UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER
PARA O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
Por: Iolanda Almeida da Silva
Orientadora
Profª. Maria Poppe
Rio de Janeiro 2004
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, ESPORTE E LAZER
PARA O PORTADOR DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes
como condição prévia para a conclusão do Curso de PósGraduação “Lato Sensu” em Educação Inclusiva.
Por: Iolanda Almeida da Silva.
AGRADECIMENTOS
... Aos meus familiares, aos amigos do curso que direta ou
indiretamente me ajudaram e aos meus professores que com
certeza tiveram contribuição ativa, para o início e término do
trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha família que sempre me apoiou e
guiou meus passos para o melhor caminho. Ao meu marido que
teve paciência e ao senhor que iluminou o meu caminho.
RESUMO
O presente trabalho, se propõe a abordar a importância da educação inclusiva dentro
da educação física para os portadores de deficiências físicas, respeitando as limitações e
individualidades de cada um.
No primeiro capítulo referente ao deficiente físico será abordado o histórico e
importância da educação inclusiva e suas aplicações educacionais.
No segundo capítulo será abordada a conceituação, aspectos sociais, culturais,
políticos e psicológicos da deficiência. Assim como a importância da família e do professor
no processo de inclusão destas crianças, desde que sejam feitas algumas modificações a
nível curricular, estrutural, técnico e psicológico.
E no ultimo capítulo a importância que a educação física exerce no
desenvolvimento geral da criança na socialização, no meio escolar e na sociedade como
parte integrante da mesma.
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a execução do trabalho foi a pesquisa bibliográfica,
com exame criterioso, levantando pontos de discussão relevantes, destacando também
pensadores e estudiosos do tema, suas teorias e experiências na área da inclusão do
deficiente físico e as aplicações deste no sistema educacional. Além de palestras, e artigos
retirados de publicações periódicas e Internet.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
9
INCLUSÃO
9
CAPÍTULO II
18
O DEFICIENTE FÍSICO
18
CAPÍTULO III
23
EDUCAÇÃO FÍSICA
23
CONCLUSÃO
27
BIBLIOGRAFIA
28
ÍNDICE
29
FOLHA DE AVALIAÇÃO
31
INTRODUÇÃO
O objetivo do trabalho é descrever de modo claro e conciso como o portador de
recursos especiais, em particular o deficiente físico, pode e deve inserir-se na sociedade
através de atividades que possam fazer com que ele se sita parte do todo.
Em termos de educação muito tem se falado sobre educação inclusiva e os
benefícios que a mesma traz para as crianças ditas “normais”.
O presente trabalho se propõe a abordar a importância da educação física inclusiva
para o portador de deficiência respeitando-se a individualidade e as limitações de cada um.
Tomando-se como base que a educação é um direito de todos, independente da deficiência
que possa ter.
Sabendo-se da importância da educação física e da prática esportiva para o
desenvolvimento global do indivíduo, este trabalho está direcionado ao entendimento do
desenvolvimento do portador de deficiência física, visando a saúde, o lazer e a socialização
do educando.
Proporcionando assim, uma vida normal levando a um maior grau de função nas
suas atividades diárias e melhor qualidade de vida.
CAPÍTULO I
INCLUSÃO
1.1 – HISTÓRICO DO DEFICIENTE FÍSICO
Nas primeiras décadas do século XX os deficientes sofriam preconceitos; eram
tratados com atitudes de aceitação, tolerância, apoio e assimilação e também com
menosprezo ou destruição.
Abaixo cita-se alguns dos pontos do código da lei (código de Hamurabi, existente
no Louvre Paris). Que retrata muito bem como era usada a amputação como uma forma de
punição e estigmatização entre os povos antigos.
