MARQUES DA VILA REAL DA PRAIA GRANDE: CAETANO PINTO DE MIRANDA MONTENEGRO - ASCENDENTES, DESCENDENTES E HISTORIA: PORTUGAL E BRASIL. AMILCAR MONTENEGRO OSORIO - PESQUISADOR SONITA CERQUEIRA MONTENEGRO OSORIO DE FREITAS ALVES - ORGANIZADORA RIO DE JANEIRO, A ORGANIZADORA, 2003 - 470 PG. IL Roberto Melle~es de Moraes Urn livro de gene alogia e sempre 0 resultado final de urn processo, muitas vezes demorado e quase sempre dificil, que envolve pesquisas, duvidas, erros, acertos e permanentes obst<iculos e dificuldades diversas. Com isso e comum existirem pesquisas interrompidas, esquecidas, perdidas, destruidas e ate mesmo usurpadas. Na genealogia nacional sao conhecidos os casos de pesquisadores detalhistas, que ainda que com muito afinco, seriedade e dedica<;ao, na busca de urn elo impossivel ou oculto, ou mesmo das informa<;6es sobre parentes perdidos, nao conseguiram veneer a etapa que permitiria a publica<;ao e divulga<;ao de sua pes qui sa. Com isso sao perdidas informa<;6es preciosas, muitas despesas e horas de vida e dedica<;ao. Urn pensamento consciente para todos que intentam uma pesquisa e sua posterior publica<;ao e a conforma<;ao humana de que em genealogia, nunca existirao os tratados perfeitos, completos e imutaveis. No dia seguinte que umlivro geneal6gico e publicado, a dinamica de qualquer familia, 0 nascer, viver, casar, separar e marrer, ja 0 faz desatualizado e incompleto. 0 reconhecimento exato dessa incapacidade, curiosamente, muito teria enriquecido a bibliografia geneal6gica brasileira. Por isto, e e com satisfa<;ao que vemos, agora esta integrada it bibliografia nacional, de maneira muito ordenada, a extensa pesquisa - 60 anos! - deixada por Amilcar Montenegro Os6rio, falecido em 1993, que foi s6cio atuante e prestante do Colegio Brasileiro de Genealogia. Seu antepassado, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, 0 enfocado central da pesquisa e recente publica~ao foi uma figura honrada no primeiro Reinado. Bern aquinhoado pelo destino desde 0 nascimento, 0 Marques de Vila Real da Praia Grande proveio de uma distinta farmlia,integrante da pequena nobreza portuguesa. Alem das raizes brasonadas, seus costados remontam a extensa parentela de Santo Antonio de Lisboa, integrantes da antiga familia Bulhoes. Bern colocado na estrutura administrativa do Reino Unido e do Primeiro Reinado, ocupando cargos e postos de destaque, nao seria dificil que sua descendencia imediata, e 0 circulo de seus mais pr6ximos parentes integrasrem urn seleto e distinto modelo da farmlia carioca tradicional do Imperial. Bra s i I Cons tam da publica<;ao diversos personagens aliados aos Miranda Montenegro, e que tambem integravam a galeria nobiliarquica brasileira: os Duques de Caxias, os Bar6es de Santa Monica, os Viscondes de Ururahy, os Condes de Tocantins, os Bar6es de Suruhy, os Viscondes da > NACIONALIDADESJETNIAS -INSULANOS Penha, de Mage e 0 Marques da Gavea. E tambem divers os outros sobrenomes, vultos e familias conhecidas e reconhecidas como integrantes da sociedade brasileira aristocrlitica do seculo XIX. A obra que tern prefacio assinado pelo s6cio titular do Colegio Brasileiro de Genealogia, Atila Augusto Cruz Machado, e extensamente ilustrada, apresentando os retratos dos familiares, os objetos de uso do titular, a sepultura da farmlia, os bras6es, os documentos e as vistas do solar natal do Marques da Vila Real da Praia Grande, a ancestral e nobre Quinta da Boavista, situada em Castelo de Paiva, Portugal. Essas ilustra<;6es formam urn importante subsidio e documenta<;ao visual dos dados historicos e sociais expostos no texto. Hoje, na genealogia nacional e sempre urn:' ~)C-, norma desconfiar de obras pretensame aristocraticas que nao estejam alicer<;adas t fotografias de pessoas, imoveis, objetos, sepultura, documentos e publica<;6es da epoca, bem como testemunhos dos contemporaneos, pois esses sao os melhores e mais fieis validadores da forma de nascer, viver, agir, relacionar, possuir, amealhar e morrer, que com suas distin<;6es e grada<;6es, perrnitem 0 reconhecimento do leitor, da validade ou nao da historia apresentada. Com is so tudo a pesquisa de Anulcar Montenegro Osorio, carinhosamente preservada e cuidadosamente publicada por sua filha Sonita Montenegro Os6rio de Freitas Alves, ern urn volume de 470 paginas, numa tiragem de 500 exernplares, ainda que com pre<;o elevado de compra ern cornpara<;ao com 0 mercado livreiro nacional, preenche plenamente as condi<;6es de integr0r enriquecendo, a bibliografia NO BRASIL MERIDIONAL genealogica brasileira. I Walter FPia~za No inicio do seculo XVIII, mais precisamente em 1712, 0 engenheiro frances Amedee Fran<;ois Frezier esteve na llha de Santa Catarina, da qual desenhou 0 perfil e ali realizou sondagens batimetricas e da sua permanencia restou-nos uma "Relation de voyage de la mer Sud aux cotes du Chily et du Per6u". Na aludida obra diz que no hoje territorio catarinense "havia entao 147 brancos, alguns indios e negros libertos, dos quais, uma parte acha-se dispersa pela orIa da terra firme". E esta popula<;ao que frei Agostinho Trindade, missionario carrnelita, natural de Sao Paulo, vai encontrar, em 1714, na Ilha de Santa Catarina, quando, ali, chega, com seu companheiro de !labito frei Tome Bueno e dao inicio ao pastoreio sistematico e continuado das almas, naquelas passagens. Acres<;a-se a estes povoadores outros poucos que ali se localizaram paulatinamente, apos aquela data. Neste sentido vale salientar que, em 1737, ja por sugestao