UNIVERSIDADE LÚRIO Faculdade de Ciências Agrárias VIABILIDADE ECONÓMICA DAS UNIDADES DE PROCESSAMENTO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) NAS PROVÍNCIAS DE GAZA E INHAMBANE Trabalho Final da Licenciatura em Desenvolvimento Rural Autor: Andércio Vitane Supervisor: Eng° Mateus João Marassiro (MSc) Co-supervisores: Engª Pureza Baptista Monjane Eng° Baptista Ruben Ngine Zunguze Unango, Agosto de 2016 UNIVERSIDADE LÚRIO Faculdade de Ciências Agrárias VIABILIDADE ECONÓMICA DAS UNIDADES DE PROCESSAMENTO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz): NAS PROVÍNCIAS DE GAZA E INHAMBANE Trabalho para como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Desenvolvimento Rural Autor: Andércio Vitane Supervisor: Eng° Mateus João Marassiro (MSc) Co-supervisores: Engª Pureza Baptista Monjane Eng° Baptista Ruben Ngine Zunguze Delegação Provincial do Centro de Promoção da Agricultura de Gaza (CEPAGRI) Unango, Agosto de 2016 Declaração Eu, Andércio Vitane, declaro por minha honra que este trabalho com o tema Viabilidade económica das Unidades de Processamento da Mandioca (Manihot esculenta Crantz) nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer grau. Este relatório constitui o fruto de trabalho de campo e de pesquisa bibliográfica, estando todas as fontes utilizadas registadas no texto e nas referências bibliográficas. iii Epígrafe "O sucesso de uma criação passa por diversos factores, no entanto, sem dúvida alguma, a meta é o Lucro”. = João Filho & Célia Scorvo = iv Dedicatória Aos meus pais e aos meus irmãos que sempre me apoiaram durante o meu percurso académico. À memória de Gomes Malanga Chirrute, Gracinda Chideco, Sansão Dumangane e Jorge Chivambo. Que deus os tenha. v Agradecimentos Ao meu Supervisor MSc Mateus João Marassiro, pelas orientações e apoio técnico desde a elaboração do projecto até a elaboração do trabalho final. O agradecimento é extensivo aos Co-supervisores Engᵒ Baptista Ruben Ngine Zunguze e Engª Pureza Baptista Monjane, pela atenção, paciência, dedicação e de todo apoio técnico e orientação do trabalho no terreno até a elaboração do trabalho final. Ao CEPAGRI-Gaza por ter-me concedido estágio, em especial reconhecimento a Enga Anatércia da Conceição Dinis, Eng.ᵒ Daniel Mate, dr Manuel Langa, dr Francisco António de Lisboa, dr Daniel Simango, dr Maela Mapoissa, Engᵒ Júlio Macaco, Eng.ᵒ Egídio Mutimba, Sra. Vanda Mucavele, Sra. Rachida Abdul Jafar e Sra. Tereza Mangue pelo apoio durante a execução do estudo. Aos técnicos dos SDAE’s de Mandlakaze, Zavala, Inharrime, Jangamo, Morrumbene e Massinga, pela recepção e orientação durante o trabalho de campo. Á Unilúrio/FCA, aos meus docentes em especial ao PhD Wilfred Marshall, MSc Paulo Guilherme, MSc Maura Isaías, Engᵒ Adélio Mussalama, Engᵒ Merlindo Manjate, Engᵒ Jonas Massuque, Engᵒ Custódio Matavele, Engᵒ Alfredo Duvane, Engᵒ Sérgio Jane, Engᵒ Ayuba Sulemane, Engᵒ Rafael Jone, Engᵒ Luís Pacheco e a todos outros que contribuíram na minha formação. Aos meus avôs Joaquim Vieira e Rosalina Chirrute; aos meus irmãos Neide, Obadias, Hortência e Irene, Tios António, Isabel, Ismael, Dalila, Abdul, Emelita, Lídia Baltazar, Esperança; Primos Cremildo, Sónia, Celso, Fazila, Assucena, Carménia e meus sobrinhos. A família Omário Magido, pelo apoio durante as práticas de Extensão Comunitária. Aos meus colegas Muabua, Sálio, Martins, Silva, Mussagy, Robelindo, Notaviedade, Júlia, Hélia, Leonel, Célia, Harifa, Ivone, Viquito, Leopoldino, Macamo, Alone, Osmar, Pedro, Inocêncio, Valoque, Adão. Aos companheiros do quarto Adérito, Júnior, Máquina, Flávio. Aos meus amigos Marcildo, Rassul, Américo, Moisés, Anelto, Natércio, Juliana, Jirlane, Vergílio, Dino, Virgílio Abílio, Elias, Sérgio Subair, Calton, Benildo, Sono, Macaringue, Dércio Cucu, Arnaldo, Nadinho, Bino, aos Engᵒ’s Armando, Dionel, Alberto Muchanga, Pierino, António Fabião, Pedro Álvaro, Vasco Gribate, Edson Bila e Trindade dos Santos. Á todos. O meu muito obrigado… vi ÍNDICE Declaração ............................................................................................................................ iii Epígrafe ................................................................................................................................ iv Dedicatória............................................................................................................................. v Agradecimentos .................................................................................................................... vi Acrónimos, Siglas, Abreviaturas, Símbolos .......................................................................... x Lista de tabelas ..................................................................................................................... xi Lista de figuras .................................................................................................................... xii Lista de anexos e /ou apêndices .......................................................................................... xiii Resumo ............................................................................................................................... xiv Abstract ................................................................................................................................ xv I. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16 1.1. Problema ............................................................................................................... 17 1.2. Justificativa ........................................................................................................... 17 1.3. Objectivos ............................................................................................................. 18 1.3.1. Geral .............................................................................................................. 18 1.3.2. Específicos ..................................................................................................... 18 1.3.3. Questões de pesquisa ..................................................................................... 18 II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19 2.1. Historial da Produção da Mandioca ...................................................................... 19 2.1.1. 2.2. Importância sócio-económica da cultura de mandioca.................................. 20 Produção da mandioca em Moçambique .............................................................. 21 2.2.1. Produção ........................................................................................................ 21 2.2.2. Utilização da mandioca ................................................................................. 22 2.2.3. Comercialização da mandioca e seus derivados ............................................ 23 vii 2.2.4. 2.3. Preço da mandioca ......................................................................................... 24 Agro-processamento ............................................................................................. 24 2.3.1. Classificação do agro-processamento ............................................................ 25 2.3.2. Constrangimentos no desenvolvimento do agro-processamento................... 25 2.4. III. Participação da mulher na cadeia de valor de mandioca ...................................... 26 METODOLOGIA................................................................................................... 29 3.1. Descrição da área do estudo.................................................................................. 29 3.1.1. Província de Gaza .......................................................................................... 29 3.1.2. Província de Inhambane ................................................................................ 30 3.2. Materiais usados na recolha de dados ................................................................... 33 3.3. Métodos de recolha de dados ................................................................................ 33 3.4. Recolha de dados .................................................................................................. 34 3.5. Análise de Dados .................................................................................................. 35 3.6. Limitações do estudo ................................................................................................ 38 IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 39 4.1. Caracterização das Unidades de Processamento de Mandioca ............................. 39 4.1.1. Fontes de Financiamento para Obtenção das Unidades de Processamento... 39 4.1.2. Infra-estruturas de processamento ................................................................. 40 4.1.3. Gestão das Unidades de Processamento ........................................................ 41 4.1.4. Actividade de Processamento da Mandioca .................................................. 44 4.1.5. Distribuição das actividades por sexo ........................................................... 52 4.1.6. Comercialização ............................................................................................ 53 4.1.7. Estado actual de funcionamento das unidades de processamento ................. 54 4.2. Determinação dos Indicadores da Lucratividade e Rentabilidade ........................ 55 4.2.1. Situação actual das Unidades de Processamento ........................................... 55 4.2.2. Aproveitamento da Capacidade Potencial (100% da capacidade instalada) . 57 viii 4.3. Factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento da Mandioca ......................................................................................................................... 59 V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 60 5.1. Conclusões ............................................................................................................ 60 5.2. Recomendações .................................................................................................... 60 VI. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 62 ANEXO ............................................................................................................................... 66 APÊNDICES ...................................................................................................................... 68 ix Acrónimos, Siglas, Abreviaturas, Símbolos B/C Relação Benefício / Custo hab/km2 Habitante por quilómetro quadrado GF’s Grupos Focais ha Hectare kg Quilograma m Metro ML Margem Líquida MT Meticais n/d Não disponível NPCI Nível de aproveitamento da capacidade instalada ONG´s Organização Não Governamental PR Período de Retorno ou payback SDAE’s Serviços Distritais de Actividades Económicas SNV Netherlands Development Organization TIR Taxa Interna de Retorno Ton Tonelada Ton/h Tonelada por hora Ton/ha Tonelada por hectare UPs Unidades de Processamento VPL Valor Presente Líquido x Lista de tabelas Tabela 2.1: Composição nutricional por 100 gramas de parte comestível da mandioca (crua; cuzida; frita) .............................................................................................................. 20 Tabela 3.2: Localização geográfica e caracterização da região abrangido pelo estudo na província de Gaza. ............................................................................................................... 30 Tabela 3.3: Localização geográfica e caracterização das regiões abrangido pelo estudo na província de Inhambane....................................................................................................... 31 Tabela 4.4. Fonte de Financiamento para Aquisição das Maquinetas de Processamento da Mandioca ............................................................................................................................. 40 Tabela 4.5: Características básicas das infra-estruturas de processamento ........................ 41 Tabela 4.6: Fonte de abastecimento de água às unidades de processamento ..................... 47 Tabela 4.7: Principais fontes da matéria-prima .................................................................. 48 Tabela 4.10: Estado actual de Funcionamento das Unidades de Processamento ............... 55 Tabela 4.8: Indicadores de viabilidade das Unidades de Processamento ........................... 57 Tabela 4.9: Indicadores de viabilidade ajustados (para 100% da capacidade instalada) ... 58 xi Lista de figuras Figura 1: Principais países produtores da mandioca no mundo ......................................... 19 Figura 2: Produção (ton) de pequenas e médias explorações de mandioca em 2014 ........ 21 Figura 3: Principais canais de comercialização de mandioca ............................................ 23 Figura 4: Participação dos homens e mulheres na produção e processamento de mandioca ............................................................................................................................................. 27 Figura 5: Mapa de localização da área de estudo ............................................................... 32 Figura 6: Distribuição Geográfica das Unidades de Processamento de Mandioca ............ 39 Figura 7: Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento ..................... 42 Figura 8: Participação das mulheres na Gestão das Unidades de Processamento ............. 43 Figura 9: Tipos de processamentos de mandioca ............................................................... 44 Figura 10: Modelos de Maquinetas de Processamento da Mandioca ................................ 45 Figura 11: Fontes de energia para o processamento de mandioca ..................................... 48 Figura 12: Principais derivados da mandioca produzidos ao nível das unidades de processamento ..................................................................................................................... 50 Figura 13: Principais etapas do processamento da mandioca em rale ............................... 51 Figura 14: Distribuição das actividades por sexo .............................................................. 52 Figura 15: Local de comercialização dos derivados da mandioca ..................................... 53 xii Lista de anexos e /ou apêndices Lista de Anexos Anexo A1: Mapa geográfico do Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos Corredores de Maputo e Limpopo (PROSUL). ................................................................... 67 Lista de apêndices Apêndice 1: Questionário para os responsáveis das Unidades de Processamento ............. 69 Apêndice 2: Guião para temas de discussão com Grupos Focais ....................................... 74 Apêndice 3: Mapa de Localização das Unidades de Processamento da Mandioca ............ 75 Apêndice 4: Lista das Unidades de Processamento de Mandioca ...................................... 76 Apêndice 5: Detalhe dos Custos da Associação Wapswala ............................................... 77 Apêndice 6: Detalhe dos Custos da Associação Josina Machel ......................................... 78 Apêndice 7: Detalhe dos Custos de Lucas Uine ................................................................. 79 Apêndice 8: Detalhe dos Custos da Liana Agro-Indústria ................................................. 80 Apêndice 9: Fluxo de Investimento da Associação Wapswala .......................................... 81 Apêndice 10: Fluxo de Investimento da Associação Josina Machel .................................. 82 Apêndice 11: Fluxo de Investimento de Lucas Uine .......................................................... 83 Apêndice 12: Fluxo de Investimento da Liana Agro-Indústria .......................................... 84 Apêndice 13: Fotos ............................................................................................................. 