“De hoje em diante... Se alguém apagar a marca de ferro em brasa de um
escravo, terá seus dedos cortados. Se um médico operar um patrício com
faca de bronze e causou-lhe a morte, ou abriu-lhe a órbita do olho e
causou-lhe a destruição, terá sua mão cortada. Se um escravo disser ao
seu dono: tu não és meu senhor, seu senhor provará que o é e cortará sua
orelha. Se um homem bater em meu pai, terá as mãos cortadas[...]um
olho por olho, um dente por dente. Trata-se da justiça sem piedade. Se
um homem tira o olho de um patrício, também seu olho será tirado, se
ele quebrou o osso de um patrício seu braço será quebrado. As classes
inferiores da sociedade também merecem compensação; se ele tirou o
olho ou quebrou o osso de um plebeu, ele deverá pagar uma mina de
prata; se for escravo pagará a metade do preço...” (Silva,. P.216. 1987)
Silva (op. Cit. p.215), descreve bem o histórico do deficiente físico desde os tempos
mais antigos até hoje:
Na idade média os indivíduos que apresentavam qualquer “deformidade
física” tinham poucas chances de sobrevivência, tendo em vista a
concepção dominante de que essas pessoa possuíam poderes especiais,
oriundos dos demônios, bruxas e/ou duendes malignos.
Os índios XANGGA, do leste da África, não prejudicavam nem
matavam as crianças ou adultos com deficiência. Acreditavam que os
maus espíritos habitavam essas pessoas e nelas arquitetavam e se
deliciavam
para
tornar
possível
a todos os demais membros a
normalidade;
Os esquimós, (território canadense), deixavam os velhos e deficientes
por suas próprias orientações, em locais propícios e próximo dos pontos
onde todos sabiam ser de área de convergência contínua e de
aparecimento de ursos brancos, para serem por eles devorados;
Os índios AJORES, da Bolívia, devido ao nomandismo da tribo
eliminavam
os recém-nascidos com deficiência, ou mesmo aqueles
indivíduos não desejados, velhos e deficientes eram enterrados vivos;
Os antigos HEBREUS, achavam que toda doença crônica ou deficiência
física, ou qualquer deformação corporal simbolizava “impureza ou
pecado” (Silva op. Cit. P. 43).
Em nossa sociedade moderna e esclarecida ainda impera o preconceito, e grande
parte da população deficiente, principalmente das camadas mais baixas, ainda continua
sendo marginalizada e descriminada.
1.2 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais na rede regular de
ensino insere no contexto das discussões cada vez mais em evidência, relativas a integração
de PPNE (pessoas portadoras de necessidades especiais), enquanto cidadãos com seus
direitos e deveres de participação e contribuição social.
Não se constitui uma novidade a luta pelos direitos humanos, se considerando que
tais princípios já vem sendo vinculados em forma de declaração e diretrizes
políticas, pelo menos desde 1948, quando da aprovação dos direitos humanos.
Ainda há muito a ser esclarecido e discutido a respeito das diferentes conotações
que a inclusão possa assumir.
Exemplos práticos dessa necessidade podem ser facilmente observados no dia-a-dia
quando se percebe a perplexidade, confusão e insegurança com que os professores se
depararam com o assunto quando abordados na teoria e na prática.
1.3 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Já se afirmou inúmeras vezes que a educação especial na maioria dos países, tem
seguido um padrão semelhante de evolução.
Nas fases da segregação e exclusão se caracteriza pela concepção de que o diferente
é simplesmente ignorado, evitando, abandonando ou encarcerado, quando não exterminado.
Segundo Sassaki (1997 p.1)
A idéia de integração surgiu para derrubar a prática da exclusão social a
que foram submetidas as pessoas deficientes por vários séculos. A
exclusão ocorria em um sentido total, ou seja, as pessoas portadoras de
deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade porque
eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes
de trabalhar, características estas atribuídas indistintamente a todos que
tivessem alguma deficiência.
Algumas
culturas
simplesmente
eliminavam
os
portadores
de
deficiência, outros adotaram a prática de interná-las em grandes
instituições de caridade, junto com doentes e idosos. Estas instituições
eram geralmente muito grandes e serviam basicamente para dar abrigo,
medicamento e alimento e algumas atividades para ocupar o tempo
ocioso. As instituições foram se especializando para atender pessoas por
tipo de deficiência.
Assim, a segregação institucional continuou sendo praticada. A idéia era
prover na instituição todos os serviços possíveis, já que a sociedade não
aceitava receber pessoas deficientes
nos serviços existentes na
comunidade. A década de 60 testemunhou o BOOM de instituições
especializadas, tais como escolas especiais, centros de reabilitação,
oficina protegida de trabalho, clubes sociais especiais, associações
desportivas especiais. Foi nessa mesma época que começou o acesso dos
portadores de deficiência nos sistemas sociais gerais como educação,
trabalho, a família e o lazer.”