de Jose da Silva Paes, ap6s seu retorno da Colonia do Sacramento e funda<;ao do forte "Jesus, Maria, Jose' - fulcro da povoa<;ao de Sao Pedro do Rio Grande -, da-se a fixa<;ao na llha de Santa Catarina de urn destacamento da Pra<;a de Santos, por ordem do Govemador da citada Pra<;a, Joao dos Santos Ala, sob a chefia do Capitao de Infantaria Antonio de Oliveira Bastos, composto de urn Alferes, dois Sargentos, cinqiienta e dois soldados e sete artilheiros. Assim, no litoral sul-brasileiro 0 contingente populacional nao ultrapassaria quatro mil almas, em 1746. As ilhas dos Arquipelagos dos A<;ores e da Madeira estavam superpovoadas, alem de sofrerern, notadamente 0 Arquipelago a<;oriano, corn constantes erup<;6es vulcanicas e tremores de terra, que os faziam temerem pelo futuro e ensejavam solicita<;6es it Coroa Portuguesa que lhes dessem rnelhor destino. De outra parte a superpopula<;ao dessas ilhas, agravava-se, tambem, pela falta de alimentos e a extrema pobreza, origin an do regras de comportamento religioso, como aquelas estipuladas pelo Bispo de Angra, Dom Frei Valerio do Sacramento, sobre 0 comparecimento aos atos religiosos pelos "mal-enroupados". Deve-se aqui salientar que desde 0 primeiro povoamento das Ilhas - quer dos A<;ores, quer da Madeira - viveram estas ern grande isolamento cultural, tomando os seus habitantes hermeticos e conservadores, alem de estarem em regime de semiservidao. Deve-se, ainda, considerar que aspectos politicos de hegemonia territorial e estrategicos fizeram com que a Coroa Portuguesa olhasse, com especial interesse, os apelos dos insulanos. Os dominios portugueses e espanh6is na America Meridional, notadamente na regiao do Rio da Prata, desde a assinatura do Tratado de Tordesilhas, eram objeto de continuada controversia. Acresc;:a-se que tal territ6rio nao tinha ocupac;:ao humana que definisse a posse, por qualquer urn dos contendores. As povoac;:oes eram humildes e distanciadas entre si, tomando-se 6bvio 0 vazio demognifico. Dai a razao politica do povoamento da regiao, que motivou a Coroa Portuguesa. Face a tais circunstancias teve a Coroa Portuguesa que planejar e executar 0 transplante de ac;:orianos e madeirenses para alem-Atlantico, como pondenivel argumento para a definic;:ao do futuro Tratado de Madri, cujo apoio topografico fora efetivado pelos chamados "Padres Matematicos", Diogo Soares e Domingos Capacci, ambos da Companhia de Jesus. Por outro lado e necessario salientar 0 papel de aconselhamento ao Rei, exercido, no Conselho Ultramarino, pelos Conselheiros Alexandre de Gusmao - santista - e Rafael Pires Pardinho - que exercera as func;:oes de Ouvidor na Capitania de Sao Paulo e ajudiciaria no Brasil-Meridional, alcanc;:ando Laguna. Assim, devidamente instrumentalizada, foi possivel a Coroa Portuguesa emitir Provisoes Regias, quer ao Capitao General do Rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrada, a quem se subordinada 0 BrasilMeridional, quer ao Brigadeiro Jose da Silva Paes, Govemador da Capitania da "llha de Santa Catarina" e a outras autoridades civis e eclesiasticas, que deveriam, dill em diante, ter parte no grandiose plano a ser executado. A primeira e ingente tarefa coube ao Corregedor da Comarca das IIhas (dos Ac;:ores), qual fosse supervisionar 0 "alistamento" daqueles que pretendessem passar ao Brasil, tarefa que teve inicio a 20 de fevereiro de 1746. Nas vinte e uma cidades e vilas das llhas dos Ac;:ores com os seus sessenta e tres lugares, cornpreendendo cento e seis paroquias procedeu-se o aludido "alistamento", executando-se nas IIhas de Santa Maria, Flores e Corvo, 0 que nao significa a ausencia de naturais dessas llhas na epopeia que teve como palco 0 Brasil-Meridional. A totalizac;:ao dos alistados alcanc;:ou 7.817 pessoas, que, entretanto, sofreria alterac;:oes devido aos problemas da mais variada ordem. Enquanto na llhas dos Arquipelagos dos Ac;:ores e da Madeira erarn efetuados os "alistarnentos", 0 Brigadeiro Jose da Silva Paes dava andarnento aos preparativos para receber os povoadores. As Camaras Municipais da IIhas tiveram, entao, como obrigac;:ao, escolher entre os alistados, ern suas jurisdic;:oes, aqueles que serianl, nas novas povoac;:oes a serem eretas no Brasil, os seus "oficiais de ordenanc;:as" . De outra parte a burocracia lusitana teve que decidir sobre 0 trans porte da irnensa rnassa que desejava vir para 0 Brasil-Meridional, em busca de rnelhores condic;:6es de vida. Foi, entao, elaborado urn "Regimento que se ha de observar no trans porte dos casais da IIha da Madeira e dos Ac;:ores para 0 Brasil", que gerou, como nao podia deixar de ser, varias propostas a Corte Lisboeta e a Feliciano Velho Oldenberg e Cia, ja contratadores gerais do comercio de tabaco no Brasil, coube 0 prirneiro assento (contrato) para conduzir ac;:orianos e madeirenses ao suI do Brasil. Este assento, firmado a sete de agosto de 1747, com vinte e quatro condic;:oes, estabelecendo que as embarcac;:6es deveriam sornente transportar os alistados e seus trastes, alem de comestiveis e aguada necessaria a viagern, partindo de Lisboa corn escalas nos Ac;:ores e na Madeira, e dispoe sobre as acornodac;:oes a bordo, fala das rac;:oes, trata da alimentac;:ao a bordo e do seu preparo, fixa 0 prec;:o do transporte das llhas para Santa Catarina, alude as dietas para os doentes, bem como diz de fiscalizac;:ao dos alimentos, apontando, ainda, a sindicancia que deveria ser efetuada pelo Govemador de Santa Catarina quando da chegada de cada embarcac;:ao, nao