Sobrevivendo do Lixo: População Excedente, Trabalho e Pobreza1 Autora: María Fernanda Escurra Assistente Social pela Universidad Nacional de Rosario - Argentina, Mestre em Serviço Social pela UFRJ, doutoranda do PPGSS da UERJ. Endereço eletrônico: dialé[email protected] Área temática: Serviço Social e Desenvolvimento Resumo Em vários pontos do Brasil, cidades de médio e grande porte apresentam conjuntos relativamente extensos de indivíduos e famílias que organizam a vida em torno do lixo. Nesse contexto, este artigo, tendo como foco o trabalho do catador de papel propõe realizar algumas considerações resgatando sua compreensão enquanto população excedente, mas inserida, através da própria atividade, na lógica de acumulação capitalista. Parte-se da premissa de que é fundamental situar a atividade no contexto das relações sociais que se estabelecem no interior do circuito econômico que gira em torno da reciclagem do lixo. De fato, mesmo na sua precariedade, a atividade dos catadores constitui o primeiro elo do circuito econômico que gira em torno da reciclagem, ou seja, o extremo informal que fornece matéria-prima e materiais para sua reutilização para a indústria de reciclagem, passando pelos intermediários no processo de comercialização dos materiais, mecanismo pelo qual se extrai o trabalho excedente dos catadores. Palavras-chave Catadores de papel, população excedente, trabalho, pobreza Abstract In several parts of Brazil, cities of medium and large size show sets relatively extense of human being and families that organize their lives by means of garbage. In this context, this essay focusing on the work of picker of paper that proposes to carry some considerations out rescuing the comprehension while exceed population, but inserted through its own activity, at capitalist accumulation logic. It starts with the premise that is essential to situate the activity in the context of social relations that estabilishe itself within the economic circuit that revolves around recycling rubbish. As a matter of fact, even in its precariousness, the activity of pickers is the first link in the economic circuit that revolves around for industry of recycling. It means, the informal extreme that provides raw material and materials for reusing, through the intermediaries in the process of marketing of materials, mechanism by which extract the surplus labor from the pickers. Keywords Collectors of paper, over population, employment, poverty 1 Parte das considerações teóricas apresentadas neste texto foi extraída da dissertação de mestrado que sob este mesmo título, foi apresentada em 1997 na UFRJ, sob orientação da Profa Marilda Villela Iamamoto. 1 1 - Apresentação O objetivo geral deste texto, sob o título Sobrevivendo do Lixo: População Excedente, Trabalho e Pobreza, é contribuir para a problematização do trabalho desenvolvido pelos catadores de papel enquanto uma atividade cuja presença significativa – como um dos vieses da modernidade – não tem limitada sua existência ao cenário urbano brasileiro. Em vários pontos do Brasil, cidades de médio e grande porte apresentam conjuntos relativamente extensos de indivíduos e famílias que organizam a vida em torno do lixo. Com isto, a maioria de municípios do país convive com a existência de catadores e, apesar de não existirem dados precisos sobre seu número, reconhecem-se a tendência de crescimento da atividade e o fato de representar uma alternativa de sobrevivência para amplas parcelas de população urbana pobre. Neste sentido, já no final de 2002, como resultado da presença crescente dos catadores na economia, os chamados “trabalhadores da coleta e seleção de material reciclável” foram incluídos na nova Classificação Brasileira de Ocupações. O cenário do final do século XX e o contexto da sociedade atual apresentam profundas mudanças no nível tecnológico que incidem em todos os âmbitos da vida social e no interior do mundo do trabalho. Nos mesmos espaço e tempo, contraditoriamente, ainda que necessários, se reproduzem experiências de trabalho que apresentam semelhanças com situações que caracterizam séculos passados. A atividade dos catadores parece remontar ao século XIX. De fato, a “multidão”, sua presença nas ruas, o deslocamento cotidiano desses personagens em Londres e Paris, foram considerados por seus contemporâneos como um fenômeno inquietante. Na época, esse espetáculo incitou o “fascínio” e o “terror” (BRESCIANI, 1992): Desçamos um pouco mais. Contemplemos um desses seres misteriosos vivendo por assim dizer dos dejetos das grandes cidades: pois existem profissões