Acreditando que a pobreza e a miséria verificadas no mundo atual são produtos em
grande parte da falta de conhecimentos a respeito de direitos e deveres, e acreditando que a
própria falta de garantia deste direito básico que é o da educação (e do acesso a informação)
constitui fonte de injustiça social, que a conferencia mundial de JOMTIEM sobre educação
para todos, em 1990, adotou como objetivo o oferecimento da educação para todos até o
ano de 2000.
Os principais pontos da discussão, na referida conferencia, destacam a necessidade
de se prover maiores oportunidades de educação duradoura que por sua vez implica três
objetivos diretamente relacionados e trouxe grandes benefícios à educação especial:
-
Estabelecimento de metas claras que aumentem o número de
crianças freqüentando a escola;
-
Tomada de providências para assegurar a permanência da criança na
escola por um tempo longo o suficiente que lhe possibilite obter um
real benefício da escolarização;
-
Início de reformas educacionais com a garantia de que a escola
inclua em suas atividades, seus currículos, e através de seus
professores, serviços que realmente correspondam às necessidades
de seus alunos, de seus respectivos pais e das comunidades locais, e
que também, correspondam às necessidades das nações de formarem
cidadãos responsáveis e instruídos.
Uma conseqüência imediata visível a educação especial, resultante dos objetivos
expostos acima, reside na ampliação da clientela potencialmente nomeada como possuindo
recursos educacionais especiais. Uma outra se verifica na necessidade de inclusão da
própria educação especial dentro desta estrutura de educação para todos.
O que a concepção de necessidades educacionais especiais provoca é a aproximação
do ensino regular e o especial. Todos nós possuímos potencialmente ou podemos possuir
temporariamente necessidades educacionais especiais. Então porque haver sistema paralelo
de ensino, por mais especial que este possa ser ou estar?.
Segundo a Declaração de Salamanca (1994), quanto a prática educacional:
“A inclusão e participação são essenciais à dignidade humana e do gozo
e exercício dos direitos humanos. No campo da educação tal se reflete
no desenvolvimento de estratégias que procuram proporcionar uma
equalização genuína de oportunidades. A experiência em muitos países
demostra que a integração de crianças e jovens com necessidades
educacionais especiais é mais eficazmente alcançada em escolas
inclusivas que servem a todas as crianças de uma comunidade (p.61).
Montoan (1997), questiona não somente as políticas e a organização da educação
especial e regular, mas também o conceito de mainstreaming:
“A noção de inclusão institui a inserção de uma forma mais radical,
completa e sistemática. O vocábulo integração é abandonado, uma vez
que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que foram
anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão é de não deixar
ninguém no exterior do ensino regular desde o começo. As escolas
inclusivas propõem um modo de se constituir um sistema educacional
que considera as necessidades de todos os alunos e que é estruturado em
virtude dessas necessidades. A inclusão causa uma mudança de
perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os alunos
que apresentam dificuldades na escola, mais apoia a todos: alunos e
pessoal administrativo, para
que
obtenham
sucesso na corrente
educativa geral (p. 145)”.
Hoje a escola inclusiva é uma realidade em muitos países e a cada dia ganha mais
adeptos. A educação especial é muito mais do que a escola especial, sua prática não deve
estar limitada a um sistema paralelo da educação e sim fazer parte da educação como um
todo, acontecendo nas escolar regulares. Constituindo-se em mais um sinal de qualidade em
educação, quando oferecida ao aluno que necessite por qualquer motivo.
Cabe ressaltar que a inclusão não é uma ameaça, nem uma mera questão de
terminologia. Ela é uma expressão lingüística e física de um processo histórico que se
iniciou e não terminará tão pouco. Na verdade a inclusão não tem fim, até porque as regras
e convenções vão sendo revistas e modificadas e novos tipos de excluídos poderão sempre
aparecer. Portanto cabe aos que possuem consciência a este respeito manter-se sempre em
prontidão para que haja luta por um mundo cada vez mais justo e democrático.