85 xiii Resumo O presente estudo teve como objectivo avaliar a viabilidade económica das unidades de processamento da mandioca (Manihot esculenta Crantz) das províncias de Gaza e Inhambane. Desde a implementação das maquinetas para o processamento da mandioca, pouco são estudos realizado para apurar os reais ganhos, portanto se desconhece o ponto de situação financeiro em que as UPs se encontram. Para alcançar os objectivos do estudo, foi desenvolvida uma pesquisa exploratória e descritiva, usados métodos qualitativos, aplicados em entrevista semi-estruturada e temas de discussão com Grupos Focais. Os dados foram analisados usando Microsoft Excel. O estudo abrangeu 22 UPs, sendo uma (1) em Gaza (organizada em associação) e vinte uma (21) em Inhambane, das quais 12 organizadas em associações e 9 singulares. As associações são maioritariamente compostas por 65,8% de mulheres e 34,2% são homens. Das quatro (4) UPs analisadas, com o kit de maquinetas operacional nos últimos dois anos, uma (25%) eram inviável, enquanto três (75%) apresentou que maior parte dos indicadores de viabilidade está quase no limiar económico. Portanto, uma pequena variação positiva nos custos ou negativa nas receitas tornaria estas unidades inviáveis, o que indica que os empreendimentos são de alto risco financeiro. Em 100% da utilização da capacidade instalada, a análise mostrou que as UPs seriam altamente lucrativas. A pesquisa conclui que, as Unidades de Processamento da Mandioca não são viáveis. O processamento não consistente a capacidade instalada, falta de estratégia de comercialização, furos de água, de embalagens adequadas para os produtos acabados, avarias de maquinetas e a falta de infra-estruturas adequadas para o processamento representam as restrições mais significativas a rentabilização das UPs. Recomenda-se intensificar a multiplicação da variedade melhorada; capacitação dos processadores em agro-negócio, e as acções de apoio estejam direccionadas em infraestruturas, torradores modernos, prensas, furos de água e maquinetas. Palavras-chaves: Processamento, mandioca, agro-negócio, rentabilidade, género. xiv Abstract This study aimed to evaluate the economic viability of cassava processing units (Manihot esculenta Crantz) in Gaza and Inhambane provinces. Since the implementation of the machine for processing cassava, few studies have been conducted to ascertain the actual earnings, so it is unknown the financial state of the point where the UPs are. To achieve the objectives of this study, an exploratory and descriptive study was conducted used qualitative methods applied in semi-structured interviews and discussion themes with focus groups. Data was analysed used Microsoft Excel. The study covered 22 processing units, one (1) in Gaza (organized in association) and twenty one (21) in Inhambane, of which 12 are organized in associations and 9 singular. The associations are largely made up of 65.8% of women and 34.2% of men. Among the four analyzed UPs with the operating machines kit in the last two years, one (25%) were unfeasible, while three (75%) showed that most of the viability indicators were near the economic threshold. Therefore, a positive small variation in costs or negative in recipes becomes unfeasible units, which indicates that the enterprises are of a high financial risk. At 100% of installed capacity utilization, the analysis showed that the UPs it would be highly profitable. The research concludes that the Cassava Processing Units are not profitable. The lack of consistent processing installed capacity, lack of commercialization strategy, water holes, appropriate packaging for the finished product, machinery malfunctions, and the lack of adequate infrastructure for processing represent the most significant restrictions for the profitability of UPs. It is recommended to intensify the multiplication of improved variety; training of processors in agri-business sector. The processing units should have a performance record plan of its activities, and support actions are targeted at infrastructure, modern roasters, presses, water holes and machinery. Keywords: Processing, cassava, agri-business, profitability, gender. xv I. INTRODUÇÃO A agricultura constitui a principal actividade económica em vários países do mundo, sobretudo nos da África subsaariana. Portanto, Moçambique não é excepção, cerca de 80% de moçambicanos pratica esta actividade (Cunguara et al., 2013). Dentre as culturas praticadas destaca-se o milho, mandioca, feijão, arroz, mapira, mexoeira e amendoim, sendo a mandioca uma das raízes tuberosas mais produzidas (MASA, 2015; INE, 2011). Todavia, o sector agrário contribui com 24% no PIB (MASA, 2015). A mandioca constitui alimento mais importante em vários países do mundo. Em Moçambique é a segunda cultura alimentar de extrema importância depois do milho, com um papel fundamental na segurança alimentar e nutricional, especialmente na região Nordeste do país, onde mais de 50% da população tem a mandioca como a cultura básica (Silva et al., 2010). É potencialmente cultivada pelo sector familiar, que é voltado para o seu auto-consumo e é uma das culturas estratégicas para época seca (Dias, 2012). Nos últimos anos verifica-se uma crescente tendência da utilização da mandioca na indústria alimentar e de bebidas (GrowAfrica & IDH, 2015). Portanto, o seu processamento apresenta-se economicamente como uma opção promissora de agronegócio, visto que, pode gerar produtos diversificados de alto valor agregado e emprego, o que propicia o aumento da renda e na melhoria das condições de vida dos integrantes da cadeia de valor da mandioca (Santos et al., 2009). Entretanto, estudos feitos mostram que, o baixo nível de conhecimento da estrutura da cadeia de valor, a fraca assistência coligada a baixa capacidade de gestão e organização dos pequenos produtores, vêm contribuindo na redução da disponibilidade da matériaprima, o que afecta expressivamente na rentabilidade das pequenas agro-processadoras. Segundo Savva & Frenken (2002) avaliar a situação económica dos empreendimentos permite mostrar os níveis de produção, as exigências de trabalho, lucro e analisar a utilização dos recursos investidos. Também na identificação dos factores que embaraçam o seu desempenho e as necessidades de intervenção. Neste âmbito, o presente estudo visa avaliar a viabilidade económica das Unidades de Processamento da Mandioca, numa abordagem relativa a sua lucratividade, rentabilidade, do seu contributo no aumento da produção de mandioca e na integração do género nas diferentes etapas do processamento da mandioca. 16 1.1. Vários Problema esforços são desencadeados pelas instituições governamentais e não- governamentais (ONG’s) para o desenvolvimento da cadeia de valor da mandioca, através da disponibilização de maquinetas de processamento aos pequenos produtores, com vista a promover o agro-processamento e garantir que possam produzir maiores volumes e de boa qualidade (IFAD, 2012). Entretanto, o seu verdadeiro impacto no aumento dos volumes da mandioca processada e comercializada ao nível das unidades de processamento é ainda muito limitado. Por outro lado, desde a implantação das Unidades de Processamento da Mandioca muitos estudos tem sido desenvolvidos, mas poucos relatam do ponto de situação financeiro em que se encontram, logo questiona-se; Até que ponto o desempenho das actividades das unidades de processamento da mandioca garante a sua lucratividade, rentabilidade e na transformação da mandioca da actual cultura de subsistência para uma cultura de rendimento? 1.2. Justificativa O tema surge na sequência do papel que a mandioca desempenha no sector familiar e recentemente no aproveitamento industrial. As fabriquetas de processamento da mandioca na província de Gaza e Inhambane funcionam desde o ano 2000, sendo que cerca de 350 produtores (singulares e associados) adoptaram o uso de maquinetas para o processamento da mandioca. Portanto, o estudo fundamenta-se pela necessidade de buscar informações sobre os reais ganhos que essa pratica esta a promover no sector familiar. Por outro lado, vai permitir que os beneficiários percebam se actividade que realizam é rentável. Também, os resultados da pesquisa poderão ajudar os intervenientes da cadeia de valor da mandioca (Governo e ONGs) a perceber se o processamento da mandioca usando maquinetas estimula a produção da mandioca e na elaboração de um plano de acção para o desenvolvimento da cadeia da mandioca. 17 1.3. Objectivos 1.3.1. Geral Avaliar a viabilidade económica das unidades de processamento da mandioca das Províncias de Gaza e Inhambane; 1.3.2. Específicos Caracterizar as unidades de processamentos da mandioca; Determinar os indicadores de lucratividade e rentabilidade; Examinar os factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento de Mandioca. 1.3.3. Questões de pesquisa Coloca-se as seguintes questões; No objectivo 1: caracterizar as unidades de processamento de mandioca. Como as unidades de Processamento de mandioca estão organizadas? Quais são os mecanismos de gestão das unidades de processamento? Qual é o nível da participação das mulheres na gestão e nas etapas de processamento? Qual é o estado actual da operacionalização das unidades beneficiárias das maquinetas de processamento? No objectivo 2: Determinar os indicadores de lucratividade e rentabilidade; processamento; Qual é o grau de aproveitamento da capacidade instalada? O que determina a escolha do canal de comercialização dos produtos processados? Qual é a eficiência e eficácia económica das unidades de processamento? No objectivo 3: Examinar os factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento da Mandioca. Que factores afectam de maneira mais severa a lucratividade das UPs? Quais das etapas de processamento da mandioca reduzem de forma significativa à capacidade de produção? Qual é o nível da disponibilidade da matéria-prima ao longo do período da actividade de processamento? 18 II. 2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Historial da Produção da Mandioca A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta originária do Brasil e com centros precursores de diversidade na América Central. Tradicionalmente tem-se revelado como um dos alimentos básicos de maior preferência depois do milho e trigo. A grande importância que a mandioca assume deriva pelo facto de ser tolerante à seca, de poucas exigências culturais comparativamente a outras culturas, tornando atractivo o seu cultivo sobretudo pelos agricultores de baixa renda (Silva et al., 2010; Donovan et al., 2011). Sua produção é tradicionalmente dominada por pequenos produtores, em que a maior parte da produção é destinada a subsistência, para mais de 300 milhões de pessoas. Produzida em pequenas explorações, na base da mão-de-obra familiar, com baixo uso de tecnologias de produção e processamento (GrowAfrica & IDH, 2015; Donovan et al., 2011). A produção global da mandioca é estimada em 276 e 291 milhões de toneladas em 2013 e 2014 respectivamente. Enquanto, a produção do etanol combustível a partir da mandioca atingiu 3 milhões de litros em 2014, consumindo cerca de 1,6 milhões toneladas da mandioca. Dentre os países maiores produtores no mundo a Nigéria lidera a lista com uma produção estimada em 55 milhões de toneladas (Figura 1), onde Moçambique configura-se no oitavo lugar com produção estimada em 14.7 milhões (FAO, 2014). 60000 55064 Produção Mundial de Mandioca (milhões de ton.) * 50000 40000 30000 31240 25000 20000 23348 17317 15872 14755 10000 14700 9750 8500 0 Fonte: FAO, (2014).*Estimativa. Figura 1: Principais países produtores da mandioca no mundo 19 2.1.1. Importância sócio-económica da cultura de mandioca A mandioca desempenha um papel preponderante na garantia da segurança alimentar e nutricional, na renda e emprego dos pequenos produtores de vários países do mundo, especialmente da África subsaariana onde Moçambique faz parte (Dias, 2012; Silva et al., 2010). Constitui a importante e barata fonte de calorias comparativamente com o arroz e milho. Possuem em média 30% de matéria seca, ricas em energia 30 a 35% de carbo-hidratos (amido), embora, pobre em proteínas (2 a 4%), Tabela 2.1. As folhas contêm cerca de 2023% de proteína e excelente fonte de vitaminas C e minerais (Silva et al., 2010). Tabela 2.1: Composição nutricional por 100 gramas de parte comestível da mandioca (crua; cuzida; frita) Energia Mandioca kcal CarboProteínas Lípido hidrato Ca Mg Mn kj g g g mg mg P Fe S K Zn mg mg mg mg mg mg Vitamina C mg Cru 151 634 1,1 0,3 36,2 15 14 0,05 29 0,3 2 208 0,2 16,5 Cozida 125 254 0,6 0,3 30,1 19 27 0,06 22 0,1 1 100 0,2 11,1 300 1255 1,4 11,2 50,3 23 95 0,18 57 0,3 9 176 0,4 --- Frita Fonte: NEPA, (2011). Ainda que, a mandioca desempenha um papel preponderante no seio dos pequenos produtores e recentemente na indústria, ainda se verifica a baixa intensificação do seu cultivo em escalas comerciais, a fraca disponibilidade variedades melhoradas e assistência técnica (Nweke & University Michigan State, 2005), associada a alta incidência de pragas e doenças, tem contribuído para os baixos rendimentos obtidos pelos produtores, consequentemente na baixa renda familiar, e na prevalência da insegurança alimentar no seio dos produtores rurais (Silva et al., 2010; EC-FAO, 2007). De acordo com FAO (2014), o aumento global da produção da mandioca poderia impulsionar a disponibilidade de alimento, da matéria-prima, na criação de novas alternativas de mercado para a mandioca o que contribuiria para a redução da pobreza sobre tudo em países em desenvolvimento. 20 2.2. Produção da mandioca em Moçambique 2.2.1. Produção A produção da mandioca tem vindo a aumentar nos últimos anos. De acordo com os resultados do Censo Agro-Pecuário 2009-2010, as pequenas e médias explorações da mandioca são as mais predominantes com cerca de 2.4 milhões, ocupando uma área de cultivo de 1 milhão de hectares (INE, 2011). É produzida em pequenas explorações na base da mão-de-obra familiar e com baixo uso de tecnologias de produção (GrowAfrica & IDH, 2015; MIC, 2006). O sistema de cultivo mais dominante ao nível dos pequenos produtores é o do tipo consociado geralmente com feijão, milho e amendoim. Comummente são cultivados dois grandes grupos de variedades doce e amarga (alto teor do ácido cianídrico), as variedades que amargam apresentam maior tempo de conservação e são as mais cultivadas (Donovan et al., 2011). A região Norte é responsável por 85% 1 da produção nacional de mandioca (Figura 2), e ao nível das províncias, Nampula lidera com maior produção seguido da Zambézia e Cabo Delgado. As províncias de Gaza e Inhambane respondem por 10% da produção nacional, e ocupam 62.6% das grandes explorações de mandioca existentes no país (INE, 2011). 1.577.942 1.179.959 416.252 397.277 Região Sul Região Centro Nampula Cabo Delgado Niassa Sofala Manica Tete 43.375 50.440 84.052 80.136 Zambézia Maputo Gaza 180.657 126.175 Inhambane 1.800.000 1.600.000 1.400.000 1.200.000 1.000.000 800.000 600.000 400.000 200.000 0 Região Norte Fonte: Dados de Anuário de Estatísticas Agrárias 2012-2014 MASA (2015), adaptado pelo autor (2016). Figura 2: Produção (ton) de pequenas e médias explorações de mandioca em 2014 1 Dias (2012); Donovan et al (2011). 21 Embora, a região Norte seja responsável pela maior parte da produção da mandioca no país. Porém, existem restrições que afectam a produção e produtividade da mandioca na região e no país em geral, que tem contribuído nos baixos rendimentos obtidos pelos pequenos produtores. Com maior realce as práticas de cultivo inadequadas, ao fraco acesso a variedades melhoradas, insumos de produção e a alta incidência de pragas e doenças; a Podridão radicular da mandioca (CBSD), Mosaico Africano da mandioca (CMD), Murcha bacteriana, Cochinilha da mandioca (CMB), Ácaro verde (CGM), Gafanhoto elegante e a Mosca Branca (Silva et al., 2010; EC-FAO 2007; McSween et al., 2006), contribuindo na baixa renda, nos preços altos da mandioca e na insegurança alimentar de agregados familiares, que tem a mandioca a principal fonte de renda e alimento do seu quotidiano. 