incomuns. São inúmeras. Algumas vezes, pensei aterrorizado que havia profissões que não traziam nenhuma alegria, profissões sem prazer, cansaços sem alívio, sofrimentos sem compensação. Estava enganado. Eis um homem encarregado de recolher o lixo de um dia da capital. Tudo o que a cidade grande rejeitou, tudo que ela perdeu, tudo que ela desdenhou, tudo que ela quebrou, ele cataloga e coleciona. Vive compulsando os arquivos da esbórnia, o cafarnaum dos rebotalhos. Faz uma triagem, uma escolha inteligente; recolhe, tal o avarento um tesouro, o lixo que, remastigado pela divindade da indústria, será transformado em objetos de utilidade ou de prazer. (BAUDELAIRE, 1996, p. 29). As décadas de 70 e 80 do século XX representaram um período de reestruturação econômica e de reajuste social e político, passagem para um sistema de regulamentação político e social bem diferente, denominado por Harvey (1993) de “acumulação flexível”, em confronto direto com a rigidez do fordismo. A acumulação flexível caracteriza-se pela flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, pelo surgimento de setores produtivos novos, pela flexibilização dos produtos e dos padrões de consumo. A reestruturação industrial, resultado das novas tecnologias produtivas – a automação e a robótica – e das novas formas organizacionais na indústria, manifesta-se nas profundas transformações no interior do mercado de trabalho, facilitadas pelo enfraquecimento do poder sindical e pela grande quantidade de mão-de-obra excedente. Verifica-se uma expansão sem precedentes do desemprego estrutural; uma crescente subproletarização do trabalho, pela incorporação do trabalho parcial, precário, temporário; fenômeno de terceirização do trabalho; 2 uma redução do operariado industrial, acompanhada do aumento do assalariamento no setor serviços; e mudanças na incorporação do trabalho feminino, dos mais jovens e dos mais velhos. “Há, portanto, um processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora.” (ANTUNES, 1995, p. 42, grifos do autor). Assim, segundo Ianni (1994), na mesma escala em que ocorre a globalização do capitalismo verifica-se a globalização do mundo do trabalho, visto que as características do mercado de trabalho no fim do século XX evidenciam que se tornou realmente global. Assim, apresentando características novas junto com as antigas, a questão social2 revela-se resultado e ingrediente da globalização do capitalismo, ou seja, “o mesmo processo de amplas proporções que expressa a globalização do capitalismo expressa também a globalização da questão social”3 (IANNI, 1994, p. 7). Alguns dos aspectos mais evidentes da questão social presentes na sociedade global e destacados pelo autor são: crescimento de contingentes situados na condição de subclasse; desemprego cíclico e estrutural; superexploração da força de trabalho; ressurgência de movimentos, por exemplo, nacionalistas, raciais, religiosos; diferentes tipos de discriminação; múltiplas manifestações de pauperização absoluta e relativa, verbalizadas em termos de “miséria”, “pobreza” e “fome”. Iamamoto (2008), chama a atenção que “a modernidade das forças produtivas do trabalho social convive com padrões retrógrados nas relações no trabalho, radicalizando a questão social.” (2008: 129, grifos da autora). Em relação à utilização da noção de “desenvolvimento desigual”, a autora explicita que é utilizada em sua acepção clássica, ou seja, “a desigualdade entre o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social, entre a expansão das forças produtivas e as relações sociais na formação capitalista. Revela-se como reprodução ampliada da riqueza e das desigualdades sociais, fazendo crescer a pobreza relativa à concentração e centralização do capital, alijando segmentos majoritários da sociedade do usufruto das conquistas do trabalho social. [...] A tensão entre o movimento da realidade e as representações sociais que o expressam estabelece descompassos entre o ser e o aparecer. Atualiza fetichismos e mistificações que 2 Nas palavras de Iamamoto, a “questão social diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana –o trabalho-, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. É indissociável da emergência do “ trabalhador livre”, que depende da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas necessidades vitais. A questão social expressa portanto disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa as relações entre amplos segmentos da sociedade civil e o poder estatal.” (2001, p. 16-17, grifos da autora). A existência do trabalhador despossuído