A educação inclusiva é muito mais importante, pois a partir do momento que
deixarem de existir instituições especiais segregadas, de instituições consideradas
“normais”, o preconceito, o esteriótipo e o estigma irão diminuindo, a partir do momento
em que as crianças portadoras de recursos especiais passarem a conviver com crianças ditas
“normais” este pré-conceito como o próprio nome diz irá diminuir. Não será escondendo
destas crianças ditas “normais” que existe diferenças, mas será lhe ensinando a conviver
com elas e reconhecer as suas semelhanças que acontecerá na real inclusão social e
educacional.
1.4 – IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS
O Ministério da Educação e do Desporto, baseado no princípio de que o sistema
educacional deve promover a cidadania sem discriminações, cumpre o dispositivo
constitucional que preconiza a educação como direito de todos. Para isso, este ministério
vem implementando diversos serviços educacionais, dentre os quais aqueles que compõem
as modalidades da educação especial, hoje considerada mundialmente como integrante da
educação geral. Cabe a esta oferecer oportunidades que garantam o acesso e a permanência
na escola do aluno portador de necessidades educativas especiais, bem como sua
terminalidade acadêmica.
A educação especial é otimizada com currículos, metodologias e recursos didáticos
próprios, que surgem como suporte para a escolarização dos alunos e como orientação à
prática dos educadores.
Vejamos um dos trechos da Declaração de Salamanca que explicita inclusão da
educação especial inclusiva:
“O princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as
pessoa devem aprender onde quer que isto seja possível, não importam
quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas
precisam reconhecer e responder as necessidades diversificadas de seus
alunos, acomodando os diferentes estilos, ritmos de aprendizagem e
assegurando educação de qualidade para todos mediante currículos
apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de
recursos e parcerias com suas comunidades”.
Para ocorrer um processo de integração de pessoas portadoras de necessidades
especiais em escolas regulares deve-se:
-
Preparar a comunidade escolar (pais, professores, técnicos,
funcionários de apoio da escola e especialmente alunos);
-
Oferecer cursos de capacitação e aperfeiçoamento em educação
especial para professores de classe comum;
-
Supervisionar e acompanhar o processo de integração por meio dos
serviços de intolerância para orientação dos professores da classe
comum e aos da sala de recursos, de modo a apoiar o aluno PNEE
(Portadores de Necessidades Educacionais Especiais);
-
Dotar as redes de ensino de condições físicas, mobiliárias e
equipamentos para permitir o atendimento aos portadores de
necessidades especiais;
-
Integrar estratégias de avaliação dos alunos com vistas ao seu
encaminhamento ao serviço adequado de atendimento educacional e
a educação para o trabalho;
-
Conscientizar a sociedade a respeito dos direitos das pessoas a
educação, por meio de ampla divulgação pelos meios de
comunicação, baseando-se no princípio da normalização.
1.5 - LEGISLAÇÃO
Nossas Leis educacionais dedicaram capítulos à educação de alunos com
deficiência, como um caso particular do ensino regular. Algumas considerações sobre a
antiga e a atual LDB:
LDB 4.024/61, garantia o direito dos excepcionais à educação, estabelecendo em
seu artigo 88 que para integrá-los na comunidade esses alunos deveriam enquadrar-se,
dentro do possível, no sistema geral de educação. Nesse sistema, entende-se que estariam
incluídos serviços educacionais comuns como os especiais, mas pode-se compreender
também que, quando a educação de deficientes não se enquadra no sistema geral deveria
constituir um especial, tornando-se um sub-sistema a margem.
Na atual LDB 9.394/96 de 20/12/96, Art. 59. Dispõe sobre as garantias didáticas
diferenciadas como métodos, técnicas, recursos educacionais e organização específica para
atender as suas necessidades, terminalidades específicas para aqueles que não puderem
alcançar o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude de suas
deficiências, e aceleração para concluir em menos tempos o programam escolar para os
superdotados. Professores com especialização adequada em nível médio e superior,
educação para o trabalho, além de acesso igualitário aos benefícios sociais.
Antes a criança tinha que se adequar de alguma forma dentro do sistema
educacional, e na atual legislação diz respeito à adaptação das escolas se tornarem aptas a
envolver todas a crianças, inclusive as portadoras de necessidades educacionais especiais.
CAPÍTULO II
O DEFICIENTE FÍSICO
2.1 – CONCEITO DE DEFICIÊNCIA FÍSICA
De acordo com a declaração dos direitos das pessoas deficientes (aprovada em
assembléia geral da ONU em 9 de dezembro de 1975) em seu artigo I define “pessoas
deficientes” qualquer pessoa incapaz de assegurar por si mesma, total ou parcialmente as
necessidades de vida individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência
congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais.
