UNIVERSIDADE LÚRIO
Faculdade de Ciências Agrárias
VIABILIDADE ECONÓMICA DAS UNIDADES DE
PROCESSAMENTO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz)
NAS PROVÍNCIAS DE GAZA E INHAMBANE
Trabalho Final da Licenciatura em Desenvolvimento Rural
Autor: Andércio Vitane
Supervisor: Eng° Mateus João Marassiro (MSc)
Co-supervisores:
Engª Pureza Baptista Monjane
Eng° Baptista Ruben Ngine Zunguze
Unango, Agosto de 2016
UNIVERSIDADE LÚRIO
Faculdade de Ciências Agrárias
VIABILIDADE ECONÓMICA DAS UNIDADES DE
PROCESSAMENTO DA MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz):
NAS PROVÍNCIAS DE GAZA E INHAMBANE
Trabalho para como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em
Desenvolvimento Rural
Autor: Andércio Vitane
Supervisor: Eng° Mateus João Marassiro (MSc)
Co-supervisores:
Engª Pureza Baptista Monjane
Eng° Baptista Ruben Ngine Zunguze
Delegação Provincial do Centro de Promoção da Agricultura de Gaza (CEPAGRI)
Unango, Agosto de 2016
Declaração
Eu, Andércio Vitane, declaro por minha honra que este trabalho com o tema Viabilidade
económica das Unidades de Processamento da Mandioca (Manihot esculenta Crantz)
nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer
grau. Este relatório constitui o fruto de trabalho de campo e de pesquisa bibliográfica,
estando todas as fontes utilizadas registadas no texto e nas referências bibliográficas.
iii
Epígrafe
"O sucesso de uma criação passa por diversos factores, no entanto, sem dúvida alguma, a
meta é o Lucro”.
= João Filho & Célia Scorvo =
iv
Dedicatória
Aos meus pais e aos meus irmãos que sempre me apoiaram durante o meu percurso
académico.
À memória de Gomes Malanga Chirrute, Gracinda Chideco, Sansão Dumangane e Jorge
Chivambo.
Que deus os tenha.
v
Agradecimentos
Ao meu Supervisor MSc Mateus João Marassiro, pelas orientações e apoio técnico desde a
elaboração do projecto até a elaboração do trabalho final.
O agradecimento é extensivo aos Co-supervisores Engᵒ Baptista Ruben Ngine Zunguze e
Engª Pureza Baptista Monjane, pela atenção, paciência, dedicação e de todo apoio técnico
e orientação do trabalho no terreno até a elaboração do trabalho final.
Ao CEPAGRI-Gaza por ter-me concedido estágio, em especial reconhecimento a Enga
Anatércia da Conceição Dinis, Eng.ᵒ Daniel Mate, dr Manuel Langa, dr Francisco António
de Lisboa, dr Daniel Simango, dr Maela Mapoissa, Engᵒ Júlio Macaco, Eng.ᵒ Egídio
Mutimba, Sra. Vanda Mucavele, Sra. Rachida Abdul Jafar e Sra. Tereza Mangue pelo
apoio durante a execução do estudo.
Aos técnicos dos SDAE’s de Mandlakaze, Zavala, Inharrime, Jangamo, Morrumbene e
Massinga, pela recepção e orientação durante o trabalho de campo.
Á Unilúrio/FCA, aos meus docentes em especial ao PhD Wilfred Marshall, MSc Paulo
Guilherme, MSc Maura Isaías, Engᵒ Adélio Mussalama, Engᵒ Merlindo Manjate, Engᵒ
Jonas Massuque, Engᵒ Custódio Matavele, Engᵒ Alfredo Duvane, Engᵒ Sérgio Jane, Engᵒ
Ayuba Sulemane, Engᵒ Rafael Jone, Engᵒ Luís Pacheco e a todos outros que contribuíram
na minha formação.
Aos meus avôs Joaquim Vieira e Rosalina Chirrute; aos meus irmãos Neide, Obadias,
Hortência e Irene, Tios António, Isabel, Ismael, Dalila, Abdul, Emelita, Lídia Baltazar,
Esperança; Primos Cremildo, Sónia, Celso, Fazila, Assucena, Carménia e meus sobrinhos.
A família Omário Magido, pelo apoio durante as práticas de Extensão Comunitária. Aos
meus colegas Muabua, Sálio, Martins, Silva, Mussagy, Robelindo, Notaviedade, Júlia,
Hélia, Leonel, Célia, Harifa, Ivone, Viquito, Leopoldino, Macamo, Alone, Osmar, Pedro,
Inocêncio, Valoque, Adão. Aos companheiros do quarto Adérito, Júnior, Máquina, Flávio.
Aos meus amigos Marcildo, Rassul, Américo, Moisés, Anelto, Natércio, Juliana, Jirlane,
Vergílio, Dino, Virgílio Abílio, Elias, Sérgio Subair, Calton, Benildo, Sono, Macaringue,
Dércio Cucu, Arnaldo, Nadinho, Bino, aos Engᵒ’s Armando, Dionel, Alberto Muchanga,
Pierino, António Fabião, Pedro Álvaro, Vasco Gribate, Edson Bila e Trindade dos Santos.
Á todos. O meu muito obrigado…
vi
ÍNDICE
Declaração ............................................................................................................................ iii
Epígrafe ................................................................................................................................ iv
Dedicatória............................................................................................................................. v
Agradecimentos .................................................................................................................... vi
Acrónimos, Siglas, Abreviaturas, Símbolos .......................................................................... x
Lista de tabelas ..................................................................................................................... xi
Lista de figuras .................................................................................................................... xii
Lista de anexos e /ou apêndices .......................................................................................... xiii
Resumo ............................................................................................................................... xiv
Abstract ................................................................................................................................ xv
I.
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1.
Problema ............................................................................................................... 17
1.2.
Justificativa ........................................................................................................... 17
1.3.
Objectivos ............................................................................................................. 18
1.3.1.
Geral .............................................................................................................. 18
1.3.2.
Específicos ..................................................................................................... 18
1.3.3.
Questões de pesquisa ..................................................................................... 18
II.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 19
2.1.
Historial da Produção da Mandioca ...................................................................... 19
2.1.1.
2.2.
Importância sócio-económica da cultura de mandioca.................................. 20
Produção da mandioca em Moçambique .............................................................. 21
2.2.1.
Produção ........................................................................................................ 21
2.2.2.
Utilização da mandioca ................................................................................. 22
2.2.3.
Comercialização da mandioca e seus derivados ............................................ 23
vii
2.2.4.
2.3.
Preço da mandioca ......................................................................................... 24
Agro-processamento ............................................................................................. 24
2.3.1.
Classificação do agro-processamento ............................................................ 25
2.3.2.
Constrangimentos no desenvolvimento do agro-processamento................... 25
2.4.
III.
Participação da mulher na cadeia de valor de mandioca ...................................... 26
METODOLOGIA................................................................................................... 29
3.1.
Descrição da área do estudo.................................................................................. 29
3.1.1.
Província de Gaza .......................................................................................... 29
3.1.2.
Província de Inhambane ................................................................................ 30
3.2.
Materiais usados na recolha de dados ................................................................... 33
3.3.
Métodos de recolha de dados ................................................................................ 33
3.4.
Recolha de dados .................................................................................................. 34
3.5.
Análise de Dados .................................................................................................. 35
3.6. Limitações do estudo ................................................................................................ 38
IV.
RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 39
4.1.
Caracterização das Unidades de Processamento de Mandioca ............................. 39
4.1.1.
Fontes de Financiamento para Obtenção das Unidades de Processamento... 39
4.1.2.
Infra-estruturas de processamento ................................................................. 40
4.1.3.
Gestão das Unidades de Processamento ........................................................ 41
4.1.4.
Actividade de Processamento da Mandioca .................................................. 44
4.1.5.
Distribuição das actividades por sexo ........................................................... 52
4.1.6.
Comercialização ............................................................................................ 53
4.1.7.
Estado actual de funcionamento das unidades de processamento ................. 54
4.2.
Determinação dos Indicadores da Lucratividade e Rentabilidade ........................ 55
4.2.1.
Situação actual das Unidades de Processamento ........................................... 55
4.2.2.
Aproveitamento da Capacidade Potencial (100% da capacidade instalada) . 57
viii
4.3.
Factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento da
Mandioca ......................................................................................................................... 59
V.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 60
5.1.
Conclusões ............................................................................................................ 60
5.2.
Recomendações .................................................................................................... 60
VI.
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 62
ANEXO ............................................................................................................................... 66
APÊNDICES ...................................................................................................................... 68
ix
Acrónimos, Siglas, Abreviaturas, Símbolos
B/C
Relação Benefício / Custo
hab/km2
Habitante por quilómetro quadrado
GF’s
Grupos Focais
ha
Hectare
kg
Quilograma
m
Metro
ML
Margem Líquida
MT
Meticais
n/d
Não disponível
NPCI
Nível de aproveitamento da capacidade instalada
ONG´s
Organização Não Governamental
PR
Período de Retorno ou payback
SDAE’s
Serviços Distritais de Actividades Económicas
SNV
Netherlands Development Organization
TIR
Taxa Interna de Retorno
Ton
Tonelada
Ton/h
Tonelada por hora
Ton/ha
Tonelada por hectare
UPs
Unidades de Processamento
VPL
Valor Presente Líquido
x
Lista de tabelas
Tabela 2.1: Composição nutricional por 100 gramas de parte comestível da mandioca
(crua; cuzida; frita) .............................................................................................................. 20
Tabela 3.2: Localização geográfica e caracterização da região abrangido pelo estudo na
província de Gaza. ............................................................................................................... 30
Tabela 3.3: Localização geográfica e caracterização das regiões abrangido pelo estudo na
província de Inhambane....................................................................................................... 31
Tabela 4.4. Fonte de Financiamento para Aquisição das Maquinetas de Processamento da
Mandioca ............................................................................................................................. 40
Tabela 4.5: Características básicas das infra-estruturas de processamento ........................ 41
Tabela 4.6: Fonte de abastecimento de água às unidades de processamento ..................... 47
Tabela 4.7: Principais fontes da matéria-prima .................................................................. 48
Tabela 4.10: Estado actual de Funcionamento das Unidades de Processamento ............... 55
Tabela 4.8: Indicadores de viabilidade das Unidades de Processamento ........................... 57
Tabela 4.9: Indicadores de viabilidade ajustados (para 100% da capacidade instalada) ... 58
xi
Lista de figuras
Figura 1: Principais países produtores da mandioca no mundo ......................................... 19
Figura 2: Produção (ton) de pequenas e médias explorações de mandioca em 2014 ........ 21
Figura 3: Principais canais de comercialização de mandioca ............................................ 23
Figura 4: Participação dos homens e mulheres na produção e processamento de mandioca
............................................................................................................................................. 27
Figura 5: Mapa de localização da área de estudo ............................................................... 32
Figura 6: Distribuição Geográfica das Unidades de Processamento de Mandioca ............ 39
Figura 7: Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento ..................... 42
Figura 8: Participação das mulheres na Gestão das Unidades de Processamento ............. 43
Figura 9: Tipos de processamentos de mandioca ............................................................... 44
Figura 10: Modelos de Maquinetas de Processamento da Mandioca ................................ 45
Figura 11: Fontes de energia para o processamento de mandioca ..................................... 48
Figura 12: Principais derivados da mandioca produzidos ao nível das unidades de
processamento ..................................................................................................................... 50
Figura 13: Principais etapas do processamento da mandioca em rale ............................... 51
Figura 14: Distribuição das actividades por sexo .............................................................. 52
Figura 15: Local de comercialização dos derivados da mandioca ..................................... 53
xii
Lista de anexos e /ou apêndices
Lista de Anexos
Anexo A1: Mapa geográfico do Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos
Corredores de Maputo e Limpopo (PROSUL). ................................................................... 67
Lista de apêndices
Apêndice 1: Questionário para os responsáveis das Unidades de Processamento ............. 69
Apêndice 2: Guião para temas de discussão com Grupos Focais ....................................... 74
Apêndice 3: Mapa de Localização das Unidades de Processamento da Mandioca ............ 75
Apêndice 4: Lista das Unidades de Processamento de Mandioca ...................................... 76
Apêndice 5: Detalhe dos Custos da Associação Wapswala ............................................... 77
Apêndice 6: Detalhe dos Custos da Associação Josina Machel ......................................... 78
Apêndice 7: Detalhe dos Custos de Lucas Uine ................................................................. 79
Apêndice 8: Detalhe dos Custos da Liana Agro-Indústria ................................................. 80
Apêndice 9: Fluxo de Investimento da Associação Wapswala .......................................... 81
Apêndice 10: Fluxo de Investimento da Associação Josina Machel .................................. 82
Apêndice 11: Fluxo de Investimento de Lucas Uine .......................................................... 83
Apêndice 12: Fluxo de Investimento da Liana Agro-Indústria .......................................... 84
Apêndice 13: Fotos ............................................................................................................. 85
xiii
Resumo
O presente estudo teve como objectivo avaliar a viabilidade económica das unidades de
processamento da mandioca (Manihot esculenta Crantz) das províncias de Gaza e
Inhambane. Desde a implementação das maquinetas para o processamento da mandioca,
pouco são estudos realizado para apurar os reais ganhos, portanto se desconhece o ponto de
situação financeiro em que as UPs se encontram. Para alcançar os objectivos do estudo, foi
desenvolvida uma pesquisa exploratória e descritiva, usados métodos qualitativos,
aplicados em entrevista semi-estruturada e temas de discussão com Grupos Focais. Os
dados foram analisados usando Microsoft Excel. O estudo abrangeu 22 UPs, sendo uma (1)
em Gaza (organizada em associação) e vinte uma (21) em Inhambane, das quais 12
organizadas em associações e 9 singulares. As associações são maioritariamente compostas
por 65,8% de mulheres e 34,2% são homens. Das quatro (4) UPs analisadas, com o kit de
maquinetas operacional nos últimos dois anos, uma (25%) eram inviável, enquanto três
(75%) apresentou que maior parte dos indicadores de viabilidade está quase no limiar
económico. Portanto, uma pequena variação positiva nos custos ou negativa nas receitas
tornaria estas unidades inviáveis, o que indica que os empreendimentos são de alto risco
financeiro. Em 100% da utilização da capacidade instalada, a análise mostrou que as UPs
seriam altamente lucrativas. A pesquisa conclui que, as Unidades de Processamento da
Mandioca não são viáveis. O processamento não consistente a capacidade instalada, falta
de estratégia de comercialização, furos de água, de embalagens adequadas para os produtos
acabados, avarias de maquinetas e a falta de infra-estruturas adequadas para o
processamento representam as restrições mais significativas a rentabilização das UPs.
Recomenda-se intensificar a multiplicação da variedade melhorada; capacitação dos
processadores em agro-negócio, e as acções de apoio estejam direccionadas em infraestruturas, torradores modernos, prensas, furos de água e maquinetas.
Palavras-chaves: Processamento, mandioca, agro-negócio, rentabilidade, género.
xiv
Abstract
This study aimed to evaluate the economic viability of cassava processing units (Manihot
esculenta Crantz) in Gaza and Inhambane provinces. Since the implementation of the
machine for processing cassava, few studies have been conducted to ascertain the actual
earnings, so it is unknown the financial state of the point where the UPs are. To achieve the
objectives of this study, an exploratory and descriptive study was conducted used
qualitative methods applied in semi-structured interviews and discussion themes with focus
groups. Data was analysed used Microsoft Excel. The study covered 22 processing units,
one (1) in Gaza (organized in association) and twenty one (21) in Inhambane, of which 12
are organized in associations and 9 singular. The associations are largely made up of
65.8% of women and 34.2% of men. Among the four analyzed UPs with the operating
machines kit in the last two years, one (25%) were unfeasible, while three (75%) showed
that most of the viability indicators were near the economic threshold. Therefore, a positive
small variation in costs or negative in recipes becomes unfeasible units, which indicates
that the enterprises are of a high financial risk. At 100% of installed capacity utilization,
the analysis showed that the UPs it would be highly profitable. The research concludes that
the Cassava Processing Units are not profitable. The lack of consistent processing installed
capacity, lack of commercialization strategy, water holes, appropriate packaging for the
finished product, machinery malfunctions, and the lack of adequate infrastructure for
processing represent the most significant restrictions for the profitability of UPs. It is
recommended to intensify the multiplication of improved variety; training of processors in
agri-business sector. The processing units should have a performance record plan of its
activities, and support actions are targeted at infrastructure, modern roasters, presses, water
holes and machinery.
Keywords: Processing, cassava, agri-business, profitability, gender.
xv
I.
INTRODUÇÃO
A agricultura constitui a principal actividade económica em vários países do mundo,
sobretudo nos da África subsaariana. Portanto, Moçambique não é excepção, cerca de 80%
de moçambicanos pratica esta actividade (Cunguara et al., 2013). Dentre as culturas
praticadas destaca-se o milho, mandioca, feijão, arroz, mapira, mexoeira e amendoim,
sendo a mandioca uma das raízes tuberosas mais produzidas (MASA, 2015; INE, 2011).
Todavia, o sector agrário contribui com 24% no PIB (MASA, 2015).