deixando de indicar a assistencia medica a bordo, bem como 0 atendirnento religioso. Sao, tanlbem, estipuladas as condic;:oes de conhecimento do "Regimento do transpolte" pelo Mestre ou Capitao do navio, alem de tratar do retorno do navio, das possiveis arribadas, de adiantamento ao assentista e sobre conhecimento do "assento" pelos "casais". De imediato foram expedidas instruc;:oes ao Brigadeiro Jose da Silva Paes para atender a alimentac;:ao dos "casais", com farinhas, peixes e carne do gada tirado das estiincias reais de Bojuru e Torotama, alem de outras rnedidas, atinentes a boa recepc;:ao dos ac;:orianos. Nos navios tambern se rernetiam as ferramentas e as espingardas que caberiam aos "casais". Enquanto dos Ac;:ores Feliciano Velho Oldenberg conduzia 1.000 (hum mil) pessoas para a llha de Santa Catarina, havia irnpaciencia na IIha da Madeira, de tal modo que, pela corveta "N. Sra. das Maravilhas, Santo Antonio e Almas" foram despachadas sessenta pessoas, a 08 de abril de 1749. No porto de Angra de Heroismo, na IIha Terceira, ha muito rnais gente para ernbarcar e logo se trata de urn segundo "assento" para 0 trans porte de quatro mil pessoas, com Francisco de Souza Fagundes, assinado a 04 de julho de 1749. A 20 de fevereiro de 1750 0 Governador Manoe! Escudeiro Ferreira de Souza informa a Lisboa que, em tres navios, Francisco de Souza Fagundes transportara 277 "casais", totalizando 1.513 pessoas, das quais 1.334 eram de "rac;:ao inteira". E, Francisco de Souza Fagundes continua a execuc;:ao do seu 2° contrato e 0 finda e assina, de irnediato, urn outro "assento" para transportar rnais 1.000 (hum mil) pessoas dos Ac;:ores para a IIha de Santa Catarina, que foi cumprido. Mas, as solicitac;:oes da llha da Madeira fizeram corn que a Corte de Lisboa autorizasse urn "assento" corn Francisco de Souza Fagundes para transportar 500 pessoas daquela llha para a de Santa Catarina, a 26 de seternbro 1754, que 0 repassa a 15 de outubro de 1755 para Jose Rodrigues Lisboa, que, por sua vez, fez preparar 0 navio "N. Sra. da Conceic;:ao e Porto Seguro", que parte a 26 de abril de 1756, conduzindo 520 pessoas. Apesar da experiencia do Mestre Custodio Francisco a referida embarcac;:ao naufraga na foz do rio Joanes, no litoral da Bahia, no lugar "Buraquinhos", e do qual se salvaram algumas rnulheres e uns poucos homens, sendo que estes se intemaram nos matos proximos, para escapar a urn possivel reernbarque. Chegados a IIha de Santa Catarina, os primeiros ilheus forarn recebidos pelo Governador da Capitania, 0 Brigadeiro Jose da Silva Paes, e 0 foram humanamente atendidos, nao so no tocante it sande, porquanto debilitados pela longa e penosa viagern, mas, tambem, no tocante a sua instalac;:ao. Alguns foram, desde logo, instalados na pr6pria vila-capital, a povoa de N. Sra. do Desterro (hoje Florianopolis), principalmente nas cercanias do Palacio do Govemo e da Igreja Matriz, na rua "dos IIMus". A partir dai forarn sendo distribuidos, a proporc;:ao que chegam, em pequenas comunidades de pouco, rnais ou menos, sessenta "casais", na forma do fixado na Provisao Regia de 09 de agosto de 1747, "desde 0 Rio de Sao Francisco do SuI ate o Serro de S. Miguel". E, assim, foram estabelecidas as freguesias de N. Sra. da Conceic;:ao da Lagoa, na llha de Santa Catarina, eN. Sra. do Rosario de Enseada de Brito, no continente fronteiro, instaladas ern 1750, Sao Jose "da terra firrne" em 1751, Sao Miguel "da terra firnle", Sant' Ana e Vila Nova ern 1752 e N. Sra. das Necessidades e Santo Antonio, na parte norte da llha de Santa Catarina em 1755. Deve-se acentuar que a Provisao de criac;:aodas freguesias e de 1747, pois a de Sao Miguel "da terra firme" e de 09 de agosto, e a sua erec;:ao, e de 1750 e a nomeac;:ao do seu primeiro vigario (Pe. Domingos Pereira Machado) e datada de 08 de fevereiro de 1752, 0 que produz discrepancia entre os historiadores, baseados em documentos eclesiasticos. A partir de 1751, ja 0 Governador Manuel Escudeiro Ferreira de Souza fazia com que novos povoadores demandassem para 0 suI, tendo em vista a dificuldade de penetrac;:ao para 0 oeste diante da barreira montanhosa da Serra Geral. Por outro lade as dificuldades ernergentes face aos solos areno-argilosos e a dificuldade de cultivo do trigo, diante da hostilidade clirnatica, fez com que os insulanos tivessern como substituto a mandioca. Aliado a este problema alimentar tern-se que registrar as distancias entre os pr6prios vizinhos, dificultando 0 convivio social, que induziu rnuita gente a nao querer se internar ern terras entao cobertas de mata virgem e espessa. Ja, ern fevereiro de 1748, 0 Brigadeiro Jose da Silva Paes falava ern remeter ac;:orianos para 0 Rio Grande de Sao Pedro, "donde 0 terreno e rnais regular, e tern passagens donde se podem fOfUlar os lugares que V. Majestade tern determinado se estabelec;:am", 0 que se fez a partir de 1752. E, a "diaspora" se intensifica no Rio Grande de Sao Pedro com a tomada da vila do Rio Grande, pelos espanh6is, em 1763, e tern novos contomos com a tornada da llha de Santa Catarina, ern 1777, tambem pelos espanhois, 0 que significa a fixac;:ao de trac;:os culturais da matriz luso-ac;:oriana ern todo Brasil-Meridional e a sua expansao para 0 atual Uruguai e parte da Argentina. E, diga-se, aqui, ate que ponto as prornessas regias foram conferidas aos ac;:orianos e madeirenses. o primeiro ponto a ser exarninado e a concessao de "urn quarto de Iegua ern quadra", a cada casal. As medic;:oes foram efetuadas na