Segundo a organização mundial de saúde (1980) que publicou uma classificação
internacional dos casos da seguinte forma:
1) IMPEDIMENTO – Diz respeito a uma alteração, dano ou lesão psicológica, fisiológica
ou anatômica em um órgão ou estrutura do corpo humano;
2) DEFICIÊNCIA – Está ligada a possíveis seqüelas que restringiram a execução de uma
atividade;
3) INCAPACIDADE - Diz respeito aos obstáculos encontrados pelos deficientes em sua
interação com a sociedade, levando-se em conta a idade, sexo, fatores sociais e
culturais.
Independentemente de sua condição, o deficiente é um ser humano, uma pessoa que
vive relações sociais e como tal deve ser respeitado como qualquer outra pessoa dita
“normal”, segundo padrões da sociedade. Ainda segundo a ONU, em países como o Brasil
“terceiro mundo”, cerca de 10 % da população apresenta alguma forma de deficiência.
De acordo com documento divulgado pelo estado brasileiro, a distribuição deste
percentual nas diferentes formas de “deficiências” são as seguintes:
Deficiência Mental
6 milhões
500 mil
5%
Deficiência Física
2 milhões
600 mil
2%
Deficiência Auditiva
1 milhão
950 mil
1,5%
Deficiência Múltiplas
1 milhão
300 mil
1%
-
600 mil
0,5%
Deficiência Visual
IBGE - 2000
2.2 -
ASPECTOS SOCIAIS, POLÍTICOS E PSICOLÓGICOS DA DEFICIÊNCIA
FÍSICA
Segundo a filosofia que se fundamentam os direitos humanos todos devem ter as
mesmas oportunidades de aprender e de desenvolver suas capacidades, para assim, alcançar
a independência social e econômica, bem como integrar-se na vida comunitária. Torna-se
evidente que as instituições educacionais regulares devem contar com meios apropriados e
ser suficientes flexíveis para facilitar o desenvolvimento e integração social na comunidade
em que vive. Mesmo assim, o deficiente continua sendo segregado, devido ao sistema
capitalistas em que vivemos. Daí não se faz necessário e muito menos interessante o
aproveitamento da mão-de-obra deficiente, uma vez que esta é a mais cara que a não
deficiente e proporciona menor capacidade produtiva. Limitações em uma característica
física não atinge a sua totalidade de ser contida no conceito de pessoas deficientes.
Nas raras medidas tomadas visando a remoção de barreiras físicas, vê-se
contradição entre a intenção de garantir integração, respeito as diferenças individuais,
igualdade e as ações resultantes. Existem referências
e até propostas de
espaços
destinados as pessoas portadoras de deficiência, equipamentos e acessos especiais para
pessoas deficientes.
Os efeitos psicológicos e sociais que acompanham alguns deficientes podem gerar
maiores problemas do que propriamente a incapacidade física. Apesar de sua deficiência,
ele necessita de oportunidades especiais para uma auto-exploração de modo a tornar-se
envolvido com alguma coisa, ser aceito pela sociedade. É preciso procurar entender que o
segregar marginaliza e exclui, não somente os deficientes mas a maioria da população
brasileira, do convívio e do acesso aos objetivos e benefícios criados pelos homens nesta
sociedade, e o conjunto de valores da cultura dominante.
Considerações sócio culturais a cerca das pessoas deficientes
1 – Aspectos sócio-econômicos e culturais da deficiência:
A pessoa deficiente é aquela incapaz de assegurar por si mesma, total ou
parcialmente as necessidades de uma vida individual ou social normal, em decorrência de
uma deficiência congênita ou não, em suas capacidades físicas ou mentais.
Enorme parte da população vive em precárias condições sócio-econômicas com
maior probabilidade de gerar população deficiente. Além da subnutrição, estas populações
não possuem um ambiente que favoreça um desenvolvimento sadio desde a infância, tendo
em vista a falta de estimulação para viver como cidadãos, poucos conseguem chegar aos
centros de reabilitação, que são muito escassos e funcionando a nível precário.