A mandioca constitui alimento mais importante em vários países do mundo. Em
Moçambique é a segunda cultura alimentar de extrema importância depois do milho, com
um papel fundamental na segurança alimentar e nutricional, especialmente na região
Nordeste do país, onde mais de 50% da população tem a mandioca como a cultura básica
(Silva et al., 2010). É potencialmente cultivada pelo sector familiar, que é voltado para o
seu auto-consumo e é uma das culturas estratégicas para época seca (Dias, 2012).
Nos últimos anos verifica-se uma crescente tendência da utilização da mandioca na
indústria alimentar e de bebidas (GrowAfrica & IDH, 2015). Portanto, o seu
processamento apresenta-se economicamente como uma opção promissora de agronegócio, visto que, pode gerar produtos diversificados de alto valor agregado e emprego, o
que propicia o aumento da renda e na melhoria das condições de vida dos integrantes da
cadeia de valor da mandioca (Santos et al., 2009).
Entretanto, estudos feitos mostram que, o baixo nível de conhecimento da estrutura da
cadeia de valor, a fraca assistência coligada a baixa capacidade de gestão e organização
dos pequenos produtores, vêm contribuindo na redução da disponibilidade da matériaprima, o que afecta expressivamente na rentabilidade das pequenas agro-processadoras.
Segundo Savva & Frenken (2002) avaliar a situação económica dos empreendimentos
permite mostrar os níveis de produção, as exigências de trabalho, lucro e analisar a
utilização dos recursos investidos. Também na identificação dos factores que embaraçam o
seu desempenho e as necessidades de intervenção.
Neste âmbito, o presente estudo visa avaliar a viabilidade económica das Unidades de
Processamento da Mandioca, numa abordagem relativa a sua lucratividade, rentabilidade,
do seu contributo no aumento da produção de mandioca e na integração do género nas
diferentes etapas do processamento da mandioca.
16
1.1.
Vários
Problema
esforços
são
desencadeados
pelas
instituições
governamentais
e
não-
governamentais (ONG’s) para o desenvolvimento da cadeia de valor da mandioca, através
da disponibilização de maquinetas de processamento aos pequenos produtores, com vista a
promover o agro-processamento e garantir que possam produzir maiores volumes e de boa
qualidade (IFAD, 2012).
Entretanto, o seu verdadeiro impacto no aumento dos volumes da mandioca processada e
comercializada ao nível das unidades de processamento é ainda muito limitado. Por outro
lado, desde a implantação das Unidades de Processamento da Mandioca muitos estudos
tem sido desenvolvidos, mas poucos relatam do ponto de situação financeiro em que se
encontram, logo questiona-se;
Até que ponto o desempenho das actividades das unidades de processamento da
mandioca garante a sua lucratividade, rentabilidade e na transformação da mandioca da
actual cultura de subsistência para uma cultura de rendimento?
1.2.
Justificativa
O tema surge na sequência do papel que a mandioca desempenha no sector familiar e
recentemente no aproveitamento industrial.
As fabriquetas de processamento da mandioca na província de Gaza e Inhambane
funcionam desde o ano 2000, sendo que cerca de 350 produtores (singulares e associados)
adoptaram o uso de maquinetas para o processamento da mandioca. Portanto, o estudo
fundamenta-se pela necessidade de buscar informações sobre os reais ganhos que essa
pratica esta a promover no sector familiar.
Por outro lado, vai permitir que os beneficiários percebam se actividade que realizam é
rentável. Também, os resultados da pesquisa poderão ajudar os intervenientes da cadeia de
valor da mandioca (Governo e ONGs) a perceber se o processamento da mandioca usando
maquinetas estimula a produção da mandioca e na elaboração de um plano de acção para o
desenvolvimento da cadeia da mandioca.
17
1.3.
Objectivos
1.3.1. Geral
 Avaliar a viabilidade económica das unidades de processamento da mandioca das
Províncias de Gaza e Inhambane;
1.3.2. Específicos
 Caracterizar as unidades de processamentos da mandioca;
 Determinar os indicadores de lucratividade e rentabilidade;
 Examinar os factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento
de Mandioca.
1.3.3. Questões de pesquisa
Coloca-se as seguintes questões;
No objectivo 1: caracterizar as unidades de processamento de mandioca.
 Como as unidades de Processamento de mandioca estão organizadas?
 Quais são os mecanismos de gestão das unidades de processamento?
 Qual é o nível da participação das mulheres na gestão e nas etapas de
processamento?
 Qual é o estado actual da operacionalização das unidades beneficiárias das
maquinetas de processamento?
No objectivo 2: Determinar os indicadores de lucratividade e rentabilidade; processamento;
 Qual é o grau de aproveitamento da capacidade instalada?
 O que determina a escolha do canal de comercialização dos produtos processados?
 Qual é a eficiência e eficácia económica das unidades de processamento?
No objectivo 3: Examinar os factores que afectam a rentabilidade das Unidades de
Processamento da Mandioca.
 Que factores afectam de maneira mais severa a lucratividade das UPs?
 Quais das etapas de processamento da mandioca reduzem de forma significativa à
capacidade de produção?
 Qual é o nível da disponibilidade da matéria-prima ao longo do período da
actividade de processamento?
18
II.
2.1.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Historial da Produção da Mandioca
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é uma planta originária do Brasil e com centros
precursores de diversidade na América Central. Tradicionalmente tem-se revelado como
um dos alimentos básicos de maior preferência depois do milho e trigo. A grande
importância que a mandioca assume deriva pelo facto de ser tolerante à seca, de poucas
exigências culturais comparativamente a outras culturas, tornando atractivo o seu cultivo
sobretudo pelos agricultores de baixa renda (Silva et al., 2010; Donovan et al., 2011).
Sua produção é tradicionalmente dominada por pequenos produtores, em que a maior parte
da produção é destinada a subsistência, para mais de 300 milhões de pessoas. Produzida
em pequenas explorações, na base da mão-de-obra familiar, com baixo uso de tecnologias
de produção e processamento (GrowAfrica & IDH, 2015; Donovan et al., 2011).
A produção global da mandioca é estimada em 276 e 291 milhões de toneladas em 2013 e
2014 respectivamente. Enquanto, a produção do etanol combustível a partir da mandioca
atingiu 3 milhões de litros em 2014, consumindo cerca de 1,6 milhões toneladas da
mandioca. Dentre os países maiores produtores no mundo a Nigéria lidera a lista com uma
produção estimada em 55 milhões de toneladas (Figura 1), onde Moçambique configura-se
no oitavo lugar com produção estimada em 14.7 milhões (FAO, 2014).
60000
55064
Produção Mundial de Mandioca (milhões de ton.) *
50000
40000
30000
31240
25000
20000
23348
17317
15872
14755
10000
14700
9750
8500
0
Fonte: FAO, (2014).*Estimativa.
Figura 1: Principais países produtores da mandioca no mundo
19
2.1.1. Importância sócio-económica da cultura de mandioca
A mandioca desempenha um papel preponderante na garantia da segurança alimentar e
nutricional, na renda e emprego dos pequenos produtores de vários países do mundo,
especialmente da África subsaariana onde Moçambique faz parte (Dias, 2012; Silva et al.,
2010).
Constitui a importante e barata fonte de calorias comparativamente com o arroz e milho.
Possuem em média 30% de matéria seca, ricas em energia 30 a 35% de carbo-hidratos
(amido), embora, pobre em proteínas (2 a 4%), Tabela 2.1. As folhas contêm cerca de 2023% de proteína e excelente fonte de vitaminas C e minerais (Silva et al., 2010).
Tabela 2.1: Composição nutricional por 100 gramas de parte comestível da mandioca
(crua; cuzida; frita)
Energia
Mandioca kcal
CarboProteínas Lípido hidrato Ca Mg Mn
kj
g
g
g
mg mg
P
Fe
S
K
Zn
mg mg mg mg mg mg
Vitamina
C
mg
Cru
151
634
1,1
0,3
36,2
15
14 0,05 29 0,3
2
208 0,2
16,5
Cozida
125
254
0,6
0,3
30,1
19
27 0,06 22 0,1
1
100 0,2
11,1
300 1255
1,4
11,2
50,3
23
95 0,18 57 0,3
9
176 0,4
---
Frita
Fonte: NEPA, (2011).
Ainda que, a mandioca desempenha um papel preponderante no seio dos pequenos
produtores e recentemente na indústria, ainda se verifica a baixa intensificação do seu
cultivo em escalas comerciais, a fraca disponibilidade variedades melhoradas e assistência
técnica (Nweke & University Michigan State, 2005), associada a alta incidência de pragas
e doenças, tem contribuído para os baixos rendimentos obtidos pelos produtores,
consequentemente na baixa renda familiar, e na prevalência da insegurança alimentar no
seio dos produtores rurais (Silva et al., 2010; EC-FAO, 2007).
De acordo com FAO (2014), o aumento global da produção da mandioca poderia
impulsionar a disponibilidade de alimento, da matéria-prima, na criação de novas
alternativas de mercado para a mandioca o que contribuiria para a redução da pobreza
sobre tudo em países em desenvolvimento.
20
2.2.
Produção da mandioca em Moçambique
2.2.1. Produção
A produção da mandioca tem vindo a aumentar nos últimos anos. De acordo com os
resultados do Censo Agro-Pecuário 2009-2010, as pequenas e médias explorações da
mandioca são as mais predominantes com cerca de 2.4 milhões, ocupando uma área de
cultivo de 1 milhão de hectares (INE, 2011).
É produzida em pequenas explorações na base da mão-de-obra familiar e com baixo uso de
tecnologias de produção (GrowAfrica & IDH, 2015; MIC, 2006). O sistema de cultivo
mais dominante ao nível dos pequenos produtores é o do tipo consociado geralmente com
feijão, milho e amendoim. Comummente são cultivados dois grandes grupos de variedades
doce e amarga (alto teor do ácido cianídrico), as variedades que amargam apresentam
maior tempo de conservação e são as mais cultivadas (Donovan et al., 2011).
A região Norte é responsável por 85% 1 da produção nacional de mandioca (Figura 2), e ao
nível das províncias, Nampula lidera com maior produção seguido da Zambézia e Cabo
Delgado. As províncias de Gaza e Inhambane respondem por 10% da produção nacional, e
ocupam 62.6% das grandes explorações de mandioca existentes no país (INE, 2011).
1.577.942
1.179.959
416.252
397.277
Região Sul
Região Centro
Nampula
Cabo Delgado
Niassa
Sofala
Manica
Tete
43.375 50.440 84.052 80.136
Zambézia
Maputo
Gaza
180.657 126.175
Inhambane
1.800.000
1.600.000
1.400.000
1.200.000
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
0
Região Norte
Fonte: Dados de Anuário de Estatísticas Agrárias 2012-2014 MASA (2015), adaptado pelo autor (2016).
Figura 2: Produção (ton) de pequenas e médias explorações de mandioca em 2014
1
Dias (2012); Donovan et al (2011).
21
Embora, a região Norte seja responsável pela maior parte da produção da mandioca no
país. Porém, existem restrições que afectam a produção e produtividade da mandioca na
região e no país em geral, que tem contribuído nos baixos rendimentos obtidos pelos
pequenos produtores. Com maior realce as práticas de cultivo inadequadas, ao fraco acesso
a variedades melhoradas, insumos de produção e a alta incidência de pragas e doenças; a
Podridão radicular da mandioca (CBSD), Mosaico Africano da mandioca (CMD), Murcha
bacteriana, Cochinilha da mandioca (CMB), Ácaro verde (CGM), Gafanhoto elegante e a
Mosca Branca (Silva et al., 2010; EC-FAO 2007; McSween et al., 2006), contribuindo na
baixa renda, nos preços altos da mandioca e na insegurança alimentar de agregados
familiares, que tem a mandioca a principal fonte de renda e alimento do seu quotidiano.
2.2.2. Utilização da mandioca
A maior parte da produção da mandioca ao nível do país é destinada ao consumo e a
restante parte não significativa é utilizada na alimentação animal e como matéria-prima
para indústria representando 4% e 2% respectivamente (Donovan et al., 2011).
Os níveis de consumo da mandioca são maiores nas regiões do litoral concretamente nas
províncias de Nampula, Zambézia e Cabo Delgado onde desempenha um papel importante
na dieta da maior parte da população rural (McSween et al., 2006).
Nestas regiões, o seu consumo em forma de farinha representa cerca de 90% do consumo
da mandioca no país, também é consumida em forma fresca, assada ou cozido e utilizada
na preparação de variados tipos de pratos como; doce de mandioca, chiguinha 2 o que
representa 10% do consumo e processadas em rale ou tapioca na região Sul, estimado em
20%. Também a mandioca tem sido utilizada na produção de Oteka3 na região Norte e na
panificação (Wandschneider & Barca, 2003).
As três principais linhas de processamento industrial da mandioca estão centradas na
produção do etanol combustível, pão e produção de cerveja “Impala” na base da mandioca,
ainda que, a produção do etanol combustível não surtiu o seu real efeito (Donovan et al.,
2011). Porém, ao nível dos pequenos processadores da mandioca têm como principais
linhas a produção de rale, farinha de mandioca, Chips e raspa.
2
Prato típico da região Sul do país, confeccionado na base da mandioca, leite de coco, amendoim pilado e
folhas de verduras (couve, feijão nhemba, cacana etc.) ou feijões.
3
Bebida tradicional produzida à base da mapira e mandioca.
22
2.2.3. Comercialização da mandioca e seus derivados
Os maiores volumes de venda da mandioca (fresca e seca) ocorrem no Norte do país, onde
os produtores comercializam cerca de 13% da sua produção, comparativamente a 3% e 4%
da mandioca comercializada no Centro e Sul respectivamente (Donovan et al., 2011).
A maior parte da produção é comercializada no mercado interno e ao nível dos países
circunvizinhos o comércio ocorre de forma reduzido, estando associado ao facto da
mandioca fresca ser perecível e aos custos elevados de transporte da mesma. No entanto,
uma das alternativas mais promissoras seriam o processamento e posterior comercialização
em derivados da mandioca (Dias, 2012).
Os canais de comercialização são mais desenvolvidos na região Norte, que é responsável
por mais de 90% dos volumes de venda da mandioca no país (Donovan et al., 2011),
composto por quatro principais canais representados na Figura 3. Ainda que, na zona Sul
se observe a comercialização da mandioca, a mesma representa apenas 3% a 6% do
volume total da produção, onde o rale e raiz fresca dominam as formas de venda (Donovan
et al., 2011; Wandschneider & Barca, 2003).
Fonte: Salegua et al. (2012).
Figura 3: Principais canais de comercialização de mandioca
23
2.2.4. Preço da mandioca
A mandioca, tal como outros produtos agro-pecuários estão sujeitos a vários riscos e
incertezas, referente a própria actividade, que afectam directamente os custos de produção
e a lucratividade, não apenas para os produtores, mas também aos restantes integrantes da
cadeia de valor (Waquil et al., 2010).
Outro factor determinante no preço e na oferta dos produtos é relativo à fraca interligação
dos mercados, isto é, na sua forma natural, o produto não pode ser transportado da região
excedentária para região deficitária, o que origina o aumento de preços na região
deficitária, ao mesmo tempo os produtores da região excedentária estarem a perder
oportunidade de aumentar as suas receitas resultantes da comercialização dos seus
excedentes (Cunguara et al., 2013).
É importante recordar que o comportamento do preço da mandioca é determinado pela sua
natureza de commodity e agrícola, isto é, o preço final da mandioca está inteiramente
dependente do calendário de cultivo e tipo de variedade. E a instabilidade dos preços da
mandioca é maior em relação a outros produtos agrícolas como trigo e o milho, estes cujo,
seus derivados concorrem com os derivados da mandioca (Sebrae, 2008).
Por tanto, as políticas de preços exercem um papel importante sobre a produtividade e
comercialização dos produtos agrícolas, e afectam directamente na transformação rural e
urbana (Cunguara et al., 2013).
2.3.
Agro-processamento
Agro-processamento para Baptista (2009); Kachru (2006) é o conjunto de actividades póscolheita, que envolvem a transformação, conservação e preparação de produtos agropecuários, para o consumo final ou intermediário como matéria-prima para indústria.
O processamento engloba vasta área de actividades pós-colheita, incluído artesanal,
minimamente processados, embalados e matérias-primas para indústrias (Kachru, 2006),
com elevado contributo no aumento da economia rural não agrícola4, e desempenha um
4
Kachru (2006). "É um conjunto heterogéneo de comércio, agro-processamento, fabrico e actividades de
serviços, que vão desde a tempo parcial empresários artesanais para plantas industriais de larga escala
operados por empresas multinacionais"
24
papel fundamental na redução da pobreza e no desenvolvimento rural, especialmente em
países baseados na agricultura (Baptista, 2009).
Em Moçambique, uma vez que as perdas pós-colheita no geral são elevadas na ordem de
30 a 40% ao nível dos pequenos produtores, contribuindo para os baixos rendimentos e da
insegurança alimentar e nutricional. Por tanto, a actividade de processamento de alimentos
representam um forte potencial de renda, emprego e na garantia da segurança alimentar e
nutricional (Baptista, 2009; MIC, 2006). Logo, as actividades de processamento podem
expandir as oportunidades de mercado, aumentando o tempo de prateleira, e ajudar aos
produtores, consumidores a superar as limitações da sazonalidade e perecibilidade dos
produtos (Mhozo et al., 2003).
