JULIANA VAZ DE OLIVEIRA MILENA MARINS DE REZENDE ESTUDO DAS IMPLICAÇÕES GERENCIAIS DA MPT (MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL) NAS AÇÕES INDUSTRIAIS E SUAS RELAÇÕES COM FERRAMENTAS DE VANTAGEM COMPETITIVA Trabalho de graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica e de Produção da Universidade Federal de Viçosa como parte das exigências para a conclusão do curso de Engenharia de Produção. Orientador Prof. Danielle Dias Sant’Anna Martins VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL 2005 ATA No. ______ DA APRESENTAÇÃO DE TRABALHO DE GRADUAÇÃO NECESSÁRIA À CONCLUSÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Às ____:____ horas do dia ____ de _______________ de _______, a Comissão Examinadora de Trabalho de Graduação, cujos membros estão mencionados abaixo, reuniu-se nas dependências do Campus da Universidade Federal de Viçosa para julgar o trabalho do(a) estudante ______________________, matrícula n° ______, intitulado ______________ ________________________________________, requisito necessário à conclusão da disciplina obrigatória EPR 491 – Trabalho de Graduação II do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Viçosa. Ao abrir a seção, o(a) Presidente da Comissão, após dar a conhecer aos presentes os procedimentos a serem adotados na apresentação, passou a palavra ao estudante que passou a apresentar seu trabalho. Em sessão pública, após a exposição, o estudante foi argüido oralmente pelos membros da Comissão Examinadora tendo como resultado: ( ) Aprovação; ( ) Aprovação condicionada a satisfação das exigências constantes no verso desta folha; ( ) Reprovação Lavrada pelo(a) Presidente da Comissão, a presente ata é assinada pelos membros da Comissão e pelo(a) estudante que estão de acordo com as informações nela contida. Viçosa, ___ de ______________ de ______ . ______________________________________________________ Orientador-Presidente da Comissão: Prof(a). _____________________________________________________ Membro da Comissão: Prof(a). _______________________________________________________ Estudantes Aos nossos pais, que viram em nós um futuro promissor e que acreditam que somos capazes de tudo que queremos. São a nossa força, o nosso apoio e nosso incentivo. Aos nossos irmãos, que vêem em nós um grande exemplo de vida e que, com isso, nos ajudam a crescer. II Agradecimentos À Deus, que nos permitiu viver tudo isso. À nossa orientadora pelo respeito por nosso trabalho, dedicação, paciência e amizade. Ao professor Tibiriçá por nos mostrar sempre o caminho e pela dedicação e simpatia com que trata a todos. Aos nossos amigos que nos escutaram nos momentos difíceis e que nos deram muita força nessa etapa de nossas vidas. Aos nossos namorados pelo incentivo, pela paciência que tiveram e por sempre estarem prontos a nos ajudar. III Sumário RESUMO .................................................................................................................V Glossário ...............................................................................................................VI Capítulo 1- Introdução ...........................................................................................8 1.1 Justificativa e delimitação do trabalho ....................................................................................................8 1.2 Objetivos .....................................................................................................................................................9 Capítulo 2- Materiais e métodos ...........................................................................9 Capítulo 3- Caracterização da MPT ....................................................................10 3.1 Importância da manutenção ....................................................................................................................10 3.2 Evolução da manutenção ..........................................................................................................................11 3.3 Conceitos e objetivos .................................................................................................................................12 3.4 As seis grandes perdas ..............................................................................................................................14 3.5 Pilares de sustentação da MPT ................................................................................................................16 Capítulo 4- Relações entre a MPT e outras filosofias de vantagem competitiva ...........................................................................................................18 4.1 Gestão de competências X MPT ..............................................................................................................18 4.2 JIT X MPT ................................................................................................................................................20 4.3 CQT X MPT ..............................................................................................................................................22 Capítulo 5- Conclusão .........................................................................................25 Referências ...........................................................................................................26 IV OLIVEIRA, J.V. ; REZENDE, M.M. Estudo Das Implicações Gerenciais Da MPT (Manutenção Produtiva Total) Nas Ações Industriais E Suas Relações Com Ferramentas De Vantagem Competitiva . 2005. 