2.2.2. Utilização da mandioca A maior parte da produção da mandioca ao nível do país é destinada ao consumo e a restante parte não significativa é utilizada na alimentação animal e como matéria-prima para indústria representando 4% e 2% respectivamente (Donovan et al., 2011). Os níveis de consumo da mandioca são maiores nas regiões do litoral concretamente nas províncias de Nampula, Zambézia e Cabo Delgado onde desempenha um papel importante na dieta da maior parte da população rural (McSween et al., 2006). Nestas regiões, o seu consumo em forma de farinha representa cerca de 90% do consumo da mandioca no país, também é consumida em forma fresca, assada ou cozido e utilizada na preparação de variados tipos de pratos como; doce de mandioca, chiguinha 2 o que representa 10% do consumo e processadas em rale ou tapioca na região Sul, estimado em 20%. Também a mandioca tem sido utilizada na produção de Oteka3 na região Norte e na panificação (Wandschneider & Barca, 2003). As três principais linhas de processamento industrial da mandioca estão centradas na produção do etanol combustível, pão e produção de cerveja “Impala” na base da mandioca, ainda que, a produção do etanol combustível não surtiu o seu real efeito (Donovan et al., 2011). Porém, ao nível dos pequenos processadores da mandioca têm como principais linhas a produção de rale, farinha de mandioca, Chips e raspa. 2 Prato típico da região Sul do país, confeccionado na base da mandioca, leite de coco, amendoim pilado e folhas de verduras (couve, feijão nhemba, cacana etc.) ou feijões. 3 Bebida tradicional produzida à base da mapira e mandioca. 22 2.2.3. Comercialização da mandioca e seus derivados Os maiores volumes de venda da mandioca (fresca e seca) ocorrem no Norte do país, onde os produtores comercializam cerca de 13% da sua produção, comparativamente a 3% e 4% da mandioca comercializada no Centro e Sul respectivamente (Donovan et al., 2011). A maior parte da produção é comercializada no mercado interno e ao nível dos países circunvizinhos o comércio ocorre de forma reduzido, estando associado ao facto da mandioca fresca ser perecível e aos custos elevados de transporte da mesma. No entanto, uma das alternativas mais promissoras seriam o processamento e posterior comercialização em derivados da mandioca (Dias, 2012). Os canais de comercialização são mais desenvolvidos na região Norte, que é responsável por mais de 90% dos volumes de venda da mandioca no país (Donovan et al., 2011), composto por quatro principais canais representados na Figura 3. Ainda que, na zona Sul se observe a comercialização da mandioca, a mesma representa apenas 3% a 6% do volume total da produção, onde o rale e raiz fresca dominam as formas de venda (Donovan et al., 2011; Wandschneider & Barca, 2003). Fonte: Salegua et al. (2012). Figura 3: Principais canais de comercialização de mandioca 23 2.2.4. Preço da mandioca A mandioca, tal como outros produtos agro-pecuários estão sujeitos a vários riscos e incertezas, referente a própria actividade, que afectam directamente os custos de produção e a lucratividade, não apenas para os produtores, mas também aos restantes integrantes da cadeia de valor (Waquil et al., 2010). Outro factor determinante no preço e na oferta dos produtos é relativo à fraca interligação dos mercados, isto é, na sua forma natural, o produto não pode ser transportado da região excedentária para região deficitária, o que origina o aumento de preços na região deficitária, ao mesmo tempo os produtores da região excedentária estarem a perder oportunidade de aumentar as suas receitas resultantes da comercialização dos seus excedentes (Cunguara et al., 2013). É importante recordar que o comportamento do preço da mandioca é determinado pela sua natureza de commodity e agrícola, isto é, o preço final da mandioca está inteiramente dependente do calendário de cultivo e tipo de variedade. E a instabilidade dos preços da mandioca é maior em relação a outros produtos agrícolas como trigo e o milho, estes cujo, seus derivados concorrem com os derivados da mandioca (Sebrae, 2008). Por tanto, as políticas de preços exercem um papel importante sobre a produtividade e comercialização dos produtos agrícolas, e afectam directamente na transformação rural e urbana (Cunguara et al., 2013). 2.3. Agro-processamento Agro-processamento para Baptista (2009); Kachru (2006) é o conjunto de actividades póscolheita, que envolvem a transformação, conservação e preparação de produtos agropecuários, para o consumo final ou intermediário como matéria-prima para indústria. O processamento engloba vasta área de actividades pós-colheita, incluído artesanal, minimamente processados, embalados e matérias-primas para indústrias (Kachru, 2006), com elevado contributo no aumento da economia rural não agrícola4, e desempenha um 4 Kachru (2006). "É um conjunto heterogéneo de comércio, agro-processamento, fabrico e actividades de serviços, que vão desde a tempo parcial empresários artesanais para plantas industriais de larga escala operados por empresas multinacionais" 24 papel fundamental na redução da pobreza e no desenvolvimento rural, especialmente em países baseados na agricultura (Baptista, 2009). Em Moçambique, uma vez que as perdas pós-colheita no geral são elevadas na ordem de 30 a 40% ao nível dos pequenos produtores, contribuindo para os baixos rendimentos e da insegurança alimentar e nutricional. Por tanto, a actividade de processamento de alimentos representam um forte potencial de renda, emprego e na garantia da segurança alimentar e nutricional (Baptista, 2009; MIC, 2006). Logo, as actividades de processamento podem expandir as oportunidades de mercado, aumentando o tempo de prateleira, e ajudar aos produtores, consumidores a superar as limitações da sazonalidade e perecibilidade dos produtos (Mhozo et al., 2003). 2.3.1. Classificação do agro-processamento O agro-processamento pode ser classificado em tradicional (caseiro) e industrial. O agro-processamento tradicional ou caseiro é aquele realizado ao nível familiar e tem como características, o uso intensivo da mão-de-obra familiar particularmente das mulheres, reduzido uso de tecnologias de processamento e o desenvolvimento das suas actividades está dependente da disponibilidade da matéria-prima ao nível do agregado familiar. Enquanto, o industrial tem como característica a reduzida intensificação da mãode-obra, uso de tecnologias mais avançadas e maior quantidade e qualidade de produtos processados (Baptista, 2009). 2.3.2. Constrangimentos no desenvolvimento do agro-processamento Apesar de, o processamento desempenhe um papel crucial no desenvolvimento rural, estudos revelam que uma série de factores, vem limitando a aptidão de operacionalização da capacidade instalada, na disponibilização de produtos com parâmetros desejados pelos consumidores e da sua eficiência económica (MAFF, 2015), afectando geralmente as pequenas processadoras no meio rural. A maioria dos pequenos processadores no meio rural estão desprovidos de meios de transporte e coadjuvado a um sistema de transporte deficiente lhes obriga a transportar a matéria-prima em suas cabeças ou de bicicleta tornando actividade mais lenta, cansativa e ineficiente (Abass et al., 2011). 25 Dentre outros factores associados, as políticas estabelecidas pelo governo, o acesso limitado ao crédito, a tecnologias de produção, processamento, armazenamento adequadas, baixo acesso as informações, assistência, treinamentos, gestão são apontados como principais constrangimentos (MAFF, 2015; Mhozo et al., 2003). Em pequenas processadoras geridas por associados, o efeito da orientação social ou seja a falta de motivação dentro dos membros contribui no fraco desempenho (Abass et al., 2011). A baixa rentabilidade das processadoras de produtos vegetais, pode estar correlacionado a diversos factores já referenciados, entretanto, as limitações mais importantes estão associados; a baixa produtividade por área; a incapacidade para optimizar as suas operações através de processamento de volumes adequados e consistentes à capacidade instalada; a disponibilidade de água potável e a capacidade dos processadores de promoverem os seus produtos através de boa estratégia de marketing (Abass et al., 2013; Hoppe et al., 2009). 2.4. Participação da mulher na cadeia de valor de mandioca O papel do género5 na agricultura não deve ser subestimado, assim como a penetração da estratificação no acesso e controlo dos recursos e na tomada de decisão (Martin et al., 2008; Cunguara et al., 2013). No entanto, a sua participação não pode ser simplesmente analisada em termos de números absolutos, também deve ser tomado em consideração os parâmetros relacionados com a área de actividade e amplitude de participação (Mediterranean Institute of Gender Studies, 2008). A cadeia de mandioca reflecte diferentes papéis entre homens e mulheres. De acordo com estudos realizados pela Collaborative Study of Cassava in África (COSCA) em seis países6 africanos, verificou que os homens estão maioritariamente envolvidos nas actividades de limpeza, lavoura e plantação (Figura 4). Enquanto as mulheres são responsáveis pela colheita, transporte e processamento da mandioca (Nweke & University Michigan State, 2005). 5 Referem-se às atitudes, características, papéis, deveres socialmente construído e culturalmente específico e obrigações dos homens e das mulheres (Martin et al, 2008). 6 Congo, Costa de Marfim, Ghana, Nigéria, Tanzânia e Uganda. 26 Fonte: Nweke & University Michigan State (2005). Figura 4: Participação dos homens e mulheres na produção e processamento de mandioca Em Moçambique, pelo reconhecimento do papel fundamental que agricultura desempenha para o desenvolvimento do país, foi concebida a Estratégia de Género no Sector Agrária (EGSA), que preconiza a participação activa de mulheres e homens de forma efectiva e baseado na igualdade de direitos e deveres, sendo, portanto fundamental para um desenvolvimento sustentável (MINAG, 2005). Ao nível da cadeia de valor de mandioca no país, também é notória a participação dos homens e das mulheres, onde as mulheres dominam na produção, processamento e comercialização a retalho. Enquanto os sectores mais lucrativos da cadeia, como na venda a grosso, armazenistas e nas moagens são dominados por homens (Donovan et al., 2011). Na região Sul comparativamente com as regiões Centro e Norte do país, as mulheres desempenham um papel importante em toda cadeia, relacionado a este facto, o fenómeno característico da região da emigração dos homens para o trabalho na vizinha África do Sul, o que coloca as mulheres a inteira responsabilidade (Wandschneider & Barca, 2003). A crescente utilização da mandioca na indústria gerou novas oportunidades de mercado favoráveis para a mandioca e seus derivados. Todavia, com introdução de tecnologias de processamento mecanizado (raladores, fritadeiras, moageiras), que antes absorviam maior quantidade de mão-de-obra, redefine os papéis de género no processamento, o que tende a aumentar a participação dos homens para operar e controlar as máquinas (Martin et al., 2008; Nweke & University Michigan State, 2005). 27 Este aumento poderá afectar negativamente alguns benefícios do aumento de emprego e no controlo de receitas por parte das mulheres. Logo, propõe-se que sejam tomadas medidas para garantir que isso não acontece que passam necessariamente pelo aumento no acesso ao crédito para as mulheres poderem adquirir as máquinas e o respectivo treinamento na utilização das mesmas (Nweke & University Michigan State, 2005). Isso significa que as necessidades das mulheres devem ser mantidas em mente, e que a introdução de uma tecnologia não seja um factor que desencoraja o seu envolvimento. Portanto, analisar a participação dos homens e das mulheres na cadeia de valor da mandioca, permite a visualização das acções e inter-relações existentes e a influência que cada um exerce e dos factores que promovem ou desencorajam a sua participação, com vista identificar às necessidades de intervenção (Martin et al., 2008). 28 III. METODOLOGIA Neste capítulo serão indicados todos os procedimentos usados na recolha e tratamento de dados. 3.1. Descrição da área do estudo O estudo foi realizado nas províncias de Gaza (Distrito de Mandlakaze) e Inhambane (Distritos de Zavala, Inharrime, Jangamo, Morrumbene e Massinga). 3.1.1. Província de Gaza A província de Gaza, está localizada na região sul de Moçambique, entre os paralelos 21º19' e 25º 23' de latitude Sul e 31º 30' e 35º 41' de longitude Este. Ocupa uma superfície de 75.709 km², com uma extensão de 200 km de costa. Bastante conhecida pela grande bacia hidrográfica do Limpopo uma das maiores da África Austral (GdG, 2006). Limitada a Norte pelo Rio Save, que a separa da Província de Manica, a Sul com o Rio Incomáti, que estabelece limite com a Província de Maputo, a Oeste com a Fronteira convencional que separa Gaza das Repúblicas de Zimbabwe e da África do Sul e a Este pelo Oceano Índico (Idem). Administrativamente a província de Gaza é composta por 11 distritos 7, de acordo com dados da projecção anual da população Urbana e Rural para 2016, a província é habitada por 1.442.094 habitantes, que lhe confere uma densidade populacional de 19,1 hab/km2, e 54,3% da sua população é composta pelo sexo feminino (INE, 2010a). O clima tropical seco é o mais dominante, que abrange toda região Centro e Norte da província atingindo até características semi-áridas e a Sul apresenta um clima Tropical húmido, e com duas estações do ano, uma fresca e seca (Abril a Setembro) e outra quente e chuvosa (Outubro a Março), com temperatura média anual de 23,5 °C a 22,9°C, e uma precipitação média anual de 128,6 a 718,9 mm, a humidade relativa do ar varia entre 64% a 80,1% (GdG, 2006). A agricultura, a pesca e o turismo constituem as principais actividades económicas, e com ênfase a agricultura que é praticada por mais de 80% da população, que cultiva em média 7 Bilene, Chibuto, Chicualacuala, Chigubo, Chókwe, Guijá, Mabalane, Mandlakaze, Massangena, Massingir e Xai-Xai. 29 2,5 hectares por agregado familiar. A produção das principais culturas alimentares nas pequenas e médias explorações em 2014 foi estimada por cultura; milho 64.191; mandioca 180.657; arroz 7.188; Mapira 144; Mexoeira 3.226; Amendoim grande 218 e pequeno 6.945; Feijão Manteiga 599 e Feijão nhemba 4.955 toneladas respectivamente (MASA, 2015). Em termos da indústria, a província apresenta um índice baixo da industrialização, existindo actualmente ao nível da província indústria de processamento de arroz, indústria moageira e de descasque da castanha de cajú (GdG, 2006). a) Para a província de Gaza o estudo abrangeu um distrito localizado a sul da província. Na Tabela 3.2 e na Figura 5, está apresentada de forma detalhada a caracterização do distrito onde o estudo foi realizado. Tabela 3.2: Localização geográfica e caracterização da região abrangido pelo estudo na província de Gaza. Distrito Localização Situado a Sul da província de Gaza. Ocupa uma superfície de 3.797 Km², Limita-se a Norte pelo distrito de Panda (província de Inhambane), a Sul pelo Mandlakaze distrito de Xai-Xai e Oceano Indico, a Oeste com distrito de Chibuto e a Este, pelo distrito de Zavala e Inharrime ambos da província de Inhambane Coordenadas e altitude Possui latitudes 24° 04' e 25° 00' Sul e as longitudes 33° 56' e 34° 28' Este. Clima População O clima do distrito é tropical seco no interior e húmido na zona costeira. A temperatura média anual varia de 17º a 28º, com precipitação anual entre 400 a 950 mm. A humidade relativa ronda entre 60 a 65%. Habitado por 184.180 habitantes, na razão de uma densidade populacional de 48,5 hab/km2 Fonte: INE (2010a); MAE (2005a), adaptado pelo autor (2016). 