de todos os meios de sustento, mero proprietário de sua própria força de trabalho, o converte em virtualmente “pauper”, pobre virtual. Em relação à noção de trabalhador livre, Marx, nos Grundrisse, diz: "el concepto de trabajador libre implica ya que el obrero es un pauper, virtualmente pauper. Las condiciones económicas hacen de él una mera capacidad de trabajo vivo, dotado, por tanto, de necesidades vitales. Necesidades de todas clases pero, en cuanto capacidad de trabajo, privado de las condiciones objetivas para satisfacerlas. Si el capitalista no necesita de su plustrabajo, el trabajador no puede ejercer su trabajo necesario; no puede producir [, por tanto], sus medios de sustento. No puede, en consecuencia, obtnerlos por medio del cambio, y cuando los obtiene es porque se le hace una limosna a costa de los ingresos [del capitalista]. Sólo puede vivir, en cuanto obrero, cambiando su capacidad de trabajo por la parte del capital destinado a fondo de trabajo. Y este cambio va aparejado, para él, a condiciones contingentes que nada tienen que ver con su existencia orgánica. Ello hace de él, virtualmente, un pauper. [...]. El modo capitalista de producción es el único en que el pauperismo se manifiesta como resultado mismo del trabajo, del desarrollo de la productividad del trabajo". (MARX, 1985a, T. II, p. 27-28, grifos do autor) 3 Para aprofundar no debate sobre questão social, ver Temporalis. Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS, ano II, n. 3, jan-jul 2001 e Pastorini (2010). 3 acobertam as desigualdades e sua reprodução social.” (IAMAMOTO, 2008, p. 129). Nesse contexto, a existência de catadores de papel sua produção e reprodução na atualidade precisam ser compreendidas enquanto produção capitalista de formas nãocapitalistas de produção e exigem a superação de falsos esquemas duais que analisam esses tipos de trabalho como “externos”, “arcaicos” ou “excluídos” da lógica capitalista.4 Neste sentido, Oliveira (1988), analisando o desenvolvimento da economia brasileira pós-anos 30 do século XX, faz referência à combinação constante de desigualdades e afirma que: a expansão do capitalismo no Brasil se dá introduzindo relações novas no arcaico e reproduzindo relações arcaicas no novo, um modo de compatibilizar a acumulação global, em que a introdução das relações novas no arcaico libera força de trabalho que suporta a acumulação industrial-urbana e em que a reprodução de relações arcaicas no novo preserva o potencial de acumulação liberado exclusivamente para os fins de expansão do próprio novo. (OLIVEIRA, 1988, p. 36, grifos nossos). No capitalismo, o desenvolvimento das forças produtivas gera uma massa crescente de trabalhadores excedentes; assim, a pobreza não é um acidente, mas o resultado necessário das leis do movimento do capital. Entende-se que o resgate dessas noções é um caminho para a superação da "naturalização da pobreza". Esta resulta de uma apreensão estática e anistórica da realidade social que interpreta a pobreza – e, portanto, a existência dos pobres – como um fenômeno "natural" e "eterno" por encontrar-se presente nos diferentes estágios da história. “Assim, naturalizada a sociedade, só resta uma avaliação moral dos males sociais” (IAMAMOTO, 1992, p. 28, grifos da autora). Sob orientação do modelo neoliberal, a supremacia do mercado se erige como organizadora da vida social e se efetiva, consequentemente, em um deslocamento da responsabilidade dos problemas sociais para os indivíduos. Assim, com mais força, a pobreza é reduzida a uma qualidade "individual" e sua compreensão passa a fazer referência a uma pobreza de "valores". Num contexto de intensa pauperização derivada das políticas concentracionistas de renda e capital, que resultam em uma queda brutal do poder aquisitivo dos salários as necessidades materiais tendem a ser espiritualizadas, transformadas em dificuldades subjetivas do indivíduo para a adaptação social. Assim, questões de economia política transmutam-se em "problemas assistenciais" e os direitos sociais conquistados na luta social são metamorfoseados em "benefícios", vistos como expressões de carências, de dificuldades internas à personalidade do trabalhador. (IAMAMOTO, 1992, p. 20, grifos da autora). Nesse contexto, este texto, tendo como foco o trabalho do catador de papel -enquanto uma forma particular de manifestação de pobreza- propõe realizar algumas considerações 4 Diferentes análises contribuem para pensar as “formas de trabalho não tipicamente capitalistas” como formas de expropriação e exploração diferentes das que classicamente se efetivam através da proletarização da força de trabalho, mas criadas e recriadas pelo próprio processo de acumulação do capital. Ver: Chayanov (1981); Kowarick (1977); Lefebvre (1973); Martins (1989; 1993; 2002); Souza (1980) e Wanderley (1979). 