2.3.1. Classificação do agro-processamento
O agro-processamento pode ser classificado em tradicional (caseiro) e industrial.
O agro-processamento tradicional ou caseiro é aquele realizado ao nível familiar e tem
como características, o uso intensivo da mão-de-obra familiar particularmente das
mulheres, reduzido uso de tecnologias de processamento e o desenvolvimento das suas
actividades está dependente da disponibilidade da matéria-prima ao nível do agregado
familiar. Enquanto, o industrial tem como característica a reduzida intensificação da mãode-obra, uso de tecnologias mais avançadas e maior quantidade e qualidade de produtos
processados (Baptista, 2009).
2.3.2. Constrangimentos no desenvolvimento do agro-processamento
Apesar de, o processamento desempenhe um papel crucial no desenvolvimento rural,
estudos revelam que uma série de factores, vem limitando a aptidão de operacionalização
da capacidade instalada, na disponibilização de produtos com parâmetros desejados pelos
consumidores e da sua eficiência económica (MAFF, 2015), afectando geralmente as
pequenas processadoras no meio rural.
A maioria dos pequenos processadores no meio rural estão desprovidos de meios de
transporte e coadjuvado a um sistema de transporte deficiente lhes obriga a transportar a
matéria-prima em suas cabeças ou de bicicleta tornando actividade mais lenta, cansativa e
ineficiente (Abass et al., 2011).
25
Dentre outros factores associados, as políticas estabelecidas pelo governo, o acesso
limitado ao crédito, a tecnologias de produção, processamento, armazenamento adequadas,
baixo acesso as informações, assistência, treinamentos, gestão são apontados como
principais constrangimentos (MAFF, 2015; Mhozo et al., 2003). Em pequenas
processadoras geridas por associados, o efeito da orientação social ou seja a falta de
motivação dentro dos membros contribui no fraco desempenho (Abass et al., 2011).
A baixa rentabilidade das processadoras de produtos vegetais, pode estar correlacionado a
diversos factores já referenciados, entretanto, as limitações mais importantes estão
associados; a baixa produtividade por área; a incapacidade para optimizar as suas
operações através de processamento de volumes adequados e consistentes à capacidade
instalada; a disponibilidade de água potável e a capacidade dos processadores de
promoverem os seus produtos através de boa estratégia de marketing (Abass et al., 2013;
Hoppe et al., 2009).
2.4.
Participação da mulher na cadeia de valor de mandioca
O papel do género5 na agricultura não deve ser subestimado, assim como a penetração da
estratificação no acesso e controlo dos recursos e na tomada de decisão (Martin et al.,
2008; Cunguara et al., 2013). No entanto, a sua participação não pode ser simplesmente
analisada em termos de números absolutos, também deve ser tomado em consideração os
parâmetros relacionados com a área de actividade e amplitude de participação
(Mediterranean Institute of Gender Studies, 2008).
A cadeia de mandioca reflecte diferentes papéis entre homens e mulheres. De acordo com
estudos realizados pela Collaborative Study of Cassava in África (COSCA) em seis países6
africanos, verificou que os homens estão maioritariamente envolvidos nas actividades de
limpeza, lavoura e plantação (Figura 4). Enquanto as mulheres são responsáveis pela
colheita, transporte e processamento da mandioca (Nweke & University Michigan State,
2005).
5
Referem-se às atitudes, características, papéis, deveres socialmente construído e culturalmente específico e
obrigações dos homens e das mulheres (Martin et al, 2008).
6
Congo, Costa de Marfim, Ghana, Nigéria, Tanzânia e Uganda.
26
Fonte: Nweke & University Michigan State (2005).
Figura 4: Participação dos homens e mulheres na produção e processamento de mandioca
Em Moçambique, pelo reconhecimento do papel fundamental que agricultura desempenha
para o desenvolvimento do país, foi concebida a Estratégia de Género no Sector Agrária
(EGSA), que preconiza a participação activa de mulheres e homens de forma efectiva e
baseado na igualdade de direitos e deveres, sendo, portanto fundamental para um
desenvolvimento sustentável (MINAG, 2005).
Ao nível da cadeia de valor de mandioca no país, também é notória a participação dos
homens e das mulheres, onde as mulheres dominam na produção, processamento e
comercialização a retalho. Enquanto os sectores mais lucrativos da cadeia, como na venda
a grosso, armazenistas e nas moagens são dominados por homens (Donovan et al., 2011).
Na região Sul comparativamente com as regiões Centro e Norte do país, as mulheres
desempenham um papel importante em toda cadeia, relacionado a este facto, o fenómeno
característico da região da emigração dos homens para o trabalho na vizinha África do Sul,
o que coloca as mulheres a inteira responsabilidade (Wandschneider & Barca, 2003).
A crescente utilização da mandioca na indústria gerou novas oportunidades de mercado
favoráveis para a mandioca e seus derivados. Todavia, com introdução de tecnologias de
processamento mecanizado (raladores, fritadeiras, moageiras), que antes absorviam maior
quantidade de mão-de-obra, redefine os papéis de género no processamento, o que tende a
aumentar a participação dos homens para operar e controlar as máquinas (Martin et al.,
2008; Nweke & University Michigan State, 2005).
27
Este aumento poderá afectar negativamente alguns benefícios do aumento de emprego e no
controlo de receitas por parte das mulheres. Logo, propõe-se que sejam tomadas medidas
para garantir que isso não acontece que passam necessariamente pelo aumento no acesso
ao crédito para as mulheres poderem adquirir as máquinas e o respectivo treinamento na
utilização das mesmas (Nweke & University Michigan State, 2005). Isso significa que as
necessidades das mulheres devem ser mantidas em mente, e que a introdução de uma
tecnologia não seja um factor que desencoraja o seu envolvimento.
Portanto, analisar a participação dos homens e das mulheres na cadeia de valor da
mandioca, permite a visualização das acções e inter-relações existentes e a influência que
cada um exerce e dos factores que promovem ou desencorajam a sua participação, com
vista identificar às necessidades de intervenção (Martin et al., 2008).
28
III.
METODOLOGIA
Neste capítulo serão indicados todos os procedimentos usados na recolha e tratamento de
dados.
3.1.
Descrição da área do estudo
O estudo foi realizado nas províncias de Gaza (Distrito de Mandlakaze) e Inhambane
(Distritos de Zavala, Inharrime, Jangamo, Morrumbene e Massinga).
3.1.1. Província de Gaza
A província de Gaza, está localizada na região sul de Moçambique, entre os paralelos
21º19' e 25º 23' de latitude Sul e 31º 30' e 35º 41' de longitude Este. Ocupa uma superfície
de 75.709 km², com uma extensão de 200 km de costa. Bastante conhecida pela grande
bacia hidrográfica do Limpopo uma das maiores da África Austral (GdG, 2006).
Limitada a Norte pelo Rio Save, que a separa da Província de Manica, a Sul com o Rio
Incomáti, que estabelece limite com a Província de Maputo, a Oeste com a Fronteira
convencional que separa Gaza das Repúblicas de Zimbabwe e da África do Sul e a Este
pelo Oceano Índico (Idem).
Administrativamente a província de Gaza é composta por 11 distritos 7, de acordo com
dados da projecção anual da população Urbana e Rural para 2016, a província é habitada
por 1.442.094 habitantes, que lhe confere uma densidade populacional de 19,1 hab/km2, e
54,3% da sua população é composta pelo sexo feminino (INE, 2010a).
O clima tropical seco é o mais dominante, que abrange toda região Centro e Norte da
província atingindo até características semi-áridas e a Sul apresenta um clima Tropical
húmido, e com duas estações do ano, uma fresca e seca (Abril a Setembro) e outra quente e
chuvosa (Outubro a Março), com temperatura média anual de 23,5 °C a 22,9°C, e uma
precipitação média anual de 128,6 a 718,9 mm, a humidade relativa do ar varia entre 64%
a 80,1% (GdG, 2006).
A agricultura, a pesca e o turismo constituem as principais actividades económicas, e com
ênfase a agricultura que é praticada por mais de 80% da população, que cultiva em média
7
Bilene, Chibuto, Chicualacuala, Chigubo, Chókwe, Guijá, Mabalane, Mandlakaze, Massangena, Massingir
e Xai-Xai.
29
2,5 hectares por agregado familiar. A produção das principais culturas alimentares nas
pequenas e médias explorações em 2014 foi estimada por cultura; milho 64.191; mandioca
180.657; arroz 7.188; Mapira 144; Mexoeira 3.226; Amendoim grande 218 e pequeno
6.945; Feijão Manteiga 599 e Feijão nhemba 4.955 toneladas respectivamente (MASA,
2015). Em termos da indústria, a província apresenta um índice baixo da industrialização,
existindo actualmente ao nível da província indústria de processamento de arroz, indústria
moageira e de descasque da castanha de cajú (GdG, 2006).
a) Para a província de Gaza o estudo abrangeu um distrito localizado a sul da
província. Na Tabela 3.2 e na Figura 5, está apresentada de forma detalhada a
caracterização do distrito onde o estudo foi realizado.
Tabela 3.2: Localização geográfica e caracterização da região abrangido pelo estudo na
província de Gaza.
Distrito
Localização
Situado a Sul da província de
Gaza. Ocupa uma superfície de
3.797 Km², Limita-se a Norte
pelo distrito de Panda (província
de Inhambane), a Sul pelo
Mandlakaze
distrito de Xai-Xai e Oceano
Indico, a Oeste com distrito de
Chibuto e a Este, pelo distrito de
Zavala e Inharrime ambos da
província de Inhambane
Coordenadas e
altitude
Possui
latitudes
24° 04' e 25° 00'
Sul e as longitudes
33° 56' e 34° 28'
Este.
Clima
População
O clima do distrito é
tropical
seco
no
interior e húmido na
zona
costeira.
A
temperatura
média
anual varia de 17º a
28º, com precipitação
anual entre 400 a 950
mm. A humidade
relativa ronda entre 60
a 65%.
Habitado
por 184.180
habitantes,
na razão de
uma
densidade
populacional
de
48,5
hab/km2
Fonte: INE (2010a); MAE (2005a), adaptado pelo autor (2016).
3.1.2. Província de Inhambane
A província de Inhambane localiza-se na região Sul de Moçambique, entre as latitudes 20°
57' Norte e 24° 51' Sul e as longitudes 35° 34' Este e 34° 41' Oeste. Ocupa uma superfície
de 68. 615 km2, com uma extensão de 700 km de costa. É limitada a Norte pelo Rio Save,
que a separa das províncias de Sofala e Manica, ao Sul e Oeste pela província de Gaza e
Este, pelo Oceano Índico (Muendane et al., 2011). Administrativamente é subdividida em
14 distritos8, e a sua população é estimada em 1.523.635 habitantes, com uma densidade
populacional de 22,2 hab/km2 e 55.1% da população é feminina (INE, 2010b).
8
Funhalouro, Govuro, Homoíne, Inharrime, Inhambane, Inhassoro, Jangamo, Mabote, Massinga, Maxixe,
Morrumbene, Panda, Vilanculos, Zavala.
30
O clima tropical seco e húmido é o mais predominante, sendo que o clima tropical seco
domina o interior e tropical húmido na faixa costeira, caracterizada por duas estações do
ano, seca e fresca, a temperatura média anual de 30 °C, e uma precipitação média anual de
939 mm, a humidade relativa do ar varia entre 67% a 76% (Muendane et al., 2011).
A agricultura constitui a principal actividade económica praticada ao nível da província,
onde, a produção (ton) das principais culturas alimentares nas pequenas e médias
explorações em 2014 foi estimada em por cultura: mandioca 416.252; milho 19.291;
feijão-nhemba 9.406; mexoeira, 1.678 e arroz sem casca 286 toneladas (MASA, 2015).
b) Ao nível dos cincos distritos da província de Inhambane abrangidos pelo estudo,
existe uma ligeira variação da temperatura média anual. A Tabela 3.3 e a Figura 5,
mostra de forma detalhada a localização e a caracterização dos distritos abrangidos
pelo estudo.
Tabela 3.3: Localização geográfica e caracterização das regiões abrangido pelo estudo na
província de Inhambane
Distrito
Zavala
Inharrime
Jangamo
Localização
Coordenadas e
altitude
Localizado no extremo Sul da
província de Inhambane, com
uma superfície de 2.011 Km2.
Limitado a Sul pelos distritos de
Funhalouro e Morrumbene, a
Oeste o distrito Funhalouro, a
Norte o distrito de Vilankulo, e
a Este o Oceano Índico.
Clima
População
Entre
as
coordenadas
24º 10’ 00’’ e
24º 45’ 00’’
Latitude Sul e
35º 41’ 10’’ e
35º 47’ 30’’ de
Longitude Este.
O clima da região é
tropical seco no interior
do distrito e húmido na
zona
costeira.
A
temperatura média anual
entre 18º e 33º C e uma
precipitação
média
anual de 1000 a 1500
mm
O
distrito
conta
com
uma
população
total
de
161.676
habitantes, na
razão de 80.4
hab/km2
Com uma superfície de 2.744
km², Situado a Sul da província
de Inhambane, é limitado ao
Norte pelo distrito de Panda,
Homoine e Jangamo, a Este,
pelo Oceano Índico, Oeste pelo
distrito de Panda e ao Sul com
os distritos de Zavala e
Mandlakaze
Possui latitudes
24° 44' 54''e
24° 12' 40'' Sul
e as longitudes
34° 48' 58'' e
35° 12' 08''
Este.
O clima tropical seco
domina o interior do
distrito, e húmido na
zona costeira, com duas
estacoes; quente ou
chuvosa e a fresca ou
seca. A temperatura
media anual ronda entre
18º a 33º C, com
precipitação anual de
1000 a 1200 mm
Possui
129.653
habitantes, o
que
lhe
confere uma
densidade
populacional
de
47.3
hab/km2
Possui uma superfície 1.288
Km2, localiza-se a Sudeste da
província de Inhambane, é
limitado a Norte pela cidade de
Inhambane e Maxixe; a Este,
pelo Oceano Índico, a Oeste,
pelo distrito de Homoine e a Sul
pelo distrito de Inharrime.
Possui latitudes
24° 2’ 20'' e
24° 30' 45'' Sul
e as longitudes
35° 16' 40'' e
35° 27' 0'' Este.
O clima da região é
tropical húmido, com
duas estacoes a seca e a
chuvosa. A precipitação
média anual entre 800 a
1400
mm
e
a
temperatura média é de
23,8º C.
É
habitada
por 111.774
habitantes,
com
uma
densidade
populacional
de
86.8
hab/km2
31
Distrito
Localização
Coordenadas e
altitude
Clima
População
Localiza-se na região litoral e
centro
da
província
de
Inhambane, com uma linha de
costa de 82,7 Km. Limitado ao
Norte pelo distrito de Massinga,
Morrumbene Sul pelo distrito de Maxixe, a
Oeste
com
distrito
de
Funhalouro e Homoine e a Este,
com Oceano Índico. Ocupa uma
superfície de 2.800 Km²,
Entre
as
coordenadas
35º 15’ 35'' e
35º 32' 53' '
Latitude Sul e
23º 54' 25'' e
23º 17' 20'' de
Longitude Este.
O clima tropical seco é
o mais dominante no
interior e húmido na
região costeira, com
duas estacoes: quente ou
chuvosa e a fria ou seca.
A temperatura media
anual ronda entre 18º a
30º C, com precipitação
média anual entre 650 a
1200 mm
A população
do distrito é
estimada em
150.133
habitantes, e
uma
densidade
populacional
de
53,6
hab/Km²
Está localizado na região central
da província de Inhambane,
Limitado a Sul pelos distritos de
Funhalouro e Morrumbene, a
Oeste o distrito Funhalouro, a
Norte o distrito de Vilankulo e a
Este o Oceano Índico. Ocupa
uma superfície de 7.458 Km2,
Entre
os
paralelos 22º
39' e 23º 31' de
latitude Sul e
dos meridianos
34º 54' e 35º
36'
de
longitude Este.
O clima do distrito é
tropical seco no interior
e húmido na zona
costeira, apresenta duas
estacoes do ano, uma
quente ou chuvosa e
afresca ou seca. A
temperatura media entre
18º a 30º C, e uma
precipitação
média
anual de 650 a 750 mm.
Tem
uma
população
estimada em
200.702
habitantes, na
razão de 26,9
hab/km2
Massinga
Fonte: INE (2010b); MAE, (2005b; 2005c; 2005d; 2005e; 2005f) Adaptado pelo autor (2016).
Fonte: PROSUL (2016).
Figura 5: Mapa de localização da área de estudo
32
A escolha dos seis (6) distritos deveu-se ao facto destes estarem contemplados pelo
Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos Corredores do Maputo e Limpopo
(PROSUL) para o Desenvolvimento da Cadeia de Valor da Mandioca (Componente 2 do
Projecto), no Anexo A1. Foram contemplados no PROSUL por concentrarem o maior
número de pequenas e médias explorações de mandioca ao nível dos distritos das
províncias do Sul de Moçambique, e com um considerável potencial para o
desenvolvimento de uma diversidade de novos mercados para produtos e derivados de
mandioca (IFAD, 2012).
3.2.
Materiais usados na recolha de dados
 Questionários (para avaliação das unidades e de facilitação de grupos focais);
 Gravador de som;
 Máquina fotográfica;
 GPS (Sistema de Posicionamento Global);
 Bloco de nota.