22 f. Trabalho de Graduação Departamento de Engenharia Elétrica e de Produção, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa – MG. RESUMO Na definição e implementação de uma estratégia competitiva na indústria, a Produção pode ser considerada um setor de grande importância para disseminação da cultura de melhoria contínua, guiando a organização rumo ao alcance de vantagens frente ao mercado. A Manutenção Produtiva Total (Total Productive Maintenance), MPT, pode ser um dos elementos que contribui para tal, já que é uma filosofia que visa a eficácia da estrutura orgânica da empresa, por meio de melhorias em termos materiais e humanos. O presente trabalho apresenta a MPT como ferramenta de aprimoramento contínuo através de conceitos e características referentes ao método. Preocupa-se, também, em fazer uma analogia da MPT com outras importantes ferramentas, mostrando a importância da união delas para o alcance de vantagem competitiva. Palavras Chave: Manutenção Produtiva Total, Gestão de Competências, Just in time, Controle da Qualidade Total. V Glossário Capabilidade: é a capacidade de fabricar produtos ou de operar sistemas e equipamentos dentro dos limites de especificação ou tolerância do projeto. Confiabilidade: por definição estatística, é a probabilidade de um equipamento funcionar. Mede a habilidade de um equipamento, sistema produtivo ou serviço de acordo com o esperado. Falhas: a falha de um equipamento é a situação na qual este se torna incapaz, total ou parcialmente, de desempenhar uma ou mais funções para qual foi projetado e construído. Kaisen: significa aprimoramento. Técnica japonesa que busca o aprimoramento contínuo do processo e das pessoas, visando diminuição de custos e aumento da qualidade total do processo. Kanban: em japonês significa “cartão ou sinal”. É um método de operacionalizar o sistema de planejamento e controle puxado. Algumas vezes é chamado de “correia invisível”, pois controla a transferência de material de um estágio para o outro da operação. Em sua forma mais simples é um cartão utilizado por um estágio cliente para avisar seu estágio fornecedor que o material deve ser enviado. Manutenção: termo usado para abordar a forma pela qual as organizações tentam evitar as falhas cuidando de suas instalações físicas. Pode-se dizer, de forma geral, que existem dois tipos de trabalho de manutenção: os da manutenção dos prédios e das instalações e a manutenção dos equipamentos de produção. O trabalho aborda o segundo tipo. Manutenção Autônoma: Visa permitir que o pessoal que opera ou usa os equipamentos da produção assumam as responsabilidades pela manutenção e cuidado desses. Cria uma responsabilidade pela melhoria do desempenho da manutenção. Manutenção Corretiva: manutenção realizada após a falha. Significa deixar as instalações continuarem a operar até que quebrem. Manutenção Preditiva: conjunto de procedimentos que visa determinar o momento ótimo (ponto preditivo) para a execução de uma manutenção preventiva. Baseia-se no fato de que em uma manutenção preventiva, alguns componentes podem ser trocados antes de apresentarem defeitos. Busca-se prever qual o momento da falha e intervir um pouco antes. VI Manutenção Preventiva: conjunto de procedimentos que visam manter o equipamento em funcionamento, executando serviços que previnam e evitem paradas imprevistas. Ex.: Lubrificação, limpeza, ajuste ou troca de componentes, instalação, preparação, Scandisk, Backups, Desfragmentação etc. Objetiva reduzir as probabilidades de falha por manutenção das instalações em intervalos pré-planejados. Perdas: qualquer coisa que não seja a quantidade mínima de equipamento, de materiais, de peças e de trabalhadores (tempos de trabalho) que são absolutamente essenciais à produção. Qualidade: significa fazer exatamente como foi prescrito. Seu desempenho envolve um aspecto externo que lida com a satisfação do consumidor e um aspecto interno que lida com a estabilidade e a eficiência da organização. Quebras: perda da função básica dos objetos ou equipamentos, ou seja, falta de aptidão para execução da função básica estabelecida. Set-up: é o tempo definido como o tempo decorrido na troca do processo da produção de um lote até a produção da primeira peça boa do lote. VII Capítulo 1 - Introdução Diante de uma economia globalizada, a competitividade nunca foi tão marcante entre as empresas, em nível nacional e mundial como nos dias de hoje, fato que tem colocado em ameaça a sobrevivência delas. Desenvolver continuamente estratégias se torna fundamental para as organizações obterem vantagens competitivas. Não basta produzir, deve-se competir com qualidade e baixos custos. Além disso, a flexibilidade da produção e menor tempo de resposta também são fatores que conferem sucesso a uma organização, uma vez que garantem a satisfação do cliente. Em decorrência desse quadro pode se afirmar que a alta produtividade da empresa está intimamente ligada ao seu sucesso. Perdas de tempo devido a paradas de equipamentos no processo produtivo e a falhas gerenciais e/ou técnicas são ameaças à produção com qualidade e à minimização do tempo de entrega, podendo ser causa de insatisfação por parte dos clientes. Essas perdas podem ser minimizadas se passarem a receber maior atenção pelo setor de manutenção da empresa, que está estritamente ligado à situação descrita. Dessa forma, a Manutenção deixa de ser vista apenas como fator de custos e gastos e passa a ser uma grande “aliada” do sistema produtivo. Torna-se necessário, então, realizar uma “manutenção planejada”. Isto pode ser feito por meio de diversas técnicas e filosofias empregadas, individual ou conjuntamente, em várias áreas funcionais da empresa. Um programa muito utilizado é o TPM – Total Productive Maintenance (Manutenção Produtiva Total ou MPT), que é uma filosofia de melhoria contínua “que visa a eficácia da própria estrutura orgânica da empresa, através das melhorias a serem introduzidas e incorporadas tanto nas pessoas como nos equipamentos” (NAKAJIMA, 1989). Em vista de seus benefícios, a MPT tem sido visado por empresas como forma de estratégia para alcançar vantagem competitiva. 1.1 Justificativa e delimitação do trabalho A Manutenção Produtiva Total é fundamental como forma de melhorar a gestão da manutenção nas empresas industriais. A utilização desta filosofia conduz a uma melhoria da estrutura da empresa em termos materiais (máquinas, equipamentos, ferramentas, matéria-prima, produtos etc.) e em termos humanos (aprimoramento das capacitações 8 pessoais envolvendo conhecimentos, habilidades e atitudes) gerando incremento da qualidade e produtividade. Assim, o MPT pode ser visualizado como uma forma de reduzir os custos globais de manutenção da empresa e como um parceiro decisivo para obtenção de alta produtividade. Em decorrência disso e da escassez de materiais relativos ao tema, optou-se por fazer uma revisão sobre a MPT a fim de que auxilie gestores no gerenciamento da produção e outros leitores no enriquecimento dos seus conceitos. Desse modo, o trabalho consta de um estudo minucioso sobre a MPT no segmento de empresas industriais, limitando-se a apresentar conceitos e discussões sobre o assunto sem demonstrar métodos de sua implantação. 