4 resgatando sua compreensão enquanto população excedente, mas inserida, através da própria atividade, na lógica de acumulação capitalista. 2 - Breve caracterização da atividade A atividade do catador de papel de rua consiste na coleta "informal", na via pública, de materiais selecionados do lixo para serem vendidos, para sua posterior reciclagem ou reaproveitamento. Constitui o passo intermediário entre a produção de resíduos domiciliares ou comerciais e sua coleta formal, enquanto serviço público desenvolvido pela Prefeitura ou por empresas privadas concessionárias do serviço. Inclusive, os catadores aproveitam do lixo os mais variados elementos para uso pessoal e alimentos, o que expressa a degradação das formas de sobrevivência a que estão submetidos. Existem também catadores que desenvolvem a atividade nos aterros sanitários ou “lixões”. Nestes casos, a seleção dos materiais é realizada nos lugares em que o lixo é concentrado logo depois da sua coleta formal. Segundo dados da pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, metade dos municípios brasileiros (50,8%) depositam seus resíduos em lixões a céu aberto, sendo que em alguns estados do Nordeste, esse número chega a 95%. A forma correta de destinação dos resíduos sólidos são os aterros sanitários, mas somente 27,7% dos municípios os utilizam. A coleta seletiva é incipiente e a pesquisa aponta para a existência de catadores de lixo em 27% dos municípios brasileiros. As pessoas que desenvolvem a atividade são denominadas de diferentes formas: catador de papel, catador de lixo ou catadores de material reciclável.5 De forma geral, pode-se afirmar que a rotina destas pessoas é condicionada pela rotina da produção do lixo da cidade. Um estudo sobre catadores do município de Campos de Goytacazes, no Rio de Janeiro, constata que “homens e mulheres, crianças, jovens e velhos, às vezes compondo uma mesma família repetem diariamente esta rotina, limitando ao espaço do lixo, as possibilidades de seu cotidiano.” (JUNCÁ, 1995, p. 4). No caso dos catadores, o autor explicita a relação direta entre sobrevivência e trabalho da seguinte forma: se a sobrevivência era a meta, seu principal, se não único sinônimo era o trabalho, decretando um amortecimento de outros valores e desejos, e um rodízio permanente em diversas atividades. A questão central sempre foi “buscar melhoria”, mas num horizonte limitado, na medida em que o mundo ao seu alcance direto e imediato, era o dos biscates, comportando o comércio ambulante de pequenos produtos, o exercício de atividades auxiliares na área da construção civil ou da serventia doméstica, as funções diversificadas e temporárias na produção da cana de açúcar, e, por último o ingresso no lixo. (JUNCÁ, 1995, p. 4). A atividade dos catadores surge relacionada com a grande quantidade e qualidade de detritos produzidos, resultado do desenvolvimento industrial e comercial dos grandes centros metropolitanos. Por trás da grande quantidade diária de lixo produzido, existem milhares de pessoas que vivem da cata de materiais. Emerge como alternativa ante a impossibilidade de obter trabalho assalariado e como a única forma possível de sobrevivência para grandes 5 Importante destacar que em pesquisas ou trabalhos em relação a catadores que desenvolvem a atividade em “lixões” ou aterros sanitários brasileiros predomina sua denominação como catadores de lixo. Conferir: Moura e Gonçalves (1989), Santos et al. (1991), Juncá (1995), Juncá e Azeredo (1995), Souza (1995). 5 contingentes dos setores mais espoliados da sociedade. Deste modo, as condições reais de reprodução de uma parte destes trabalhadores, longe de representar a "falácia liberal" da "iniciativa privada" ou "liberdade de escolha pessoal", são expressões de exclusão, exploração e subalternidade. Entende-se que a definição da pobreza e da população pobre desvinculada das relações sociais de produção não explicita se esses pobres são simultaneamente: força de trabalho desempregada, parcialmente empregada, trabalhadores assalariados, aposentados, trabalhadores por conta própria. Isto é, ocultam o caráter histórico das relações sociais em que se inserem como "força de trabalho" (Grassi et al., 1994). Portanto, parte-se da premissa de que é fundamental situar a atividade no contexto das relações sociais que se estabelecem no interior do