As políticas sociais na área de saúde e educação são insuficientes neste país, não
atendendo a maioria da população que é marginalizada e principalmente, a seus grupos
minoritários estigmatizados.
2 – A família e o deficiente:
Os problemas para as pessoas portadoras de deficiência decorrem muito mais de seu
próprio meio de vida, estando mais ligado a organização sócio-cultural de que a capacidade
física das pessoas. A família não está preparada para receber um deficiente em virtude da
carga ideológica da nossa cultura.
O meio contribui para não aceitação da pessoa deficiente. As relações familiares são
completamente afetadas devido ao fato que o deficiente não pode desempenhar o papel
esperado pelos outros membros da família. É um sentimento de frustração e de conflito.
Nos primeiros momentos existe a negação da deficiência em relação a condição do
filho, em segundo a busca de informações a respeito do problema após o momento de
frustração e após a integração junto aos familiares que enfrentam as mesmas dificuldades.
Estes problemas ainda devido, como já foi falado anteriormente, ao nível sócio-econômico
não tendo suas necessidades supridas e conseqüentemente enfrentando dificuldades de
todas as ordens. Devemos orientar as famílias a se organizar e lutar pelo espaço do
deficiente na sociedade, bem como eles próprios buscarem o seu próprio espaço.
Papel do professor no auxílio ao deficiente e suas famílias
A família dificilmente conseguirá enfrentar as dificuldades sem o auxílio de pessoas
especializadas. O professor tem o papel primordial e importante junto a família na aceitação
da deficiência do filho. É no dia-a-dia do trabalho com o professor que se evidenciam as
limitações e as possibilidades da aprendizagem do deficiente, e cabe ao professor mostrar
aspectos para a família. O professor pode ensinar aos pais a manejar adequadamente o seu
filho estendendo as experiências de sala de aula.
Enfatiza BUSGAGLIA (1993):
“Algumas crianças deficientes chegam à escola em tal estado de
confusão, medo e dependência que a adaptação e a aprendizagem se
tornam impossíveis. Algum tipo de terapia individual e intensiva é
indicado a essa criança antes que qualquer aprendizado possa ser
alcançado. O professor torna-se mais que um professor, torna-se um
professor- terapeuta.” (p.30)
Daí a importância da formação destes professores os quais têm que estar preparados
didático-emocionalmente para atender a estas crianças especiais.
2.3 - CAUSAS GERAIS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA
São muitas e complexas, muitas vezes não existindo uma causa única. Estão
classificadas em:
• Pré-gestacional: São os fatores genéticos e hereditários onde a possibilidade de ocorrer
um defeito está nos genes dos frutos pais.
• Pré-natais: São aqueles que ocorrem no útero materno, da fecundação ao nascimento.
• Peri-natais: Atingem o bebê durante ou imediatamente após o parto.
• Pós-natais: Ocorrem após o nascimento.
Pode-se entender a deficiência física em 5 categorias:
• Monoplegia: Paralisia em apenas um membro do corpo.
• Hemiplegia: Paralisia total das funções de um dos lados do corpo.
• Paraplegia: Paralisia da cintura para baixo comprometendo as funções das pernas.
• Tetraplegia: Paralisia do pescoço para baixo comprometendo as funções dos braços e
das pernas.
• Amputação: Quando há falta total ou parcial de um ou mais membros do corpo.
Principais causa das deficiências físicas:
• Acidentes de trânsito.
• Acidentes de trabalho: devido principalmente a falta de condições de trabalho, à
negligência dos trabalhadores quanto ao uso de equipamentos adequados e etc.
• Erros médicos: embora de difícil constatação e comprovação, erros médicos podem
levar pessoas a usar cadeiras de rodas ou outros tipos de equipamentos.
• Paralisia infantil: apesar das campanhas de vacinação diminuírem sensivelmente este
tipo de doença.
• Violência urbana: tiros, facadas e o uso de outras arma têm deixado muitas pessoas
deficientes físicas.
• Desnutrição (fome): quando ocorre na infância ou em períodos de gestação, as crianças
não têm condições de desenvolver uma série de músculos, comprometendo de forma
definitiva os movimentos como o andar.
CAPÍTULO III
EDUCAÇÃO FÍSICA
3.1 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA DENTRO DA EDUCAÇÃO
INCLUSIVA
A educação física e os desportos, no processo de educação do indivíduo, tem como
objetivos:
• Recreação, o lazer e o prazer pelo movimento.