1.3 Objetivos No geral, o interesse está voltado para o aprofundamento e a compreensão das implicações gerenciais da MPT nas ações das indústrias bem como seu relacionamento com outras ferramentas de vantagens competitivas. Para isso, especificamente, pretende-se: 1- realizar levantamentos bibliográficos sobre o MPT; 2- analisar estudos de casos que envolveram a aplicação da MPT em empresas, identificando melhorias ocorridas assim como problemas e dificuldades; 3- realizar levantamentos bibliográficos sobre Gestão de Competências, Controle da Qualidade Total (CQT) e Just In Time (JIT); e 4- relacionar a ferramenta MPT com os modelos de “gestão de competências”, CQT e JIT. Capítulo 2 – Materiais e métodos A idealização do trabalho partiu do contato com a MPT por meio de empresas que utilizam tal ferramenta em seu modelo de gestão. A partir disso, a concepção da importância da MPT no processo produtivo e a escassez de materiais sobre o assunto fez com que se desenvolvesse o trabalho. As principais etapas seguidas para a realização do trabalho, após a identificação do problema, foram: 1- coleta de dados e informações: partiu-se da prospecção bibliográfica disponível em periódicos, livros, publicações de empresas e informações presentes na rede mundial de 9 computadores (Internet). 2- classificação, análise e descrição das informações: após a coleta do material, foi feito uma divisão entre material referente a informações teóricas e o material referente a informações práticas, ou seja, aplicabilidades do MPT. As informações foram analisadas observando os seguintes pontos: conceito do método, características, vantagens e desvantagens, e benefícios gerados nas mais diversas áreas empresariais. Paralelamente, procurou-se, de modo exploratório e do ponto de vista do sistema empresarial, entender como a MPT se relaciona com as outras áreas de conhecimento e gestão empresarial. 3- coleta de dados sobre outras ferramentas de gestão e descrição das informações: percebidas as relações, buscou-se estabelecer vínculos entre a MPT e outras ferramentas de gestão, descrevendo a importância dessa relação para as organizações. Capítulo 3 – Caracterização da MPT 3.1 Importância da manutenção A Globalização e o crescente acirramento da competição entre empresas em nível nacional e internacional faz com que a necessidade de flexibilização, redução de custos, resposta rápida e garantia de qualidade se tornem fatores de alcance de sucesso. O atual contexto econômico, portanto, torna a manutenção um fator de grande importância. De acordo com o dicionário OXFORD, o termo citado significa “suporte, cuidado, preservação, perpetuação de determinado objeto ou ação”. Essa definição implica que se aplicada uma correta manutenção em máquinas e equipamentos, possuirão seu estado e funcionamento preservados, garantindo a continuidade da produção de qualidade. Segundo ROCHA (1995), o departamento de manutenção tem importância vital no funcionamento de uma indústria. Pouco adianta o administrador de produção procurar ganho de produtividade se os equipamentos não dispõem de manutenção adequada. À manutenção cabe zelar pela conservação da indústria, especialmente de máquinas e equipamentos, devendo antecipar-se aos problemas através de um contínuo serviço de observação dos bens a serem mantidos. O planejamento criterioso da manutenção e a execução rigorosa do plano permitem a fabricação permanente dos produtos graças ao trabalho contínuo das máquinas, reduzindo ao mínimo as paradas temporárias da fábrica. 10 Além do aumento da confiabilidade da produção, uma correta manutenção dos equipamentos também garante uma maior segurança ao operador, diminuição dos custos de engenharia e aumento da rapidez de resposta aos clientes. Antes tratada como fator de custos adicionais e não necessários para as empresas, hoje a manutenção se torna uma função estratégica no ambiente industrial, sendo um agente de otimização da produção e, consequentemente, de lucros. 3.2 Evolução da manutenção Apesar do termo Manutenção ter surgido apenas no século XVI, com o advento das primeiras máquinas têxteis a vapor, seu conceito vem sendo utilizado desde os primórdios da civilização. Afinal, a conservação de bens sempre foi uma prática comum. TAVARES (1996) diz que manutenção compreende “todas as ações necessárias para que um item (equipamento, obra ou instalação) seja conservado ou restaurado, de modo a poder permanecer de acordo com uma condição especificada.” O processo de manutenção vem sofrendo grandes transformações ao longo do desenvolvimento industrial, sendo aprimorado constantemente de acordo com as necessidades de negócios. A forma mais primária de manutenção conhecida é a Manutenção Corretiva, podendo ser simplificada pelo ciclo “quebra-repara”, não sendo planejada. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram líder mundial em manufatura e a demanda por seus produtos passou a exceder significativamente sua capacidade de produção. Na época, o cuidado com as máquinas e equipamentos passou a ser essencial nas indústrias, já que o objetivo das indústrias era produzir cada vez mais e cada interrupção do processo, devido a uma quebra qualquer, significava perda de produção. Foi nesse período que teve início a era da Manutenção Preventiva, que se refere à prevenção de defeitos e falhas de forma a reduzir ou evitar a quebra de máquinas e queda no desempenho, baseado em planos previamente elaborados. Esta filosofia destaca-se pela grande diminuição de gastos e perdas de produção ocorrida pela redução do uso de manutenção corretiva durante o fluxo do processo. Na década de 60, devido ao aumento da competitividade e desenvolvimento de novas tecnologias, tornou-se necessária e possível a evolução de outro tipo de manutenção, 11 a Preditiva, ocorrendo somente quando necessário. A Manutenção Preditiva permite a prevenção das falhas, por meio do monitoramento sistemático das