3.3.
Métodos de recolha de dados
Para alcançar os objectivos estabelecidos, foi realizada uma pesquisa exploratória e
descritiva, utilizando métodos qualitativos. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas9
(ver Apêndice 1). Conforme Gil (2008), o uso da pesquisa descritiva dentro da exploratória
permite estudar as características de um grupo com maior relevo a sua actividade prática e
levantar opiniões dos envolvidos. Possibilitando o seu conhecimento amplo e de forma
detalhada. Por meio de censo, o estudo alcançou 22 Unidades de Processamento da
Mandioca.
a) Métodos Qualitativos
Para Gil (2008: 11), o método qualitativo é uma técnica de recolha de dado em pesquisas
qualitativas, que não inclui nenhuma quantificação ou tratamento (entrevistas abertas,
semi-estruturadas). Mas sim, parte-se da observação de facto ou fenómeno cuja causa se
desejam conhecer. Portanto, em conformidade com Gil (2008), com vista a captar maior
9
Entrevista constituída geralmente por questões abertas onde o pesquisador tem a liberdade de desenvolver
outras questões no decorrer da entrevista que lhe permitam explorar amplamente uma questão (Marconi &
Lakatos, 2003: 197).
33
sensibilidade dos beneficiários, foram realizadas discussões com Grupos Focais (GF’s) de
mulheres e homens em 2 (duas) associações. Gil (2008), como em Freitas et al. (1998)
definem GF’s como uma entrevista em grupo, dentro da abordagem qualitativa,
envolvendo um número de participantes não inferior a 6 e nem superior a 12, com duração
de 1 a 3 horas. Onde os participantes se influenciam de forma espontânea para a
identificação e resolução de um problema (Moetsabi et al., 2004; Freitas et al., 1998).
Sendo que, cada grupo era composto por 10 elementos, envolvendo no total 20 membros
(60% mulheres e 40% homens). Os encontros tiveram a duração de 90 minutos, para este
efeito, foi utilizado o Guião para Grupos Focais detalho no Apêndice 2.
Para Moetsabi et al. (2004), o potencial desta técnica (GF’s) em recolher dados sobre
diferentes perspectivas e consensos entre os actores sobre um determinado tópico, aliado a
baixo custo na recolha de dados e à capacidade de engajar os beneficiários na elaboração
de propostas de soluções. Portanto torna-a atractiva quando se pretende analisar modelos
de intervenção e propostas de soluções com envolvimento dos beneficiários.
Foram ainda realizadas observações directas junto das unidades de processamento,
referentes as infra-estruturas de processamento, fonte de obtenção de água e do estado de
funcionamento e conservação dos equipamentos (maquinetas).
3.4.
Recolha de dados
A recolha de dados foi realizada em Março de 2016, consistiu no levantamento e
mapeamento das Unidades de Processamento de Mandioca nos seis (6) distritos. Em cada
unidade foram levantadas as Coordenadas Geográficas com auxílio do GPS (Sistema de
Posicionamento Global) e entrevistados os responsáveis das mesmas.
A recolha das informações ao nível dos grupos focais foi por meio de anotações durante os
debates e gravações áudios. Freitas et al. (1998) recomendam a utilização das duas técnicas
em simultâneo, visto que contribuem para a redução dos níveis de distorção dos factos,
originados pelas anotações, conforme referido por Marconi & Lakatos (2003).
Para a verificação económica foram seleccionadas (4) unidades de processamento. Os
critérios de selecção estabelecidos são (i) estar a realizar o processamento parcialmente ou
totalmente mecanizado; (ii) com o kit de maquinetas operacional nos últimos dois anos; e
34
(iii) ter uma base de dados referente as despesas ou no mínimo as informações sobre a área
(ha) de produção de mandioca e da quantidade de mandioca adquirida se for o caso.
A matéria-prima consumida (caso da inexistência) foi estimada com base na área (ha) de
produção, com rendimento médio sem insumos de 11,5 ton/ha (Bia et al., 2010), o preço de
compra da mandioca fresca 1,5 MT/kg. Factor de conversão 4:1 (4 ton de mandioca fresca
produz 1 ton de rale) (Abass et al., 2011). O custo de reparação e manutenção do
equipamento foi estimado em 2,5% do custo total do equipamento (Savva & Frenken,
2002). A vida útil das unidades de 25 anos (neste caso).
3.5.
Análise de Dados
Para a análise dos dados, recorreu-se a estatística descritiva, e valores percentuais para
avaliar os dados concernentes aos objectivos específicos (primeiro, segundo e quarto). No
final das discussões foram feitas harmonizações das constatações de cada GF’s.
Durante estes grupos foram analisadas: (i) a capacidade instalada para gestão da unidade
de processamento, (ii) motivações para escolha dos canais de comercialização; (iii) o nível
de participação das mulheres nas operações de processamento; (iv) o grau de envolvimento
dos beneficiários em solucionar os seus problemas; (v) estratégias para melhorar o
desempenho.
Para a análise das informações recolhidas durante os temas de discussão com os GF’s,
consistiu na análise etnográfica e de conteúdo proposta por Freitas et al. (1998). A análise
etnográfica focaliza-se nas citações directas dos grupos durante a discussão. Por seu turno,
a análise de conteúdo consiste na descrição numérica dos dados. Para todo o efeito, usou-se
o Microsoft Excel 2010.
Em conformidade com os indicadores económicos definidos por Abass et al. (2011);
Hoppe et al. (2009); Park (2004) e Savva. & Frenken (2002) nomeadamente: Margem
Líquida (ML), Valor Presente Líquido (VPL), Benefício / Custo (B / C), Taxa Interna de
Retorno (TIR), Período de Retorno ou payback, e Nível de aproveitamento da capacidade
instalada (NPCI) efectuou-se a análise da viabilidade dos empreendimentos. Conforme
detalhados a seguir;
35
i)
Receita de Produção
É a soma de todos os valores esperados ou efectivamente recebidos, pela venda de bens ou
serviços, a um determinado preço. A receita de produção inclui o valor dos produtos
retirados para fins não comerciais (consumo), e assume o valor que teria sido obtido se o
produto fosse vendido (Savva & Frenken, 2002). Para o presente estudo, a Receita de
produção foi obtida utilizando a fórmula (1).
Receita da Pr odução  Preço de Venda por Unidade  Quantidade Vendida
ii)
(1)
Margem Líquida
Indica a representatividade do lucro disponível ou obtido em relação às vendas líquidas,
isto é, vendas depois da dedução dos impostos e outras despesas administrativas (Hoppe et
al., 2009), e é dada pela equação (2).
 Lucro Liquido 
Margem Liquida  
  100
Vendas


(2)
Onde;
Lucro líquido corresponde resultado líquido apurado após pagamento de impostos e
despesas financeiras. Vendas referem-se às vendas da empresa, líquidas de impostos
incidentes sobre vendas, e devoluções.
iii)
Valor Presente Líquido (VPL)
É o valor presente do fluxo de lucro líquido, permite avaliar os fluxos monetários a curto,
médio e longo prazo diante da melhor oportunidade de investimento (Hoppe et al., 2009),
obtida pela equação (3) descrita abaixo;
n
VPL  I0  
i=0
(Cf )
(1  j )n
(3)
Onde;
VPL = Soma algébrica de todos os valores líquidos descontados para o momento presente;
-I0 = Fluxos de saída inicial ou investimento inicial;
Cf = Fluxos de caixa líquidos do investimento;
36
j = Taxa de desconto (juro) considerado para actualizar o fluxo de caixa. Para o presente
estudo, foi usada a taxa de juros de 19,5% (Taxa de juro média dos Bancos Comerciais).
n = Número de períodos ou horizonte do investimento.
Interpretação: VPL> 0 (zero), o projecto é aceito; VPL = 0 (zero) é indiferente aceitar ou
não; VPL <0 (zero), o projecto é rejeitado.
iv)
Relação Benefício/Custo
A razão B / C é a relação entre o valor presente do fluxo de benefícios e o valor presente da
corrente de custo é um indicador que ilustra quanto o benefício excede o custo (Savva. &
Frenken, 2002). Para o cálculo da relação benefício-custo (B/C) será usada à equação (4),
proposta por Park (2004), conforme descrito abaixo:
N
B/C 
 b .1  i 
n
 c .1  i 
n
n
i 1
N
(4)
n
i 1
Onde:
O benefício no ano n é representado por bn; i é a taxa de desconto; cn representa o custo
total no ano n; e N é o número total de anos em análise (vida útil do empreendimento). O
critério de decisão é, portanto, relação B / C≥ 1, significa que o investimento seria rentável
e B / C <1, não seria viável.
v)
Taxa Interna de Retorno (TIR)
A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que torna o VPL igual ao valor inicial do
investimento, isto é, a taxa de juros que iguala o VPL a zero. Tem como objectivo medir a
rentabilidade do investimento por unidade de tempo (Hoppe et al., 2009). Para o cálculo do
TIR, duas taxas de desconto devem ser identificadas, uma que dá o VPL positivo e outra
VPL negativo, aplicando a equação (5).
TIR = i min +
(i max - i min )× VPL(i
min )
(VPLimin - VPLimax )
(5)
Onde; TIR = Taxa Interna de Retorno; imax = taxa de desconto superior; imin = taxa de
desconto inferior e VPL= Valor Presente Líquido.
37
vi)
Período de Retorno ou Payback
O período de retorno é o tempo necessário para um investimento gerar benefícios, e cobrir
os custos incorridos no início do mesmo (Savva & Frenken, 2002). O período de retorno
pode ser simples (quando calculado sobre os benefícios e fluxos de custos não
descontados) ou descontado (quando obtido usando custos e benefícios descontados), isto
é, considerando o valor do dinheiro no tempo (Hoppe et al., 2009), e é neste último que vai
se basear o presente estudo. O período de retorno foi obtido utilizando a equação (6).
n
PR  
i=0
vii)
(Cf )
 I0
(1  j )n
(6)
Nível de aproveitamento da capacidade instalada (NPCI);
O valor em percentagem, que representa quanto uma unidade produtiva está sendo
utilizando a sua capacidade instalada. Foi obtido utilizando a equação (7);
NPCI (%) =
CO
100
CI
(7)
Onde: CO representa o volume efectivamente explorado pela unidade ou indústria; CI
representa a capacidade instalada ou volume máximo de produto que as máquinas e
equipamentos instalados podem produzir.
3.6. Limitações do estudo
A fraca sistematização das informações relativas aos custos e receitas por parte dos
responsáveis das unidades de processamento limitou a identificação de todos componentes
de custos. Tais como a quantidade da mandioca processada e custos incorridos, o que
possibilitaria uma análise mais consistente do seu desempenho económico.
Em muitas unidades de processamento visitadas principalmente as pertencentes as
associações, ainda que tenham sido antecipados da visita, não foi possível organizar grupos
de discussão, porque o número de membros encontrados não satisfazia para o efeito, o que
teria proporcionado maior análise da sensibilidade dos beneficiários e das estratégias por
eles adoptado para melhorar o desempenho das actividades de processamento da mandioca.
38
IV.
4.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização das Unidades de Processamento de Mandioca
Os resultados da Figura 6 (ver o Apêndice 3 e 4) abaixo, revelam que o distrito de
Mandlakaze possui menor número (1) de UPs (unidades de processamento) e o distrito de
Inharrime com maior número (6). Enquanto os distritos de Zavala, Jangamo e Massinga
com 4 unidades respectivamente, Por seu turno Morrumbene com 3 unidades de
Número de unidades
processamento.
7
6
5
4
3
2
1
0
6
4
4
4
3
1
Mandlakaze
Zavala
Inharrime
Gaza
Jangamo Morrumbene Massinga
Inhambane
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016.
Figura 6: Distribuição Geográfica das Unidades de Processamento de Mandioca
Nota se na Figura 6, que ao nível dos seis (6) distritos abrangidos pelo estudo nas duas
províncias, o distrito de Mandlakaze a presentou menor número de UPs. Estando associado
ao facto de que dos 14.913 produtores de mandioca existentes no distrito (GDM, 2012),
apenas 33 (0,22%) dos produtores (associados), que para além da produção destinada ao
consumo a nível do agregado familiar, uma parte desta é orientada para o processamento
comercial. Enquanto dos distritos localizados na província de Inhambane, a mandioca é
tida como enfoque para potenciar o agro-processamento ao nível dos pequenos produtores
(Muendane et al., 2011).
4.1.1. Fontes de Financiamento para Obtenção das Unidades de Processamento
Das unidades de processamento que usam maquinetas para o processamento da mandioca,
cerca de 54,6% receberam doação, dos quais 33,3% de ONG´s e 66,7% do Governo via
Ministério da Agricultura (actual Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar), no
39
âmbito do programa de estabelecimento de pequenas unidades de processamento. O Fundo
de Desenvolvimento Distrital (FDD) contribuiu para o estabelecimento de uma (1) unidade
de processamento, que representam 4,5% de todas as unidades analisadas. Outras 18,2%
foram instaladas na base do capital próprio/sócio. A Tabela 4.4. sumariza as fontes de
financiamento utilizadas para obtenção das maquinetas de processamento da mandioca.
Tabela 4.4. Fonte de Financiamento para Aquisição das Maquinetas de Processamento da
Mandioca
Nᵒ de Unidades de
Processamento
Percentagem
Crédito
1
4,5%
Doação
12
54,6%
Próprio Capital/Sócios
4
18,2%
Sem financiamento
5
22,7%
Total
22
100%
Tipo de Financiamento
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016
A Tabela 4.4, mostra que para o seu financiamento 54,6% receberam doação das
maquinetas de processamento. Dados obtidos juntos dos responsáveis e nos GF’s, indicam
que devido o alto custo das maquinetas muitas UPs não conseguem adquirir sem recorrer
ao crédito ou doação.
4.1.2. Infra-estruturas de processamento
Os resultados do estudo revelam que 50% das unidades de processamento não possuem
infra-estruturas para a realização das suas actividades. Apenas 31,8% possuem infraestruturas de alvenaria e os restantes 18,2% são feitos de material local, como pode se
observar na Tabela 4.4. Ausência de infra-estruturas de processamento, esta situação
coloca as UPs dependentes das condições climáticas, por outro lado, afecta negativamente
a qualidade do produto final.
40
Tabela 4.5: Características básicas das infra-estruturas de processamento
Nᵒ de Unidades de processamento
Percentagem
Alvenaria
7
31,8%
Material Local
4
18,2%
Sem Infra-estrutura
11
50%
Total
22
100%
Tipo de infra-estrutura
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016.
Das 11 unidades que possuem infra-estruturas de processamento, com excepção das
unidades de prestação de serviços, cerca de 44,4% não realizam todas actividades dentro
da mesma, sendo que a torrefacção de rale é realizada fora de infra-estrutura por estas não
terem sido concebidas para esta operação.
Outrossim, a forma como as infra-estruturas foram construídas permite a entrada do fumo
em maiores quantidades dentro da instalação, criando condições desfavoráveis para o
funcionamento do operador, o que provavelmente poderá ter condicionado o seu abandono.
Os membros das UPs que funcionam sem infra-estruturas adequadas referiram que a
inexistência da mesma limita a execução das suas actividades sobretudo na época chuvosa,
facto que reduz os níveis de produção, esses dados corroboram com o estudo de Mhazo et
al. (2002) no Zimbabwe, onde constatou que a falta de infra-estruturas limita o exercício
da actividade de agro-processamento ao nível dos pequenos agricultores.
4.1.3. Gestão das Unidades de Processamento
4.1.3.1.
Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento
Cerca de 59% das unidades de processamento estão organizados em associações e 41% são
unidades de processamento singular, destas, 78% exercem actividade processamento e
22% de prestação de serviço (ralar mandioca) (vide Figura 7). De referir que, duas
associações10 estão em via de se transformarem em cooperativas com o apoio de ONG´s11.
Quanto a legalização das unidades de processamento, cerca de 69% das associações estão
legalizadas e 31% em via de legalização. Enquanto, nas unidades singulares apenas 11%
10
11
Associação 4 de Outubro (Inharrime) e Associação Agro-pecuária de Licaca (Jangamo).
Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) e Grupo de Resgate Voluntário (GRV).
41
está legalizada. A falta da legalização das unidades limita o seu apoio principalmente pelas
ONGs, e destas acederem ao crédito.
70%
59%
60%
50%
41%
40%
Singular
Associação
30%
Cooperativa
20%
10%
0%
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016.
Figura 7: Tipo de Organizações que gerem as Unidades de Processamento
O associativismo tem sido visto como uma das alternativas que os indivíduos adoptam de
modo a darem face a problemas que de forma individual seriam de difícil solução, sendo a
forma de organização evidente dos processadores de mandioca (Cunguara et al., 2013).
a) Composição das organizações que gerem as unidades de processamento
As associações são compostas em média por 23 membros, destes 65,8% são mulheres e os
restantes 34,2% homens. Geralmente não empregam a mão-de-obra sazonal. Constatações
similares obtidas por Martin et al. (2008) na Nigéria, onde 79% da composição dos grupos
de processadores eram mulheres. Resultados idênticos foram ainda confirmados na
Tanzânia por Abass et al. (2011), ao nível dos grupos pilotos de processadores de
mandioca eram participadas maioritariamente (57%) por mulheres.