3.1.2. Província de Inhambane A província de Inhambane localiza-se na região Sul de Moçambique, entre as latitudes 20° 57' Norte e 24° 51' Sul e as longitudes 35° 34' Este e 34° 41' Oeste. Ocupa uma superfície de 68. 615 km2, com uma extensão de 700 km de costa. É limitada a Norte pelo Rio Save, que a separa das províncias de Sofala e Manica, ao Sul e Oeste pela província de Gaza e Este, pelo Oceano Índico (Muendane et al., 2011). Administrativamente é subdividida em 14 distritos8, e a sua população é estimada em 1.523.635 habitantes, com uma densidade populacional de 22,2 hab/km2 e 55.1% da população é feminina (INE, 2010b). 8 Funhalouro, Govuro, Homoíne, Inharrime, Inhambane, Inhassoro, Jangamo, Mabote, Massinga, Maxixe, Morrumbene, Panda, Vilanculos, Zavala. 30 O clima tropical seco e húmido é o mais predominante, sendo que o clima tropical seco domina o interior e tropical húmido na faixa costeira, caracterizada por duas estações do ano, seca e fresca, a temperatura média anual de 30 °C, e uma precipitação média anual de 939 mm, a humidade relativa do ar varia entre 67% a 76% (Muendane et al., 2011). A agricultura constitui a principal actividade económica praticada ao nível da província, onde, a produção (ton) das principais culturas alimentares nas pequenas e médias explorações em 2014 foi estimada em por cultura: mandioca 416.252; milho 19.291; feijão-nhemba 9.406; mexoeira, 1.678 e arroz sem casca 286 toneladas (MASA, 2015). b) Ao nível dos cincos distritos da província de Inhambane abrangidos pelo estudo, existe uma ligeira variação da temperatura média anual. A Tabela 3.3 e a Figura 5, mostra de forma detalhada a localização e a caracterização dos distritos abrangidos pelo estudo. Tabela 3.3: Localização geográfica e caracterização das regiões abrangido pelo estudo na província de Inhambane Distrito Zavala Inharrime Jangamo Localização Coordenadas e altitude Localizado no extremo Sul da província de Inhambane, com uma superfície de 2.011 Km2. Limitado a Sul pelos distritos de Funhalouro e Morrumbene, a Oeste o distrito Funhalouro, a Norte o distrito de Vilankulo, e a Este o Oceano Índico. Clima População Entre as coordenadas 24º 10’ 00’’ e 24º 45’ 00’’ Latitude Sul e 35º 41’ 10’’ e 35º 47’ 30’’ de Longitude Este. O clima da região é tropical seco no interior do distrito e húmido na zona costeira. A temperatura média anual entre 18º e 33º C e uma precipitação média anual de 1000 a 1500 mm O distrito conta com uma população total de 161.676 habitantes, na razão de 80.4 hab/km2 Com uma superfície de 2.744 km², Situado a Sul da província de Inhambane, é limitado ao Norte pelo distrito de Panda, Homoine e Jangamo, a Este, pelo Oceano Índico, Oeste pelo distrito de Panda e ao Sul com os distritos de Zavala e Mandlakaze Possui latitudes 24° 44' 54''e 24° 12' 40'' Sul e as longitudes 34° 48' 58'' e 35° 12' 08'' Este. O clima tropical seco domina o interior do distrito, e húmido na zona costeira, com duas estacoes; quente ou chuvosa e a fresca ou seca. A temperatura media anual ronda entre 18º a 33º C, com precipitação anual de 1000 a 1200 mm Possui 129.653 habitantes, o que lhe confere uma densidade populacional de 47.3 hab/km2 Possui uma superfície 1.288 Km2, localiza-se a Sudeste da província de Inhambane, é limitado a Norte pela cidade de Inhambane e Maxixe; a Este, pelo Oceano Índico, a Oeste, pelo distrito de Homoine e a Sul pelo distrito de Inharrime. Possui latitudes 24° 2’ 20'' e 24° 30' 45'' Sul e as longitudes 35° 16' 40'' e 35° 27' 0'' Este. O clima da região é tropical húmido, com duas estacoes a seca e a chuvosa. A precipitação média anual entre 800 a 1400 mm e a temperatura média é de 23,8º C. É habitada por 111.774 habitantes, com uma densidade populacional de 86.8 hab/km2 31 Distrito Localização Coordenadas e altitude Clima População Localiza-se na região litoral e centro da província de Inhambane, com uma linha de costa de 82,7 Km. Limitado ao Norte pelo distrito de Massinga, Morrumbene Sul pelo distrito de Maxixe, a Oeste com distrito de Funhalouro e Homoine e a Este, com Oceano Índico. Ocupa uma superfície de 2.800 Km², Entre as coordenadas 35º 15’ 35'' e 35º 32' 53' ' Latitude Sul e 23º 54' 25'' e 23º 17' 20'' de Longitude Este. O clima tropical seco é o mais dominante no interior e húmido na região costeira, com duas estacoes: quente ou chuvosa e a fria ou seca. A temperatura media anual ronda entre 18º a 30º C, com precipitação média anual entre 650 a 1200 mm A população do distrito é estimada em 150.133 habitantes, e uma densidade populacional de 53,6 hab/Km² Está localizado na região central da província de Inhambane, Limitado a Sul pelos distritos de Funhalouro e Morrumbene, a Oeste o distrito Funhalouro, a Norte o distrito de Vilankulo e a Este o Oceano Índico. Ocupa uma superfície de 7.458 Km2, Entre os paralelos 22º 39' e 23º 31' de latitude Sul e dos meridianos 34º 54' e 35º 36' de longitude Este. O clima do distrito é tropical seco no interior e húmido na zona costeira, apresenta duas estacoes do ano, uma quente ou chuvosa e afresca ou seca. A temperatura media entre 18º a 30º C, e uma precipitação média anual de 650 a 750 mm. Tem uma população estimada em 200.702 habitantes, na razão de 26,9 hab/km2 Massinga Fonte: INE (2010b); MAE, (2005b; 2005c; 2005d; 2005e; 2005f) Adaptado pelo autor (2016). Fonte: PROSUL (2016). Figura 5: Mapa de localização da área de estudo 32 A escolha dos seis (6) distritos deveu-se ao facto destes estarem contemplados pelo Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos Corredores do Maputo e Limpopo (PROSUL) para o Desenvolvimento da Cadeia de Valor da Mandioca (Componente 2 do Projecto), no Anexo A1. Foram contemplados no PROSUL por concentrarem o maior número de pequenas e médias explorações de mandioca ao nível dos distritos das províncias do Sul de Moçambique, e com um considerável potencial para o desenvolvimento de uma diversidade de novos mercados para produtos e derivados de mandioca (IFAD, 2012). 3.2. Materiais usados na recolha de dados Questionários (para avaliação das unidades e de facilitação de grupos focais); Gravador de som; Máquina fotográfica; GPS (Sistema de Posicionamento Global); Bloco de nota. 3.3. Métodos de recolha de dados Para alcançar os objectivos estabelecidos, foi realizada uma pesquisa exploratória e descritiva, utilizando métodos qualitativos. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas9 (ver Apêndice 1). Conforme Gil (2008), o uso da pesquisa descritiva dentro da exploratória permite estudar as características de um grupo com maior relevo a sua actividade prática e levantar opiniões dos envolvidos. Possibilitando o seu conhecimento amplo e de forma detalhada. Por meio de censo, o estudo alcançou 22 Unidades de Processamento da Mandioca. a) Métodos Qualitativos Para Gil (2008: 11), o método qualitativo é uma técnica de recolha de dado em pesquisas qualitativas, que não inclui nenhuma quantificação ou tratamento (entrevistas abertas, semi-estruturadas). Mas sim, parte-se da observação de facto ou fenómeno cuja causa se desejam conhecer. Portanto, em conformidade com Gil (2008), com vista a captar maior 9 Entrevista constituída geralmente por questões abertas onde o pesquisador tem a liberdade de desenvolver outras questões no decorrer da entrevista que lhe permitam explorar amplamente uma questão (Marconi & Lakatos, 2003: 197). 33 sensibilidade dos beneficiários, foram realizadas discussões com Grupos Focais (GF’s) de mulheres e homens em 2 (duas) associações. Gil (2008), como em Freitas et al. (1998) definem GF’s como uma entrevista em grupo, dentro da abordagem qualitativa, envolvendo um número de participantes não inferior a 6 e nem superior a 12, com duração de 1 a 3 horas. Onde os participantes se influenciam de forma espontânea para a identificação e resolução de um problema (Moetsabi et al., 2004; Freitas et al., 1998). Sendo que, cada grupo era composto por 10 elementos, envolvendo no total 20 membros (60% mulheres e 40% homens). Os encontros tiveram a duração de 90 minutos, para este efeito, foi utilizado o Guião para Grupos Focais detalho no Apêndice 2. Para Moetsabi et al. (2004), o potencial desta técnica (GF’s) em recolher dados sobre diferentes perspectivas e consensos entre os actores sobre um determinado tópico, aliado a baixo custo na recolha de dados e à capacidade de engajar os beneficiários na elaboração de propostas de soluções. Portanto torna-a atractiva quando se pretende analisar modelos de intervenção e propostas de soluções com envolvimento dos beneficiários. Foram ainda realizadas observações directas junto das unidades de processamento, referentes as infra-estruturas de processamento, fonte de obtenção de água e do estado de funcionamento e conservação dos equipamentos (maquinetas). 3.4. Recolha de dados A recolha de dados foi realizada em Março de 2016, consistiu no levantamento e mapeamento das Unidades de Processamento de Mandioca nos seis (6) distritos. Em cada unidade foram levantadas as Coordenadas Geográficas com auxílio do GPS (Sistema de Posicionamento Global) e entrevistados os responsáveis das mesmas. A recolha das informações ao nível dos grupos focais foi por meio de anotações durante os debates e gravações áudios. Freitas et al. (1998) recomendam a utilização das duas técnicas em simultâneo, visto que contribuem para a redução dos níveis de distorção dos factos, originados pelas anotações, conforme referido por Marconi & Lakatos (2003). Para a verificação económica foram seleccionadas (4) unidades de processamento. Os critérios de selecção estabelecidos são (i) estar a realizar o processamento parcialmente ou totalmente mecanizado; (ii) com o kit de maquinetas operacional nos últimos dois anos; e 34 (iii) ter uma base de dados referente as despesas ou no mínimo as informações sobre a área (ha) de produção de mandioca e da quantidade de mandioca adquirida se for o caso. A matéria-prima consumida (caso da inexistência) foi estimada com base na área (ha) de produção, com rendimento médio sem insumos de 11,5 ton/ha (Bia et al., 2010), o preço de compra da mandioca fresca 1,5 MT/kg. Factor de conversão 4:1 (4 ton de mandioca fresca produz 1 ton de rale) (Abass et al., 2011). O custo de reparação e manutenção do equipamento foi estimado em 2,5% do custo total do equipamento (Savva & Frenken, 2002). A vida útil das unidades de 25 anos (neste caso). 3.5. Análise de Dados Para a análise dos dados, recorreu-se a estatística descritiva, e valores percentuais para avaliar os dados concernentes aos objectivos específicos (primeiro, segundo e quarto). No final das discussões foram feitas harmonizações das constatações de cada GF’s. Durante estes grupos foram analisadas: (i) a capacidade instalada para gestão da unidade de processamento, (ii) motivações para escolha dos canais de comercialização; (iii) o nível de participação das mulheres nas operações de processamento; (iv) o grau de envolvimento dos beneficiários em solucionar os seus problemas; (v) estratégias para melhorar o desempenho. Para a análise das informações recolhidas durante os temas de discussão com os GF’s, consistiu na análise etnográfica e de conteúdo proposta por Freitas et al. (1998). A análise etnográfica focaliza-se nas citações directas dos grupos durante a discussão. Por seu turno, a análise de conteúdo consiste na descrição numérica dos dados. Para todo o efeito, usou-se o Microsoft Excel 2010. Em conformidade com os indicadores económicos definidos por Abass et al. (2011); Hoppe et al. (2009); Park (2004) e Savva. & Frenken (2002) nomeadamente: Margem Líquida (ML), Valor Presente Líquido (VPL), Benefício / Custo (B / C), Taxa Interna de Retorno (TIR), Período de Retorno ou payback, e Nível de aproveitamento da capacidade instalada (NPCI) efectuou-se a análise da viabilidade dos empreendimentos. Conforme detalhados a seguir; 35 i) Receita de Produção É a soma de todos os valores esperados ou efectivamente recebidos, pela venda de bens ou serviços, a um determinado preço. A receita de produção inclui o valor dos produtos retirados para fins não comerciais (consumo), e assume o valor que teria sido obtido se o produto fosse vendido (Savva & Frenken, 2002). Para o presente estudo, a Receita de produção foi obtida utilizando a fórmula (1). Receita da Pr odução Preço de Venda por Unidade Quantidade Vendida ii) (1) Margem Líquida Indica a representatividade do lucro disponível ou obtido em relação às vendas líquidas, isto é, vendas depois da dedução dos impostos e outras despesas administrativas (Hoppe et al., 2009), e é dada pela equação (2). Lucro Liquido Margem Liquida 100 Vendas (2) Onde; Lucro líquido corresponde resultado líquido apurado após pagamento de impostos e despesas financeiras. Vendas referem-se às vendas da empresa, líquidas de impostos incidentes sobre vendas, e devoluções. iii) Valor Presente Líquido (VPL) É o valor presente do fluxo de lucro líquido, permite avaliar os fluxos monetários a curto, médio e longo prazo diante da melhor oportunidade de investimento (Hoppe et al., 2009), obtida pela equação (3) descrita abaixo; n VPL I0 i=0 (Cf ) (1 j )n (3) Onde; VPL = Soma algébrica de todos os valores líquidos descontados para o momento presente; -I0 = Fluxos de saída inicial ou investimento inicial; Cf = Fluxos de caixa líquidos do investimento; 36 j = Taxa de desconto (juro) considerado para actualizar o fluxo de caixa. Para o presente estudo, foi usada a taxa de juros de 19,5% (Taxa de juro média dos Bancos Comerciais). n = Número de períodos ou horizonte do investimento. Interpretação: VPL> 0 (zero), o projecto é aceito; VPL = 0 (zero) é indiferente aceitar ou não; VPL <0 (zero), o projecto é rejeitado. iv) Relação Benefício/Custo A razão B / C é a relação entre o valor presente do fluxo de benefícios e o valor presente da corrente de custo é um indicador que ilustra quanto o benefício excede o custo (Savva. & Frenken, 2002). Para o cálculo da relação benefício-custo (B/C) será usada à equação (4), proposta por Park (2004), conforme descrito abaixo: N B/C b .1 i n c .1 i n n i 1 N (4) n i 1 Onde: O benefício no ano n é representado por bn; i é a taxa de desconto; cn representa o custo total no ano n; e N é o número total de anos em análise (vida útil do empreendimento). O critério de decisão é, portanto, relação B / C≥ 1, significa que o investimento seria rentável e B / C <1, não seria viável. v) Taxa Interna de Retorno (TIR) A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que torna o VPL igual ao valor inicial do investimento, isto é, a taxa de juros que iguala o VPL a zero. Tem como objectivo medir a rentabilidade do investimento por unidade de tempo (Hoppe et al., 2009). Para o cálculo do TIR, duas taxas de desconto devem ser identificadas, uma que dá o VPL positivo e outra VPL negativo, aplicando a equação (5). TIR = i min + (i max - i min )× VPL(i min ) (VPLimin - VPLimax ) (5) Onde; TIR = Taxa Interna de Retorno; imax = taxa de desconto superior; imin = taxa de desconto inferior e VPL= Valor Presente Líquido. 37 vi) Período de Retorno ou Payback O período de retorno é o tempo necessário para um investimento gerar benefícios, e cobrir os custos incorridos no início do mesmo (Savva & Frenken, 2002). O período de retorno pode ser simples (quando calculado sobre os benefícios e fluxos de custos não descontados) ou descontado (quando obtido usando custos e benefícios descontados), isto é, considerando o valor do dinheiro no tempo (Hoppe et al., 2009), e é neste último que vai se basear o presente estudo. O período de retorno foi obtido utilizando a equação (6). n PR i=0 vii) (Cf ) I0 (1 j )n (6) Nível de aproveitamento da capacidade instalada (NPCI); O valor em percentagem, que representa quanto uma unidade produtiva está sendo utilizando a sua capacidade instalada. Foi obtido utilizando a equação (7); NPCI (%) = CO 100 CI (7) Onde: CO representa o volume efectivamente explorado pela unidade ou indústria; CI representa a capacidade instalada ou volume máximo de produto que as máquinas e equipamentos instalados podem produzir. 