IIha de Santa Catarina e no seu continente fronteiro, "mas, desde logo, tiveram dificuldades, porquanto haviarn florestas que se opunham entre os vizinhos e que exigiam grandes forcas para lirnpar os terrenos e que, desde logo, os "casais" acharam inconvenientes", porque querem "ficar perto urn dos outros". Ern junho de 1753 0 Governador Manuel Escudeiro Ferreira de Souza fez abertura do Livro "para nele se lanc;:arem as datas de terras que Sua Majestade manda dar aos casais que passam das llhas dos Ac;:ores", e nele se tern anotados a data da concessao, 0 nnrnero de brac;:as, 0 nome do concessionario e 0 lugar da concessao. Como se sabe os "casais" vinham em busca de me!hores dias e nao podiam arcar corn as despesas da medic;:ao e os encargos burocrMicos da emissao da "carta de sesmaria", que deveria ter a chancel a real. Tal fate vai fazer corn que ate 1850, quando da sanc;:ao da "Lei de Terras" (Lei n° 601 de 18.09.1850), que ordenou a legitimac;:ao e revalidac;:ao das terras, poucos tivessem docurnentos declarando-os proprietarios, 0 que vai ser suprido quando, face a mesrna Lei, se tern a partir de 1854 (Decreto n° 1318, de 30.01.1854), os chamados "Registros de Vigarios", tarnbern denominado "Registro Paroquial de Terras" que validam a posse, ate entao exercida. No tocante as sementes que se deveriam dar aos "casais", no volume de dois alqueires, nao construidos moinhos, dentro da tradi9ao a90riana. Foram, tambem, entregues aos "casais" armas e ferramentas, estas confeccionadas pelos mestres ferreiros de Lisboa, bem como houve a entrega de gado, extraido das "fazendas reais" existentes no Rio Grande de Sao Pedro. Houve, ainda, 0 sustento dos "casais", no primeiro ano, com farinha e peixes. A provisao Regia de 9 de agosto de 1747, ordenando 0 povoamento pelos "casais", foi expedida aos Bispos de Angra e do Funchal no sentido de serem providos vigarios para as "freguesias a serem criadas e, de imediato, criaramse algumas e a elas foram remetidos objetos de culto". Atendendo, ainda, as instru90es e 0 contido nos "assentos" deveria haver atendimento medicosanitario a bordo, 0 que se constata ter havido, pelo expresso na documenta9ao compulsada. No que concerne a vinda de sacerdotes, acompanhando os "casais" vale assinalar que houve alguns que, aqui, se fixaram. Deve-se considerar que a Coroa Portuguesa dentro do espirito que norteava suas rela90es com a Igreja Cat6lica, a partir da institui9ao do "Padroado", era regidas por uma explicita subordina9ao do espiritual ao temporal. Dai a determina9ao do Rei aos Bispos, notadamente ao de Sao Paulo, a quem cabia entao 0 govemo das terras do Brasil Meridional, que aos sacerdotes que acompanhariam os "casais" se daria o sustento durante urn ano, e mais "comodo" (terras) e ainda ajuda-de-custo a chegada no valor "dez mil reis". Dessa forma se organiza a vida religiosa na Ilha de Santa Catarina e no seu continente fronteiro. Com a explosao demografica vao surgir novas "freguesias", quer na Ilha, quer no continente fronteiro, que, entretanto, nao suportam a debilidade econ6mica com que se defrontam, ja no seculo seguinte e surge dai a necessidade de "coloniza9ao nacional". Paralelamente, para atender aquela popula9ao no tocante aos estudos 0 Aviso Regio de 03 de dezembro de 1750 determinava a cria9ao de urn Colegio de Jesuitas na Ilha de Santa Catarina e ele vai durar ate a execu9ao do Decreto de 03 de setembro de 1759, detemunando a expulsao dos jesuitas de POltugal e seus dominios ultramarinos. A fixa9ao de mais de 6.000 a90rianos e pouco mais de meia centena de madeirenses no litoral sulbrasileiro e a sua "diaspora" para 0 Uruguai e Argentina, teriam, for90samente, que deixar gravados tra90s culturais, quer de forma material, quer na cultura espiritual, popular ou nao, dessas regioes. Acresce, lado a lado, com 0 volume dos a90rianos e madeirenses, 0 isolamento de dois seculos, sem contato com outras culturas nao ibericas. Para bem aquilatar 0 que foi a migra9ao das Ilhas para 0 Brasil-Meridional deve-se salientar 0 custo de tal empreendimento. A Coroa Portuguesa teve que tomar dinheiro emprestado de particulares, em Lisboa, como D. Joao Luiz de Menezes e das freiras do Mosteiro de N. Sra. de Nazare, do bairro do Mocambo, da cidade de Lisboa, no montante de 20 contos de reis a juros de 4% ao ano. E, tem-se, assim, a grande marca do contributo luso-a96rico-madeirense, indelevelmente fixada no Brasil-Meridional e no Cone SuI. BIBLIOGRAFlA 1.. 2. 3. 4. I1ha de Santa Catarina - Relatos de viajanres esrranQeiros nos seculos XVIII e XIX. Florian6polis, 1~ ed., Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina. PIAZZA, WaIter F. As aventuras de frei AgQstinho da Trindade. Florian6polis, Revistp do Instituto Hisr6ricQ e GeolJnificQ de Santa Catarina. ALMEIDA COELHO, ManuelJoaquim de. Mem6riahist6rica do extima Regimento d'Infantaria de I john du Provincia de Santa Catarina. Desterro. PIAZZA, Walter F. 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Sao Pedro e seus confins entre a e a razao. Sao Leopoldo, RS. CORTESAo, Jaime. Alexandre de Gusmao e 0 Tratado de Madri. Rio de Janeiro. PIAZZA, Walter F. As rotas do AtHintico as escalas insulares· o caso do Contrato do Tabaco. Angra do Herofsmo, A<;ores, Col6quio "A<;ores e as dinamicas do Atlantico", Boletim do Agradecemos a doa<;ao das seguintes publica<;6es: • OLIVEIRA, Betty Antunes de. Genese dos Batistas no Brasil. Rio de Janeiro: ed.da autora, 2004. 