Enquanto as unidades de processamento singulares são compostas pelos membros do
agregado familiar, no entanto, empregam em média 2 trabalhadores permanentes e em
período de processamento elevado chegam a contratar até 6 sazonais na maioria mulheres.
4.1.3.2.
Participação da mulher na Gestão das Unidades de Processamento
Quanto ao perfil do género na estrutura de gestão, constatou-se que, as mulheres possuem
maior representatividade com 60%, e na sua maioria ocupam cargos de secretárias,
tesoureiras e vogais, os restantes 40% representam os homens que ocupam a posição de
presidente, e como chefes de produção (Figura 8). De realçar que das associações visitadas
42
apenas duas são presididas por mulheres. Para Mediterranean Institute of Gender Studies
(2008) a participação das mulheres em cargos ou nos órgãos de tomada de decisão, pode
ajudar a destacar a importância da contribuição das mulheres e assim aumentar a sua
participação nas organizações que são dirigidas por elas.
100%
15%
43%
80%
78%
60%
40%
67%
Mulheres
100%
85%
57%
20%
Homens
33%
22%
0%
Presidente
Secretário
Tesoureiro
Vogal
Chefe de
produção
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo 2016
Figura 8: Participação das mulheres na Gestão das Unidades de Processamento
Nas unidades de processamento baseadas em associações há uma estrutura de gestão
definida, ao passo que nas unidades singulares não existe. Portanto, a inexistência de
estrutura de gestão induz a uma fraca gestão dos fundos. A semelhança do estudo de
Martin et al. (2008) na Nigéria constatou que nas unidades de gestão familiar há pouca
diferenciação de tarefas e responsabilidades que em unidades baseadas em associações.
No geral, as Unidades de Processamento da Mandioca analisadas não apresentam um plano
eficaz de registo referente ao desempenho das suas actividades. Portanto, não sendo
suficiente para auxiliar a tomada de decisões sobre a gestão do empreendimento. Conforme
Santos et al. (2009) no Brasil, ao avaliar as casas de farinha de mandioca constatou que os
proprietários não tinham noções básicas de gestão nem um instrumento de verificação do
desempenho do seu negócio.
Uma gestão eficiente e eficaz passa necessariamente pela organização, planificação,
direcção e controlo (Idem), o que ao nível das UPs analisadas são aspectos quase
inexistentes na maioria dos casos.
43
4.1.3.3.
Gestão Financeira
A maioria (61%) das associações faz depósitos dos seus fundos em contas bancárias dos
seus membros, por não possuírem conta conjunta (da associação) e as restantes associações
(39%) fazem depósitos na conta da associação. Enquanto todos (41%) os gestores das
unidades não associadas tem conta bancária.
Nas associações, os benefícios líquidos advindos da venda dos produtos processados ou de
outras fontes de receita são distribuídos por igual entre os membros. Na maioria delas sem
nenhum critério, sendo que, todos os membros recebem a mesma porção do lucro obtido
pelo grupo, independentemente da sua contribuição no grupo. Existem entretanto algumas
associações que têm em consideração o número de dias que o membro esteve presente nas
actividades do grupo.
4.1.4. Actividade de Processamento da Mandioca
4.1.4.1.
Tipos de processamento da mandioca
Nas unidades de processamento, observou-se que 59,1% realiza processamento
parcialmente mecanizado, 36,4% ainda realizam o processamento artesanal e 4,5%
processamento mecanizado. A figura abaixo, detalha os diferentes tipos de processamento
praticados ao nível das UPs. A existência de um número reduzido de unidades de
processamento que processam mecanicamente pode estar relacionada com o nível de
produção de mandioca, de gestão que esta demanda e da electricidade, para além do alto
custo para sua aquisição.
70,0%
59,1%
60,0%
50,0%
40,0%
Artesanal
36,4%
Parcialmente
mecanizado
Completamente
mecanizado
30,0%
20,0%
10,0%
4,5%
0,0%
Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016
Figura 9: Tipos de processamentos de mandioca
44
a) Capacidade instaladas de processamento da mandioca
A capacidade de processamento instalada varia entre 0,5 ton/dia (artesanal) a 2 ton/dia
(parcialmente mecanizado) de mandioca fresca, ou seja, 125 à 500 kg/dia de rale, enquanto
a unidade com processamento mecanizado é de 8 ton/dia de mandioca fresca. Estas
quantidades diminuem drasticamente nos períodos de escassez da matéria-prima
(Novembro a Abril) onde chegam a processar 0,2 à 0,35 ton/dia e 1 ton de mandioca fresca
respectivamente.
A actividade de processamento da mandioca é realizada de forma descontínua, onde, o
período sem processamento compreende os meses de Dezembro a Maio. Segundo os
entrevistados a paralisação das actividades está inteiramente ligada a falta de matériaprima, enquanto, de Junho a Setembro são os meses em que actividade de processamento é
mais intensa. Por seu turno, os meses de Abril, Maio e Outubro, Novembro são meses de
baixo processamento.
4.1.4.2.
Equipamento de processamento da mandioca
A maioria (64,7%) das unidades de processamento utiliza maquinetas do modelo IITA,
cujo kit é composto por: Ralador (motor a gasolina), Prensa de parafuso duplo, Shipper
(manual), Classificador de farinha e rale (motor a gasolina), 5,9% do modelo MIDIAM,
em que o kit é constituído por Triturador, Prensa Hidráulica, Triturador de massa prensada,
Torrador, Uniformizador e Classificador todas funcionando à base da energia eléctrica.
Enquanto 29,4% utilizam maquinetas que o modelo não foi possível identificar, por seu
turno 22,7 não possui maquinetas (processamento artesanal) (vide Figura 10).
70,0%
64,7%
60,0%
50,0%
40,0%
29,4%
30,0%
22,7%
20,0%
5,9%
10,0%
0,0%
IITA
MEDIAM
Outros*
Não tem Maquinetas
Modelo de Maquinetas
* Modelo não identificado.
Figura 10: Modelos de Maquinetas de Processamento da Mandioca
45
No entanto, o uso de ralador a motor proporciona o aumento da área de cultivo da
mandioca. Nweke & University Michigan State (2005) em produtores de gari de Nigéria e
Ghana que tiveram acesso ao ralador a motor mencionaram terem aumentado as áreas.
Como afirma Nweke et al. (1991) citado por Dunstan Spencer and associates Sierra Leone
(2005) o aumento de área de produção e altos rendimentos da mandioca alcançados pela
adopção de variedades melhoradas não teriam uma vantagem na redução de custo usando
tecnologias de processamento manual. E fica evidente no depoimento de uma Mulher,
membro da Associação Josina Machel 16.03.2016.
“Antigamente era muito difícil aumentar a machamba por que não
conseguíamos processar toda mandioca produzida e apodrecia, quando
recebemos maquinetas, tornou fácil e já temos a área maior de cultivo de
mandioca”, comentários similares foram feitos por Mulheres, membros da
Associação de Agricultores de Rovene 24.03.2014.
Quanto ao estado de funcionamento e conservação do equipamento, a pesquisa constatou
que, das 17 (77,3%) UPs que possuem maquinetas, destas 52,9% tem todo o equipamento
operacional, 35,3% registam avaria do motor do ralador. No entanto, em alguns casos as
avarias são ligeiras (desgaste da grade do ralador), e os responsáveis referiram que os
acessórios não estão disponíveis no mercado local.
Enquanto 11,8% das unidades com maquinetas avariadas, mencionaram ter recebido o kit
com regulações desajustadas e peças incompletas, deficiências estas que nunca chegaram a
ser ajustadas. Das unidades que apresentaram maquinetas avariadas 41,2% funcionam sem
infra-estruturas de processamento.
Além dos problemas relacionados ao alto custo das máquinas. EC-FAO (2007) constatou
que a falta de prestadores de serviços de manutenção, dificulta a adopção da nova
tecnologia de processamento e como resultados, a maioria dos processadores ainda usa
equipamento rudimentar.
4.1.4.3.
Fonte de Água utilizada no processamento da mandioca.
O estudo apurou que 54,5% das unidades de processamento utiliza água de furos existentes
na comunidade, outros 22,7% têm o furo dentro da unidade, enquanto 13,6% aproveita a
água de pequenos poços artesanais localizados próximo da unidade, os quais não garantem
o fornecimento por todo ano. Apenas 9,1% têm água canalizada (vide Tabela 4.6). De
46
acordo com Abass et al. (2011) a distância da fonte de água e a falta de água de qualidade
e em quantidade para o processamento afecta nas quantidades processadas, bem como na
qualidade do produto final. Portanto, o que diminui a sua preferência pelos consumidores,
contudo reduzindo os volumes de venda e nas quantidades produzidas comprometendo
deste maneira a rentabilidade das processadoras.
Tabela 4.6: Fonte de abastecimento de água às unidades de processamento
Fonte de água
Nᵒ de Unidades de
processamento
Percentagem
Poço artesanal
3
13,6%
Furo comunitário
12
54,5%
Furo Próprio
5
22,7%
Canalizada*
2
9,1%
Total
22
100%
*Unidades de prestação de serviços (raladores de mandioca).
Fonte: Dados de Pesquisa de Campo, 2016
4.1.4.4.
Fonte de energia usada no processamento da mandioca
Os resultados do estudo indicam que 54,5% usa lenha e gasolina, esta última usada para
accionar ralador e classificador, 27,3% usa apenas a lenha (processamento artesanal).
Enquanto 4,5% utilizam painéis solares, encontrando-se ainda na fase experimental, 13,6%
das unidades de processamento utiliza energia eléctrica (ver Figura 11).
O fraco uso da electricidade no processamento pode estar relacionado a capacidade
produtiva das processadoras, localização e o tipo de equipamento/maquineta utilizado. Para
Mhazo et al. (2002) o baixo acesso a rede eléctrica reflecte se na utilização de outras fontes
alternativas de energia.
47
54,5%
60,0%
50,0%
40,0%
27,3%
30,0%
13,6%
20,0%
4,5%
10,0%
0,0%
Energia eléctrica
Painéis solares
Lenha
Lenha e gasolina
Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016
Figura 11: Fontes de energia para o processamento de mandioca
As unidades de processamento (81,8%) que não tem acesso a energia eléctrica da rede
nacional, 61% estão a cerca de 2 a 7 km da rede eléctrica, enquanto 39% não existe rede de
distribuição eléctrica. Essa situação limita a adopção das maquinetas eléctricas, que são as
mais disponíveis no mercado nacional.
Segundo Cunguara et al. (2013) a fraca expansão da rede de electrificação pública em
Moçambique, constitui o maior obstáculo do desenvolvimento do agro-processamento,
com base nos resultados do estudo é notório que um número considerável de unidades não
tem o acesso a corrente eléctrica da rede nacional.
4.1.4.5.
Fonte da matéria-prima
Das unidades analisadas, 59% processam a mandioca proveniente das suas machambas e
23% para além da mandioca proveniente das suas machambas tem comprado com outros
produtores. Enquanto 9% depende completamente dos fornecedores, Tabela 4.7.
Tabela 4.7: Principais fontes da matéria-prima
Nᵒ de Unidades de
processamento
Percentagem
Produção Interna
13
59%
Produtores Locais
2
9%
Ambas
5
23%
Unidades de Prestação de Serviços
2
9%
Total
22
100%
Fonte da Matéria-prima
48
Das (32%) unidades de processamento que compra a matéria-prima nenhuma afirmou ter
um contrato de fornecimento da mandioca com os produtores locais. A mandioca fresca é
comercializada a 1,50 MT/kg, todavia os produtores não estão satisfeitos com o preço.
Como se pode perceber no depoimento do Membro da Associação Josina Machel.
16.03.2016.
“ […] as vezes combinamos um preço por quilograma, mas depois de
teremos pesado a mandioca o produtor reclama dizendo que a mandioca é
muita e o dinheiro é pouco”.
a) Sistema de produção da mandioca
As (18) unidades que produzem a mandioca (Tabela 4.7) cultivam maioritariamente
variedades locais (Muvanguela, Guilande, Sizancara). Consociada com feijão nhemba,
amendoim e milho, numa área que varia entre 2 à 10 ha. As variedades melhoradas têm
sido de difícil acesso, sendo produzido apenas uma variedade (Chinhembwe) em áreas de
0.25 a 2,5 ha para multiplicação do material de plantio, com assistência técnica dos
Provedores Líderes de Serviços (PLS’s) do SDAE’s e SNV/Malhalhe.
A preparação do solo é comummente realizada com tracção animal (64%), enquanto,
18%% ainda prepara o solo com recurso a enxada. No geral não usam pesticidas e
fertilizantes químicos, ainda que, de forma não integrada aplicam fertilizantes orgânicos
(resíduos do processamento), sendo esta a forma de reaproveitamento dos resíduos, para
além de alimentação do gado (suíno).
No entanto, com a intervenção dos Provedores Lideres de Serviços, os processadores tem
aprendido varias técnicas de produção da mandioca, conforme explica o Membro da
Associação Josina Machel. 16.03.2016, no depoimento a seguir.
“ [...] na mandioca não sabíamos que se põe o adubo, nem remédio para
matar insectos, aprendemos com os PLS’s. E em 2015 colhemos muita
mandioca e grande”.
49
4.1.4.6.
Principais
derivados
da
mandioca
produzidos
nas
Unidades
de
Processamento.
As unidades que realizam o processamento artesanal têm como derivado da mandioca o
rale. Enquanto, as unidades com processamento mecanizado, embora em pequenas
quantidades e menor número, para além do rale produzem chips e farinha de mandioca,
biscoitos, bolos e fazem conserva de matapa (folhas de mandioca), conforme ilustra a
Figura 12.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
91%
27%
23%
9%
Rale
Chips
Farinha
Amido
Bolos e
Biscoitos
5%
Ração
Conserva de
Matapa
Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016
Figura 12: Principais derivados da mandioca produzidos ao nível das unidades de
processamento
Como pode se observar na Figura 12, o rale (91%) constitui senão o principal derivado da
mandioca produzido ao nível da região em estudo. A sua produção compreende seis
principais etapas. Da recepção da mandioca fresca até ao produto final (rale), conforme
descrito no diagrama da Figura 13.
a)
Principais Etapas de Produção de Rale
(i) Descasque; consiste na remoção da casca; (ii) Lavagem; a mandioca é lavada e retirada
as impurezas e aderentes para evitar a contaminação nas etapas subsequentes. (iii)
Ralagem; a mandioca lavada e limpa é submetida ao ralador ou triturador onde é
esmiuçada até formar uma massa. (iv) Prensagem; a massa de mandioca é colocada dentro
de saco (de ráfia) e prensada com vista a diminuir o excesso de água na massa. (v)
Fermentação; a massa de mandioca prensada é deixada 2 a 4 dia para fermentar. Ainda que
seja uma operação facultativa, no entanto ao nível das unidades alcançada é tida como
50
obrigatória. Por que os consumidores preferem o rale que massa de mandioca tenha sido
fermentada.
Por último (vi) a Torragem, onde a massa fermentada depois de desagregada é submetida a
torrefacção por um determinado tempo e se obtém o rale. Ainda que em algumas unidades,
após a torragem, o rale é submetido a classificação (fino e grosso) e posterior
empacotamento.
Diagrama das principais etapas de produção de rale
Fonte: Autor (2016).
Figura 13: Principais etapas do processamento da mandioca em rale
Dentre as diferentes etapas de produção de rale conforme representadas no diagrama da
Figura 13, as etapas de descasque, prensagem e torragem ao nível das unidades analisadas
representam as etapas que diminuem de forma significativa a capacidade de produção da
unidade. Visto que, o descasque da mandioca é realizada manualmente o que torna
actividade onerosa.
Enquanto na prensagem, os processadores prensam a massa da mandioca e deixam a
fermentar por 3 dias, o que diminui a quantidade de massa prensada por dia, decorrente da
quantidade de prensas existentes (em média cada unidade têm duas prensa com capacidade
de 350 kg/lote). Por sua vez, a torragem tem sido realizada em torradores adaptados de
menor capacidade de produção, esses factos afectam na quantidade de rale produzido por
dia e consequentemente no desempenho económico das unidades de processamento.
51
4.1.5. Distribuição das actividades por sexo
O nível de participação dos homens e mulheres nas diferentes etapas de processamento é
diferenciado. Os homens têm maior participação (57%) na ralagem (ralador a motor), as
mulheres se evidenciam nas etapas de lavagem (57%) e na torragem de rale (86%), que é
geralmente realizadas manualmente. Enquanto as etapas de descasque e a prensagem são
realizadas por ambos sexos, (ver Figura 14).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
14%
57%
57%
Homens
86%
100%
86%
Mulheres
Homens e
Mulheres
29%
43%
14%
Descasque
Lavagem
Ralagem
14%
Prensagem
Torragem
Figura 14: Distribuição das actividades por sexo
Resultados semelhantes foram obtidos por Martin et al. (2008), Nweke & University
Michigan State (2005) e Dunstan Spencer and associates Sierra Leone (2005) em que o
envolvimento dos homens no processamento de mandioca tende a aumentar sobretudo nas
operações de ralagem e moagem onde as máquinas são amplamente utilizadas.
Enquanto no Ghana, Addy et al. (2004) verificou que, a etapa de descasque é
exclusivamente tarefa das mulheres, contrariamente dos resultados obtidos no estudo, onde
no geral afirma ser executada por ambos os sexos.
