerebral principalmente em região occipital. • O que foi descrito nestes casos, já havia sido demonstrado previamente. • No entanto,esta amostra foi pequena, e cada RN teve períodos prolongados e repetidos de hipoglicemia. • 3 dos 4 casos tiveram diagnóstico definitivo de transtorno de hiperinsulinismo. LESÃO CEREBRAL E HIPOGLICEMIA NEONATAL Traill Z, Squier M, Anslow P.Related Articles, Links Brain imaging in neonatal hypoglycaemia. Arch Dis Child Fetal Neonatal Ed. 1998 Sep;79(2):F145-7. (ARTIGO INTEGRAL!) Segundo Traill e cl é possível diferenciar a lesão cerebral associada com hipoglicemia neonatal da lesão cerebral associada com a isquemia hipóxica cerebral por meio de estudo de imagens. Na hipoglicemia ocorre um predomínio do envolvimento occipital sugerindo que a lesão cerebral hipoglicêmica não é o resultado de isquemia cerebral causada pelas convulsões secundárias. Na lesão por isquemia hipóxica, o envolvimento predominante são as áreas “watershed” (divisor das águas) parassagitais, envolvendo as regiões frontal e parieto-occipital. Consulte os 2 casos relatados pelos autores de lesão cerebral por hipoglicemia neonatal severa e prolongada com convulsões. Então, como evitar e tratar a HIPERGLICEMIA nos pré-termos extremos? Distúrbios metabólicos do recém-nascido Autor(es): Paulo R Margotto , Albaneyde F Formiga Como definimos? Existem controvérsias a respeito dos limites de euglicemia. Atualmente, mais importante que definir um nível crítico, é manter os valores da glicose mais elevados (glicose sanguínea > 50 mg%, que equivale a uma glicemia plasmática de 60mg%) garantindo um nível seguro para prevenir possível comprometimento do SNC (a hipoglicemia está associada com aumento do fluxo sanguíneo cerebral em 2 a 3 vezes). HIPOGLICEMIA RESISTENTE • Se for uma hipoglicemia resistente, procure causas, como a interrupção do acesso venoso, verificar se está em um ambiente neutro, tratar a acidose, a sepse; avalie a possibilidade do uso de hidrocortisona (aumenta a glicemia por indução de enzimas gliconeogênicas por 2-3 dias; não havendo resposta temos a opção do uso do glucagon (mobiliza glicogênio hepático), e também do diazóxido (suprime a produção de insulina), MAS JAMAIS SUSPENDE A NUTRIÇÃO PARENTERAL OU DIMINUIR A OFERTA DE AMINOÁCIDOS (não conhecemos evidência de que diminuir aminoácido com o objetivo, teoricamente falando de produzir inanição, seja uma boa prática para tratar hipoglicemia!). Considerar maior oferta de lipídios nesta situação ( cuidado com muita glicose endovenosa: risco de produzir mais CO2 e piorar o sistema ventilatório). Com menor aporte proteico vamos ter mais displasia broncopulmonar (doença inflamatória que leva a proteólise, segundo colocou para todos nós agora em Belo Horizonte o Dr. Wiliam Ray).OS RN entre 24 semanas e 30 semanas precisam de 3,6 a 4,8g/kg/de proteina! Margotto, PR Como conduzimos a hipoglicemia HIPOGLICEMIA SINTOMÁTICA AGUDA • Push somente na presença de clínica, principalmente apnéia, convulsão: 200 mg/kg de Glicose em 1 minuto, que é igual a 2 ml de Glicose a 10% diluído em água destilada; manutenção: com Glicose a 10%, na velocidade de 5 a 8 mg/Kg/min: 0,05 a 0,08 X peso (kg) X 1440 = quantidade de ml de glicose a 10% que deverá correr em 24 horas. HIPOGLICEMIA ASSINTOMÁTICA Perfusão venosa com Glicose, na velocidade de 4-8 mg/kg/min (RN prematuro: 4-6mg/Kg/min Importante: no tratamento da Hipoglicemia: reduzir os gastos energéticos (tratar a septicemia, corrigir a acidose, propiciar ambiente térmico neutro). Se a glicemia persistir menor que 50 mg%, 6 horas após, introduzir Hidrocortisona (aumenta a glicemia por indução das enzimas gliconeogênicas), na dose de 10mg/kg/dia –12/12 horas, EV, durante 2 a 3 dias ou Prednisona: 2 mg/kg/dia – VO, podendo ser suspenso abruptamente. • Não havendo resposta, Glucagon (aumenta a glicemia por mobilizar glicogênio hepático): ataque: 0,2 mg/kg - EV ou IM (máximo: 1 mg) e manutenção: 2 a 10 mcg/kg/h. O uso do glucagon pode fazer com que a glicose suba muito rapidamente, com aumento da produção de insulina e o problema não se resolve. Há risco de hiponatremia e trombocitopenia. • Se persistir a hipoglicemia: Diazóxido: 10 – 15mg/kg/dia – VO – 8/8 horas (suprime a secreção pancreática de insulina): indicado nos casos de hiperinsulinismo grave, como adenoma de pâncreas. •HIPERGLICEMIA HIPERGLICEMIA E MORTE E REDUÇÃO DA SUBSTÂNCIA BRANCA CEREBRAL Hiperglicemia precoce é um fator de risco para a morte e redução da substância branca em crianças pré-termos Autor(es): Georgios Alexandrou, Beatrice Sklold Jonna Karlén, Mesfin K. Tessma, Mireille Vanpée.Apresentação: Nathália Bardal Regressão logística multivariada revelou que