condições das operações, que detecta mau funcionamento de equipamentos e planeja intervenções devidas, possibilitando que o equipamento opere continuamente pelo maior tempo possível. Esta nova filosofia foi marcada como a primeira grande quebra de paradigma na manutenção, sendo intensificada pelo aumento do conhecimento tecnológico e desenvolvimento de equipamentos que permitia avaliação confiável de sistemas operacionais em funcionamento. Nos anos 70, com a alta competição existente no mercado, a MPT surgiu no Japão a partir de um avanço das técnicas e procedimentos tradicionais da Manutenção. A MPT, portanto, foi criada e desenvolvida dentro das concepções do Sistema Toyota de Produção (STP), com a filosofia de maximização do rendimento operacional global através da otimização. A MPT significa manutenção autônoma da produção com a eliminação de desperdícios, o envolvimento de todos os funcionários e aprimoramento contínuo das técnicas e pessoas envolvidas. 3.3 Conceitos e objetivos A MPT concentra sua atenção na eliminação de perdas geradas por mau uso de equipamentos e de recursos humanos, restaurando as não conformidades e introduzindo pequenas melhorias através do desenvolvimento sistemático dos operadores. Assim, em seu sentido mais amplo, “é uma filosofia e uma coleção de práticas e técnicas, desenvolvidos pela indústria japonesa e destinados a maximizar a capacidade dos equipamentos e processos, não se destinando somente para a manutenção dos equipamentos, mas também para todos os aspectos relacionados à sua instalação e operação e sua essência reside na motivação e no enriquecimento pessoal das pessoas que trabalham dentro da companhia” (DAVIS, 1995 apud DAVIS, M. M.; AQUILANO, N. J.; CHASE, R. B., 2001). Em 1989, NAKAJIMA propôs um significado para cada letra do termo MPT, que serão descritos abaixo: 12 - letra "T": "TOTAL". Total no sentido de eficiência global, no sentido de ciclo total de vida útil do sistema de produção e no sentido de todos os departamentos e de participação; - letra "P": "PRODUCTIVE". A busca do sistema de produção até o limite máximo da eficiência, atingindo "zero acidente, zero defeito e quebra/falha zero", ou seja, a eliminação de todos os tipos de perda ate chegar ao nível zero; - letra "M": "MAINTENANCE". Manutenção no sentido amplo, que tem como objeto o ciclo total de vida útil do sistema de produção e designa a manutenção que tem como objeto o sistema de produção de processo único, a fábrica e o sistema de vendas. NAKAJIMA (1989 apud NAKAJIMA, 1996) também revisou a definição do MPT, proposta em 1971 pela JIPM - Japan Institute of Plant Maintenance , concedendo uma atualização que se apresenta nos cinco itens seguintes: 1 - objetiva a constituição de uma estrutura empresarial que busca a máxima eficiência do sistema de produção (eficiência global); 2 - constrói, no próprio local de trabalho, mecanismos para prevenir as diversas perdas, atingindo "zero de acidente, zero de defeito e zero de quebra/falha", tendo como objetivo o ciclo total de vida útil do sistema de produção; 3 - envolve todos os departamentos, começando pelo departamento de produção, e se estendendo aos setores de desenvolvimento, vendas, administração, etc; 4 - conta com a participação de todos, desde a alta cúpula até os operários de primeira linha; 5 - atinge a perda zero por meio de atividades sobrepostas de pequenos grupos. Através dessa definição, pode-se destacar características peculiares do MPT, que são resumidas nos fatores subsequentes: 1 - A busca da economicidade (a manutenção planejada deve proporcionar lucros); 2 - A integração do sistema; 3 - A execução da manutenção espontânea, executada pelo próprio operador (atividade de pequenos grupos). MIRSHAWKA (1993 apud WYREBSKI, 1997) afirma que a MPT busca a eficácia da própria estrutura organizacional da empresa, através do investimento na capacitação das pessoas e de melhorias incorporadas às máquinas, equipamentos e dispositivos. Tais 13 melhorias se referem à maximização do rendimento global dos equipamentos e do processo de produção. Para isso, é elaborada uma programação da manutenção, que engloba técnicas de manutenção corretiva, preventiva, preditiva e autônoma, aumento do ciclo de vida dos equipamentos e implantação do programa 5s. Estes procedimentos estão focados na eliminação de todas as perdas que ocorrem durante o processo, as quais são chamadas de “as seis grandes perdas”. Dessa forma, o investimento na capacitação dos recursos humanos da empresa se torna fundamental para o sucesso da MPT. O elemento humano é definido como o principal fator da implantação do método. As pessoas da organização devem estar empenhadas com o processo de mudança e devem estar preparadas para tal. O objetivo é promover uma cultura de que cada funcionário possui seu espaço na organização, de forma que eles se sintam responsáveis pelos equipamentos que utilizam. Incentiva-se, então, o aprendizado mais aprofundado sobre o equipamento e seu funcionamento e sobre o processo produtivo, criando possibilidades de que o trabalhador faça um diagnóstico sobre os problemas encontrados e sugira melhorias que aumentem o rendimento das máquinas (WYREBSKI, 1997). Segundo PALMEIRA e TENORIO (2001), a MPT desenvolve conhecimentos capazes de reeducar as pessoas para ações de prevenção e de melhoria contínua em relação aos equipamentos, garantindo o aumento da confiabilidade dos mesmos e da capabilidade dos processos, sem que haja investimentos adicionais. Pode-se afirmar, portanto, que a MPT aumenta a produtividade, gera produtos de alta qualidade a custos competitivos e reduz o tempo de resposta, aumentando a satisfação do cliente e fortalecendo o posicionamento da empresa no mercado. 