• Propiciar ao aluno melhores condições de aprendizagem escolar.
• Condições para satisfazer as necessidades básicas da criança.
• Oferecer um clima de bem estar físico, afetivo-social e intelectual, mediante atividades
que promovam a espontaneidade, estimulando descobertas e novas relações, informações,
informais ou até mesmo formais, contribuindo para uma melhor formação dos alunos.
A educação física na escola compreende vários objetivos que estão divididos em:
Objetivos gerais:
• Desenvolvimento corporal e harmônico (físico e mental).
• Desenvolvimento de habilidades motoras.
• Utilização sadia das horas de lazer.
• Aquisição de comportamentos e valores referentes ao ajustamento pessoal e social.
• Condicionamento do sistema orgânico.
• Aquisição de controle corporal.
• Desenvolvimento das atividades favoráveis a atividades físicas.
Objetivos específicos:
• Esquema corporal:
-
Dominância lateral.
-
Realização de movimentos independentes e interdependentes, como diversos
segmentos do corpo.
-
Reconhecer o corpo como um todo.
Segundo P. Vayer (1984) sobre esquema corporal:
“É a integração das sensações relativas ao próprio corpo em relação aos
dados do mundo exterior”
A partir do momento que se descobre, o esquema corporal é estruturado e passa a
ter consciência dele e suas possibilidades na relação com o meio ambiente em que vive.
• Orientação espaço-temporal:
-
Identificar e efetuar movimentos, discriminando as diferentes velocidades e
trajetórias.
-
Orientar-se no espaço que a circunda.
• Qualidade física:
-
Melhorar seu desempenho na execução de atividades que requerem força,
flexibilidade e agilidade.
- Equilibrar-se em diferentes situações, com ou sem deslocamento, controlando e
ajustando sua postura.
“O espaço é um instantâneo tomado sobre o curso do tempo e o tempo é
o espaço em movimento (...) o tempo é a coordenação dos movimentos:
quer se trate dos deslocamentos no espaço, quer se trate destes
movimentos internos que são as ações simplesmente esboçadas,
antecipadas ou reconstituídas pela memória, mas cujo desfecho e
objetivo final é também especial...” (Jean Piaget)
• Expressão corporal:
-
Dramatizar através dos movimentos fatos, histórias e fantasias.
-
Expressar-se, com um companheiro ou grupo.
-
Conhecer e executar formas de expressões tradicionais do nosso povo e de
outros povos.
-
Movimentar-se adaptando-se a diferentes ritmos.
-
Representar com movimentos corporais, elementos e objetos do meio
circundante.
• Recreação:
-
Participar de jogos e brinquedos cantados.
-
Utilizar nos momentos de lazer as habilidades motoras adquiridas.
-
Cooperar nas atividades de grupo, aceitando diversos papéis.
-
Desenvolver a habilidade de modificar jogos e atividades para atender aos
problemas surgidos em relação ao espaço material e tempo disponíveis.
Através do brinquedo, da imaginação, a criança cria seu mundo e busca um
equilíbrio entre seus impulsos, desejos e interesses, e o mundo real que a cerca.
3.2 - A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA O PORTADOR DE
DEFICIÊNCIA FÍSICA
A atividade física para deficiente não significa tratar de uma invalidez e sim reduzir
o preconceito que se tem em relação ao portador de deficiência, ou seja, facilitar a inserção
do mesmo. A finalidade da atividade física consiste na conservação do resultado da
readaptação e em conseqüência disto uma nova perspectiva de melhora.
Os esportes podem ser praticados pelos deficientes considerando seu grau de
deficiência e dificuldades, em virtude disso são feitas algumas modificações nas regras que
facilitem a prática de determinados desportos e consequentemente com a participação de
um maior número de deficientes.
É nas aulas de educação física que são exploradas a participação e a criatividade do
aluno. O esporte é imprescindível na vida do portador de necessidades especiais, pois
ensina a convivência, a lidar e atuar em grupo para a toda vida, a trabalhar em equipe,
respeitar o próximo, a promover os valores humanos, a expandir capacidades e superar
desafios, mostrando que é preciso criar hábitos saudáveis de vida.