38 p. (Doa<;ao da consocia e autora.) CADASTRO PESQUISADORES INSTITUTOS o II Col6quio NACIONAL VINCULADOS mSTORICOS DE A - CNPIH Nacional de Institutos Hist6ricos realizado, sob os auspicios do Instituto Hist6rico e Geografico Brasileiro, emoutubro de 2001, aprovou resolucao no sentido de organizar urn Cadastro Nacional de Pesquisadores vinculados aos Institutos Hist6ricos existentes no pais, com vistas a recensear as respectivas atividades de pesquisa e produ9ao bibliografica. A iniciativa se insere no projeto de implanta9ao de urn Sistema N acional de Institutos Hist6ricos, englobando 0 IHGB, os institutos estaduais e municipais e, numa segunda etapa, levara a publica9ao de urn catillogo para dissemina9ao das inforrna90es recolhidas. Se voce e membro efetivo ou titular de alguma dessas institui90es e ainda nao se cadastrou, nao deixe de solicitar ao Instituto estadual ou municipal de que participe 0 respectivo formulario, preenchao e devolva-o a institui9ao de origem, para que ela 0 encaminhe ao IHGB, sendo certo que, no caso de filia9ao a mais de uma institui9ao, a estadual prefere sempre a municipal. Na eventualidade, porem, de filia9ao apenas como correspondente, 0 cadastramento sera feito via Colegio, bastando para tanto que nos avise para que the possamos enviar 0 referido fommlario. Nao fique a margem. E importante que a sua produ9ao, ja reconhecida a nivel de sua cidade ou estado, venha a figurar nesse cadastro de pesquisadores ligados as Casas de Mem6ria por excelencia, que sao os Institutos Hist6ricos de nosso pais. • BASTOS, Wilson de Lima - Os Sirios em Juiz de Fora R$ 10,00 • SILVA, Salvador da Mata - Eles Nasceram em it ~~AR, Adamo -Roteiro GeneaI6gid&,ae Mato Grosso Vol. I e II, cada 20,00 • BASTOS, Wilson de Lima - A Fazenda da Borda de Campo e 0 Inconfidente Jose Aires Gomes 20,00 • RIBEIRO, ARMANDO Vidal Leite- Familia Vidal Leite Ribeiro 35,00 • CBG - Bibliografia Preliminar sobre Genealogia 40,00 • BREVES, Padre Renato - Santana do Pirai e a sua Historia 25,00 • FERREIRA, Ottoni Barbosa - Os Ottoni, Descendentes e Colaterais 30,00 • MIRANDA, Victorino Chermont de Iconografia e B. dos Titulares do Imperio V Letras I e J 20,00 • LACERDA NETO, Artur Virmond eTR!IIIWi1l~~QJlirioo G. - Familias Pri~&s de Bage - Fasciculos I e II cada 20,00 • GENTIL, Jose da Mota S.J. -Os Frotas do Sui do Brasil 20,00 • VIDIGAL,Pedro Maciel - Amador Buena, 0 Aclamado na Familia Lagoana 50,00 • OLIVEIRA, Betty Antunes - North American Imigration to Brazil 20,00 • RIBEIRO, Paulo Fernandes Telles e LINHARES, Eliana - Comendador Guilherme Telles Ribeiro 35,00 Pedidos para 0 CBG, acompanhado de cheque cruzado e nominal ao Instituto Hist6rico e Geografico Brasileiro no valor, acrescido de R$ 5,00 por volume. • FAIGUENBOIN, Guilherme / VALADARES, Paulo / CAMPAGNANO, Ana Rosa. Dicionario sobrenomes. Sefaradi Sao Paulo: (Doac;:ao do consocio de Fraiha, 2003. 527 p. Guilherme F aiguenboin.) • HOZ, Dulce Recuerdos. Sessa, 1980. Quintela Liberal Buenos Martinez Aires: de. Taller de Aldo 116 p. (Doa<;ao da socia Eliane de Linhares.) • BRAZIL, Paulo M.Assis. Bravos setanejos do Serido - Fann1ias de Portugal e do Brasil: o Dantas e os Ribeiro Vermelho, 2002. • SANTA CATARINA, Geognifico n.n, Dantas. Natal: Sebo 122 p. (Doac;:ao do autor.) de. Boletim. Instituto Historico Florianopolis: a.VI, mar<;o 2004. • FUNDA\=A.O CULTURAL DE BLUMENAU. Blumenau em cadernos XLV, 1/2. Blumenau: Movimento, janeiro Cultura / fevereiro - em 2004. • LIMA, Roberto de Volta Redonda. Guiao de Souza. Fazendas Volta Cultural. Volta Drumond, fev.2003 / 2004 (l7a a Redonda: 19a ed., 21 a a 27a ed.). (Doac;:ao do socio e autor.) e NOVA FRIBURGO . 0 BER<;O DA COLONIZA<;AO ALEMA NO BRASIL Rev. Armindo L. Miiller A colOnia alema teve 0 seu inicio, em Nova Friburgo, no dia 3 de maio de 1824. As 342 pessoas (128 casados e 214 solteiros), que para ca vieram, haviam sido destinadas, originalmente, para a colonia de Almada no suI da Bahia. Mas - desconhecemos os motivos - foram enviadas para ca. Os irnigrantes rebelaram-se contra esta decisao mas nao tiveram escolha. Os pioneiros vieram em dois navios ate 0 porto do Rio de Janeiro. A grande maioria dos passageiros constava de soldados, que haviam sido angariados pelo Governo Imperial para formarem os Batalh6es de Estrangeiros. Estes ultimos foram engajados no seus respectivos batalh6es. Os demais imigrantes, em sua grande maioria lavradores, permaneceram por mais de tres meses nos armazens ciaArmac;ao das Baleias. Foram, depois, levados por via fluvial ate perto de Itaborai, e dali seguiram a pe ate Nova Friburgo. o os irnigrantes que vieram no primeiro navio, 0 Argus, tiveram uma viagem muito acidentada. Tiveram que enfrentar violentas tempestades e ate foram atacados por piratas. Entre os passageiros contamos 0 pastor luterano Friedrich Oswald Sauerbronn, que perdeu a esposa durante a travessia. Acompanharam-no, entre outras, as fanulias Baum, Berbert, BrOder, Darr, Eller, Jonas Emerich, Fals, Grieb, Heiderich, Heringer, Hermann, JUnger, Klein, Laubach, Nanz, Riegel, Schenckel, Schneider, Schott, Schwab, Schwenck, Schwind, Spamer, Ulrich e Winter. A viagem durou longos sete meses. No segundo navio, 0 Caroline, que teve uma viagem tranqiiila vieram as fanulias Brust, Dietrich, Johann Emerich, Gradwohl, HOfel, Kaiser, Meyer, Nagel, Oberlander, Schmidt, Stork, Wolf e outras mais. Dados geneal6gicos destas fanulias pioneiras constam do livro "Os comec;os do Protestantismo no Brasil" de autoria de Arrnindo L. Muller. A vida desses pioneiros nao foi nada facil: encontravam se, agora, num pais diferente, com costumes e dimas diferentes, nao falavam a mesma lingua, e foram assentados em terras praticamente impr6prias para a agricultura. Em vista disso, grande parte destas famflias debandou e foi it procura de terras mais apropriadas nos municipios vizinhos. Algumas tomaram 0 rumo de Manhuac;u e outras do Rio Grande do SuI onde se estabeleceram. E ja que a maioria destes irnigrantes era de confissao luterana, foi-Ihes perrnitido exercerem aqui a sua fe, sob a lideranp do pastor que os acompanhava. Este fato e importante, pois ate a Proclamac;ao da Republica em 1889, 0 catolicismo continuou sendo a religiao oficial do pais. Os luteranos podiam exercer 0 seu culto em casas sem forma exterior de tempo. Tambem os matrimonios efetuados pelo pastor luterano nao tinham valor legal. Tudo isto trouxe muitas situac;6es de conflito e desavenc;as. No dia 14 de maio de 1 824 foi instalado 0 Cerniterio Luterano - hoje conhecido por Cerniterio Luterano Jardim da Paz - talvez o cerniterio nao cat6lico mais antigo do Brasil, onde se encontram as sepulturas de diversos pioneiros, entre os quais a do Pastor Sauerbronn. Em principios do seculo XX fixaram se em Nova Friburgo, diversos empresanos alemaes que aqui instalaram suas empresas, o que trouxe urn surto de progresso e desenvolvimento para 0 municipio. PROGRAMA<;AO COMEMORATIVA PELOS 180 ANOS DE IMIGRA<;AO AIEMA NO BRASIL E DA FUNDA<;AO DA IGREJA LUTERANA, ORGANIZADA PELO CONFRADE REV. • ~NDO L. MULLER Dia 6- F6rum Luterano Fluminense - Encontro de lideran\;as das comunidades luteranas do Estado do Rio de Janeiro (Niter6i) Ilha do Governador; Ipanema, Martin Luther, Petr6polis, Nova Friburgo e Resende Maio Dia 2 -Celebra\;ao festiva na Igreja Luterana, com a participa\;ao do pastores presidente da IECLB (lgreja Evangelica de Confissao Luterana do Brasil) e das Comunidades Luteranas do Sinodo Sudeste e autoridades Dia 4 - Sessao solene da Camara dos Vereadores em homenagem a Igreja Luterana. Dia 16 - Solenidade no Cemiterio Luterano Jardirn da Paz - Culto e celebra\;ao da Santa Ceia. Junho Dia 13 - Realiza\;ao do Seminario Nacional de Hist6ria, com apoio da Q INSTITUTO HISTORICO, GEOGRAFI:CO E GENEALOGICO DE SOROCABA, comemorou em mar\;o seu Jubileu de Quro com extenso programa: • Exposi\;ao da Produ\;ao Cultural • Missa em A\;ao de Gra\;aspelo 50 aniversario • Sessao especial da Camara Municipal de Sorocaba 0 41» Associa\;ao Nacional de Pesquisadores da Hist6ria das Comunidades Teuto-Brasileiras, Academia Friburguense de Letras (AFL) e Nova Friburgo Country Clube. Agosto 'Dia 1 Culto de A\;ao de Gra\;as e Festa do Colonizador, com exposi\;ao e venda de artesanato, e gastronomia tipica. 0 - Outras atividades confirmadas *Lan\;amento de selo personalizado. * Concurso nacional e local de poesia e reda\;ao, com apoio da AFL, sobre 0 tema -Nova Friburgo -0 ber\;o da coloniza\;ao alema no Brasil. * Concurso nacional de trovas, com apoio da Uniao Brasileira de Trovadores (UBT), tambem alusivo aos 180 anos da imigra\;ao alema. * Concerto de Musica Classica orgao e violinos, com musicos da comunidade. *Concerto de 6rgao - "A hist6ria da musica atraves do 6rgao", com Thiago Tavares de Petr6polis. * Publica\;ao dos anais do Seminario Nacional de Hist6ria. • Cerim6nia de outorga do Colar Cruz do Alvarenga e dos Her6is Anonimos • Reuniao Comemorativa do IHGGS: Hist6ria Viva • Sessao do IHGGS para posse de novos s6cios seguida de Almo\;o de Confraterniza\;ao. FREGUEZIA DE SANTO ANTONIO ORAGO DE JACUTINGA (Parte 2/2) Publicadas pela Secretaria Municipal de Cultuta da Prefeitura de Nil6polis-RJ 1·1SZTJ1S PJiSlJ01<:'{2S ~J01 :BJllXil'lJ51 j I:Wt[l'!tL"E:N"l'E T'E1Tt';; P'Efj) fk{(J'}J.$'1}}.['I{03 P'lZ.'4J(,1({J ~O :19{O'lYE 1794 Irmandades tem 4. 1° do SSMO, que foi criada no ano de 1751 porautoridade, e Provisilo do Exmo. Sr. Bispo D. Fr. Antonio do Desterro, com Compromisso aprovado, e confrrmado pelo mesmo Senhor. A ela foi anexada a 1° Irmandade do Padroeiro, cuja cria<;;i1o ignorei, por falta de documentos. Em tempo, que se conservava sujeita ao Ordinario das suas contas cuidou sempre no cumprimento de seus deveres e na satisfa<;;i1o, do que the estava a cargo pelo seu Compromisso, como se mostra pelos seus Livros, Assentos, e etc. mas do ano de 1787 por diante / tempo em que foi compelida a subtrair-se da sujei<;;i1oOrdinaria / e ficou afeta ao Juizo da Provedoiria das Capelas / principiou a decair daquele fervor, e zelo, com que se conduzia nas suas obriga<;;6es porque vendo-se isenta da inspe<;;i1odos Parocos, que as despertavam em seus descuidos a encher os seus deveres, tern caido na mais deploravel relaxa<;;i1oque apenas assiste com azeite para a Lampada, e cera para a banqueta do Altar; sendo ali preciso que 0 Paroco se nilo descuide de solicitar esse pequeno servi<;;o, para que nilo aconte<;;am as faltas, que muitas vezes hilo sucedido, assim que cessa 0 cuidado, e 0 requerimento do mesmo Paroco. Tendo sido determinado a esta Irmandade, na Visita de 1786, que mandasse fazer urn purificatorio de prata ou estanho para a purifica<;;i1o dos dedos do R. Sacerdote, que administrasse a Sagrada Eucaristisa, porque nilo se devia fazer uso de purificadores de loi<;;a,ou de outra materia ftagil; e que a mesma pertencia 0 prover aquele Altar das Alfaias necessarias, para a administra<;;i1o dos Santos Sacramentos, e muito particularmente do SSmo; ate agora nada se executou. Chega a tanto 0 descuido, a negligencia, que ja se nilo cobram os seus