3.4 As Seis Grandes Perdas As perdas durante o processo produtivo estão intimamente ligadas ao incremento da produtividade, com o aumento do rendimento global dos equipamentos e do processo. Eliminar todas as perdas é o grande desafio da MPT. Em outras palavras, a MPT preocupase em minimizar os inputs do sistema, ou seja, as despesas com insumos, mão de obra, máquinas e métodos, e maximizar os outputs, ou seja, os resultados. É um modo de gestão 14 pro-ativo, que corrige as deficiências do sistema antes de terminado o processo. Dessa forma, há uma redução dos custos e um aumento na produtividade com qualidade. As perdas podem são classificadas em: 1- Perda por quebra de equipamento Existem dois tipos de perdas por paradas de equipamentos devido à quebra: perda total da capacidade do equipamento e perda parcial da capacidade. A quebra com perda total provoca a parada do equipamento e o acionamento do serviço de manutenção. Essas são ocasionadas, geralmente, por fatores que estão fora do controle do serviço de manutenção. Já a quebra com perda parcial do equipamento ocorre em diversos pontos da linha de produção, e são causados por folgas de parafusos, sobrecarga da máquina, vazamentos de óleos etc. É o tipo de defeito que deve-se atentar para que não venha a ser aceito como um fator normal de operação. A busca da quebra zero da MPT inclui a eliminação dos dois tipos de quebras. Medidas como obediência às condições de uso, estruturação das condições básicas de preservação, redução das falhas do projeto, incrementação das capacidades técnicas das pessoas que utilizam os equipamentos são imprescindíveis. A idéia de quebra zero baseia-se no conceito de que a quebra é a falha visível, que é causada por inúmeras falhas “invisíveis”, isto é, desconhecidas pelos usuários ou mesmo conhecidas, mas que não são de interesse deles em repará-las. Portanto, detectar as falhas invisíveis é o essencial para a eliminação das quebras. 2- Perda para ajustes e mudança de linha de produção São as perdas por paradas quando ocorre troca das linhas de produção e paradas para pequenos ajustes das mesmas. O processo deve ser otimizado para que o tempo de parada seja o menos possível. 3- Perda por interrupções momentâneas ou operação em vazio Essa perda é ocasionada por parada durante a realização de alguma tarefa, em que um equipamento depende de outro para realizar seu serviço. 4- Perda por redução de velocidade de trabalho A perda por queda de velocidade de trabalho é decorrente de inconveniências não consideradas. Pode ser exemplificado por problemas mecânicos, desgastes em máquinas e instrumentos, sobrecarga de equipamentos etc. 5- Perda por defeitos ou retrabalhos 15 Todas as operações relativas a retrabalhos e a eliminação de produtos defeituosos constituem perdas que conferem gastos de tempo e custos adicionais com mão de obra, materiais e processamento. Essas perdas reforçam a idéia de manutenção autônoma, na qual é fundamental a participação dos funcionários, prevendo e evitando falhas simples. Isso promove a autoconfiança para a obtenção de defeito zero, assim como na quebra zero. 6- Perda para entrada em regime normal de produção Existem fatores que atrasam a estabilização do processo, como ferramentas inadequadas, falta de manutenção, falta de insumos e falta de domínio do operador, consumindo tempo, sendo classificado como perda (NAKAJIMA, 1989). As perdas são fatores decisivos no aumento do rendimento operacional dos equipamentos, devendo, então, serem eliminadas. 3.5 Pilares de Sustentação da MPT Para o alcance da “quebra-zero”, eliminação das seis grandes perdas e subsequente maximização do rendimento operacional global, o MPT baseia-se em pilares de sustentação. Inicialmente, eram reconhecidos 5 (cinco) pilares básicos ao desenvolvimento e implantação da metodologia. Com o aumento da utilização do programa, o JIPM incluiu mais 3 (três) atividades essenciais para sua implantação: gerenciamento, manutenção da qualidade e segurança, higiene e meio ambiente. Os 8 (oito) pilares são classificados como: 1 - Melhoria individuais e específicas – busca a eliminação das Seis Grandes Perdas através da identificação individual das perdas de cada equipamento para posterior introdução de melhorias. 2 - Manutenção Autônoma – através da conscientização e capacitação dos operadores e manutenedores, busca o aumento do comprometimento e conseqüente voluntariedade, criando o conceito “da minha máquina cuido eu”. Condiciona um maior rendimento na operação e diminui custos de manutenção, assim como permite seu melhor gerenciamento. 3 - Manutenção Planejada – objetiva manter condições ideais de funcionamento de equipamentos por meio de intervenções planejadas e necessárias. Elimina paradas imprevistas, diminui taxas de retrabalho e aumenta a confiabilidade do processo. 16 4 - Educação e Treinamento – possibilita aumento do conhecimento e de habilidades dos funcionários envolvidos. Motiva os operadores à busca da maximização do rendimento operacional global através da conscientização, participação, responsabilidade, confiança e, acima de tudo, incentivo. 5 - Controle Inicial – através do controle de especificações de funcionamento, ciclo de vida e manutenção do equipamento, definidas por fornecedores e operários, garante uma maior eficiência do processo e maior facilidade nas manutenções subsequentes; 6 - Controle Administrativo – visa obter a certificação de que a MPT está sendo implantada e utilizada da maneira certa e facilitar a troca de informações entre as áreas administrativas, garantindo um bom funcionamento do processo; 7 - Manutenção da Qualidade – busca garantir qualidade ao produto final e conseqüente satisfação dos consumidores, através da minimização de defeitos durante o processo e equipamentos. Visa identificar, analisar, corrigir, melhorar e controlar falhas que poderão gerar defeitos de qualidade e afetar o consumo final do produto; 8 - Higiene, Segurança e Meio Ambiente – visa prevenção de acidentes de trabalho. Define regras para uma boa higiene e procura evitar irregularidades que constituem risco para a integridade física do trabalhador, para sua saúde e para os materiais da empresa. Constituise de programas de treinamento preventivo, faixas de segurança, sinalização e equipamentos de proteção, dentre outros. Quanto ao meio ambiente, objetiva sua preservação e minimização de influências negativas que os equipamentos e processos possam trazer. Estabelece, também, a participação em auditorias ambientais. Os pilares do MPT devem ser estabelecidos de acordo com as necessidades e grau de complexidade de cada organização. A estrutura de sustentação com base nos 8 pilares, quando bem fundamentada, pode garantir o sucesso da implantação e, até mesmo, a sobrevivência do modelo. 