circuito econômico que gira em torno da reciclagem do lixo. De fato, mesmo na sua precariedade, a atividade dos catadores constitui o primeiro elo do circuito econômico que gira em torno da reciclagem, ou seja, o extremo informal que fornece matéria-prima e materiais para sua reutilização para a indústria de reciclagem, passando pelos intermediários no processo de comercialização dos materiais, mecanismo pelo qual se extrai o trabalho excedente dos catadores. A força de trabalho dos catadores não constitui uma mercadoria; sua condição de trabalhador autônomo faz com que o produto de seu trabalho seja a mercadoria que, através de sua venda, permite sua subsistência e reprodução, ainda que em condições extremamente precárias. O catador de papel, enquanto trabalhador autônomo, possui o processo de trabalho sob seu domínio e controle, ou seja, à margem do domínio do capital. Trata-se de uma subordinação indireta entre o catador e a produção capitalista, visto que o trabalho deste se materializa nos produtos coletados, havendo transferência de excedentes através da mediação do capital comercial que possibilita, por meio do mercado capitalista, a incorporação no circuito industrial de matéria-prima a baixo custo. Neste sentido, são interessantes as formas que Marx (1985b, 1994) denomina de “transição” ou “secundárias”, formas de trabalho que se reproduzem dentro do modo de produção capitalista sem subsunção formal do trabalho ao capital. Nestes casos, é característico que o capital não interfere no processo de produção que se desenvolve à margem dele, nem extrai a mais-valia do produtor pela coação direta. Mesmo assim, no caso dos catadores, através do capital comercial, extrai-se trabalho excedente do produtor direto. De fato, nesta forma de organização social interessa o trabalho excedente, independentemente de que seja ou não sob a forma de mais valia. Essa complexa combinação de formas de trabalho só pode ser compreendida no contexto das relações que o catador estabelece com os atravessadores na comercialização das mercadorias e destes com a indústria. É o capital mais avançado que cria e recria essas relações. Essa forma não capitalista, porque não salarial, da exploração do trabalho se determina, no entanto, pelo movimento do capital, na medida em que é uma mediação necessária do processo de reprodução ampliada do capital, nessas condições históricas. (MARTINS, 1993, p. 116). Diante disto, propõe-se apreender a realidade particular dos catadores de papel na trama de relações que explicam sua existência, produção e reprodução. Permite, ao mesmo tempo, contribuir para uma "avaliação mais profunda da natureza das diversas formas de ocupação que as pessoas encontram, ou forjam, para sobreviver" (SANTOS et al., 1991, p 5). Parte-se da compreensão de que a pobreza, tanto quanto a riqueza, é o resultado necessário da organização social sob o capital, do próprio desenvolvimento da economia capitalista. Pobreza que, não reduzida à expressão de meras necessidades econômicas, atinge 6 o conjunto da vida dos indivíduos que experimentam essas situações. Com isto, a importância de avançar na discussão da pobreza a partir do resgate da inserção do “pobre” na estrutura produtiva. Este modo da produção não deve ser considerado só segundo o aspecto de ser a reprodução da existência física dos indivíduos. Ele já é antes uma maneira determinada de atividade desses indivíduos, uma maneira determinada de manifestar a sua vida, um modo de vida determinado. Os indivíduos são assim como manifestam a sua vida. O que eles são coincide portanto com a sua produção, tanto com o que produzem quanto também com o como produzem. Portanto, o que os indivíduos são depende das condições materiais da sua produção. (MARX; ENGELS, 1983, p. 187). 3 - População excedente e trabalho Neste item, serão levantadas algumas considerações gerais sobre população excedente e outros aspectos que permitem problematizar a particularidade do trabalho dos catadores de papel enquanto forma de trabalho não tipicamente capitalista, mas criada e recriada pelo próprio capital. A compreensão dos catadores enquanto população excedente implica resgatar a “lei de população própria do modo de produção capitalista”. Isto é, no sistema capitalista, o desenvolvimento da produtividade torna-se a mais poderosa alavanca da acumulação.6 Neste sentido, a grandeza crescente dos meios de produção, em relação da força de trabalho neles incorporada, expressa a produtividade crescente do trabalho [...]