Durante os temas de discussão constatou-se a existência de situações que podem de certo
modo desencorajar a participação das mulheres como operadores das maquinetas,
conforme o depoimento do membro da Associação Josina Machel, 16.03.2016.
“As mulheres têm muito medo de operar o ralador, tínhamos iniciado o
treinamento das mais espertas, mas desde que um jovem que também
participava no treinamento foi amputado quatro dedos da mão direita dai
passaram a ter medo e paramos com o treinamento”.
52
“…no tempo que as máquinas trabalhavam os homens é que usavam, por
que são muito rápidos que nós” Mulher, membro da Associação de
Agricultores de Rovene 24.03.2016.
4.1.6. Comercialização
A forma mais dominante de vende do rale é em latas com capacidade entre 20 a 25 litros,
de acordo com os entrevistados, optam nesta forma de venda por não possuírem própria
embalagem, enquanto apenas duas unidades utilizam embalagem de 1kg. Para EC-FAO
(2007) e Mhozo et al. (2003) a falta de embalagem adequada para os produtos acabados
restringe o acesso ao mercado para os produtores com maior foco ao mercado. Esse facto
de certo modo para as unidades de processamento sem embalagem além da limitação ao
mercado diminui as possibilidades do reconhecimento (mérito) do seu produto e seria uma
das formas mais promissoras de divulgação do produto ao consumidor, o que poderia
aumentar os volumes de venda e consequentemente rentabilizar a actividade.
A venda de rale é realizada por todo ano, por ser pouco perecível. A Figura abaixo mostra
que 86% do rale e de outros derivados da mandioca são vendido ao nível das unidades de
processamento, 9 % no mercado local e 5% em feiras e exposições.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
86%
9%
A nivel da unidade
Mercado Local
5%
Feiras e Exposições
Fonte: Dados de pesquisa de campo, 2016
Figura 15: Local de comercialização dos derivados da mandioca
Os principais compradores de rale são os retalhistas, enquanto para biscoitos, bolos e
outros derivados são os consumidores locais. No entanto, nenhuma afirmou ter um posto
de venda no mercado local ou um contracto de fornecimento de produtos acabados aos
seus clientes.
53
Quanto a divulgação dos produtos aos seus clientes, 45,5% promovem os seus produtos
nas feiras de negócio e em exposições no distrito, algumas até ao nível provincial e na
Feira Agro-Pecuária, Comercial e Industrial de Moçambique (FACIM) e as restantes
54,5% não promovem o seu produto. No geral não existe um mecanismo regular (uso de
mídias) para publicitar os seus produtos, ainda que em alguns casos, a divulgação da
existência dos mesmos tem sido feita de pessoa para pessoa.
a)
Preço do Rale
O preço de venda do rale em lata varia de acordo com o período do processamento, isto é,
em períodos de maior oferta (Junho a Agosto) a lata chega a custar 90,00 MT e em
períodos de escassez (Novembro a Abril), a mesma quantidade é adquirida a um valor de
150,00 a 200,00 MT.
No entanto, comparando as duas formas de venda de rale, constatou-se que, em uma lata
com capacidade de 20 litros cheia de rale chega a pesar entre 12 a 13 kg, e no momento da
realização do estudo era comercializada por 175,00 MT (preço médio), na razão de 15
MT/kg, que representa duas vezes mais barato comparativamente a 30 MT/kg de rale
embalado. Portanto, esta diferença de preço, tem influenciado de certo modo, na maior
preferência do consumidor pelo rale em lata, sobretudo na actual tendência do custo de
vida no país.
4.1.7. Estado actual de funcionamento das unidades de processamento
Quanto ao estado de operacionalização das unidades de processamento, ainda que o
trabalho de campo tenha sido realizado no período de Março, em que a actividade de
processamento é quase inexistente, 73% dos responsáveis das unidades afirmaram estar a
desenvolver as suas actividades. Embora maior parte destes referiram ter problemas de
avarias das maquinetas e tabuleiros para a torrefacção de rale, o que de certo modo torna as
suas actividades menos produtivas.
E cerca de 27% paralisaram as suas actividades (unidade inoperacional), como mostra a
Tabela 4.8 (vide Apêndice 4). Durante os encontros com os grupos focais constatou-se um
dos factores senão o principal da paralisação das actividades é devida à avaria das
maquinetas, e em alguns casos os beneficiários receberam o kit com peças incompletas o
que originou a desistência dos seus membros.
54
Tabela 4.8: Estado actual de Funcionamento das Unidades de Processamento
Nᵒ de Unidades de
processamento
Percentagem
Operacional
16
72,7%
Inoperacional
6
27,3%
Total
22
100%
Estado actual de funcionamento
Fonte: Dados de Pesquisa de campo 2016
4.2.
Determinação dos Indicadores da Lucratividade e Rentabilidade
4.2.1. Situação actual das Unidades de Processamento
i)
Margem líquida
A representatividade do lucro em relação às vendas líquidas para as quatro (4) unidades
analisadas. A unidade de processamento Liana Agro-Indústria apresentou a maior margem
líquida (59%) e Associação Josina Machel 15%, ao passo que a Associação Wapswala e a
unidade Lucas Uine apresentaram a menor margem líquida de 12 e 14% respectivamente,
Tabela 4.9.
ii)
Valor Líquido Presente (VLP)
A Tabela 4.9 mostra que Liana Agro-Indústria teve o maior VLP (2.823.101,00 MT)
seguido da Associação Josina Machel com 55.565,00 MT, por último a Associação
Wapswala com 39.597,00 MT. Ao passo que a unidade Lucas Uine a presentou VLP
negativo de 32.150,00 MT. Os Apêndice 9,10,11 e 12, detalha o fluxo anual do
investimento. Portanto, na unidade Lucas Uine o retorno do investimento não seria
aceitável e em conformidade com Park (2004); Savva & Frenken (2002) é uma unidade de
processamento não viável.
iii)
A Relação Benefício/Custo
A maior relação benefício/custo (1,47) na Liana Agro-Indústria, enquanto Associação
Josina Machel e Wapswala, a relação B/C é de 1,05 e 1,06 respectivamente, demostra a
viabilidade económica das mesmas com base neste indicador, conforme Park (2004), ao
55
passo que Lucas Uine (0,92) espera resultados desfavoráveis do investimento, Tabela 4.9.
(ver Apêndice 9,10,11 e 12).
iv)
Taxa Interna de Retorno (TIR)
Com relação a taxa interna de retorno, a Liana Agro-Indústria apresentou maior TIR
(44%), e a Associação Wapswala e Josina Machel de 26% e 29% respectivamente. Ao
passo que Lucas Uine a TIR não disponível (n/d) ou seja é menor que (19,5%) a taxa de
desconto. Tabela 4.9 (vide Apêndice 9,10,11 e 12). Conforme Abass et al. (2011) e Savva
& Frenken (2002), a unidade não é viável.
v)
Período de Retorno do Investimento
A Associação Josina Machel e Wapswala presentou o período de restituição do capital
investido de 7 e 9 anos respectivamente, enquanto Liana Agro-Indústria teria PR após 5
anos. Ao passo que Lucas Uine o período de retorno (n/d) até aos 25 anos, Tabela 4.9 (ver
Apêndice 9,10,11 e 12). O tempo de restituição do capital de 7 e 9 anos seria
desencorajador a outros produtores que desejam abraçar a actividade de processamento da
mandioca, principalmente quando tomado em conta o volume de capital investido.
Conforme Savva & Frenken (2002), os períodos de retornos superiores a 5 anos não são
recomendáveis, sobretudo quando o investimento é de financiamento externo. Portanto a
Liana Agro-Indústria tem PR aceitável (5 ano),
vi)
Nível de Aproveitamento da Capacidade Instalada (NPCI).
Todas unidades analisadas operam abaixo da capacidade instalada. No entanto, com base
nas unidades seleccionadas para análise é possível observar-se que, o nível de
operacionalização das actividades de processamento varia entre 11% a 50%, conforme a
Tabela 4.9. Resultados similares obtidos na Tanzânia por Abass et al. (2013) ao analisar a
rentabilidade de pequenas processadoras pilotos de farinha e chips de mandioca. Constatou
que nenhuma operava ao nível da sua capacidade. Ademais Bungu (48%) e verificou que
em Zogowale as processadoras operavam a 59%.
56
Tabela 4.9: Indicadores de viabilidade das Unidades de Processamento
Unidade de Processamento
Indicadores
Associação
Wapswala
Associação
Josina Machel
Lucas Uine
Liana AgroIndústria
12%
15%
14%
59%
39.597,00
55.565,00
-32.150,00
2.823.101,00
Relação Benefício/Custo
1,06
1,05
0,92
1,47
Taxa Interna de Retorno (TIR)
26%
29%
n/d*
44%
9
7
n/d*
5
12%
24,9%
11%
50%
Margem Liquida
Valor Líquido Presente (VLP)
Período de Retorno
NPCI
*Não disponível (até aos 25 anos).
Pode-se observar na Tabela 4.9, que a Associação Wapswala, Josina Machel e Liana AgroIndústria apresentaram menor retorno económico, enquanto a unidade Lucas Uine não é
viável. Essa situação pode estar relacionada ao facto destas não operarem á nível da
capacidade instalada o que de certa maneira afecta nos volumes da mandioca processada e
produtos comercializados, consequentemente no desempenho económico das mesmas.
Estes resultados são similares aos obtidos por MAFF (2015) na Camboja; Abass et al.
(2013) na Tanzânia; Mhozo et al. (2003) no Zimbabwe, das pequenas processadoras
analisadas que operavam abaixo da capacidade instalada apresentaram uma situação
económica desfavorável.
Em conformidade com Castel-Branco (2003) as pequenas processadoras emergentes são
comummente viradas ao mercado local com fraca orientação empresarial e de baixa
capacidade económica. Situação que não atraem a atenção do sector privado, isentando-as
do potencial para beneficiar de economias de escala, que ajudaria a aumentar a eficiência
económica (Abass et al., 2013). Estas constatações são consistentes com os resultados
obtidos no estudo.
4.2.2. Aproveitamento da Capacidade Potencial (100% da capacidade instalada)
Para as unidades com processamento parcialmente mecanizado o ajuste a capacidade
instalada (100%) consistiu na identificação de um modelo que seria rentável para o
conjunto de maquinetas. Mantendo os 192 dias de processamento por ano. Para todos casos
determinou-se um preço de venda do rale embalado que seria mais atractivo aos
consumidores.
57
a) Principais pressupostos para as unidades com processamento parcialmente
mecanizado
(i)
13 Número de membros
(ii)
Capacidade de processamento de 2 ton/dia de mandioca fresca;
(iii)
6 (seis) Prensas de Parafuso Duplo com capacidade de prensagem 350 kg/lote.
(iv)
3 (três) Torradores Modernos à lenha com capacidade de produção de 200 a
250 kg/dia.
Enquanto, para a Liana Agro-indústria teria de comprar um lavador descascador com a
mesma capacidade (0,5 ton/h) totalizando dois (2) caso não trocar por um com a
capacidade de 1 ton/h e empregar dos actuais 2 efectivos para 8.
No entanto, quando ajustado a plena operacionalização a capacidade instalada (100%), a
análise mostrou que todas unidades seriam altamente rentáveis. A Tabela 4.10 sumariza os
indicadores de viabilidade.
Tabela 4.10: Indicadores de viabilidade ajustados (para 100% da capacidade instalada)
Unidade de Processamento
Indicadores
Modelo para PPM*
Liana Agro-Indústria
23%
27%
2.067.930,00
5.176.826,00
Relação Benefício/Custo
1,43
1,23
Taxa Interna de Retorno (TIR)
201%
64%
2
4
100%
100%
Margem Liquida
Valor Líquido Presente (VLP)
Período de Retorno
NPCI
*Processamento Parcialmente Mecanizado
Contudo, as unidades baseadas em associações passariam da actual impossibilidade de
partilha dos benefícios para o sistema de salário estimado em 3.152,00 MT por membro.
Enquanto, o preço do rale embalado actualmente comercializado por 30,00 MT/kg passaria
a custar 17,00 MT/kg o que poderia aumentar o número de compradores e da quantidade
de rale comercializado. Todavia, tornaria actividade um negócio rentável e atractivo para
os produtores da mandioca.
58
4.3.
Factores que afectam a rentabilidade das Unidades de Processamento da
Mandioca
Todas as UPs realizam a actividade de processamento abaixo da capacidade instalada,
enquanto, 91% não possuem treinamento em agro-negócio, sazonalidade da matéria-prima
(91%), embalagem adequada (86,4%), energia eléctrica (81,8%), mercado (73%),
maquinetas (68,2), água para o processamento (68,2%) e infra-estruturas de processamento
(59,1%) constituem as restrições mais significativas.
Enquanto ao nível das etapas de processamento o descasque no geral destacou como sendo
uma actividade onerosa, por sua vez a prensagem e a torrefacção estas devido a menor
capacidade de produção do equipamento utilizado não garante a dinamização das
operações.
Ainda que em menor número destacou, seca e baixa produtividade (41%) e praga e
doenças na produção (36%). Enquanto, o acesso a variedades melhoradas (14%) e
assistência técnica (14%) não constituem problemas para as unidades de processamento.
Para além das restrições ao bom desempenho das actividades de processamento ao nível
das UPs, apresentam oportunidades principalmente pelo facto de maior parte está
organizada em associações e com estrutura de gestão definida o que propicia maior
facilidade de acesso ao crédito e da assistência técnica;
Também possuem campo de multiplicação de estacas da variedade melhorada
(Chinhembwe) o que a médio e a longo prazo vai garantir a disponibilidade da matériaprima quer em quantidade e qualidade eliminando a actual situação de ociosidade; e
Processamento parcialmente mecanizado com potencial para mecanização total e
consequentemente aumento da eficiência económica; Participação em feiras de negócio ao
nível local e nos distritos circunvizinhos.
59
V.
5.1.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Conclusões
Os resultados deste estudo permitem concluir que;
A actividade de processamento da mandioca é realizada por dois grupos; associados e não
associados. As associações são maioritariamente compostas por mulheres e dominam nas
etapas de processamento manual (lavagem e toragem), enquanto os homens são mais
evidentes na etapa ralagem onde se utiliza maquinetas a motor. O processamento da
mandioca é realizado de três formas; artesanal, parcialmente mecanizado e mecanizado. O
principal derivado produzido da mandioca é o rale.
Todas UPs operam abaixo da capacidade instalada. Os indicadores de viabilidade variaram
de 12% a 59% para a Margem Liquida, de -32.150,00 MT a 2.823.101,00 MT do VLP, a
Relação B/C de 0,92 a 1,47; TIR de n/d a 44%. Enquanto o Período de Retorno esteve
entre n/d a 9 anos e NPCI de 11% a 50%. Quando ajustado a 100% da utilização da
capacidade instalada de processamento a análise mostrou que as Unidades de
Processamento da Mandioca seriam altamente rentáveis.
Os factores que afectam de forma mais severa a rentabilização da actividade de
processamento da mandioca ao nível das UPs incluem; o processamento não consistente a
capacidade instalada, a falta de estratégia de comercialização, de embalagens adequadas
para os produtos acabados, o fraco acesso a energia eléctrica, avarias de maquinetas, furo
de água para o processamento e infra-estruturas adequadas para o processamento.
5.2.
Recomendações
Recomenda-se:
As unidades de processamento não associados que se organizem em associações;
Que as unidades de processamento da mandioca tenham um plano de registos do
desempenho das suas actividades;
Os Provedores Lideres de Serviços (SDAE’s e SNV) trabalhem em coordenação com
outras instituições de investigação (IIAM);
Que seja intensificada a libertação de mais variedades melhoradas e a multiplicação da
variedade já libertada;
60
As acções sejam direccionadas a infra-estruturas de processamento, prensas, torradores
modernos, furos de água, energia eléctrica e maquinetas;
Que se realize capacitações sobre o agro-negócio e treinamento das mulheres na utilização
de raladores;
A identificação de segmentos de mercados para a criação de condições de comercialização
dos produtos acabados e de fornecedores de acessórios.
61
VI.
BIBLIOGRAFIA
ABASS, A. B.; MLINGI, N.; RANAIVOSON, R.; ZULU, M.; MUKUKA, I.; ABELE,
S. et al (2013). Potential For Commercial Production and Marketing Of Cassava:
Experiences From The Small-Scale Cassava Processing Project In East And
Southern Africa. Ibadan, Nigéria.
ABASS, A.; ABELE, S.; MLINGI, N. V. R. & NDUNGURU, G. (2011). An Assessment
of the Potential Efficiency and Profitability of Value-Addition and Marketing
Innovations Involving Smallholder Farmers under a Pilot System in Tanzania. In
ILRI, Proceedings of an International Conference 13-15 May 2009, Agra and ILRI
(266-280p). Nairobi, Kenya.
ADDY, P. S.; KASHAIJA, I. N.; MOYO, M. T.; QUYNH, N. K.; SINGH, S. &
WALEKHWA, P. N. (2004). Constraints and Opportunities for Small and
Medium Scale Processing of Cassava in the Ashanti and Brong Ahafo Regions of
Ghana. Ghana. Working Document Series 117.
BAPTISTA, I. J. (2009). Agro-Processamento e seu contributo no rendimento das
famílias rurais: Caso do Processamento de Arroz no Distrito de Matutuine.