17 Capítulo 4 – Relações entre a MPT e outras filosofias de vantagem competitiva 4.1 Gestão de Competências X MPT A necessidade de sobrevivência das organizações exige que o seu modelo estrutural seja adaptado às novas demandas de negócio. A conseqüência maior é a necessidade de adequar o perfil profissional das pessoas que têm a responsabilidade de administrar os processos reorganizados. Nesse sentido, a gestão das pessoas que compõem o capital humano das empresas ganha importância fundamental quanto ao aprimoramento de seus resultados, especialmente num universo de competitividade crescente (PICARELLI FILHO, 2004). Partindo do pressuposto de que as pessoas de uma organização é que são os recursos determinantes do seu sucesso, o termo “Gestão de Competências” ganha espaço dentro das empresas e passa a ser visto como instrumento diferencial de mercado. O conceito de Gestão de Competências começou a ser discutido no mundo empresarial no final dos anos 70, no contexto da crise estrutural do capitalismo. É um modelo de gestão de pessoas que responde de forma rápida à necessidade de desenvolver novas competências, acompanhando a evolução do perfil profissional exigido pelo mercado atual. Em síntese, é uma forma de valorizar a organização através de seus funcionários. Os conhecimentos e perfis dos recursos humanos da empresa, ou seja, as competências, são definidas de acordo com suas estratégias de negócio e de forma que suas metas sejam mais facilmente obtidas. Baseado nesse ponto, o sistema de administração de pessoas foca-se em formar e preparar profissionais para atender às necessidades de negócios e gerar valor à empresa. Assim, a gestão por competências se baseia nas atividades descritas a seguir. 1- Captação de pessoas que atendam às competências exigidas pela organização, de acordo com suas estratégias. 2- Desenvolvimento de competências. As empresas contam com a possibilidade de desenvolver as competências dos indivíduos, visando adequá-las às necessidades organizacionais. 18 3- Remuneração por competências. O salário é determinado pela formação e capacitação do funcionário, ligadas às competências estabelecidas pela empresa. Há, também, a remuneração variável, com participação nos resultados da empresa (FLEURY e FLEURY, 2001). Entende-se por competência, segundo FLEURY e FLEURY (2001), “o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes que afetam o desempenho do trabalho de uma pessoa. A competência pode ser mensurada, quando comparada com padrões estabelecidos, desenvolvida por meio de treinamento”. Esse conceito se relaciona com o conceito de qualificação, porém, é mais amplo porque se refere à capacidade da pessoa assumir iniciativas, realizando atividades além das prescritas, podendo compreender e dominar novas situações encontradas no trabalho. Desta forma, o capital humano baseado na gestão de competências se apresenta com alta flexibilidade, agilidade, eficiência e eficácia nas operações, ampla comunicação e visão completa do sistema (PICARELLI FILHO, 2004). Diante das idéias defendidas pelo modelo de gestão de competências, pode-se associá-lo à filosofia da MPT, já que a implantação da MPT numa organização se apoia nas características desse modelo. A MPT é sustentada, entre outros, pela manutenção autônoma e pela educação e treinamento dos funcionários da empresa. Estes dois pilares estão intimamente ligados à gestão de competências. A manutenção autônoma se traduz como um processo de capacitação dos funcionários, a fim de que se tornem aptos a promover mudanças no seu ambiente de trabalho que garantam altos níveis de produtividade, com o aumento do rendimento operacional global. Tal processo de capacitação não se restringe a operadores de máquinas, envolve funcionários de todos os níveis hierárquicos. Cria-se, então, uma cultura de responsabilidade pelo equipamento e responsabilidade pelo produto fabricado. Para isso, o funcionário é treinado a desenvolver suas habilidades e aumentar seu conhecimento pelo equipamento que utiliza, bem como pelo processo produtivo total. Ele se torna consciente de sua importância no sistema, o que o incentiva e o motiva a promover o aumento de suas competências cada vez mais. Pode-se dizer que há um plano de carreira passando o 19 funcionário a ser visto como um ativo valioso para a organização, não sendo mais facilmente substituível. Na MPT, o funcionário é treinado para desenvolver, além de sua habilidade de produzir, mais quatro habilidades, as quais são descritas a seguir. 1- Capacidade para descobrir anormalidades. Ao contrário de antes, ele identifica o que está errado antes que a anormalidade provoque conseqüências mais graves, ou seja, ele é capaz de prever um erro. As anomalias podem ser exemplificadas como defeitos no produto, insumos fora da especificação, erro na programação da produção, mau funcionamento das máquinas, erro na previsão de vendas etc. 2- Capacidade de tratar as anomalias e recuperar a normalidade. Nesse ponto, o funcionário sabe corrigir rapidamente o que está fora do padrão. 3- Capacidade para estabelecer critérios. O funcionário adquire condição para definir critérios de julgamento para distinguir uma situação normal de uma anormal. 4- Capacidade de controle. Aqui o funcionário desenvolve sua capacidade de manter o controle e cumprir as regras estabelecidas rigorosamente (MOREIRA, 2003). Assim, a maximização do rendimento operacional global, principal objetivo da MPT, é conseguida por meio de muito treinamento, que aumenta o conhecimento e as habilidades do funcionário. A implantação da MPT em uma organização se sustenta com o desenvolvimento das competências de seus recursos humanos. Portanto, o método de gestão de competências contribui fortemente para que as metas da MPT sejam alcançadas. 4.2 JIT X MPT Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos se tornaram líder mundial em manufaturas e, em contra-partida, os japoneses buscaram desenvolver ferramentas organizacionais com o intuito de reestruturar sua economia e torná-los novamente competitivos. Desse contexto nasceu, então, na década de 60 (sessenta), a filosofia just-intime. Tal modelo de gestão da produção foi concebido inicialmente na indústria automobilística Toyota Motors Company e, por isso, ficou também conhecido como Sistema Toyota de Produção. 