anuais, nem se fazem / senilo com muita frouxidilo / todas as outras obriga<;;6es: e os devedores nilo cuidam mais em pagar, 0 que estilo a dever. Por esta mesma razilo nilo se cumpre a maior parte dos suftagios; porque nilo havendo dinheiro, nilo pode ela mandar satisfazer todos os encargos de Missas a que e obrigada; padecendo por isso mesmo as Almas dos Irmiios defuntos, pela indevo<;;i1o,e falta de caridade dos vivos. Ja nilo se congregam as Mesas, todas as vezes, que e necessario, e ordena 0 Compromisso. Nilo assiste com as Missas necessarias para 0 Servi<;;o do Senhor, estando umas, ja indignas do mesmo servi<;;o, outras totalmente estragadas; de sorte que, para se poder continuar a celebrar no mesmo Altar maior, foi necessario, que depois de muitas infrutuosas advertencias, se resolvesse 0 R. Paroco a fazer, a sua custa, 0 jogo de toalhas, que atualmente servem no dito Altar: ao mesmo tempo, que antes da sobredita adjudica<;;i1o ao Juizo Secular, consta de suas contas, e Assentos, que contribuiam todos os Irmiios / com os seus anuais, os oficiais cumpriam as suas obriga<;;6es, e a Irmandade assistia com 0 precise para 0 servi<;;odo Senhor 2° - Das Almas. Pelo que consta dos seus antigos Livros, foi ereta em 0 ana 1719 talvez com Autoridade Ordinaria. 0 seu Compromisso foi cassada pelo Ministro Secular, quando no ano dito, 1787 principiou a tomar-Ihes conta, ordenando-Ihe, que fizesse outro, e que 0 remetesse para Lisboa, a ser aprovado pela Mesa de Consciencia: 0 que executou, mais ate agora nilo voltou. Ate aquele ana dito cumpriu as fun<;;6es: porem depois que passou para a administra<;;i1p Secular, foi descaindo, ate aniquilar-se, com notavel detrimento dos Fieis Defuntos, e lamentavelmente escandalo dos vivos. Ficou enfim reduzida ao miseral estado de nilo parecer, que houvera nesta Freguezia tal Irmandade. Mais 0 zelo do atual R. Vigario atendendo as consequencias prejudiciais a Igreja, por esta desordem, fez convocar, no ana de 1794, os antigos Irmilos, e adquiria outros de novo, com os quais ajustou uma especie de regulamento, fim de se continuarem por ele os sufragios dos defuntos, ate que Deus seja servido dar a Providencia de que Ele sabe necessitar a sua Igreja. 3° Da Senhora do Socorro dos Homens Pardos. Pelos seus antigos Livros, e Manuscritos que por muito estragados nilo deixam colher toda certeza, que se deseja faz-se certo, que existia muito antes do ano de 1686, tempo que ainda se conservava esta Freguezia como Capela Curada, com disse em primeiro a Fl. 78: e por isso, ou foi do mesmo ano ou pouco menos, que a de Santo Antonio Padtoeiro, criada por Autoridade Ordinaria segundo parece, olhando para a cria<;;i1ode todas elas, e pela razilo de ter sido sujeita nas suas contas ao mesmo Juizo Eclesiastico. No ana de 1787, avocada pelo Provedor das Capelas, principiou a ser sujeita ao Juizo Secular: e cornela houve-se aquele Juiz mesma forrnalidade de procedimento, que com a das Almas, arrrependido de seu Compromisso; 0 qual ficou a copia para seu govemo, nos Livros competentes. Na decadencia seguiu a mesma sorte da das Almas: e de fonna decaiu, que hoje nilo existe: por que ha 4 anos que se nilo congrega a Mesa, nao se fazem Elei<;;6es, nilo tern Administradores, e s6 se dizem algumas poucas Missas pelos vivos, defuntos, por zelo do antigo Escrivilo, que procuta cobrar algum anual para 0 dito fim. 4° Da Senhora dos Rosarios dos Pretos. Foi ereta por Autoridade do lImo. Sr. Bispo D. Fr. Antonio de Guadalupe, emProvisiio de 1724. Nas suas contas esteve igualmente sujeita ao Ordinario, ate 0 ana de 1786, em que, assim como as outras, foi avocada ao Juizo Secular. Consta de seus Livros, que fora muito formosa; e aplicada ao Culto de seu Orago, celebrando gran des festas, tratando com muito asseio 0 seu Altar, que foi omado com Sacras e Casti<;;ais de prata, tendo bastante Alfaias de seda e urn born Guiilo de Damasco com remate e cruz de prata, e outras muitas coisas, que bem mostrava 0 seu zelo e devo<;;i1o. Mas desde a epoca da Infelicidade comum das Irmandades, decaiu e esfriou de modo que apenas conserva hoje os vestigios do que fora: a tanto assim que para pintar de novo a Imagem de sua Padtoeira, no ano de 94, foi necessario tirarem-se esmolas fora da Innandade porque esta, se nilo achava com a modica quantia do 32Rs., em que importou a pintura: e a nilo ser 0 grande zelo do seu Escrivilo perpetuo, Cap. Joakim de Veras Nascentes nem estes mesmos vestigios de Irmandade se conservariam. A Fabrica, ate agora se conserva sujeita nas suas contas ao Juizo da Visita; e por elas ficou em suplemento, ou Receita a quantia de 13$850 Rs.,bens patrimoniais nilo tern, a excessilo de 50 bra<;;as de terras em quadta as quais havendo side doadas por Jose de Azeredo, Senhor e possuidor delas no Engenho, chamado do Santo Antonio, no lugar do Calhanla<;;o, quando ali existiu a Freguezia; depois de transferida para 0 lugar em que hoje existe, Antonio de Azeredo, filho daquele doador, comutou por aquelas, sitas no morro ao pe do Rio de Santo Antonio, outra igual por<;;ao no lugar, em que se fundou de novo a Matriz. Desta doa<;;i1o, e comuta<;;i1o,nilo aparece documento, e Testamento algum, senilo a memoria dos antigos freguezes que ainda consta por tradi<;;i1o. Por ocasiilo de ser nomeado 0 R. atual Vigario para Juiz Comissario da Justifica<;;i1o, e medi<;;ao das terras, que foram dadas pelo Mestre de Campo Inacio do Andrade Sotto-Maior, para Patrimonio do R. Manoe! Pereira de Lemos, no ano de 1794; este, em