3.6. Limitações do estudo A fraca sistematização das informações relativas aos custos e receitas por parte dos responsáveis das unidades de processamento limitou a identificação de todos componentes de custos. Tais como a quantidade da mandioca processada e custos incorridos, o que possibilitaria uma análise mais consistente do seu desempenho económico. Em muitas unidades de processamento visitadas principalmente as pertencentes as associações, ainda que tenham sido antecipados da visita, não foi possível organizar grupos de discussão, porque o número de membros encontrados não satisfazia para o efeito, o que teria proporcionado maior análise da sensibilidade dos beneficiários e das estratégias por eles adoptado para melhorar o desempenho das actividades de processamento da mandioca. 38 IV. 4.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização das Unidades de Processamento de Mandioca Os resultados da Figura 6 (ver o Apêndice 3 e 4) abaixo, revelam que o distrito de Mandlakaze possui menor número (1) de UPs (unidades de processamento) e o distrito de Inharrime com maior número (6). Enquanto os distritos de Zavala, Jangamo e Massinga com 4 unidades respectivamente, Por seu turno Morrumbene com 3 unidades de Número de unidades processamento. 7 6 5 4 3 2 1 0 6 4 4 4 3 1 Mandlakaze Zavala Inharrime Gaza Jangamo Morrumbene Massinga Inhambane Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016. Figura 6: Distribuição Geográfica das Unidades de Processamento de Mandioca Nota se na Figura 6, que ao nível dos seis (6) distritos abrangidos pelo estudo nas duas províncias, o distrito de Mandlakaze a presentou menor número de UPs. Estando associado ao facto de que dos 14.913 produtores de mandioca existentes no distrito (GDM, 2012), apenas 33 (0,22%) dos produtores (associados), que para além da produção destinada ao consumo a nível do agregado familiar, uma parte desta é orientada para o processamento comercial. Enquanto dos distritos localizados na província de Inhambane, a mandioca é tida como enfoque para potenciar o agro-processamento ao nível dos pequenos produtores (Muendane et al., 2011). 4.1.1. Fontes de Financiamento para Obtenção das Unidades de Processamento Das unidades de processamento que usam maquinetas para o processamento da mandioca, cerca de 54,6% receberam doação, dos quais 33,3% de ONG´s e 66,7% do Governo via Ministério da Agricultura (actual Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar), no 39 âmbito do programa de estabelecimento de pequenas unidades de processamento. O Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD) contribuiu para o estabelecimento de uma (1) unidade de processamento, que representam 4,5% de todas as unidades analisadas. Outras 18,2% foram instaladas na base do capital próprio/sócio. A Tabela 4.4. sumariza as fontes de financiamento utilizadas para obtenção das maquinetas de processamento da mandioca. Tabela 4.4. Fonte de Financiamento para Aquisição das Maquinetas de Processamento da Mandioca Nᵒ de Unidades de Processamento Percentagem Crédito 1 4,5% Doação 12 54,6% Próprio Capital/Sócios 4 18,2% Sem financiamento 5 22,7% Total 22 100% Tipo de Financiamento Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016 A Tabela 4.4, mostra que para o seu financiamento 54,6% receberam doação das maquinetas de processamento. Dados obtidos juntos dos responsáveis e nos GF’s, indicam que devido o alto custo das maquinetas muitas UPs não conseguem adquirir sem recorrer ao crédito ou doação. 4.1.2. Infra-estruturas de processamento Os resultados do estudo revelam que 50% das unidades de processamento não possuem infra-estruturas para a realização das suas actividades. Apenas 31,8% possuem infraestruturas de alvenaria e os restantes 18,2% são feitos de material local, como pode se observar na Tabela 4.4. Ausência de infra-estruturas de processamento, esta situação coloca as UPs dependentes das condições climáticas, por outro lado, afecta negativamente a qualidade do produto final. 40 Tabela 4.5: Características básicas das infra-estruturas de processamento Nᵒ de Unidades de processamento Percentagem Alvenaria 7 31,8% Material Local 4 18,2% Sem Infra-estrutura 11 50% Total 22 100% Tipo de infra-estrutura Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016. Das 11 unidades que possuem infra-estruturas de processamento, com excepção das unidades de prestação de serviços, cerca de 44,4% não realizam todas actividades dentro da mesma, sendo que a torrefacção de rale é realizada fora de infra-estrutura por estas não terem sido concebidas para esta operação. Outrossim, a forma como as infra-estruturas foram construídas permite a entrada do fumo em maiores quantidades dentro da instalação, criando condições desfavoráveis para o funcionamento do operador, o que provavelmente poderá ter condicionado o seu abandono. Os membros das UPs que funcionam sem infra-estruturas adequadas referiram que a inexistência da mesma limita a execução das suas actividades sobretudo na época chuvosa, facto que reduz os níveis de produção, esses dados corroboram com o estudo de Mhazo et al. (2002) no Zimbabwe, onde constatou que a falta de infra-estruturas limita o exercício da actividade de agro-processamento ao nível dos pequenos agricultores. 4.1.3. Gestão das Unidades de Processamento 4.1.3.1. Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento Cerca de 59% das unidades de processamento estão organizados em associações e 41% são unidades de processamento singular, destas, 78% exercem actividade processamento e 22% de prestação de serviço (ralar mandioca) (vide Figura 7). De referir que, duas associações10 estão em via de se transformarem em cooperativas com o apoio de ONG´s11. Quanto a legalização das unidades de processamento, cerca de 69% das associações estão legalizadas e 31% em via de legalização. Enquanto, nas unidades singulares apenas 11% 10 11 Associação 4 de Outubro (Inharrime) e Associação Agro-pecuária de Licaca (Jangamo). Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) e Grupo de Resgate Voluntário (GRV). 41 está legalizada. A falta da legalização das unidades limita o seu apoio principalmente pelas ONGs, e destas acederem ao crédito. 70% 59% 60% 50% 41% 40% Singular Associação 30% Cooperativa 20% 10% 0% Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016. Figura 7: Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento O associativismo tem sido visto como uma das alternativas que os indivíduos adoptam de modo a darem face a problemas que de forma individual seriam de difícil solução, sendo a forma de organização evidente dos processadores de mandioca (Cunguara et al., 2013). a) Composição das organizações que gerem as unidades de processamento As associações são compostas em média por 23 membros, destes 65,8% são mulheres e os restantes 34,2% homens. Geralmente não empregam a mão-de-obra sazonal. Constatações similares obtidas por Martin et al. (2008) na Nigéria, onde 79% da composição dos grupos de processadores eram mulheres. Resultados idênticos foram ainda confirmados na Tanzânia por Abass et al. (2011), ao nível dos grupos pilotos de processadores de mandioca eram participadas maioritariamente (57%) por mulheres. Enquanto as unidades de processamento singulares são compostas pelos membros do agregado familiar, no entanto, empregam em média 2 trabalhadores permanentes e em período de processamento elevado chegam a contratar até 6 sazonais na maioria mulheres. 4.1.3.2. Participação da mulher na Gestão das Unidades de Processamento Quanto ao perfil do género na estrutura de gestão, constatou-se que, as mulheres possuem maior representatividade com 60%, e na sua maioria ocupam cargos de secretárias, tesoureiras e vogais, os restantes 40% representam os homens que ocupam a posição de presidente, e como chefes de produção (Figura 8). De realçar que das associações visitadas 42 apenas duas são presididas por mulheres. Para Mediterranean Institute of Gender Studies (2008) a participação das mulheres em cargos ou nos órgãos de tomada de decisão, pode ajudar a destacar a importância da contribuição das mulheres e assim aumentar a sua participação nas organizações que são dirigidas por elas. 100% 15% 43% 80% 78% 60% 40% 67% Mulheres 100% 85% 57% 20% Homens 33% 22% 0% Presidente Secretário Tesoureiro Vogal Chefe de produção Fonte: Dados de Pesquisa de Campo 2016 Figura 8: Participação das mulheres na Gestão das Unidades de Processamento Nas unidades de processamento baseadas em associações há uma estrutura de gestão definida, ao passo que nas unidades singulares não existe. Portanto, a inexistência de estrutura de gestão induz a uma fraca gestão dos fundos. A semelhança do estudo de Martin et al. (2008) na Nigéria constatou que nas unidades de gestão familiar há pouca diferenciação de tarefas e responsabilidades que em unidades baseadas em associações. No geral, as Unidades de Processamento da Mandioca analisadas não apresentam um plano eficaz de registo referente ao desempenho das suas actividades. Portanto, não sendo suficiente para auxiliar a tomada de decisões sobre a gestão do empreendimento. Conforme Santos et al. (2009) no Brasil, ao avaliar as casas de farinha de mandioca constatou que os proprietários não tinham noções básicas de gestão nem um instrumento de verificação do desempenho do seu negócio. Uma gestão eficiente e eficaz passa necessariamente pela organização, planificação, direcção e controlo (Idem), o que ao nível das UPs analisadas são aspectos quase inexistentes na maioria dos casos. 43 4.1.3.3. Gestão Financeira A maioria (61%) das associações faz depósitos dos seus fundos em contas bancárias dos seus membros, por não possuírem conta conjunta (da associação) e as restantes associações (39%) fazem depósitos na conta da associação. Enquanto todos (41%) os gestores das unidades não associadas tem conta bancária. Nas associações, os benefícios líquidos advindos da venda dos produtos processados ou de outras fontes de receita são distribuídos por igual entre os membros. Na maioria delas sem nenhum critério, sendo que, todos os membros recebem a mesma porção do lucro obtido pelo grupo, independentemente da sua contribuição no grupo. Existem entretanto algumas associações que têm em consideração o número de dias que o membro esteve presente nas actividades do grupo. 4.1.4. Actividade de Processamento da Mandioca 4.1.4.1. Tipos de processamento da mandioca Nas unidades de processamento, observou-se que 59,1% realiza processamento parcialmente mecanizado, 36,4% ainda realizam o processamento artesanal e 4,5% processamento mecanizado. A figura abaixo, detalha os diferentes tipos de processamento praticados ao nível das UPs. A existência de um número reduzido de unidades de processamento que processam mecanicamente pode estar relacionada com o nível de produção de mandioca, de gestão que esta demanda e da electricidade, para além do alto custo para sua aquisição. 70,0% 59,1% 60,0% 50,0% 40,0% Artesanal 36,4% Parcialmente mecanizado Completamente mecanizado 30,0% 20,0% 10,0% 4,5% 0,0% Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016 Figura 9: Tipos de processamentos de mandioca 44 a) Capacidade instaladas de processamento da mandioca A capacidade de processamento instalada varia entre 0,5 ton/dia (artesanal) a 2 ton/dia (parcialmente mecanizado) de mandioca fresca, ou seja, 125 à 500 kg/dia de rale, enquanto a unidade com processamento mecanizado é de 8 ton/dia de mandioca fresca. Estas quantidades diminuem drasticamente nos períodos de escassez da matéria-prima (Novembro a Abril) onde chegam a processar 0,2 à 0,35 ton/dia e 1 ton de mandioca fresca respectivamente. A actividade de processamento da mandioca é realizada de forma descontínua, onde, o período sem processamento compreende os meses de Dezembro a Maio. Segundo os entrevistados a paralisação das actividades está inteiramente ligada a falta de matériaprima, enquanto, de Junho a Setembro são os meses em que actividade de processamento é mais intensa. Por seu turno, os meses de Abril, Maio e Outubro, Novembro são meses de baixo processamento. 4.1.4.2. Equipamento de processamento da mandioca A maioria (64,7%) das unidades de processamento utiliza maquinetas do modelo IITA, cujo kit é composto por: Ralador (motor a gasolina), Prensa de parafuso duplo, Shipper (manual), Classificador de farinha e rale (motor a gasolina), 5,9% do modelo MIDIAM, em que o kit é constituído por Triturador, Prensa Hidráulica, Triturador de massa prensada, Torrador, Uniformizador e Classificador todas funcionando à base da energia eléctrica. Enquanto 29,4% utilizam maquinetas que o modelo não foi possível identificar, por seu turno 22,7 não possui maquinetas (processamento artesanal) (vide Figura 10). 70,0% 64,7% 60,0% 50,0% 40,0% 29,4% 30,0% 22,7% 20,0% 5,9% 10,0% 0,0% IITA MEDIAM Outros* Não tem Maquinetas Modelo de Maquinetas * Modelo não identificado. Figura 10: Modelos de Maquinetas de Processamento da Mandioca 45 No entanto, o uso de ralador a motor proporciona o aumento da área de cultivo da mandioca. Nweke & University Michigan State (2005) em produtores de gari de Nigéria e Ghana que tiveram acesso ao ralador a motor mencionaram terem aumentado as áreas. Como afirma Nweke et al. (1991) citado por Dunstan Spencer and associates Sierra Leone (2005) o aumento de área de produção e altos rendimentos da mandioca alcançados pela adopção de variedades melhoradas não teriam uma vantagem na redução de custo usando tecnologias de processamento manual. E fica evidente no depoimento de uma Mulher, membro da Associação Josina Machel 16.03.2016. “Antigamente era muito difícil aumentar a machamba por que não conseguíamos processar toda mandioca produzida e apodrecia, quando recebemos maquinetas, tornou fácil e já temos a área maior de cultivo de mandioca”, comentários similares foram feitos por Mulheres, membros da Associação de Agricultores de Rovene 24.03.2014. Quanto ao estado de funcionamento e conservação do equipamento, a pesquisa constatou que, das 17 (77,3%) UPs que possuem maquinetas, destas 52,9% tem todo o equipamento operacional, 35,3% registam avaria do motor do ralador. No entanto, em alguns casos as avarias são ligeiras (desgaste da grade do ralador), e os responsáveis referiram que os acessórios não estão disponíveis no mercado local. Enquanto 11,8% das unidades com maquinetas avariadas, mencionaram ter recebido o kit com regulações desajustadas e peças incompletas, deficiências estas que nunca chegaram a ser ajustadas. Das unidades que apresentaram maquinetas avariadas 41,2% funcionam sem infra-estruturas de processamento. Além dos problemas relacionados ao alto custo das máquinas. EC-FAO (2007) constatou que a falta de prestadores de serviços de manutenção, dificulta a adopção da nova tecnologia de processamento e como resultados, a maioria dos processadores ainda usa equipamento rudimentar. 4.1.4.3. Fonte de Água utilizada no processamento da mandioca. O estudo apurou que 54,5% das unidades de processamento utiliza água de furos existentes na comunidade, outros 22,7% têm o furo dentro da unidade, enquanto 13,6% aproveita a água de pequenos poços artesanais localizados próximo da unidade, os quais não garantem o fornecimento por todo ano. Apenas 9,1% têm água canalizada (vide Tabela 4.6). De 46 acordo com Abass et al. (2011) a distância da fonte de água e a falta de água de qualidade e em quantidade para o processamento afecta nas quantidades processadas, bem como na qualidade do produto final. Portanto, o que diminui a sua preferência pelos consumidores, contudo reduzindo os volumes de venda e nas quantidades produzidas comprometendo deste maneira a rentabilidade das processadoras. Tabela 4.6: Fonte de abastecimento de água às unidades de processamento Fonte de água Nᵒ de Unidades de processamento Percentagem Poço artesanal 3 13,6% Furo comunitário 12 54,5% Furo Próprio 5 22,7% Canalizada* 2 9,1% Total 22 100% *Unidades de prestação de serviços (raladores de mandioca). Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016 4.1.4.4. Fonte de energia usada no processamento da mandioca Os resultados do estudo indicam que 54,5% usa lenha e gasolina, esta última usada para accionar ralador e classificador, 27,3% usa apenas a lenha (processamento artesanal). Enquanto 4,5% utilizam painéis solares, encontrando-se ainda na fase experimental, 13,6% das unidades de processamento utiliza energia eléctrica (ver Figura 11). O fraco uso da electricidade no processamento pode estar relacionado a capacidade produtiva das processadoras, localização e o tipo de equipamento/maquineta utilizado. Para Mhazo et al. (2002) o baixo acesso a rede eléctrica reflecte se na utilização de outras fontes alternativas de energia. 47 54,5% 60,0% 50,0% 40,0% 27,3% 30,0% 13,6% 20,0% 4,5% 10,0% 0,0% Energia eléctrica Painéis solares Lenha Lenha e gasolina Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016 Figura 11: Fontes de energia para o processamento de mandioca As unidades de processamento (81,8%) que não tem acesso a energia eléctrica da rede nacional, 61% estão a cerca de 2 a 7 km da rede eléctrica, enquanto 39% não existe rede de distribuição eléctrica. Essa situação limita a adopção das maquinetas eléctricas, que são as mais disponíveis no mercado nacional. Segundo Cunguara et al. (2013) a fraca expansão da rede de electrificação pública em Moçambique, constitui o maior obstáculo do desenvolvimento do agro-processamento, com base nos resultados do estudo é notório que um número considerável de unidades não tem o acesso a corrente eléctrica da rede nacional. 4.1.4.5. Fonte da matéria-prima Das unidades analisadas, 59% processam a mandioca proveniente das suas machambas e 23% para além da mandioca proveniente das suas machambas tem comprado com outros produtores. Enquanto 9% depende completamente dos fornecedores, Tabela 4.7. Tabela 4.7: Principais fontes da matéria-prima Nᵒ de Unidades de processamento Percentagem Produção Interna 13 59% Produtores Locais 2 9% Ambas 5 23% Unidades de Prestação de Serviços 2 9% Total 22 100% Fonte da Matéria-prima 48 Das (32%) unidades de processamento que compra a matéria-prima nenhuma afirmou ter um contrato de fornecimento da mandioca com os produtores locais. A mandioca fresca é comercializada a 1,50 MT/kg, todavia os produtores não estão satisfeitos com o preço. Como se pode perceber no depoimento do Membro da Associação Josina Machel. 16.03.2016. “ […] as vezes combinamos um preço por quilograma, mas depois de teremos pesado a mandioca o produtor reclama dizendo que a mandioca é muita e o dinheiro é pouco”. a) Sistema de produção da mandioca As (18) unidades que produzem a mandioca (Tabela 4.7) cultivam maioritariamente variedades locais (Muvanguela, Guilande, Sizancara). Consociada com feijão nhemba, amendoim e milho, numa área que varia entre 2 à 10 ha. As variedades melhoradas têm sido de difícil acesso, sendo produzido apenas uma variedade (Chinhembwe) em áreas de 0.25 a 2,5 ha para multiplicação do material de plantio, com assistência técnica dos Provedores Líderes de Serviços (PLS’s) do SDAE’s e SNV/Malhalhe. A preparação do solo é comummente realizada com tracção animal (64%), enquanto, 18%% ainda prepara o solo com recurso a enxada. No geral não usam pesticidas e fertilizantes químicos, ainda que, de forma não integrada aplicam fertilizantes orgânicos (resíduos do processamento), sendo esta a forma de reaproveitamento dos resíduos, para além de alimentação do gado (suíno). No entanto, com a intervenção dos Provedores Lideres de Serviços, os processadores tem aprendido varias técnicas de produção da mandioca, conforme explica o Membro da Associação Josina Machel. 16.03.2016, no depoimento a seguir. “ [...] na mandioca não sabíamos que se põe o adubo, nem remédio para matar insectos, aprendemos com os PLS’s. E em 2015 colhemos muita mandioca e grande”. 49 4.1.4.6. Principais derivados da mandioca produzidos nas Unidades de Processamento. As unidades que realizam o processamento artesanal têm como derivado da mandioca o rale. Enquanto, as unidades com processamento mecanizado, embora em pequenas quantidades e menor número, para além do rale produzem chips e farinha de mandioca, biscoitos, bolos e fazem conserva de matapa (folhas de mandioca), conforme ilustra a Figura 12. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 91% 27% 23% 9% Rale Chips Farinha Amido Bolos e Biscoitos 5% Ração Conserva de Matapa Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016 Figura 12: Principais derivados da mandioca produzidos ao nível das unidades de processamento Como pode se observar na Figura 12, o rale (91%) constitui senão o principal derivado da mandioca produzido ao nível da região em estudo. A sua produção compreende seis principais etapas. Da recepção da mandioca fresca até ao produto final (rale), conforme descrito no diagrama da Figura 13. a) Principais Etapas de Produção de Rale (i) Descasque; consiste na remoção da casca; (ii) Lavagem; a mandioca é lavada e retirada as impurezas e aderentes para evitar a contaminação nas etapas subsequentes. (iii) Ralagem; a mandioca lavada e limpa é submetida ao ralador ou triturador onde é esmiuçada até formar uma massa. (iv) Prensagem; a massa de mandioca é colocada dentro de saco (de ráfia) e prensada com vista a diminuir o excesso de água na massa. (v) Fermentação; a massa de mandioca prensada é deixada 2 a 4 dia para fermentar. Ainda que seja uma operação facultativa, no entanto ao nível das unidades alcançada é tida como 50 obrigatória. Por que os consumidores preferem o rale que massa de mandioca tenha sido fermentada. Por último (vi) a Torragem, onde a massa fermentada depois de desagregada é submetida a torrefacção por um determinado tempo e se obtém o rale. Ainda que em algumas unidades, após a torragem, o rale é submetido a classificação (fino e grosso) e posterior empacotamento. Diagrama das principais etapas de produção de rale Fonte: Autor (2016). Figura 13: Principais etapas do processamento da mandioca em rale Dentre as diferentes etapas de produção de rale conforme representadas no diagrama da Figura 13, as etapas de descasque, prensagem e torragem ao nível das unidades analisadas representam as etapas que diminuem de forma significativa a capacidade de produção da unidade. Visto que, o descasque da mandioca é realizada manualmente o que torna actividade onerosa. Enquanto na prensagem, os processadores prensam a massa da mandioca e deixam a fermentar por 3 dias, o que diminui a quantidade de massa prensada por dia, decorrente da quantidade de prensas existentes (em média cada unidade têm duas prensa com capacidade de 350 kg/lote). Por sua vez, a torragem tem sido realizada em torradores adaptados de menor capacidade de produção, esses factos afectam na quantidade de rale produzido por dia e consequentemente no desempenho económico das unidades de processamento. 51 4.1.5. Distribuição das actividades por sexo O nível de participação dos homens e mulheres nas diferentes etapas de processamento é diferenciado. Os homens têm maior participação (57%) na ralagem (ralador a motor), as mulheres se evidenciam nas etapas de lavagem (57%) e na torragem de rale (86%), que é geralmente realizadas manualmente. Enquanto as etapas de descasque e a prensagem são realizadas por ambos sexos, (ver Figura 14). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 14% 57% 57% Homens 86% 100% 86% Mulheres Homens e Mulheres 29% 43% 14% Descasque Lavagem Ralagem 14% Prensagem Torragem Figura 14: Distribuição das actividades por sexo Resultados semelhantes foram obtidos por Martin et al. (2008), Nweke & University Michigan State (2005) e Dunstan Spencer and associates Sierra Leone (2005) em que o envolvimento dos homens no processamento de mandioca tende a aumentar sobretudo nas operações de ralagem e moagem onde as máquinas são amplamente utilizadas. Enquanto no Ghana, Addy et al. (2004) verificou que, a etapa de descasque é exclusivamente tarefa das mulheres, contrariamente dos resultados obtidos no estudo, onde no geral afirma ser executada por ambos os sexos. Durante os temas de discussão constatou-se a existência de situações que podem de certo modo desencorajar a participação das mulheres como operadores das maquinetas, conforme o depoimento do membro da Associação Josina Machel, 16.03.2016. “As mulheres têm muito medo de operar o ralador, tínhamos iniciado o treinamento das mais espertas, mas desde que um jovem que também participava no treinamento foi amputado quatro dedos da mão direita dai passaram a ter medo e paramos com o treinamento”. 52 “…no tempo que as máquinas trabalhavam os homens é que usavam, por que são muito rápidos que nós” Mulher, membro da Associação de Agricultores de Rovene 24.03.2016. 4.1.6. Comercialização A forma mais dominante de vende do rale é em latas com capacidade entre 20 a 25 litros, de acordo com os entrevistados, optam nesta forma de venda por não possuírem própria embalagem, enquanto apenas duas unidades utilizam embalagem de 1kg. Para EC-FAO (2007) e Mhozo et al. (2003) a falta de embalagem adequada para os produtos acabados restringe o acesso ao mercado para os produtores com maior foco ao mercado. Esse facto de certo modo para as unidades de processamento sem embalagem além da limitação ao mercado diminui as possibilidades do reconhecimento (mérito) do seu produto e seria uma das formas mais promissoras de divulgação do produto ao consumidor, o que poderia aumentar os volumes de venda e consequentemente rentabilizar a actividade. A venda de rale é realizada por todo ano, por ser pouco perecível. A Figura abaixo mostra que 86% do rale e de outros derivados da mandioca são vendido ao nível das unidades de processamento, 9 % no mercado local e 5% em feiras e exposições. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 86% 9% A nivel da unidade Mercado Local 5% Feiras e Exposições Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016 Figura 15: Local de comercialização dos derivados da mandioca Os principais compradores de rale são os retalhistas, enquanto para biscoitos, bolos e outros derivados são os consumidores locais. No entanto, nenhuma afirmou ter um posto de venda no mercado local ou um contracto de fornecimento de produtos acabados aos seus clientes. 53 Quanto a divulgação dos produtos aos seus clientes, 45,5% promovem os seus produtos nas feiras de negócio e em exposições no distrito, algumas até ao nível provincial e na Feira Agro-Pecuária, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM) e as restantes 54,5% não promovem o seu produto. No geral não existe um mecanismo regular (uso de mídias) para publicitar os seus produtos, ainda que em alguns casos, a divulgação da existência dos mesmos tem sido feita de pessoa para pessoa. a) Preço do Rale O preço de venda do rale em lata varia de acordo com o período do processamento, isto é, em períodos de maior oferta (Junho a Agosto) a lata chega a custar 90,00 MT e em períodos de escassez (Novembro a Abril), a mesma quantidade é adquirida a um valor de 150,00 a 200,00 MT. No entanto, comparando as duas formas de venda de rale, constatou-se que, em uma lata com capacidade de 20 litros cheia de rale chega a pesar entre 12 a 13 kg, e no momento da realização do estudo era comercializada por 175,00 MT (preço médio), na razão de 15 MT/kg, que representa duas vezes mais barato comparativamente a 30 MT/kg de rale embalado. Portanto, esta diferença de preço, tem influenciado de certo modo, na maior preferência do consumidor pelo rale em lata, sobretudo na actual tendência do custo de vida no país. 4.1.7. Estado actual de funcionamento das unidades de processamento Quanto ao estado de operacionalização das unidades de processamento, ainda que o trabalho de campo tenha sido realizado no período de Março, em que a actividade de processamento é quase inexistente, 73% dos responsáveis das unidades afirmaram estar a desenvolver as suas actividades. Embora maior parte destes referiram ter problemas de avarias das maquinetas e tabuleiros para a torrefacção de rale, o que de certo modo torna as suas actividades menos produtivas. E cerca de 27% paralisaram as suas actividades (unidade inoperacional), como mostra a Tabela 4.8 (vide Apêndice 4). Durante os encontros com os grupos focais constatou-se um dos factores senão o principal da paralisação das actividades é devida à avaria das maquinetas, e em alguns casos os beneficiários receberam o kit com peças incompletas o que originou a desistência dos seus membros. 54 Tabela 4.8: Estado actual de Funcionamento das Unidades de Processamento Nᵒ de Unidades de processamento Percentagem Operacional 16 72,7% Inoperacional 6 27,3% Total 22 100% Estado actual de funcionamento Fonte: Dados de Pesquisa de campo 2016 4.2. Determinação dos Indicadores da Lucratividade e Rentabilidade 4.2.1. Situação actual das Unidades de Processamento i) Margem líquida A representatividade do lucro em relação às vendas líquidas para as quatro (4) unidades analisadas. A unidade de processamento Liana Agro-Indústria apresentou a maior margem líquida (59%) e Associação Josina Machel 15%, ao passo que a Associação Wapswala e a unidade Lucas Uine apresentaram a menor margem líquida de 12 e 14% respectivamente, Tabela 4.9. ii) Valor Líquido Presente (VLP) A Tabela 4.9 mostra que Liana Agro-Indústria teve o maior VLP (2.823.101,00 MT) seguido da Associação Josina Machel com 55.565,00 MT, por último a Associação Wapswala com 39.597,00 MT. Ao passo que a unidade Lucas Uine a presentou VLP negativo de 32.150,00 MT. Os Apêndice 9,10,11 e 12, detalha o fluxo anual do investimento. Portanto, na unidade Lucas Uine o retorno do investimento não seria aceitável e em conformidade com Park (2004); Savva & Frenken (2002) é uma unidade de processamento não viável. iii) A Relação Benefício/Custo A maior relação benefício/custo (1,47) na Liana Agro-Indústria, enquanto Associação Josina Machel e Wapswala, a relação B/C é de 1,05 e 1,06 respectivamente, demostra a viabilidade económica das mesmas com base neste indicador, conforme Park (2004), ao 55 passo que Lucas Uine (0,92) espera resultados desfavoráveis do investimento, Tabela 4.9. (ver Apêndice 9,10,11 e 12). iv) Taxa Interna de Retorno (TIR) Com relação a taxa interna de retorno, a Liana Agro-Indústria apresentou maior TIR (44%), e a Associação Wapswala e Josina Machel de 26% e 29% respectivamente. Ao passo que Lucas Uine a TIR não disponível (n/d) ou seja é menor que (19,5%) a taxa de desconto. Tabela 4.9 (vide Apêndice 9,10,11 e 12). Conforme Abass et al. (2011) e Savva & Frenken (2002), a unidade não é viável. v) Período de Retorno do Investimento A Associação Josina Machel e Wapswala presentou o período de restituição do capital investido de 7 e 9 anos respectivamente, enquanto Liana Agro-Indústria teria PR após 5 anos. Ao passo que Lucas Uine o período de retorno (n/d) até aos 25 anos, Tabela 4.9 (ver Apêndice 9,10,11 e 12). O tempo de restituição do capital de 7 e 9 anos seria desencorajador a outros produtores que desejam abraçar a actividade de processamento da mandioca, principalmente quando tomado em conta o volume de capital investido. Conforme Savva & Frenken (2002), os períodos de retornos superiores a 5 anos não são recomendáveis, sobretudo quando o investimento é de financiamento externo. Portanto a Liana Agro-Indústria tem PR aceitável (5 ano), vi) Nível de Aproveitamento da Capacidade Instalada (NPCI). Todas unidades analisadas operam abaixo da capacidade instalada. No entanto, com base nas unidades seleccionadas para análise é possível observar-se que, o nível de operacionalização das actividades de processamento varia entre 11% a 50%, conforme a Tabela 4.9. Resultados similares obtidos na Tanzânia por Abass et al. (2013) ao analisar a rentabilidade de pequenas processadoras pilotos de farinha e chips de mandioca. Constatou que nenhuma operava ao nível da sua capacidade. Ademais Bungu (48%) e verificou que em Zogowale as processadoras operavam a 59%. 