20 “O JIT surgiu como uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios” (HARRISON, 1997 apud CECCONELLO, 2002). Sua base de sustentação está no termo Simplificação e sua característica marcante é a intensa busca pela minimização de todas as possíveis perdas do processo produtivo. É uma forma de gestão direcionada para fazer o que for necessário, no momento certo, com a quantidade de material e de esforço pessoal suficientes. Também busca o mínimo de estoques e de tempo, eliminando as perdas e atividades que não agregam valor, de forma a oferecer aos consumidores produtos e serviços a preços competitivos e com qualidade garantida. Ainda, confere flexibilidade na produção para atender as necessidades da demanda. Segundo TUBINO e DANNI (1997 apud CECCONELLO, 2002), o JIT tem como objetivo otimizar a relação qualidade/custo, minimizar os recursos investidos nos projetos e na produção, entender e responder às necessidades do cliente, desenvolver confiança e relações abertas com os clientes e fornecedores e, finalmente, aumentar o comprometimento com a melhoria global do sistema. A busca pelo aprimoramento contínuo, na visão dos japoneses, é realizada através da procura pelos “zeros” do processo produtivo. Para eles, a nomenclatura “zero” tem significado de minimização visando a otimização do sistema. Dessa forma, as metas estabelecidas pelo JIT são: zero defeitos, zero estoques, zero de lead time, zero papéis e zero de tempos de set up e de movimentação (MIYAKE, 1995). A busca pelos “zeros” é marcada pela intensa eliminação de todas as perdas do processo. O JIT entende essas perdas como excesso de tempo gasto no transporte e na espera, desperdícios de superprodução e desperdícios no processo. Essas perdas podem ser eliminadas através da minimização de estocagem durante e após o processo, manutenção de equipamentos, capacitação dos funcionários, aumento da flexibilidade do processo, produção balanceada, adaptação do layout, rápido set up, melhoria contínua da qualidade (Kaizen), e uso do Kanban (sistema visual de “puxar” materiais para a produção de acordo com a demanda). Nesse contexto, a eficiência do Just in Time pode ser aumentada com a utilização da Manutenção Produtiva Total. O JIT, sendo um modelo que visa a otimização da produção através da eliminação de perdas do processo produtivo, é beneficiado com a implantação da 21 MPT, modelo que, conforme já descrito, objetiva a otimização pela maximização do rendimento operacional global, também através da eliminação de perdas. Segundo NAKAJIMA (1989), a MPT busca a conquista da quebra zero/ falha zero das máquinas e equipamentos. Uma máquina sempre disponível e em perfeitas condições de uso propicia elevados rendimentos operacionais, diminuição dos custos de fabricação e redução do nível de estoques. Este conceito vem de encontro aos objetivos do JIT, pois a partir do momento que os equipamentos de produção possuem uma manutenção planejada e os funcionários uma conscientização da manutenção autônoma, as perdas com relação ao tempo de set up e as paradas relativas a quebras e falhas de equipamentos serão minimizadas. Dentre os oito pilares que sustentam a MPT, pode-se afirmar que cinco deles beneficiam fortemente os objetivos do JIT, que são: manutenção autônoma, manutenção planejada, manutenção da qualidade, controle inicial e melhorias individuais e específicas. A aplicação destas técnicas fará com que as máquinas estejam preparadas e em perfeita condições de serem utilizadas no momento necessário, induzindo menores tempos no processamento e garantia de qualidade na produção, permitindo, assim, o alcance do objetivo comum das duas filosofias, a otimização da produção e a satisfação do mercado consumidor. 4.3 CQT X MPT Diferentemente dos pensamentos dos sistemas tradicionais de gestão, os modelos gerenciais baseados na qualidade total representam um processo de desenvolvimento de uma cultura empresarial e pessoal nos recursos humanos que permite a incorporação de valores que levam à permanente satisfação do cliente. Segundo Contador apud (1998 apud LESSE, 2002), “qualidade total é um sistema da empresa orientada pela filosofia do melhoramento contínuo dos processos e dos recursos produtivos, que resultará no aperfeiçoamento dos produtos e serviços, objetivando a satisfação de todos os envolvidos na cadeia produtiva: consumidor, cliente, acionista, empregado, fornecedor e vizinho. Esse sistema é constituído por princípios, valores, ferramentas (recursos), técnicas (forma de utilizar as 22 ferramentas) e comportamento de pessoas, e precisa integrar a cultura da organização”. Nesse contexto, o Controle da Qualidade Total, CQT, é um método adotado nas organizações que tem o objetivo principal de atingir a perfeição através do aprimoramento contínuo, oferecendo aos clientes produtos de máxima qualidade, partindo do ponto de que a satisfação do cliente é o fator de sobrevivência das empresas. Dessa forma, o CQT atribui à produção a responsabilidade pela qualidade. Em outras palavras, ele atua na fonte, não nos resultados, fazendo o controle da qualidade durante o processo produtivo e não apenas inspecionando o produto final. Para isso, o CQT se estrutura no fator humano, que é o fator de sucesso ou de fracasso da organização. Isto quer dizer que a qualidade deixa de ser responsabilidade do departamento de controle de qualidade e passa a ter o envolvimento de todos, do mais alto para o mais baixo nível hierárquico. Cabe a esse departamento, então, treinar os funcionários da produção em como controlar a qualidade, conduzir auditorias de qualidade, dar consultoria aos funcionários da produção, supervisionar os testes finais de produtos acabados e auxiliar a difusão e implementação dos conceitos de controle de qualidade pela empresa toda (LESSE, 2002). Esta última tarefa está relacionada com Círculo de Controle da Qualidade, um dos pilares do CQT, que preocupa-se constantemente com a motivação dos funcionários. O CQT é baseado em onze princípios básicos que serão descritos a seguir, segundo CAMPOS (1999). 1- Orientação pelo cliente: oferecer produtos rigorosamente de acordo com as exigências do consumidor. 