. Decréscimo da quantidade de trabalho em relação à massa dos meios de produção que os põe em movimento, ou na diminuição do fator subjetivo do processo de trabalho em relação aos seus fatores objetivos. (MARX, 1994, p. 722-723). Com o progresso da acumulação, varia a relação ente o capital constante e o capital variável; o ponto de partida é que a acumulação de capital, de uma ampliação quantitativa, passa a se basear num constante acréscimo de sua parte constante às custas de sua parte variável, que significa uma mudança qualitativa de sua composição. 7 Na análise desenvolvida por Marx, fica explícito que todo modo histórico de produção possui suas leis próprias de população, que só são válidas dentro de limites históricos.8 A lei da 6 Ver: O Capital, de Marx (1994), especificamente o capítulo XXIII “A Lei de Acumulação Capitalista”, fundamentalmente os itens 1 a 4, p. 712-752. 7 “Sendo a procura de trabalho determinada não pela magnitude do capital global, mas pela magnitude de sua parte variável, ela cai progressivamente com o aumento do capital global, ao invés de crescer proporcionalmente com ele. [...] Diminui em relação à grandeza do capital global e em progressão acelerada quando essa grandeza aumenta. Com o aumento do capital global cresce também sua parte variável, ou a força de trabalho que nele se incorpora, mas em proporção cada vez menor [...]. Demais, essa acumulação crescente e a própria centralização causam novas mudanças na composição do capital ou nova redução acelerada de sua parte variável em relação à constante” (MARX, 1994, p. 730-731). 8 Ver a crítica que Marx desenvolve à teoria de Malthus de população nos Grundrisse. Nessa crítica, aparece explícita a noção de historicidade e a especificidade do modo de produção capitalista, assim como a necessidade 7 população peculiar ao modo de produção capitalista é que “a população trabalhadora, ao produzir a acumulação do capital, produz, em proporções crescentes, os meios que fazem dela, relativamente, uma população supérflua.” (MARX, 1994, p. 732). Esta população supérflua é, na realidade, produzida pela própria acumulação capitalista, representando uma população que ultrapassa as necessidades médias da expansão do capital, pelo que se torna excedente.9 O exército industrial de reserva10 desempenha duplo papel: constitui material humano disponível ao serviço das necessidades de expansão do capital e exerce pressão através da concorrência, obrigando a parte empregada a se sujeitar às exigências do capital. A superpopulação relativa se reproduz periodicamente, aparece de forma aguda nas crises e de forma crônica nos períodos de paralisação. Existe sob os mais variados matizes. Todo trabalhador dela faz parte durante o tempo em que está desempregado ou empregado parcialmente. Na análise de Marx, ela assume três formas diferentes: flutuante, latente e estagnada. Essa diferenciação é importante, pois permite identificar diferentes segmentos da classe trabalhadora que participam da superpopulação sob formas distintas.11 Destaca, ainda, o segmento da superpopulação relativa que vegeta no pauperismo e a indigência –camada social que reúne tanto os aptos para trabalhar, como os incapazes, e os órfãos e filhos de indigentes, O pauperismo constitui o peso morto do exército industrial de reserva, sua produção deve ser compreendida na necessidade da superpopulação relativa, constitui condição da existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza. A superpopulação está continuamente adaptada conforme as necessidades da produção capitalista e da acumulação, ou seja, a criação de uma superpopulação relativa ou de um exército industrial de reserva e, ao mesmo tempo, a miséria de camadas cada vez maiores do exército ativo e o peso-morto do pauperismo. Martins (1989) destaca a história do capitalismo desde seus tempos iniciais como a história da “exclusão” e “marginalização de populações”, e denomina “exclusão-integrativa” ao processo que cria reservas de mão-de-obra e mercados temporários ou parciais. A criação de excedentes populacionais úteis, excluídos do processo de trabalho capitalista, embora incluídos no processo de valorização do capital por meio de formas indiretas de subordinação do trabalho ao capital, ou ainda, via relações clandestinas, constitui, segundo o autor, o elemento central da “teoria da superpopulação relativa”. Para a compreensão do fenômeno dos catadores de papel, contribui a análise clássica desenvolvida por Kowarick (1977) que, em sua tentativa de clarificar o processo de “marginalização”, propõe seu estudo situado no plano das relações sociais, recortando o tema em relação à problemática do trabalho como modo peculiar de inserção de trabalhadores na estrutura produtiva.12 de compreender os trabalhadores sobrantes, excedentes em relação com o modo como se produzem os meios de subsistência. Com isto, segundo Marx, só pode existir excedente de população no capitalismo (1985a, T. II, p. 2731). 