56 Tabela 4.9: Indicadores de viabilidade das Unidades de Processamento Unidade de Processamento Indicadores Associação Wapswala Associação Josina Machel Lucas Uine Liana AgroIndústria 12% 15% 14% 59% 39.597,00 55.565,00 -32.150,00 2.823.101,00 Relação Benefício/Custo 1,06 1,05 0,92 1,47 Taxa Interna de Retorno (TIR) 26% 29% n/d* 44% 9 7 n/d* 5 12% 24,9% 11% 50% Margem Liquida Valor Líquido Presente (VLP) Período de Retorno NPCI *Não disponível (até aos 25 anos). Pode-se observar na Tabela 4.9, que a Associação Wapswala, Josina Machel e Liana AgroIndústria apresentaram menor retorno económico, enquanto a unidade Lucas Uine não é viável. Essa situação pode estar relacionada ao facto destas não operarem á nível da capacidade instalada o que de certa maneira afecta nos volumes da mandioca processada e produtos comercializados, consequentemente no desempenho económico das mesmas. Estes resultados são similares aos obtidos por MAFF (2015) na Camboja; Abass et al. (2013) na Tanzânia; Mhozo et al. (2003) no Zimbabwe, das pequenas processadoras analisadas que operavam abaixo da capacidade instalada apresentaram uma situação económica desfavorável. Em conformidade com Castel-Branco (2003) as pequenas processadoras emergentes são comummente viradas ao mercado local com fraca orientação empresarial e de baixa capacidade económica. Situação que não atraem a atenção do sector privado, isentando-as do potencial para beneficiar de economias de escala, que ajudaria a aumentar a eficiência económica (Abass et al., 2013). Estas constatações são consistentes com os resultados obtidos no estudo. 4.2.2. Aproveitamento da Capacidade Potencial (100% da capacidade instalada) Para as unidades com processamento parcialmente mecanizado o ajuste a capacidade instalada (100%) consistiu na identificação de um modelo que seria rentável para o conjunto de maquinetas. Mantendo os 192 dias de processamento por ano. Para todos casos determinou-se um preço de venda do rale embalado que seria mais atractivo aos consumidores. 57 a) Principais pressupostos para as unidades com processamento parcialmente mecanizado (i) 13 Número de membros (ii) Capacidade de processamento de 2 ton/dia de mandioca fresca; (iii) 6 (seis) Prensas de Parafuso Duplo com capacidade de prensagem 350 kg/lote. (iv) 3 (três) Torradores Modernos à lenha com capacidade de produção de 200 a 250 kg/dia. Enquanto, para a Liana Agro-indústria teria de comprar um lavador descascador com a mesma capacidade (0,5 ton/h) totalizando dois (2) caso não trocar por um com a capacidade de 1 ton/h e empregar dos actuais 2 efectivos para 8. No entanto, quando ajustado a plena operacionalização a capacidade instalada (100%), a análise mostrou que todas unidades seriam altamente rentáveis. A Tabela 4.10 sumariza os indicadores de viabilidade. Tabela 4.10: Indicadores de viabilidade ajustados (para 100% da capacidade instalada) Unidade de Processamento Indicadores Modelo para PPM* Liana Agro-Indústria 23% 27% 2.067.930,00 5.176.826,00 Relação Benefício/Custo 1,43 1,23 Taxa Interna de Retorno (TIR) 201% 64% 2 4 100% 100% Margem Liquida Valor Líquido Presente (VLP) Período de Retorno NPCI *Processamento Parcialmente Mecanizado Contudo, as unidades baseadas em associações passariam da actual impossibilidade de partilha dos benefícios para o sistema de salário estimado em 3.152,00 MT por membro. Enquanto, o preço do rale embalado actualmente comercializado por 30,00 MT/kg passaria a custar 17,00 MT/kg o que poderia aumentar o número de compradores e da quantidade de rale comercializado. Todavia, tornaria actividade um negócio rentável e atractivo para os produtores da mandioca. 58 4.3. Factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento da Mandioca Todas as UPs realizam a actividade de processamento abaixo da capacidade instalada, enquanto, 91% não possuem treinamento em agro-negócio, sazonalidade da matéria-prima (91%), embalagem adequada (86,4%), energia eléctrica (81,8%), mercado (73%), maquinetas (68,2), água para o processamento (68,2%) e infra-estruturas de processamento (59,1%) constituem as restrições mais significativas. Enquanto ao nível das etapas de processamento o descasque no geral destacou como sendo uma actividade onerosa, por sua vez a prensagem e a torrefacção estas devido a menor capacidade de produção do equipamento utilizado não garante a dinamização das operações. Ainda que em menor número destacou, seca e baixa produtividade (41%) e praga e doenças na produção (36%). Enquanto, o acesso a variedades melhoradas (14%) e assistência técnica (14%) não constituem problemas para as unidades de processamento. Para além das restrições ao bom desempenho das actividades de processamento ao nível das UPs, apresentam oportunidades principalmente pelo facto de maior parte está organizada em associações e com estrutura de gestão definida o que propicia maior facilidade de acesso ao crédito e da assistência técnica; Também possuem campo de multiplicação de estacas da variedade melhorada (Chinhembwe) o que a médio e a longo prazo vai garantir a disponibilidade da matériaprima quer em quantidade e qualidade eliminando a actual situação de ociosidade; e Processamento parcialmente mecanizado com potencial para mecanização total e consequentemente aumento da eficiência económica; Participação em feiras de negócio ao nível local e nos distritos circunvizinhos. 59 V. 5.1. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Conclusões Os resultados deste estudo permitem concluir que; A actividade de processamento da mandioca é realizada por dois grupos; associados e não associados. As associações são maioritariamente compostas por mulheres e dominam nas etapas de processamento manual (lavagem e toragem), enquanto os homens são mais evidentes na etapa ralagem onde se utiliza maquinetas a motor. O processamento da mandioca é realizado de três formas; artesanal, parcialmente mecanizado e mecanizado. O principal derivado produzido da mandioca é o rale. Todas UPs operam abaixo da capacidade instalada. Os indicadores de viabilidade variaram de 12% a 59% para a Margem Liquida, de -32.150,00 MT a 2.823.101,00 MT do VLP, a Relação B/C de 0,92 a 1,47; TIR de n/d a 44%. Enquanto o Período de Retorno esteve entre n/d a 9 anos e NPCI de 11% a 50%. Quando ajustado a 100% da utilização da capacidade instalada de processamento a análise mostrou que as Unidades de Processamento da Mandioca seriam altamente rentáveis. Os factores que afectam de forma mais severa a rentabilização da actividade de processamento da mandioca ao nível das UPs incluem; o processamento não consistente a capacidade instalada, a falta de estratégia de comercialização, de embalagens adequadas para os produtos acabados, o fraco acesso a energia eléctrica, avarias de maquinetas, furo de água para o processamento e infra-estruturas adequadas para o processamento. 5.2. Recomendações Recomenda-se: As unidades de processamento não associados que se organizem em associações; Que as unidades de processamento da mandioca tenham um plano de registos do desempenho das suas actividades; Os Provedores Lideres de Serviços (SDAE’s e SNV) trabalhem em coordenação com outras instituições de investigação (IIAM); Que seja intensificada a libertação de mais variedades melhoradas e a multiplicação da variedade já libertada; 60 As acções sejam direccionadas a infra-estruturas de processamento, prensas, torradores modernos, furos de água, energia eléctrica e maquinetas; Que se realize capacitações sobre o agro-negócio e treinamento das mulheres na utilização de raladores; A identificação de segmentos de mercados para a criação de condições de comercialização dos produtos acabados e de fornecedores de acessórios. 61 VI. BIBLIOGRAFIA ABASS, A. B.; MLINGI, N.; RANAIVOSON, R.; ZULU, M.; MUKUKA, I.; ABELE, S. et al (2013). 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SOBER 47 Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural. 26 A 30 De Julho. Porto Alegre. 64 SAVVA, A. P. & FRENKEN, K. (2002). Financial and Economic Appraisal of Irrigation Projects. Harare: FAO Sub-Regional Office for East and Southern Africa. Irrigation Manual Module 11. SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) (2008). Estudo De Mercado Sobre A Mandioca (Farinha e Fécula). SILVA, A. M.; MUTACA, A. G. & CUAMBE, C. E (2010). Manual de Referência para Produção de Mandioca em Moçambique. IIAM. WANDSCHNEIDER, T., & BARCA, A. D. (2003). O processamento e Comercialização da Mandioca e Batata-doce no Norte de Inhambane: Oportunidades de Intervenção 5-24p. WAQUIL, P. D.; MIELE, M. & SCHULTZ, G. (2010). Mercados e Comercialização de Produtos Agrícolas. Porto Alegre. UFRGS. 1a Edição. 33-34p. 65 ANEXO Anexo A1: Mapa geográfico do Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos Corredores de Maputo e Limpopo (PROSUL). 67 APÊNDICES Apêndice 1: Questionário para os responsáveis das Unidades de Processamento Data do levantamento: ___/____/ 2016, Nome do Inquiridor: _______________________ Nome do Centro/Unidade___________________________________. Ano da criação ___ Província__________. Distrito______. Pasto Administrativo _________.Localidade_____ Caracterizar as principais unidades de processamentos da mandioca 1. Proprietário ☐ Singul ar ☐ Cooperati va ☐ Associaçã o ☐ Empresa ☐ Outro Privada (qual?) _______ 2. Tipo da Unidade. Pequena____. Média____. Grande____ 3. Capital investido na aquisição das maquinetas de processamento ____________MT. Financiador____________________________; Tipo de financiamento ______________ 4. Qual é a capacidade de processamento instalada?______ ton/_____ 5. N° de Membros/funcionários efectivos____. Homens____; Mulheres____ 6. Quantos sazonais tem média contratado por ano?___ Quantos? Homens___; Mulheres_ 7. Características básicas das infra-estruturas de processamento______________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Estrutura de Gestão da unidade de processamento 8. Como é feita a gestão da unidade de processamento?____________________________ _________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 9. Quantos elementos compõem o órgão de gestão? __. Quantos? Homens___; Mulheres_ 10. Como é feita a distribuição dos benefícios?__________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 69 Fonte da matéria-prima (mandioca) 11. Qual é a fonte da mandioca que processa? Produção interna☐; Produtores locais☐; Ambas☐ Produção Interna (Se a produção for interna preenche) 12. Tem quantos hectares? ___ha. 13. Para além da mandioca, quais outras culturas praticam? ________________________ _________________________________________________________________________ ____________.Qual é a finalidade da produção? Venda ☐; Consumo ☐; Ambas ☐ 14. Sistema de cultivos: Monocultura ☐; Cultivo consociado☐ 15. Usam algum tipo de máquina (tractor) no campo? Sim ☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte. Quais as actividades utilizam máquinas?_______________________________________ 16. As variedades que cultivam são melhoradas? Sim☐; Não ☐; Algumas ☐. 17. Utilizam algum tipo de produto (orgânico ou químico) para aumentar a produtividade de mandioca? Sim☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte. Qual? _________________________ 18. Recebe algum tipo de assistência na produção da mandioca? Sim☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte. Que tipo de assistência recebe?___________________________________ _________________________________________. E quem presta?__________________ Produtores locais (Se a mandioca for proveniente dos produtores locais preenche) 19. Quantos produtores fornecem a mandioca a unidade? ____ 20. Tem algum contrato prévio para fornecimento? Sim ☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte como funciona?___________________________________________________________ 21. A unidade presta algum tipo de assistência aos seus fornecedores? Sim☐; Não ☐; Se “Sim” pergunte. Qual? _____________________ E como funciona? ________________ _________________________________________________________________________ Identificar as principais etapas do processamento da mandioca 22. Qual é o principal produto que a unidade produz? (com maior volume de produção) Rale ☐; Farinha de mandioca ☐; Chips ☐; Amido ☐; Outros ☐.(esp)_______________ 70 Principais etapas do processamento 1. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 2. _______________________________.Quem executa? H____; M____. Ambos___ 3. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 4. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 5. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 6. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 7. _______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___ 23. As máquinas usadas são trabalháveis pelas mulheres? Sim ☐; Não ☐; Algumas ☐. Se “Algumas” pergunte em que operações há dificuldades?________________________ _____________________________E o que tem-se feito para ultrapassarem?___________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ 24. Quais são os meses em que a unidade realiza processamento. Operações J F M A M J J A S O N D Processamento Normal Processamento a capacidade máxima Processamento a capacidade mínima Meses sem processamento Comercialização 25. Marketing: Como faz para fazer chegar a produção aos ouvidos ou olhos do consumidor?_____________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 26. Que tipo de embalagem usa para comercializar o produto? Produto Tipo de embalagem Unidades (kg, litro) Preço 71 27. Onde vendem os produtos? Na unidade ☐; Mercado local ☐; Outros ☐(Espec) _____ 28. Quem vende os produtos? Homens ☐; Mulheres ☐; Ambos☐. 29. Quem são os principais compradores? Produto Mercado local Principal Comprador Mercado Supermercado grossista s Retalhista 30. Têm algum contrato de fornecimento aos seus clientes? Sim ☐; Não ☐; Se “Sim” pergunte. Como funciona?__________________________________________________ _________________________________________________________________________ 31. Que tipo (especificações de qualidade) de farinha, tapioca, chips etc. que eles exigem? ________________________________________________________________________ 32. Em que período do ano a unidade vende os seus produtos? Todo o Ano ☐. Operações Venda produção J F M A M J J A S O N D da Analisar a interacção entre as unidades de processamento e comunidades locais. 33. Em sua opinião, De que maneira o processamento de mandioca contribui para aumento da produção de Mandioca na comunidade?______________________________ ________________________________________________________________________ 34. Os outros membros da comunidade têm alguma necessidade de alugar as máquinas da unidade? Sim ☐; Não ☐; 35. Como a valia o ritmo das actividades? Bom ☐; Normal ☐;Mau ☐; Muito mau ☐;. Constrangimento para o desenvolvimento da agro-industrialização da mandioca 36. Quais são as dificuldades que a unidade enfrenta? Na produção da mandioca___________________________________________________ Junto aos fornecedores/produtores locais________________________________________ ________________________________________________________________________ 72 _________________________________________________________________________ Na comercialização dos produtos______________________________________________ 37. O que deve ser feito para melhorar ou aumenta o nível do desempenho dos centros de processamento?