2- Gerência participativa: a alta direção deve se comprometer em definir e garantir a execução das estratégias da empresa. 3- Desenvolvimento dos recursos humanos: eles devem ser respeitados como independentes, tendo suas tarefas padronizadas individualmente, recebendo treinamentos e incentivo a programas de desenvolvimento pessoal. 4- Estabelecimento de prioridades: identificar os problemas por ordem de importância para a organização, ou seja, os mais críticos, e orientar os esforços para resolvê-los primeiramente. 23 5- Transparência: a ação de falar, raciocinar e decidir devem ser feitas baseando-se em fatos e dados concretos. 6- Controle do processo: as fases do processo são controladas durante a sua execução, não sendo feita somente no fim. Assim, cada posto de trabalho é também um posto de inspeção e controle da qualidade do processo. 7- Controle da dispersão: identificar os dados que estão se dispersando atuando nas suas causas, eliminando a dispersão. 8- Cliente é um processo: como ele é o próximo processo, não se pode passar para ele um produto defeituoso. Isto garante sua satisfação. 9- Controle de montante: prevenir os problemas antes que eles ocorram e antecipar as expectativas dos cliente antes que a concorrência o faça. Nesse ponto, deve-se estar atento para as causas, não para os problemas e para o processo, não para os resultados. 10- Ação de bloqueio ou erro zero: tomar ação preventiva de bloqueio em relação ao erro ou problema, para que não se repitam pela mesma causa. Para isso, é necessário uma padronização do processo para manter as causa dos problemas sob controle. 11- Qualidade garantida: conseguir a sobrevivência da empresa através da alta produtividade conseguida pelo domínio da qualidade. Não se pode permitir o relaxamento dos esforços de aprimoramento contínuo. De uma forma geral, o CQT submete os processos a melhorias contínuas para a obtenção da qualidade total, utilizando ferramentas gerenciais que auxiliem o cumprimento de seus objetivos. A MPT é uma dessas ferramentas quando se trata de melhorar os processos industriais. É decisiva no alcance da qualidade final dos produtos por participar da manutenção da capabilidade dos processos de produção (WYREBSKI, 1997). Assim como o CQT, a MPT controla todo o processo produtivo por meio da garantia do bom funcionamento dos equipamentos e pela eliminação total das falhas e das perdas durante o processo, não apenas no final do mesmo. Para isso, os dois métodos de gestão estabelecem os seguintes aspectos em comum: 1- inspeção total das etapas de produção; 2- organização e limpeza da fábrica (obtida com o programa 5S defendido pela MPT); 3- verificação diária dos equipamentos; e 4- correção dos erros eliminando as causas. 24 No último aspecto propõe a idéia de que a manutenção e o cuidado com os equipamentos são responsabilidades dos funcionários, que devem ser preparados a dominarem tecnologicamente os mesmos, garantindo qualidade na base do sistema. Nesse sentido, os profissionais de manutenção se dedicam a melhorias contínuas nas máquinas e nos processos. E, por fim, os engenheiros de manutenção e a alta administração ficam responsáveis pelo desenvolvimento de novos projetos de equipamentos e pelo planejamento global da manutenção, tornando todo o sistema cada vez mais próximo da qualidade total (ANTUNES JUNIOR, 2002). Portanto, segundo BEZERRA (2000), o processo de desenvolvimento da MPT é semelhante ao do CQT no que refere à exigência da qualidade integrada no processo produtivo, não valorizando simplesmente as inspeções no final da produção. Também, o envolvimento do recurso humano da organização é fator de sucesso no desenvolvimento operacional do negócio com qualidade, satisfazendo os consumidores. Capítulo 5 – Conclusão Diante de uma economia globalizada, a competitividade nunca foi tão marcante entre as empresas como nos dias de hoje, fato que tem colocado em ameaça a sobrevivência delas. Em virtude disso, produzir com qualidade e baixos custos se torna fundamental para as organizações obterem vantagens competitivas. Desse modo, a alta produtividade está intimamente ligada com o sucesso da organização. Nesse sentido, as perdas durante o processo produtivo se confrontam com o incremento da produtividade, referentes ao aumento do rendimento global dos equipamentos e do processo. Eliminar tais perdas tem sido o grande desafio das organizações. Daí a importância da implantação da MPT como ferramenta que busca atingir perda zero através de melhorias contínuas no processo. A MPT é uma filosofia que objetiva a otimização da produção através da manutenção planejada, na qual promove a participação de todos os funcionários em prol da eliminação dos zeros da produção: zero defeitos, zero acidente e zero quebra/falha. Assim, o processo produtivo gera produtos de alta qualidade a custos competitivos e reduzido tempo de resposta, aumentando a satisfação 25 dos clientes e, consequentemente, fortalecendo o posicionamento da organização no mercado. Entretanto, o sucesso da MPT pode ser beneficiado pela utilização de outras ferramentas de vantagem competitiva, como o método de gestão de competências, o JIT e o CQT, que também buscam como resultado final a satisfação dos clientes. Na verdade, elas se complementam, uma serve de apoio à outra já que prevêem melhorias contínuas em diferentes aspectos do processo. Assim, a utilização conjunta das ferramentas citadas favorecem os resultados buscados, de forma a garantir vantagens para as organizações. 26 Referências ANTUNES JUNIOR, J. A. V. Manutenção Produtiva Total: Uma análise crítica a partir de sua inserção no Sistema Toyota de Produção. Rio Grande do Sul, 2001. Disponível em < http://www.iautomotivo.com/tpm.htm > . Acesso em: 26 set. 2004. BEZERRA, J. E. A. Um Estudo Da Manutenção Predial Na Gestão Terceirizada Dos Condomínios Com Base Na TPM . 2000. 111f. Dissertação (Mestre em Engenharia)Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2000. Disponível em < http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/5999.pdf >. Acesso em: 02 mai. 2005. CAMPOS, V. F. TQC – Controle da qualidade total . 8 ed. Rio de Janeiro: EDG, 1999. CECCONELLO, I. 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