Maputo, Trabalho de Licenciatura em Economia/ UEM-Faculdade de Economia.
BIA, C.; FERREIRA, M.; MUTANDO, J.; MLAYI, G.; MAZUZE, F.; TOSTÃO, E.
et al. (2010). Ficha Técnica De Culturas. Maputo: Roseiro Mário Moreira. 1
Edição. IIAM. UEM/FAEF.
CASTEL-BRANCO, C. N. (2003). Indústria e Industrialização em Moçambique: Análise
da Situação Actual e Linhas Estratégicas de Desenvolvimento. Maputo. I Quaderni
Della Cooperazione Italiana No 3/2003.
CUNGUARA, B.; GARRETT, J.; DONOVAN, C. & CÁSSIMO, C. (2013). Análise
situacional, constrangimentos e oportunidades para o crescimento agrário em
Moçambique. Maputo, Moçambique: MADER/Direcção de Economia.
DIAS, P. (2012). Analysis of Incentives and Disincentives for Cassava in Mozambique.
Mafap. Rome: FAO.
DONOVAN, C.; HAGGBLADE, S.; SALEGUA, V. A.; CUAMBE, C.; MUDEMA, J.;
& TOMO, A. (2011). Cassava commercialization in Mozambique. Msu
International Development Working Paper No 120.
DUNSTAN SPENCER AND ASSOCIATES SIERRA LEONE (2005). Cassava in
Africa: Past, Present and Future. In IFAD and FAO. A Review of Cassava in
Africa with country Case Studies on Nigeria, Ghana, The United Republic of
Tanzania, Uganda And Benin. Rome. 62-109p.
EC-FAO (European Union-food and Agriculture Organization of the United Nations).
(2007). Cassava Development Strategy for Mozambique (2008-2012). MaputoMozambique. Sub-Sector Strategic Study on Cassava. Volume II.
FAO (Food and Agriculture Organization of The United Nations). (2014). Food Outlook:
Biannual Report on Global Food Markets. FAO. 31-36p.
FREITAS, H.; POPJOY, O.; JENKINS, M. & OLIVEIRA, M. (1998). The Focus
Group, a Qualitative Research Method. Isrc, Merrick School of Business,
University of Baltimore (Md, Eua), Wp Isrc No. 010298. February 1998. 22 P.
62
GDG (Governo da Província de Gaza). (2006). Plano Estratégico de Desenvolvimento da
Província de Gaza. Xai-Xai: Governo da Província de Gaza.
GDM
(Governo do Distrito de Mandlakaze). (2012). Plano Estratégico de
Desenvolvimento de Distrito de Mandlakaze. Mandlakaze (Revisão do PEDD de
2008).
GIL, A. C. (2008). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Atlas. 6. Ed.
GROWAFRICA & IDH. (2015). Market Opportunities for Commercial Cassava in
Ghana, Mozambique, and Nigeria. 8-11p.
HOPPE, S.; SHIKIDA, P. F. & SILVA, J. R. (2009). Análise económico-financeira da
implantação de uma destilaria para produção de álcool carburante a partir da
Mandioca. Curitiba. Revista Brasileira De Gestão Urbana. V1, No 2, 245-257p.
IFAD (International Fund for Agricultural Development) (2012). Mozambique: Pro-Poor
Value Chain Development Project In The Maputo and Limpopo Corridors
(PROSUL). Maputo-Mozambique: Project Design Report -Annex 4: Detailed
Project Description.
INE (Instituto Nacional de Estatística) (2010a). Projecções anuais da população total,
Urbana e Rural, dos Distritos da Província de Gaza, 2007 – 2040. Maputo: INE.
INE (Instituto Nacional de Estatística) (2010b). Projecções anuais da população total,
Urbana e Rural, dos Distritos da Província de Inhambane, 2007 – 2040. Maputo:
INE.
INE (Instituto Nacional de Estatística) (2011). Censo Agro-pecuário CAP 2009-2010:
Resultados Preliminares-Moçambique. Maputo: INE.
KACHRU, R. P. (2006). Agro-Processing Industries in India—Growth, Status and
Prospects; Agro-Processing Sector Technology Development Trands.
MAE (Ministério da Administração Estatal) (2005a). Perfil do Distrito de Mandlakaze.
Maputo: MAE.
MAE (Ministério da Administração Estatal) (2005b). Perfil do Distrito de Zavala.
Maputo: MAE.
MAE (Ministério da Administração Estatal) (2005c). Perfil do Distrito de Inharrime.
Maputo: MAE.
MAE (Ministério da Administração Estatal) (2005d). Perfil do Distrito de Jangamo.
Maputo: MAE.
MAE (Ministério da Administração Estatal) (2005e). Perfil do Distrito de Morrumbene.
Maputo: MAE.
MAE (Ministério da Administração Estatal). (2005f). Perfil do Distrito de Massinga.
Maputo: MAE.
MAFF (Ministry of Agriculture, Forestry, and Fisheries). (2015). Cassava Handbook.
Phnom Penh, Camboja. Supported By: China-Camboja-Undp Trilateral
Cooperation Cassava Project Phase Ii: 10-16; 70-80pp.
MARCONI, M. D & LAKATOS, E. M. (2003). Fundamentos de Metodologia Científica.
São Paulo: atlas S.A. 5 Ed.
63
MARTIN, A.; BUTTERWORTH, R. & ABDULSALAM-SAGHIR, P. (2008). Gender
And Diversity Report -Nigéria. Nigéria. Cassava: Adding Value For Africa.
MASA (Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar) (2015). Anuário de Estatísticas
Agrárias 2012-2014. Maputo- Moçambique: MASA.
MCSWEEN, S.; WALKER, T.; SALEGUA, V. & PITORO, R. (2006). O impacto
económico de variedades de mandioca tolerantes à doença da podridão radicular
sobre a segurança alimentar no litoral de Moçambique. IIAM. Direcção de
Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias. Relatório de Pesquisa.
MEDITERRANEAN INSTITUTE OF GENDER STUDIES (2008). Participation In
Non-Government Organizations (Ngos):The Gender Gap In Participation.
MHAZO, N.; HANYANI-MLAMBO, B.; PROCTOR, S. & HENSON, S (2002).
Facilitating the effective production and Marketing of Processed Food Products by
Small-Scale Producers in Zimbabwe (Project R7485). Harare: Output 4.1.
MHOZO, N.; HANYANI-MLAMBO, B.; PROCTOR, S. & NAZARE, R. M. (2003).
Constraints to Small-Scale product and marketing of processed food products in
Zimbabwe. The case of fruits and vegetables. Zimbabwe: Forum 31 March-11 April
MIC (Ministério da Indústria e Comércio) (2006). Estratégia da Comercialização
Agrícola para 2006-2009. Maputo: MIC.
MINAG (Ministério da Agricultura) (2005). Estratégia de Género do Sector Agrário.
Maputo. MINAG 6-14p.
MOETSABI, T.; ANYAEGBUNAM, C. & MEFALOPULOS, P. (2004). Participatory
Rural Communication Appraisal: Starting With The People. A Handbook. 2nd Ed.
Rome: FAO.
MUENDANE, C. T.; PASCOAL, J. L.; JESSEN, M. A.; ABDULA, M. A.; LANGA,
G. A. & MANUEL, A. (2011). Plano Estratégico da Província de Inhambane
2011 - 2020. Inhambane.
NEPA (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação). (2011). Tabela Brasileira de
Composição de Alimentos. Campinas: Nepa-Unicamp. 4. Ed. 161p.
NWEKE, FELIX I & UNIVERSITY MICHIGAN STATE (2005). The cassava
transformation in Africa. In IFAD and FAO, A Review of Cassava in Africa with
Country Case Studies on Nigeria, Ghana, The United Republic Of Tanzania,
Uganda And Benin. Rome: Fao. Volume 2. 15-61p.
PARK, C. S. (2004). Fundamentals of Engineering Economics. New Jersey: Pearson
Education, Inc. Upper Saddle River. New Jersey 07458.
SALEGUA, V.; DONOVAN, C.; HAGGBLADE, S.; CUAMBE, C. &
NHANTUMBO, A. (2012). Dinâmica da cadeia de valor da mandioca no Norte
de Moçambique. Boletim Nordeste.
SANTOS, E. F.; CARVALHO, F. D.; SILVA, J. C.; REZENDE, A. A. & MIYAJI, M.
(2009). Agro-indústria da Mandioca – O Caminho para a Sustentabilidade
Económica dos Beneficiadores do Bairro Campinhos em Vitória da Conquista - Ba.
SOBER 47 Sociedade Brasileira de Economia Administração e Sociologia Rural.
26 A 30 De Julho. Porto Alegre.
64
SAVVA, A. P. & FRENKEN, K. (2002). Financial and Economic Appraisal of Irrigation
Projects. Harare: FAO Sub-Regional Office for East and Southern Africa.
Irrigation Manual Module 11.
SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) (2008). Estudo De
Mercado Sobre A Mandioca (Farinha e Fécula).
SILVA, A. M.; MUTACA, A. G. & CUAMBE, C. E (2010). Manual de Referência para
Produção de Mandioca em Moçambique. IIAM.
WANDSCHNEIDER, T., & BARCA, A. D. (2003). O processamento e Comercialização
da Mandioca e Batata-doce no Norte de Inhambane: Oportunidades de
Intervenção 5-24p.
WAQUIL, P. D.; MIELE, M. & SCHULTZ, G. (2010). Mercados e Comercialização de
Produtos Agrícolas. Porto Alegre. UFRGS. 1a Edição. 33-34p.
65
ANEXO
Anexo A1: Mapa geográfico do Projecto de Desenvolvimento de Cadeias de Valor nos
Corredores de Maputo e Limpopo (PROSUL).
67
APÊNDICES
Apêndice 1: Questionário para os responsáveis das Unidades de Processamento
Data do levantamento: ___/____/ 2016, Nome do Inquiridor: _______________________
Nome do Centro/Unidade___________________________________. Ano da criação ___
Província__________. Distrito______. Pasto Administrativo _________.Localidade_____
Caracterizar as principais unidades de processamentos da mandioca
1. Proprietário
☐ Singul
ar
☐ Cooperati
va
☐ Associaçã
o
☐ Empresa ☐ Outro
Privada
(qual?)
_______
2. Tipo da Unidade. Pequena____. Média____. Grande____
3. Capital investido na aquisição das maquinetas de processamento ____________MT.
Financiador____________________________; Tipo de financiamento ______________
4. Qual é a capacidade de processamento instalada?______ ton/_____
5. N° de Membros/funcionários efectivos____. Homens____; Mulheres____
6. Quantos sazonais tem média contratado por ano?___ Quantos? Homens___; Mulheres_
7. Características básicas das infra-estruturas de processamento______________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Estrutura de Gestão da unidade de processamento
8. Como é feita a gestão da unidade de processamento?____________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
9. Quantos elementos compõem o órgão de gestão? __. Quantos? Homens___; Mulheres_
10. Como é feita a distribuição dos benefícios?__________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
69
Fonte da matéria-prima (mandioca)
11. Qual é a fonte da mandioca que processa? Produção interna☐; Produtores locais☐;
Ambas☐
Produção Interna (Se a produção for interna preenche)
12. Tem quantos hectares? ___ha.
13. Para além da mandioca, quais outras culturas praticam? ________________________
_________________________________________________________________________
____________.Qual é a finalidade da produção? Venda ☐; Consumo ☐; Ambas ☐
14. Sistema de cultivos: Monocultura ☐; Cultivo consociado☐
15. Usam algum tipo de máquina (tractor) no campo? Sim ☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte.
Quais as actividades utilizam máquinas?_______________________________________
16. As variedades que cultivam são melhoradas? Sim☐; Não ☐; Algumas ☐.
17. Utilizam algum tipo de produto (orgânico ou químico) para aumentar a produtividade
de mandioca? Sim☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte. Qual? _________________________
18. Recebe algum tipo de assistência na produção da mandioca? Sim☐; Não ☐. Se “Sim”
pergunte. Que tipo de assistência recebe?___________________________________
_________________________________________. E quem presta?__________________
Produtores locais (Se a mandioca for proveniente dos produtores locais preenche)
19. Quantos produtores fornecem a mandioca a unidade? ____
20. Tem algum contrato prévio para fornecimento? Sim ☐; Não ☐. Se “Sim” pergunte
como funciona?___________________________________________________________
21. A unidade presta algum tipo de assistência aos seus fornecedores? Sim☐; Não ☐; Se
“Sim” pergunte. Qual? _____________________ E como funciona? ________________
_________________________________________________________________________
Identificar as principais etapas do processamento da mandioca
22. Qual é o principal produto que a unidade produz? (com maior volume de produção)
Rale ☐; Farinha de mandioca ☐; Chips ☐; Amido ☐; Outros ☐.(esp)_______________
70
Principais etapas do processamento
1.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
2.
_______________________________.Quem executa? H____; M____. Ambos___
3.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
4.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
5.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
6.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
7.
_______________________________. Quem executa? H____; M____. Ambos___
23. As máquinas usadas são trabalháveis pelas mulheres? Sim ☐; Não ☐; Algumas ☐.
Se “Algumas” pergunte em que operações há dificuldades?________________________
_____________________________E o que tem-se feito para ultrapassarem?___________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
24. Quais são os meses em que a unidade realiza processamento.
Operações
J F M A M J J A S O N D
Processamento Normal
Processamento a capacidade máxima
Processamento a capacidade mínima
Meses sem processamento
Comercialização
25. Marketing: Como faz para fazer chegar a produção aos ouvidos ou olhos do
consumidor?_____________________________________________________________
________________________________________________________________________
26. Que tipo de embalagem usa para comercializar o produto?
Produto
Tipo de embalagem
Unidades (kg, litro)
Preço
71
27. Onde vendem os produtos? Na unidade ☐; Mercado local ☐; Outros ☐(Espec) _____
28. Quem vende os produtos? Homens ☐; Mulheres ☐; Ambos☐.
29. Quem são os principais compradores?
Produto
Mercado local
Principal Comprador
Mercado
Supermercado
grossista
s
Retalhista
30. Têm algum contrato de fornecimento aos seus clientes? Sim ☐; Não ☐; Se “Sim”
pergunte. Como funciona?__________________________________________________
_________________________________________________________________________
31. Que tipo (especificações de qualidade) de farinha, tapioca, chips etc. que eles exigem?
________________________________________________________________________
32. Em que período do ano a unidade vende os seus produtos? Todo o Ano ☐.
Operações
Venda
produção
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
da
Analisar a interacção entre as unidades de processamento e comunidades locais.
33. Em sua opinião, De que maneira o processamento de mandioca contribui para
aumento da produção de Mandioca na comunidade?______________________________
________________________________________________________________________
34. Os outros membros da comunidade têm alguma necessidade de alugar as máquinas da
unidade? Sim ☐; Não ☐;
35. Como a valia o ritmo das actividades? Bom ☐; Normal ☐;Mau ☐; Muito mau ☐;.
Constrangimento para o desenvolvimento da agro-industrialização da mandioca
36. Quais são as dificuldades que a unidade enfrenta?
Na produção da mandioca___________________________________________________
Junto aos fornecedores/produtores locais________________________________________
________________________________________________________________________
72
_________________________________________________________________________
Na comercialização dos produtos______________________________________________
37. O que deve ser feito para melhorar ou aumenta o nível do desempenho dos centros de
processamento?___________________________________________________________
Avaliar rentabilidade e lucratividade das unidades de processamento
Ano
Tipo
Mandioca
de
Unidade
Produt
Preço
Unid
da
Qty
Mandioca de Fora
Preço
Unid.
Qty
Produto Final
Preço
Unid
o
Qt
y
Custo/Despesas
Custo/Despesas
Unidades
Quantidade
Valor/MT
Custos directo de produção
Mão-de-obra directa
Despesas Administrativos
Material de consumo
Combustível
Energia
Água
Mão-de-obra contratada
Despesas de venda
Embalagem
Outros custos
TOTAL
73
Apêndice 2: Guião para temas de discussão com Grupos Focais
Composição do Grupo Focal. Homens____. Mulheres____. Total____
Moderador__________________________. Observador_________________________
Duração: 90 minutos
Temas de Discussão com grupos focais
1. Qual é a importância de termos a unidade de processamento da mandioca na nossa
comunidade?
2. De que modo o processamento da mandioca constitui um incentivo para o aumento
da produção da mandioca?
3. Como as unidades de processamento contribuem no aumento da participação das
mulheres em várias actividades ao nível da unidade e na comunidade onde vive?
4. Como os outros membros da comunidade se beneficiam da existência do centro?
5. Quais as dificuldades que os beneficiários/associados apontam ser o principal
entrave no desempenho da unidade?
a) Na produção;
b) Processamento;
c) Armazenamento;
d) Comercialização
e) Na gestão dos fundos da unidade;
f)
Da participação dos membros (homens, mulheres).
6. O que deve ser feito para melhorar o desempenho das actividades e contribuir no
aumento do volume de vendas e lucro?