9 Nas palavras de Marx, “se uma população trabalhadora excedente é produto necessário da acumulação ou do desenvolvimento da riqueza no sistema capitalista, e mesmo condição da existência do modo de produção capitalista. Ela constitui um exército industrial de reserva disponível, que pertence ao capital [...]. Ela proporciona o material humano a serviço das necessidades variáveis de expansão do capital e sempre pronto para ser explorado, independentemente dos limites do verdadeiro incremento da população.” (1994, p. 738-739). 10 Posteriormente, produto do desenvolvimento do capitalismo, Lenin chama a atenção para a formação do “exército geral de reserva” que expressa a maior facilidade de passar de ocupações agrícolas a não agrícolas e constitui força de trabalho para “os patronos de toda classe”. Ver: Lenin (1974, p. 295-300). 11 Ver: capítulo XXIII, item 4 - Formas de Existência da Superpopulação Relativa. A Lei Geral da Acumulação Capitalista, p. 743-752. 12 Esta proposta diferencia-se dos estudos sobre “marginalidade” que propõem a identificação empírica das “camadas marginais” segundo padrões de renda. Esta população estaria formada por indivíduos cuja renda per capita está abaixo da renda-trabalho-mínima per capita familiar. 8 Trata-se de uma única lógica estrutural, de tipo capitalista, a qual ao mesmo tempo gera e mantém formas de inserção na divisão social do trabalho não tipicamente capitalistas que longe de serem um peso morto constituem partes integrantes do processo de acumulação. (KOWARICK, 1977, p. 61). Para caracterizar a “marginalidade”, o autor esclarece que não se trata de trabalhadores por conta própria cuja qualificação permite continuidade no trabalho, altos rendimentos e facilidade de ingresso no mercado formal. Trata-se de um importante número de trabalhadores por conta própria sem qualificação, para quem a permanência nesses tipos de trabalho se explica por uma limitada capacidade de absorção de mão-de-obra no mercado formal, o que obriga grandes contingentes de trabalhadores a permanecerem em ocupações “por conta própria”. Segundo essa lógica de caracterização do “trabalho marginal”, as camadas “marginais” constituem um estrato da classe trabalhadora, diferenciada analiticamente dos trabalhadores estáveis pela situação na estrutura produtiva, configurada pela não-participação na produção da “mais-valia”.13 A interpretação de Souza (1980) aponta a necessidade de considerar as atividades não especificamente capitalistas como verdadeiro refúgio de mão-de-obra excedente, esfera produtiva subordinada à produção capitalista. Isto é, ao modo de produção capitalista articulam-se outras formas de organização que se inserem na estrutura econômica junto com as formas especificamente capitalistas, atuando em espaços que são criados, recriados e destruídos pela expansão capitalista. A expansão das atividades propriamente capitalistas determina a existência dessas formas mais simples sem destruí-las por completo. O próprio processo do capital produz e reproduz formas não-capitalistas de produção que viabilizam a acumulação capitalista, ou seja, criação e recriação de relações de exploração do trabalho que não são relações assalariadas. Isto é, essas relações representam formas de expropriação e exploração do trabalhador diferentes das que se efetivam através da proletarização da força de trabalho. A análise de Martins (1993), mesmo que voltada para a compreensão particular das formas não-capitalistas de trabalho no campo, contribui com sugestões para pensar o fenômeno particular dos catadores no âmbito urbano. Inclusive, dirige sua pesquisa teórica e empírica na “produção capitalista de relações não capitalistas de produção”. Na pesquisa do autor, em torno das distintas formas de trabalho existentes atualmente no Brasil rural, é notável a utilização simultânea, por parte das empresas capitalistas, de relações “avançadas” e “modernas” de trabalho assalariado até relações “atrasadas” e “violentas” de “peonagem”. Essa contradição deveria servir como colírio para limpar os olhos daqueles que ainda vêem nessas últimas relações manifestações de feudalismo e précapitalismo em nossa sociedade. Essa idéia tem servido para apagar da mente das pessoas as contradições reais do capitalismo e toda a extensão brutal das suas múltiplas contradições. Ela simplifica ideologicamente a estrutura do capitalismo, atribuindo a outra estrutura histórica contradições, tensões e violências que estão na própria alma do capital. (MARTINS, 1991, p. 17). 