A educação física na escola pode ser considerada informal, devido ao fato das
atividades serem realizadas fora da sala de aula, em quadras ou em pátios. Ledo engano,
pois proporciona a inclusão dos portadores de deficiência com os alunos ditos “normais”,
Assim, a partir do momento que houver realmente a convivência, é que o medo, o
preconceito e outros sentimentos tendem a desaparecer e outros sentimentos vão sendo
construídos, ajudando a completar a integração e inclusão no sistema educacional e social.
A atividade física faz bem a mente, ao corpo e principalmente para o sistema cárdio
respiratório. Desde cedo é preciso incentivar a criança e o adolescente
portador de
deficiência física o gosto para a prática esportiva, sabendo-se que traz vários benefícios,
tanto para o desenvolvimento psicomotor, quanto para o psicossocial e mental, além de
prepará-lo para a vida em sociedade.
CONCLUSÃO
Conclui-se que é de suma importância a educação física, a recreação e o lazer, para
os portadores de deficiência e de que é possível a inclusão destes dentro do ensino regular,
desde que sejam feitas vária modificações nas escolas e principalmente a nível familiar.
O indivíduo portador de deficiência necessita de oportunidades para desenvolver
totalmente seu potencial físico e mental, a fim de participar da sociedade, pois sua
deficiência não interfere para que obtenha sucesso e reconhecimento.
O esporte a recreação e o lazer, aproxima as pessoas, desenvolve o corpo como um
todo sendo assim de suma importância para o desenvolvimento psicossocial e motor do
indivíduo, acabando com o estigma que é somente praticada pelas pessoas ditas “normais”.
A família é o ponto primordial deste processo, aceitando que o deficiente, como qualquer
outra pessoa, tem suas limitações e sentimentos.
O convívio com de crianças ditas “normais” e crianças ditas “especiais”, diminui o
preconceito, se tornando uma oportunidade para perceber suas diferenças e suas
semelhanças.
Necessidades todos nós temos, o importante é saber lidar com estas da melhor
maneira possível.
A inclusão social dos portadores de deficiência está apenas começando e está cada
dia mais presente na nossa sociedade.
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. RJ. Wak.2003.
BRASIL. MEC. CENESP. Termo Educacional de Ação Conjunta para a integração das
pessoas deficientes.1986.
CARMO, Apolonio A. do. Deficiência e Sociedade Brasileira: cria, recupera e discrimina.
Secretaria de Desporto Brasileira. 1991.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA.1994
EDLER CARVALHO, Rosita,. A Nova LDB e a Educação Especial. RJ. WVA. 1997.
MANTOAN, M. T. E. A Integração de Pessoas com deficiência. Contribuições para uma
reflexão sobre o tema. SP. MEMNON SENAC. 1997.
MAZZOTA, M. J. Educação Escolar: comum ou especial. SP. Pioneira,1987.
SASSAKI, R. K, Inclusão – construindo uma sociedade para todos. WVA RJ. 1997.
SILVA, OTTO. M. A Epopéia Ignorada, a Pessoa Deficiente na História do Mundo de
Ontem e de Hoje. SP. p.216, p. 78 Cedas. 1987.
VAYER, P. O. O Equilíbrio Corporal: uma abordagem dinâmica dos problemas da
educação e do comportamento. Porto Alegre. Artes Médicas. 1984.
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTOS
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
9
INCLUSÃO
9
1.1 – Histórico do deficiente físico
9
1.2 – Educação inclusiva
10
1.3 – A importância da educação inclusiva
11
1.4 – Implicações educacionais
15
1.5 – Legislação
16
CAPÍTULO II
18
O DEFICIENTE FÍSICO
18
2.1 – Conceito de deficiência física
18
2.2 – Aspectos sociais, políticos e psicológicos da deficiência física
19
2.3 – Causas gerais da deficiência física
21
CAPÍTULO III
23
EDUCAÇÃO FÍSICA
23
3.1 – A importância da educação física dentro da educação inclusiva
23
3.2 – A importância da educação física para o portador de deficiência
25
física
CONCLUSÃO
27
BIBLIOGRAFIA
28
ÍNDICE
29
FOLHA DE AVALIAÇÃO
31
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por:
Conceito:
Avaliado por:
Conceito:
Avaliado por:
Conceito:
Conceito Final:
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