presen<;;a de testemunhas, dos avaliadores do Juizo deste Distrito, do procutador bastante do dito R. e na sua, fez fazer a medi<;;i1odas 50 bra<;;asdoadas para Patrimonio de Santo Antonio, e as separou das 250 bra<;;as do Patrimonio do dito Padre, em que estavam encravadas; e de tudo, no Livro da Fabrica da Igreja a Fl. 171 fez lavrar urn temlo, em que assinaram todas as pessoas ditas, e 0 mesmo R. Vigario, para que ficasse este servindo de monumento, e testamento autentico a fim de constar para 0 futuro a realidade existencia das ditas 50 bra<;;asde terra e nos Autos do Patrimonio do dito Padte informoume 0 mesmo Vigario, que havia feito a precisa declara<;;i1opara que se nilo perdesse a memoria e Testamento do Patrimonio desta Igreja, assim como havia acontecido ate 0 presente com esta, e outras mais. Como ate este tempo se tem conservado esta Freguezia com Parocos Encomendados, apesar de ter side elevada a natureza Colativa; por esta causa nem a Fabrica nem 0 Paroco percebe coisa alguma da Real Fazenda, havendo-se alias deputado C6ngrua, e guizamento, quando se criou Colada, mas sem efeito, por nao tomar posse 0 nomeado Paroco. Os reditos, de que a Fabrica, e 0 mesmo Paroco se mantem, silo os contingentes mal satisfeitos, que resultam de Sepulturas, e mais Oficios funerais, e dos donativos, que the fazem os fteguezes, pelos Oficios Paroquiais. Nao tern funda<;;i1oalguma de Missas perpetuas: apenas se poderia dizer tais, as que anualmente mandam dizer as Irmandades mais estas mesmas falham, pe!a decadencia, em que elas se conservam. Se algumas obla<;;6es se fazem aos Santos, sao consumidas nos seus Altares respectivos. A povoa<;;i1o tern sentido aumento: porque contando no ano de 1792 Fogos 333 e Almas capazes de Sacramento 2015; no ana de 93 Fogos 349 e Almas no seu total 2235; no ana do 1797 foram os Fogos 343; Almas, capazes de Sacramentos 2340; Menores 597; fazendo a seu total de 2937. E muito certo que 0 total de Almas compreende mais uma terceira parte; porque ordinariamente os brancos, e pardos solteiros, e libertos, que temem ser apreendidos para soldados, jamais se manifestam; antes procuram ocultar-se quanto podem. Os Senhores de Escravos igualmente ocultam ao Rol, todos os que tem, subtraindo muitas vezes uma boa parte deles, e alguns ate a metade, desde que os Dizimeiros excogitaram 0 meio de obterem Portarias de V. Excia., para tirarem dos Roes das Freguezias 0 numero de Escravos, a fazerem os seus ladtoados ajustes; que por isso, e por excessivos, e que tern feito lembrar aos Povos a subtra<;;i1odos Escravos, e mais pessoas do Rol das Freguezias. Em con sequencia deste procedimento, padecem os parocos com as faltas de satisfa<;;ao aos seus reditos. Acha-se situada a Igreja Matriz a urn canto do seu largo territ6rio, que compreende nove leguas, em toda sua extensao que e de E e W; na sua largura que e muito irregular, em umas partes 2leguas; em outras, pouco mais, em outras menos. Da Matriz para a Fazenda do Mosteiro de Sao Bento, que fica na margem meridional do Rio Igua<;;u, distam 3 leguas; e seguindo esta mesma margem por N. ate 0 morro Grande, em distancia de 1.1/2 legua, e ate 0 lugar, chamado por Porto dos Saveiros, se divide com as Freguesia de N. Sra. do Pilar, N. Sra. da Piedade, ambas do Igua<;;u, para a margem oriental do Rio Santo Ant6nio do Mato, onde divide com a Freguesia de S. Fanu1ia,6Ieguas: para 0 S., onde divide com a Freguesia de Silo Joilo Batista de Trairaponga , ou de Meriti, pelo limite das terras do Engenho da Cachoeira, 3/4 de legua: pelo Poente com a Freguesia de N. Sra. da Concei<;;i1o de Mariapicu, no rumo das terras do Engenho chamado Madureira, onde se principiam as do Engenho de Cabossu, 1.l/2 legua: seguindo a margem Ocidental do Rio Santo Ant6nio, desde 0 Engenho da Cachoeira, atravessando a Estrada Geral, que guia a esta cidade e continuando a carreira do dito Rio / que dal1i por diante tern 0 nome de Serapuhy / ate 0 Mar, tendo atravessado os chanlados Pantanais, vai fazendo divisa com a sobredita Freguesia de Silo Joilo de Trairaponga. C» o pagamento da j6ia de ingresso e das anuidades - obriga~ao primeira dos associados a tanto obrigados - passou a ser condi~ao essencial nao apenas para a subsistencia do vinculo associativo, mas para 0 exercicio dos pr6prios direitos, equiparando-se 0 nao atendimento de tal obriga~ao, ap6s notifica~ao da Tesouraria, renuncia condi~ao de s6cio, para quaisquer fins. Para maior simplifica~ao da materia, optou-se ainda por fundir 0 Regimento com 0 Estatuto, eliminando redundilncias e conflitos de dispositivos, e pela consolida~ao da nova reda~ao, ao inves de remi~ao a emendas substitutivas. a a Nossos votos de Boas Vindas ao novos S6cios Correspondentes, aprovados em Reuniao de Diretoria de 3 Dez 2003: • ENRIQUEJAVIERYARZARovIRaMontevideu, Uruguai o novo Estatuto, ap6s registro no cart6rio competente, sera publicado na primeira edi~ao do Brasil Geneal6gico que se The seguir. A Biblioteca do CBG esta sendo modernizada passando por urn processo de Informatiza~ao, para: - Cataloga~ao de todo 0 acervo atraves do programa Access, por autor, titulo e assunto - arrranjo dos livros nos armarios devidamente identificados - organiza~ao do sistema para enquadramento em rede no futuro • GRACIELA GALMES- Montevideu, Uruguai • HERNANCARLOSLUX-WURM- Buenos Aires, Argentina • OLGAMENDEZALGORTA -Montevideu, Uruguai DESTINATARIO REMETENTE Colegio Brasileiro de Genealogia Av. Augusto Severo, 8 _120 20021-040 - Rio de Janeiro - RJ IMPREssa