7. Como os beneficiários poderiam contribuir para resolvê-los?
FIM
74
Apêndice 3: Mapa de Localização das Unidades de Processamento da Mandioca
75
Apêndice 4: Lista das Unidades de Processamento de Mandioca
Unidade de processamento
Proprietário
Ano de criação
Província
Distrito
Wapswala
Associação
2012
Gaza
Mandlakaze
Zama Zama
Associação
2008
Inhambane
Pedro Lambucene
Singular
2010
José Alexandre Zavale
Associação
Adesch
Posto Administrativo
Localidade
Estado actual de
funcionamento
Chideguele
Matembine
Operacional
Zavala
Sede
Muane
Operacional
Inhambane
Zavala
Sede
Muane
Operacional
2007
Inhambane
Zavala
Sede
Quissico
Operacional
Associação
2010
Inhambane
Zavala
Zandamela
Chissibuca
Inoperacional
4 de Outubro Chemane
Associação
2006
Inhambane
Inharrime
Sede
Nhanombe
Operacional
Josina Machel
Associação
2000
Inhambane
Inharrime
Sede
Nhanombe
Operacional
Samora Machel
Associação
2014
Inhambane
Inharrime
Sede
Dongane
Operacional
Deficientes de Chichacha
Associação
2002
Inhambane
Inharrime
Sede
Dongane
Operacional
Peniel de Bandzala
Associação
2014
Inhambane
Inharrime
Sede
Nhanombe
Operacional
Glória Mussuei
Singular
2010
Inhambane
Inharrime
Sede
Dongane
Inoperacional
Vumela
Associação
2008
Inhambane
Jangamo
Sede
Licaca
Inoperacional
Agropecuária Licaca
Associação
2007
Inhambane
Jangamo
Sede
Licaca
Operacional
Mahena
Associação
2007
Inhambane
Jangamo
Cumbane
Bambela
Inoperacional
Marrumuana
Singular
*
Inhambane
Jangamo
Cumbane
Bambela
Inoperacional
Pedro Diogo
Singular
*
Inhambane
Morrumbene Sede
Morrumbene
Operacional
Elidio
Singular
*
Inhambane
Morrumbene Sede
Morrumbene
Operacional
Liana Agro-indútria
Emp. Privada
2012
Inhambane
Morrumbene Sede
Malaia
Operacional
Projecto Penga Agrícola
Singular
2010
Inhambane
Massinga
Sede
Liozwane
Lucas Uine
Singular
2012
Inhambane
Massinga
Nhachengo
Guma
Operacional
Agricultores de Rovene
Associação
1992
Inhambane
Massinga
Sede
Rovene
Operacional
Inhambane
Massinga
Nhachengo
Guma
Operacional
Singular
2014
José Francisco Homo**
* Sem ano exacto do início das actividades. ** Potencial
Inoperacional
76
Apêndice 5: Detalhe dos Custos da Associação Wapswala
Descritivo
Unidades
Quantidade
Frequência
Preço
(MT)
Custo Total das Maquinetas
Valor (MT)
142.675,96
Ralador (motor/gasolina)
Unid
1
1
54.935
54.935,00
Prensa de Parafuso Duplo
Unid
1
1
19.150
19.149,67
Torrador (tabuleiro a lenha)
Unid
5
1
1.000
5.000,00
Maquineta de Chips (manual)
Unid
1
1
13.444
13.443,80
Uniformizador ( a gasolina)
Unid
1
1
50.147
50.147,49
Despesas
138.566,90
Salários
60.000,00
Comité de Gestão
Unid
5
12
1.000
Custo de Produção
Matéria-prima
Combustível
Energia
60.000
56.150,00
Ton
20
1
1,5
30.000
Litros
26,0
1
50
1.300
Mt
500
12
6.000
Embalagem
18.850,00
Frasco para conservas
Unid
-
-
-
15.100
Tijelas
Unid
500
1
8
3.750
3.566,90
Reparação e Manutenção
15.306,93
Custo de reposição
Motor
Unid
1
Após 10 anos
15.307
Receita
15.306,93
158.000,00
Rale
Ton
3,5
25
87.500
Chips
Ton
1
30
30.000
Bolinhos
8.000
Farinha
Ton
0,5
25
12.500
Conservas de matapa
Unid
500
40
20.000
77
Apêndice 6: Detalhe dos Custos da Associação Josina Machel
Descritivo
Unidades
Quantidade
Frequência
Preço
(MT)
Custo Total das Maquinetas
Valor (MT)
142.675,96
Ralador (motor/gasolina)
Unid
1
1
54.935
54.935,00
Prensa de Parafuso Duplo
Unid
1
1
19.150
19.149,67
Torrador (tabuleiro a lenha)
Unid
5
1
1.000
5.000,00
Maquineta de Chips (manual)
Unid
1
1
13.444
13.443,80
Uniformizador (a gasolina)
Unid
1
1
50.147
50.147,49
237.544,40
Despesas
72.000,00
Salários
Comité de Gestão
Unid
5
12
1.200
Custo de Produção
Matéria-prima
Combustível
161.977,50
Ton
104
1,5
155.250
Litros
135
50
6.727,50
3.566,90
Reparação e Manutenção
30.613,86
Custo de reposição
Motores
Unid
2
Após 10 anos
15.307
Receita
Rale
72.000
30.613,86
280.312,50
Ton
25,9
130
280.313
78
Apêndice 7: Detalhe dos Custos de Lucas Uine
Descritivo
Unidades
Quantidade
Frequência
Preço
(MT)
Custo Total das Maquinetas
Valor (MT)
92.528,47
Ralador (motor/gasolina)
Unid
1
1
54.935
54.935,00
Prensa de Parafuso Duplo
Unid
1
1
19.150
19.149,67
Torrador (tabuleiro a lenha)
Unid
5
1
1.000
5.000,00
Maquineta de Chips (manual)
Unid
1
1
13.444
13.443,80
Despesas
74.303,21
Custo de Produção
71.990,00
Matéria-prima
Energia/combustível
Ton
46
Por ano
1,5
69.000,00
Litros/Ton
1,3
Por ano
50
2.990,00
2.313,21
Reparação e Manutenção
Custo de reposição
Motores dos raladores
Unid
1
Por ano
1
Após 10 anos
15.306,93
15.307
Receita
Rale
15.306,93
86.250,00
Ton
11,5
90
86.250,00
79
Apêndice 8: Detalhe dos Custos da Liana Agro-Indústria
Descritivo
Unidades
Quantidade
Frequência
Preço
(MT)
Custo total da Máquinas
Valor (MT)
2.769.000,00
Lavador/Descascador de mandioca
Unid
1
1
732.300
732.300,00
Triturador Automático
Unid
1
1
387.000
387.000,00
Prensa Hidráulica
Unid
1
1
825.000
825.000,00
Triturador para Massa Prensada
Unid
1
424.000
424.000,00
Torrador Automático
Unid
1
1
1
514.000
514.000,00
Uniformizador Automático
Unid
1
1
354.000
354.000,00
Classificador
Unid
1
1
265.000
265.000,00
Fatiador Horizontal
Unid
1
1
313.000
313.000,00
Selador de embalagem (1kg)
Unid
1
1
1.100
1.100,00
Despesas
861.350,99
Salários
203.200,00
Salário/trabalhadores efectivos
Unid
2
12
2.500
60.000,00
Salário/trabalhadores Sazonais
Unid
4
8
100/dia
83.200,00
Gestor
Unid
1
12
5.000
60.000,00
Custo de Reparação e Manutenção
69.225,00
Custo de reposição
84.970,00
Motores eléctricos
Unid
7
Após 10 anos
84.970
Custo de Produção
588.925,99
Matéria-prima
Ton
208
1
1,5
312.000,00
Embalagem
Unid
52000
1
5
260.000,00
Energia
KW
508,59
8
4,16
16.925,99
Receita de Vendas
Rale
Descrição das Máquinas
2.080.000,00
Ton
52
Potência do
Motor (CV)
40
Rpm
Polos
2.080.000,00
Capacidade
kg/h
Lavador/Descascador de mandioca
2
26
4
500
Triturador Automático
5
1700-2000
4
1500
Prensa Hidráulica
2
150-160
4
1800
Triturador para Massa Prensada
3
1700-200
4
4000
Torrador Automático
2
12-14
4
200
Uniformizador Automático
5
1700-2000
4
2000
Classificador
2
300-350
4
2000
80
Apêndice 9: Fluxo de Investimento da Associação Wapswala
Ano
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Total
Custos
do
Investimento
Custos
de
Substituição
Custos/
Energia
Custos
de
Combustível
Custos/
Matériaprima
Custos
/Embalagem
Incentivo
Comité/
Gestão
Custos/
Reparação e
Manutenção
(2)
142.676
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
6.000
144.000
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
1.300
31.200
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
30.000
720.000
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
18.850
452.400
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
60.000
1.440.000
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
85.606
15.307
15.307
142.676
30.614
(10)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7)+(8)
(13)=(10)*(12)
(14)=(11)*(12)
(15)=(14)-(13)
Custo
Total do
Projecto
Receitas
do
Projecto
(10)
(11)
142.676
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
135024
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
135024
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
119717
158.000
3.046.495 3.792.000
Factor de
Desconto
J=19,5%
(12)
0,8368
0,7003
0,5860
0,4904
0,4104
0,3434
0,2874
0,2405
0,2012
0,1684
0,1409
0,1179
0,0987
0,0826
0,0691
0,0578
0,0484
0,0405
0,0339
0,0284
0,0237
0,0199
0,0166
0,0139
0,0116
Valor
Actual/
Custos
Valor
Actual das
Receitas
(13)
(14)
119394
83834
110642
70154
92588
58706
77479
49127
64836
41110
54256
34402
45403
28788
37994
24090
31794
22737
26606
16870
22264
14117
18631
11813
15591
9886
13047
8273
10918
6923
9136
5793
7645
4848
6398
4057
5354
3829
4480
2841
3749
2377
3137
1989
2625
1665
2197
1393
1838
629013
668611
Valor Líquido Presente (VLP):
Valor Actual das Receitas (VAR):
Valor Actual dos Custos (VAC):
Razão Benefício/Custo (B/C):
Taxa Interna de Retorno (TIR):
Período de Retorno do Investimento:
Valor
Líquido
Presente
(15)
-119394
26808
22434
18773
15710
13146
11001
9206
7704
3869
5395
4514
3778
3161
2645
2214
1852
1550
1297
652
908
760
636
532
445
39597
39.597
668.611
629.013
1,06
26%
9
81
Apêndice 10: Fluxo de Investimento da Associação Josina Machel
Ano
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Total
Custos
do
Investimento
Custos
de
Substituição
Custos
de
Combustível
Custos de
Matériaprima
Incentivos
Comité de
Gestão
Custos de
Reparação e
Manutenção
(2)
142.676
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
6.728
161.460
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
155.250
3.726.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
72.000
1.728.000
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
3.567
85.606
30.614
30.614
142.676
(8)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7)
(11)=(8)*(10)
(12)=(9)*(10)
(13)=(12)-(11)
61.228
Custo Total
do Projecto
(8)
142.676
237544
237544
237544
237544
237544
237544
237544
237544
268158
237544
237544
237544
237544
237544
237544
237544
237544
237544
268158
237544
237544
237544
237544
237544
5.904.969
Receitas
do
Projecto
Factor de
Desconto
19,5%
(9)
(10)
0,8368
0,7003
0,5860
0,4904
0,4104
0,3434
0,2874
0,2405
0,2012
0,1684
0,1409
0,1179
0,0987
0,0826
0,0691
0,0578
0,0484
0,0405
0,0339
0,0284
0,0237
0,0199
0,0166
0,0139
0,0116
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
280.313
6.727.500
Valor Actual
dos Custos
Valor
Actua/
Receitas
(11)
(12)
119394
166345
196294
139201
164263
116486
137458
97478
115028
81571
96258
68260
80550
57122
67406
47801
56407
45156
47202
33473
39500
28011
33054
23440
27660
19615
23147
16414
19370
13736
16209
11495
13564
9619
11351
8049
9498
7604
7948
5637
6651
4717
5566
3947
4658
3303
3898
2764
3262
1130637
1186202
Valor Líquido Presente (VLP):
Valor Actual das Receitas (VAR):
Valor Actual dos Custos (VAC):
Razão Benefício/Custo (B/C):
Taxa Interna de Retorno (TIR):
Período de Retorno do Investimento:
Valor
Líquido
Presente
(13)
-119394
29949
25062
20972
17550
14686
12290
10284
8606
2047
6027
5043
4220
3532
2955
2473
2070
1732
1449
345
1015
849
711
595
498
55565
55.565
1.186.202
1.130.637
1,05
0,29
7
82
Apêndice 11: Fluxo de Investimento de Lucas Uine
Ano
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Total
Custos do
Investimento
Custos de
Substituição
Custos de
Combustível
Custos de
Matériaprima
Custos de
Reparação e
Manutenção
(2)
92.528
(3)
(4)
(5)
(6)
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
2.990
71.760
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
69.000
1.656.000
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
2.313
55.517
15.307
15.307
92.528
(7)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)
(10)=(7)*(9)
(11)=(8)*(9)
(12)=(11)-(10)
30.614
Custo Total
do Projecto
Receitas do
Projecto
(7)
92.528
74303
74303
74303
74303
74303
74303
74303
74303
89610
74303
74303
74303
74303
74303
74303
74303
74303
74303
89610
74303
74303
74303
74303
74303
1.906.419
(8)
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
86.250
2.070.000
Factor de
Desconto
(j=19,5%)
(9)
0,8368
0,7003
0,5860
0,4904
0,4104
0,3434
0,2874
0,2405
0,2012
0,1684
0,1409
0,1179
0,0987
0,0826
0,0691
0,0578
0,0484
0,0405
0,0339
0,0284
0,0237
0,0199
0,0166
0,0139
0,0116
Valor
Actual dos
Custos
Valor Actual
das Receitas
(10)
(11)
77430
52032
60398
43542
50542
36436
42295
30491
35393
25515
29618
21352
24785
17868
20740
14952
17356
15090
14524
10470
12154
8762
10171
7332
8511
6136
7122
5134
5960
4297
4987
3595
4174
3009
3493
2518
2923
2541
2446
1763
2047
1475
1713
1235
1433
1033
1199
865
1004
394871
364985
Valor Líquido Presente (VLP):
Valor Actual das Receitas (VAR):
Valor Actual dos Custos (VAC):
Razão Benefício/Custo (B/C):
Taxa Interna de Retorno (TIR):
Período de Retorno do Investimento:
Valor
Líquido
Presente
(12)
-77430
8366
7001
5858
4902
4102
3433
2873
2404
-566
1683
1409
1179
987
826
691
578
484
405
-95
283
237
199
166
139
-29886
-29.886
364.985
394.871
0,92
n/d*
n/d*
*Não identificado
83
Apêndice 12: Fluxo de Investimento da Liana Agro-Indústria
Ano
(1)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Total
Custos
do
Investimento
Custos
de
Substituição
Custos
de
Energia
(2)
2.769.000
(3)
(4)
Custos
de
Matériaprima
(5)
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
16.926
406.224
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
312.000
7.488.000
84.970
84.970
2.769.000
169.940
(9)=(2)+(3)+(4)+(5)+(6)+(7)+(8)
(12)=(9)*(11)
(13)=(10)*(11)
(14)=(13)-(12)
Custos
de
Embalagem
Custos
de
Salário
Custos de
Reparação e
Manutenção
(6)
(7)
(8)
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
260.000
6.240.000
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
203.200
4.876.800
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
69.225
1.661.400
Custo Total
do Projecto
(9)
2.769.000
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
946.321
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
946.321
861.351
861.351
861.351
861.351
861.351
23.611.364
Receitas
do
Projecto
(10)
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
2.080.000
49920000
Factor de
Desconto
(j=19,5%)
(11)
0,8368
0,7003
0,5860
0,4904
0,4104
0,3434
0,2874
0,2405
0,2012
0,1684
0,1409
0,1179
0,0987
0,0826
0,0691
0,0578
0,0484
0,0405
0,0339
0,0284
0,0237
0,0199
0,0166
0,0139
0,0116
Valor
Valor
Actual dos Actual das
Custos
Receitas
(12)
(13)
2317155
603176
1456557
504750
1218876
422385
1019980
353460
853540
295783
714259
247517
597707
207127
500173
173328
418555
159353
350255
121376
293100
101570
245272
84996
205249
71126
171756
59520
143729
49807
120275
41680
100649
34879
84225
29187
70481
26834
58980
20439
49356
17104
41302
14313
34562
11977
28922
10023
24203
5978863
8801964
Valor Líquido Presente (VLP):
Valor Actual das Receitas (VAR):
Valor Actual dos Custos (VAC):
Razão Benefício/Custo (B/C):
Taxa Interna de Retorno (TIR):
Período de Retorno do Investimento:
Valor
Líquido
Presente
(14)
-2317155
853381
714126
597595
500080
418477
350190
293046
245227
190902
171724
143702
120253
100630
84209
70468
58969
49346
41294
32146
28917
24198
20250
16945
14180
2823101
2.823.101
8.801.964
5.978.863
1,47
44%
5
84
Apêndice 13: Fotos
Figuras 1: Entrevista com o responsável da Figuras 2: Encontro com GF's: Associação
Unidade
de
Processamento. Josina Machel.
Figuras 3: Tipo de Infra-estruturas Figura 4: Forma de armazenamento (rale
(alvenaria e de material local)
em Sacos e Embalagens)
Figura 5: Ralador/mandioca (Mod. IITA)
Figura 6: Estado de conservação das
maquinetas (maquinetas abandonadas)
85
Download

Trabalho de Conclusão do Curso DRural. Versão Final