13 Deste modo, Kowarick (1977) considera inadequada e inespecífica a caracterização da “marginalidade” segundo o critério de “padrões de renda” que compreende como populações “marginais” tanto trabalhadores assalariados como não-assalariados, formadas pelos indivíduos cuja renda per capita está abaixo da rendatrabalho-mínima per capita familiar, dado que participam das mais baixas oportunidades de ganhar a vida. 9 Acredita-se que o conjunto destas considerações permite avançar na problematização e no conhecimento das reais condições de produção e reprodução da vida de grupos subalternizados da sociedade capitalista contemporânea. De fato, o processo de exclusão social subalterniza grupos crescentes e produz maior diversificação no interior dos grupos e classes subalternas14. Entretanto, é importante destacar que, longe de representar um “novo dualismo” que propõe falsas alternativas de excluídos e incluídos, a sociedade que exclui é a mesma que inclui e integra. É necessário “reconhecer a competência integradora e até patologicamente includente, aliciadora, dos processos econômicos e do sistema econômico que se nutrem da exclusão” (MARTINS, 2002, p. 11). Trata-se de um processo de “exclusão-integrativa”, isto é, “a criação de excedentes populacionais úteis, cuja utilidade está na exclusão do trabalhador do processo de trabalho capitalista e sua inclusão no processo de valorização por meio de formas indiretas de subordinação do trabalho ao capital” (MARTINS, 1989, p. 99, grifos do autor). 4- Considerações finais A atividade dos catadores de papel exemplifica a noção de “exclusão-integrativa”. Neste caso específico, os catadores constituem excedentes populacionais úteis, excluídos do processo de trabalho capitalista, embora incluídos no processo de valorização capitalista por meio de formas indiretas de subordinação do trabalho ao capital. De fato, conforme já foi explicitado, para se compreender a existência desta atividade autônoma, cujo domínio e controle do processo de trabalho é do próprio trabalhador, é necessário considerar o contexto do circuito econômico que abrange desde os catadores até as fábricas, passando pelos atravessadores através da comercialização dos produtos coletados, mecanismo pelo qual se extrai o trabalho excedente e se garante para os catadores um rendimento extremamente baixo que permite sua reprodução, mesmo que em condições de extrema precariedade. Com isto, a atividade representa uma alternativa de sobrevivência para amplas parcelas de população excedente de centros urbanos. Em outras palavras, trata-se de uma subordinação indireta entre o catador e a produção capitalista, visto que o trabalho deste se materializa nos produtos coletados, havendo transferência de excedentes através da mediação do capital comercial que possibilita, por meio do mercado capitalista, a incorporação no circuito industrial de matéria prima a baixo custo. A própria dinâmica da economia capitalista gera e reproduz, em escala sempre ampliada, a riqueza e a pobreza, enquanto processos inerentes a sua lógica de acumulação. A atividade do catador de papel é criada e recriada pelo próprio desenvolvimento e expansão da indústria de reciclagem. Portanto, a reciclagem constitui uma crescente e rentável atividade para os atravessadores e as indústrias de reciclagem, enquanto milhares de famílias organizam precariamente suas vidas em torno do lixo. Acredita-se que o conjunto de considerações levantadas neste texto contribui para avançar na compreensão da pobreza não reduzida ao âmbito da distribuição, ou seja, à renda, mas a partir da própria produção. 14 Martins (1989), explicita que o legado da tradição gramsciana prefigura a diversidade de situações de subalternidade, sua riqueza histórica, política e cultural. Nesta perspectiva, subalternidade não significa apenas a exploração econômica, mas a exclusão e a dominação política. A categoria “subalterno” aparece rica em possibilidades analíticas na discussão sobre a diversidade interna de concepções, pontos de vista e motivações presentes nas classes e grupos subalternos. 10 Bibliografia ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo, Ed. Cortez, 1995. BAUDELAIRE, C. O poema do haxixe. Rio de Janeiro, Ed. Newton Compton Brasil Ltda, 1996. BRESCIANI, M. E. M. 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