a hiperglicemia durante as primeiras 24 horas de vida permaneceu como fator de risco para a morte (OR:3,7;IC a 95%:1,3-10,6-p=0,01) e alterações (REDUÇÃO!) da substância branca (OR=3,1; IC a 95%:1,01-9,2 –p=0,04), demonstrada na ressonância magnética HIPERGLICEMIA E ENTEROCOLITE NECROSANTE! Hiperglicemia e morbimortalidade nos recém-nascidos prematuros extremos Autor(es): Kao LS et al; LM Soghier e LP Brion (Editorial). Apresentação: Alexandra Barreto, Ruiter Arantes, Gustavo Gomes e Paulo R. Margotto • Os níveis glicêmicos maiores que 180mg/dl foram mais significativos que os menores que 120mg/dl quando relacionados ao desenvolvimento de Eenterocolite Necrosante (OR:7,40 e IC95%:1,52 a 36,1); • RN que desenvolveram Enterocolite Necrosante com hiperglicemia persistente na primeira semana tiveram níveis elevados de mortalidade (OR:13,1 e IC95%:1,2 a 143); USO DE INSULINA PRECOCE AUMENTA A MORTALIDADE! Insulina precoce nos recém-nascidos de muito baixo peso Autor(es): Beardsall K, Vanhaesebrouck S, Ogilvy-Stuart AL et al. Apresentação: Marília Aires Early insulin therapy in very-low-birth-weight infants. ARTIGO INTEGRAL Beardsall K et al. N Engl J Med. 2008 Oct 30;359(18):1873-84. • Diferença significante na mortalidade nos primeiros 28 dias de vida, mesmo corrigidos fatores de confusão (peso de nascimento e idade gestacional): (P = 0.04); maior no grupo tratado precocemente com insulina (11.9% x 5,75%). Então, como evitar e tratar a HIPERGLICEMIA nos pré-termos extremos? AMINOÁCIDOS NA PRIMEIRA PRESCRIÇÃO! • No intuito inicial de fornecer calorias e nitrogênio para prevenir o catabolismo e balanço de nitrogênio positivo, iniciar aminoácidos (AA) na primeira prescrição (1,5g/kg). • Estes RN apresentam uma perda protéica de 0,5-1g/Kg/dia, causando significante retardo do crescimento e outras morbidades, importantes como a hiperglicemia que resulta de uma diminuição da secreção de insulina em resposta à queda da concentração plasmática de aminoácidos responsáveis pela estimulação da insulina. Outra forma de entender como a administração precoce de aminoácidos previne a hiperglicemia! Apesar da grande síntese protéica nesta idade, a adequação do AA excede ao gasto para a síntese protéica e este excesso de AA é oxidado produzindo energia e esta oxidação é documentada pela identificação da uréia no metabolismo destes fetos. Quando o cordão umbilical é ligado ao nascer, há um corte abrupto de oferta de AA a esta criança e isto leva a um estado que a literatura chama de inanição. Este estado de inanição neste RN prematuro provoca uma produção exagerada de glicose. Por muitos anos, a hiperglicemia foi interpretada como intolerância destes RN a infusões de glicose. Em 2002, Sunehag AL e Haymond MW documentaram cientificamente que não havia um aumento de tolerância à glicose e sim a não necessidade da produção exagerada de glicose, pois não havia inanição quando se acrescentava precocemente AA ao esquema de nutrição parenteral do nosso RN pré-termo extremo. Boher, 2007 Nutrição parenteral: quando iniciar Autor(es): Mauro Silva de Athayde Bohrer (RS). Realizado por Paulo R. Margotto USO DE AMINOÁCIDOS:NA PRIMEIRA PRESCRIÇÃO HIPERGLICEMIA (Boher, 2007; Sunehag, 2002, Kaempf, 2010) Metabolismo fetal:Aminoácido (AA) grama fetal>AA grama materno -fonte energética -síntese proteica (3,8g/kg/dia:700-1000g Nascimento -corte abrupto da oferta de aminoácidos da produção insulina hiperglicemia (risco de ROP/ECN) INANIÇÃO produção exógena de glicose (intolerância a glicose?) -sem produção exógena de glicose Com o AA -melhora a hiperglicemia iatrogência do prematuro Distúrbios metabólicos do recém-nascido Autor(es): Paulo R Margotto , Albaneyde F Formiga • • • • • • HIPERGLICEMIA TRATAMENTO O uso precoce de aminoácidos, já no primeiro dia de vida Glicemia > 150 mg%, reduzir TIG (taxa de infusão de glicose) Glicemia > 200 mg%, reduzir TIG mais rapidamente a 2 mg/kg/min. Glicemia > 250 mg% persistente: Infusão contínua de insulina: 0,05 – 0,1 U/kg/h (controlar glicemia cada 1 a 2 horas) –{10 UI/kg em 100 ml SF 0,9% e infundir 1 ml/h da solução = 0,1 UI/kg/hora} –{5 UI/kg em 100 ml SF 0,9% e infundir 1 ml/h da solução = 0,05 UI/kg/h} Acompanhar rigorosamente a glicemia e o potássio sérico (risco de hipocalemia). O uso da insulina permite a manutenção da ingesta calórica, enquanto o tratamento com apenas a redução da oferta de glicose, associa-se com deprivação calórica prolongada. Suspender terapêuticas, se não essenciais, como aminofilina ou fototerapia e berço de calor radiante (estes exigem maior quantidade de líquidos contendo glicose). OBRIGADO! Ddas Lara, Andréia, Juliana Beal, Carolina,Julianna Passos e DR. Paulo R. Margotto