___________________________________________________________ Avaliar rentabilidade e lucratividade das unidades de processamento Ano Tipo Mandioca de Unidade Produt Preço Unid da Qty Mandioca de Fora Preço Unid. Qty Produto Final Preço Unid o Qt y Custo/Despesas Custo/Despesas Unidades Quantidade Valor/MT Custos directo de produção Mão-de-obra directa Despesas Administrativos Material de consumo Combustível Energia Água Mão-de-obra contratada Despesas de venda Embalagem Outros custos TOTAL 73 Apêndice 2: Guião para temas de discussão com Grupos Focais Composição do Grupo Focal. Homens____. Mulheres____. Total____ Moderador__________________________. Observador_________________________ Duração: 90 minutos Temas de Discussão com grupos focais 1. Qual é a importância de termos a unidade de processamento da mandioca na nossa comunidade? 2. De que modo o processamento da mandioca constitui um incentivo para o aumento da produção da mandioca? 3. Como as unidades de processamento contribuem no aumento da participação das mulheres em várias actividades ao nível da unidade e na comunidade onde vive? 4. Como os outros membros da comunidade se beneficiam da existência do centro? 5. Quais as dificuldades que os beneficiários/associados apontam ser o principal entrave no desempenho da unidade? a) Na produção; b) Processamento; c) Armazenamento; d) Comercialização e) Na gestão dos fundos da unidade; f) Da participação dos membros (homens, mulheres). 6. O que deve ser feito para melhorar o desempenho das actividades e contribuir no aumento do volume de vendas e lucro? 7. Como os beneficiários poderiam contribuir para resolvê-los? FIM 74 Apêndice 3: Mapa de Localização das Unidades de Processamento da Mandioca 75 Apêndice 4: Lista das Unidades de Processamento de Mandioca Unidade de processamento Proprietário Ano de criação Província Distrito Wapswala Associação 2012 Gaza Mandlakaze Zama Zama Associação 2008 Inhambane Pedro Lambucene Singular 2010 José Alexandre Zavale Associação Adesch Posto Administrativo Localidade Estado actual de funcionamento Chideguele Matembine Operacional Zavala Sede Muane Operacional Inhambane Zavala Sede Muane Operacional 2007 Inhambane Zavala Sede Quissico Operacional Associação 2010 Inhambane Zavala Zandamela Chissibuca Inoperacional 4 de Outubro Chemane Associação 2006 Inhambane Inharrime Sede Nhanombe Operacional Josina Machel Associação 2000 Inhambane Inharrime Sede Nhanombe Operacional Samora Machel Associação 2014 Inhambane Inharrime Sede Dongane Operacional Deficientes de Chichacha Associação 2002 Inhambane Inharrime Sede Dongane Operacional Peniel de Bandzala Associação 2014 Inhambane Inharrime Sede Nhanombe Operacional Glória Mussuei Singular 2010 Inhambane Inharrime Sede Dongane Inoperacional Vumela Associação 2008 Inhambane Jangamo Sede Licaca Inoperacional Agropecuária Licaca Associação 2007 Inhambane Jangamo Sede Licaca Operacional Mahena Associação 2007 Inhambane Jangamo Cumbane Bambela Inoperacional Marrumuana Singular * Inhambane Jangamo Cumbane Bambela Inoperacional Pedro Diogo Singular * Inhambane Morrumbene Sede Morrumbene Operacional Elidio Singular * Inhambane Morrumbene Sede Morrumbene Operacional Liana Agro-indútria Emp. Privada 2012 Inhambane Morrumbene Sede Malaia Operacional Projecto Penga Agrícola Singular 2010 Inhambane Massinga Sede Liozwane Lucas Uine Singular 2012 Inhambane Massinga Nhachengo Guma Operacional Agricultores de Rovene Associação 1992 Inhambane Massinga Sede Rovene Operacional Inhambane Massinga Nhachengo Guma Operacional Singular 2014 José Francisco Homo** * Sem ano exacto do início das actividades. ** Potencial Inoperacional 76 Apêndice 5: Detalhe dos Custos da Associação Wapswala Descritivo Unidades Quantidade Frequência Preço (MT) Custo Total das Maquinetas Valor (MT) 142.675,96 Ralador (motor/gasolina) Unid 1 1 54.935 54.935,00 Prensa de Parafuso Duplo Unid 1 1 19.150 19.149,67 Torrador (tabuleiro a lenha) Unid 5 1 1.000 5.000,00 Maquineta de Chips (manual) Unid 1 1 13.444 13.443,80 Uniformizador ( a gasolina) Unid 1 1 50.147 50.147,49 Despesas 138.566,90 Salários 60.000,00 Comité de Gestão Unid 5 12 1.000 Custo de Produção Matéria-prima Combustível Energia 60.000 56.150,00 Ton 20 1 1,5 30.000 Litros 26,0 1 50 1.300 Mt 500 12 6.000 Embalagem 18.850,00 Frasco para conservas Unid - - - 15.100 Tijelas Unid 500 1 8 3.750 3.566,90 Reparação e Manutenção 15.306,93 Custo de reposição Motor Unid 1 Após 10 anos 15.307 Receita 15.306,93 158.000,00 Rale Ton 3,5 25 87.500 Chips Ton 1 30 30.000 Bolinhos 8.000 Farinha Ton 0,5 25 12.500 Conservas de matapa Unid 500 40 20.000 77 Apêndice 6: Detalhe dos Custos da Associação Josina Machel Descritivo Unidades Quantidade Frequência Preço (MT) Custo Total das Maquinetas Valor (MT) 142.675,96 Ralador (motor/gasolina) Unid 1 1 54.935 54.935,00 Prensa de Parafuso Duplo Unid 1 1 19.150 19.149,67 Torrador (tabuleiro a lenha) Unid 5 1 1.000 5.000,00 Maquineta de Chips (manual) Unid 1 1 13.444 13.443,80 Uniformizador (a gasolina) Unid 1 1 50.147 50.147,49 237.544,40 Despesas 72.000,00 Salários Comité de Gestão Unid 5 12 1.200 Custo de Produção Matéria-prima Combustível 161.977,50 Ton 104 1,5 155.250 Litros 135 50 6.727,50 3.566,90 Reparação e Manutenção 30.613,86 Custo de reposição Motores Unid 2 Após 10 anos 15.307 Receita Rale 72.000 30.613,86 280.312,50 Ton 25,9 130 280.313 78 Apêndice 7: Detalhe dos Custos de Lucas Uine Descritivo Unidades Quantidade Frequência Preço (MT) Custo Total das Maquinetas Valor (MT) 92.528,47 Ralador (motor/gasolina) Unid 1 1 54.935 54.935,00 Prensa de Parafuso Duplo Unid 1 1 19.150 19.149,67 Torrador (tabuleiro a lenha) Unid 5 1 1.000 5.000,00 Maquineta de Chips (manual) Unid 1 1 13.444 13.443,80 Despesas 74.303,21 Custo de Produção 71.990,00 Matéria-prima Energia/combustível Ton 46 Por ano 1,5 69.000,00 Litros/Ton 1,3 Por ano 50 2.990,00 2.313,21 Reparação e Manutenção Custo de reposição Motores dos raladores Unid 1 Por ano 1 Após 10 anos 15.306,93 15.307 Receita Rale 15.306,93 86.250,00 Ton 11,5 90 86.250,00 79 Apêndice 8: Detalhe dos Custos da Liana Agro-Indústria Descritivo Unidades Quantidade Frequência Preço (MT) Custo total da Máquinas Valor (MT) 2.769.000,00 Lavador/Descascador de mandioca Unid 1 1 732.300 732.300,00 Triturador Automático Unid 1 1 387.000 387.000,00 Prensa Hidráulica Unid 1 1 825.000 825.000,00 Triturador para Massa Prensada Unid 1 424.000 424.000,00 Torrador Automático Unid 1 1 1 514.000 514.000,00 Uniformizador Automático Unid 1 1 354.000 354.000,00 Classificador Unid 1 1 265.000 265.000,00 Fatiador Horizontal Unid 1 1 313.000 313.000,00 Selador de embalagem (1kg) Unid 1 1 1.100 1.100,00 Despesas 861.350,99 Salários 203.200,00 Salário/trabalhadores efectivos Unid 2 12 2.500 60.000,00 Salário/trabalhadores Sazonais Unid 4 8 100/dia 83.200,00 Gestor Unid 1 12 5.000 60.000,00 Custo de Reparação e Manutenção 69.225,00 Custo de reposição 84.970,00 Motores eléctricos Unid 7 Após 10 anos 84.970 Custo de Produção 588.925,99 Matéria-prima Ton 208 1 1,5 312.000,00 Embalagem Unid 52000 1 5 260.000,00 Energia KW 508,59 8 4,16 16.925,99 Receita de Vendas Rale Descrição das Máquinas 2.080.000,00 Ton 52 Potência do Motor (CV) 40 Rpm Polos 2.080.000,00 Capacidade kg/h Lavador/Descascador de mandioca 2 26 4 500 Triturador Automático 5 1700-2000 4 1500 Prensa Hidráulica 2 150-160 4 1800 Triturador para Massa Prensada 3 1700-200 4 4000 Torrador Automático 2 12-14 4 200 Uniformizador Automático 5 1700-2000 4 2000 Classificador 2 300-350 4 2000 80 Apêndice 9: Fluxo de Investimento da Associação Wapswala Ano (1) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Total Custos do Investimento Custos de Substituição Custos/ Energia Custos de Combustível Custos/ Matériaprima Custos /Embalagem Incentivo Comité/ Gestão Custos/ Reparação e Manutenção (2) 142.676 (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 6.000 144.000 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 1.300 31.200 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 30.000 720.000 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 18.850 452.400 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 60.000 1.440.000 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 85.606 15.307 15.307 142.676 30.614 (10)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7)+(8) (13)=(10)*(12) (14)=(11)*(12) (15)=(14)-(13) Custo Total do Projecto Receitas do Projecto (10) (11) 142.676 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 135024 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 135024 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 119717 158.000 3.046.495 3.792.000 Factor de Desconto J=19,5% (12) 0,8368 0,7003 0,5860 0,4904 0,4104 0,3434 0,2874 0,2405 0,2012 0,1684 0,1409 0,1179 0,0987 0,0826 0,0691 0,0578 0,0484 0,0405 0,0339 0,0284 0,0237 0,0199 0,0166 0,0139 0,0116 Valor Actual/ Custos Valor Actual das Receitas (13) (14) 119394 83834 110642 70154 92588 58706 77479 49127 64836 41110 54256 34402 45403 28788 37994 24090 31794 22737 26606 16870 22264 14117 18631 11813 15591 9886 13047 8273 10918 6923 9136 5793 7645 4848 6398 4057 5354 3829 4480 2841 3749 2377 3137 1989 2625 1665 2197 1393 1838 629013 668611 Valor Líquido Presente (VLP): Valor Actual das Receitas (VAR): Valor Actual dos Custos (VAC): Razão Benefício/Custo (B/C): Taxa Interna de Retorno (TIR): Período de Retorno do Investimento: Valor Líquido Presente (15) -119394 26808 22434 18773 15710 13146 11001 9206 7704 3869 5395 4514 3778 3161 2645 2214 1852 1550 1297 652 908 760 636 532 445 39597 39.597 668.611 629.013 1,06 26% 9 81 Apêndice 10: Fluxo de Investimento da Associação Josina Machel Ano (1) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Total Custos do Investimento Custos de Substituição Custos de Combustível Custos de Matériaprima Incentivos Comité de Gestão Custos de Reparação e Manutenção (2) 142.676 (3) (4) (5) (6) (7) 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 6.728 161.460 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 155.250 3.726.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 72.000 1.728.000 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 3.567 85.606 30.614 30.614 142.676 (8)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7) (11)=(8)*(10) (12)=(9)*(10) (13)=(12)-(11) 61.228 Custo Total do Projecto (8) 142.676 237544 237544 237544 237544 237544 237544 237544 237544 268158 237544 237544 237544 237544 237544 237544 237544 237544 237544 268158 237544 237544 237544 237544 237544 5.904.969 Receitas do Projecto Factor de Desconto 19,5% (9) (10) 0,8368 0,7003 0,5860 0,4904 0,4104 0,3434 0,2874 0,2405 0,2012 0,1684 0,1409 0,1179 0,0987 0,0826 0,0691 0,0578 0,0484 0,0405 0,0339 0,0284 0,0237 0,0199 0,0166 0,0139 0,0116 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 280.313 6.727.500 Valor Actual dos Custos Valor Actua/ Receitas (11) (12) 119394 166345 196294 139201 164263 116486 137458 97478 115028 81571 96258 68260 80550 57122 67406 47801 56407 45156 47202 33473 39500 28011 33054 23440 27660 19615 23147 16414 19370 13736 16209 11495 13564 9619 11351 8049 9498 7604 7948 5637 6651 4717 5566 3947 4658 3303 3898 2764 3262 1130637 1186202 Valor Líquido Presente (VLP): Valor Actual das Receitas (VAR): Valor Actual dos Custos (VAC): Razão Benefício/Custo (B/C): Taxa Interna de Retorno (TIR): Período de Retorno do Investimento: Valor Líquido Presente (13) -119394 29949 25062 20972 17550 14686 12290 10284 8606 2047 6027 5043 4220 3532 2955 2473 2070 1732 1449 345 1015 849 711 595 498 55565 55.565 1.186.202 1.130.637 1,05 0,29 7 82 Apêndice 11: Fluxo de Investimento de Lucas Uine Ano (1) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Total Custos do Investimento Custos de Substituição Custos de Combustível Custos de Matériaprima Custos de Reparação e Manutenção (2) 92.528 (3) (4) (5) (6) 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 2.990 71.760 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 69.000 1.656.000 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 2.313 55.517 15.307 15.307 92.528 (7)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6) (10)=(7)*(9) (11)=(8)*(9) (12)=(11)-(10) 30.614 Custo Total do Projecto Receitas do Projecto (7) 92.528 74303 74303 74303 74303 74303 74303 74303 74303 89610 74303 74303 74303 74303 74303 74303 74303 74303 74303 89610 74303 74303 74303 74303 74303 1.906.419 (8) 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 86.250 2.070.000 Factor de Desconto (j=19,5%) (9) 0,8368 0,7003 0,5860 0,4904 0,4104 0,3434 0,2874 0,2405 0,2012 0,1684 0,1409 0,1179 0,0987 0,0826 0,0691 0,0578 0,0484 0,0405 0,0339 0,0284 0,0237 0,0199 0,0166 0,0139 0,0116 Valor Actual dos Custos Valor Actual das Receitas (10) (11) 77430 52032 60398 43542 50542 36436 42295 30491 35393 25515 29618 21352 24785 17868 20740 14952 17356 15090 14524 10470 12154 8762 10171 7332 8511 6136 7122 5134 5960 4297 4987 3595 4174 3009 3493 2518 2923 2541 2446 1763 2047 1475 1713 1235 1433 1033 1199 865 1004 394871 364985 Valor Líquido Presente (VLP): Valor Actual das Receitas (VAR): Valor Actual dos Custos (VAC): Razão Benefício/Custo (B/C): Taxa Interna de Retorno (TIR): Período de Retorno do Investimento: Valor Líquido Presente (12) -77430 8366 7001 5858 4902 4102 3433 2873 2404 -566 1683 1409 1179 987 826 691 578 484 405 -95 283 237 199 166 139 -29886 -29.886 364.985 394.871 0,92 n/d* n/d* *Não identificado 83 Apêndice 12: Fluxo de Investimento da Liana Agro-Indústria Ano (1) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Total Custos do Investimento Custos de Substituição Custos de Energia (2) 2.769.000 (3) (4) Custos de Matériaprima (5) 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 16.926 406.224 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 312.000 7.488.000 84.970 84.970 2.769.000 169.940 (9)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7)+(8) (12)=(9)*(11) (13)=(10)*(11) (14)=(13)-(12) Custos de Embalagem Custos de Salário Custos de Reparação e Manutenção (6) (7) (8) 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 260.000 6.240.000 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 203.200 4.876.800 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 69.225 1.661.400 Custo Total do Projecto (9) 2.769.000 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 946.321 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 946.321 861.351 861.351 861.351 861.351 861.351 23.611.364 Receitas do Projecto (10) 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 2.080.000 49920000 Factor de Desconto (j=19,5%) (11) 0,8368 0,7003 0,5860 0,4904 0,4104 0,3434 0,2874 0,2405 0,2012 0,1684 0,1409 0,1179 0,0987 0,0826 0,0691 0,0578 0,0484 0,0405 0,0339 0,0284 0,0237 0,0199 0,0166 0,0139 0,0116 Valor Valor Actual dos Actual das Custos Receitas (12) (13) 2317155 603176 1456557 504750 1218876 422385 1019980 353460 853540 295783 714259 247517 597707 207127 500173 173328 418555 159353 350255 121376 293100 101570 245272 84996 205249 71126 171756 59520 143729 49807 120275 41680 100649 34879 84225 29187 70481 26834 58980 20439 49356 17104 41302 14313 34562 11977 28922 10023 24203 5978863 8801964 Valor Líquido Presente (VLP): Valor Actual das Receitas (VAR): Valor Actual dos Custos (VAC): Razão Benefício/Custo (B/C): Taxa Interna de Retorno (TIR): Período de Retorno do Investimento: Valor Líquido Presente (14) -2317155 853381 714126 597595 500080 418477 350190 293046 245227 190902 171724 143702 120253 100630 84209 70468 58969 49346 41294 32146 28917 24198 20250 16945 14180 2823101 2.823.101 8.801.964 5.978.863 1,47 44% 5 84 Apêndice 13: Fotos Figuras 1: Entrevista com o responsável da Figuras 2: Encontro com GF's: Associação Unidade de Processamento. Josina Machel. Figuras 3: Tipo de Infra-estruturas Figura 4: Forma de armazenamento (rale (alvenaria e de material local) em Sacos e Embalagens) Figura 5: Ralador/mandioca (Mod. IITA) Figura 6: Estado de conservação das maquinetas (maquinetas abandonadas) 85