UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Ciências Exatas Colegiado de Matemática Curso de Licenciatura em Matemática Trabalho de Conclusão de Curso A UTILIZAÇÃO DO CABRI - GÉOMÈTRE II NO ENSINO DE NÚMEROS COMPLEXOS Josué Santos Oliveira Feira de Santana Setembro de 2008 Banca Examinadora Orientadora: Profa. Msc. Fabı́ola de Oliveira Pedreira Lima Prof. Dr. João de Azevedo Cardeal Profa. Esp. Joilma Silva Carneiro UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Departamento de Ciências Exatas Colegiado de Matemática Curso de Licenciatura em Matemática Trabalho de Conclusão de Curso A UTILIZAÇÃO DO CABRI - GÉOMÈTRE II NO ENSINO DE NÚMEROS COMPLEXOS Trabalho realizado sob a orientação da Profa Msc.Fabı́ola Pedreira como requisito parcial para a obtenção do tı́tulo de Licenciado em Matemática junto ao Departamento de Ciências Exatas da Universidade Estadual de Feira de Santana. Feira de Santana Setembro de 2008 Dedicatória Aos meus pais, que apesar da pouca instrução nos estudos, puderam me incentivar na busca de novos conhecimentos. Agradecimentos A Deus, pela saúde e pelos livramentos que tem me dado em minha caminhada acadêmica. A Universidade Estadual de Feira de Santana pelo curso de licenciatura em matemática. Aos meus orientadores, Inácio de Souza Fadigas, pelas pesquisas iniciais e pela definição do tema. A Fabı́ola de Oliveira Pedreira, pela sua paciência na estruturação dessa monografia e principalmente pelas idéias finais para a conclusão desse trabalho. A minha famı́lia, pela insistência pela prática de estudar. Aos colegas de graduação e amigos, pela cooperação na sugestão de leituras, principalmente a Claudemir Mota da Cruz, Pryscilla Ferreira, pelas suas sugestões e crı́ticas aos capı́tulos desta monografia. A Aline da Silva pelo grande incentivo na produção desse trabalho. Às demais pessoas, que de forma implı́cita ou explı́cita, contribuı́ram na produção dessa monografia, como a professora Doutora Girlene Portela. i Resumo Neste trabalho, buscamos exibir uma sucinta retrospectiva da informática como modo de ensino, enfatizando a importância do software Cabri-Géomètre II na condução do processo de aprendizagem. Discutiremos um pouco a respeito da história dos números complexos e algumas aplicações, além de mostrarmos algumas atividades nas quais podemos utilizar o Cabri Géomètre II, no ensino de números complexos, enfatizando que a parte geométrica pode ser um veı́culo importante na aprendizagem dos alunos. Palavras-chave: Cabri Géomètre II, Números complexos, Educação Matemática, Ensino-aprendizagem. iii Abstract In this work, we search to show one quick retrospect of information technology as education way, emphasizing the importance of software Cabri-Géomètre II in the conduction of the learning process. We will argue a little regarding the history of the complex numbers and some applications, beyond showing some activities in which we can use the Cabri Géomètre II, in the teaching of complex numbers, emphasizing that the geometric part can be an important vehicle in the learning of the pupils. KeyWords:Cabri Géomètre II, Complex numbers, Mathematical Education, Teachlearning. v Sumário Introdução 1 Metodologia 3 1 Informática 1.1 História da Informática no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Informática e Educação Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 O Uso do Computador no Ensino de Matemática . . . . . . . . . . . . . . 5 5 6 8 2 Números Complexos 11 2.1 Um Pouco da História dos Números Complexos . . . . . . . . . . . . . . . 11 2.2 Aplicações na Matemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 2.3 Algumas Considerações Sobre a Abordagem dos Números Complexos no Livro-Texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3 O Cabri-Géomètre II no Ensino de Números Complexos 25 3.1 O Cabri-Géomètre II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.2 Atividades com o Cabri Géomètre II . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Considerações Finais 39 Referências 42 vii Lista de Figuras 2.1 2.2 2.3 Rotação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Triângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Conjunto de Júlia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 3.6 3.7 Tela inicial do Cabri . . . . . Ferramentas da Janela 11 . . Sistema Ortogonal . . . . . . Soma de 2 complexos . . . . . Manipulando com o conjugado Rotações . . . . . . . . . . . . Forma Trigonométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ix . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 32 33 35 36 37 39 Introdução A utilização da informática no ensino de qualquer ciência é muito significativo, pois é uma ferramenta importante que auxilia o docente na manipulação de alguns temas no seu cotidiano escolar, assim disponibiliza ao discente uma alternativa de conhecer novas teorias a partir dessa nova metodologia. No ensino de matemática , podemos utilizar a informática como uma alternativa para discutir alguns temas dessa ciência, que sem um recurso computacional, seriam mais limitadas as discussões no bojo desse temas. Um recurso que pode ser utilizado são os softwares, os quais têm papéis particulares no tratamento de temas a saber e eles fornecem ferramentas que são de grande valia , na abordagem de temas no ensino e aprendizagem em matemática. Assim, o avanço tecnológico vem tornando a vida cada vez melhor, com isso a informática se tornou uma grande aliada no ensino, trazendo benefı́cios em todas as áreas. Na Matemática, ela vem a contribuir com a criação de vários softwares que auxiliam e estimulam o ensino nos mais diversos temas desta ciência. Um desses softwares é o Cabri-Géomètre II, o qual é bastante rico em opções para o professor de matemática, proporcionando ao mesmo um excelente recurso, a partir da visualização e manipulação, para estimular seus alunos. O aprendizado em matemática sempre foi uma grande barreira para muitos alunos, vários conteúdos são considerados por eles, muito complicados.Além disso, alguns professores não fazem conexão entre estes conteúdos. Esse trabalho vem com a proposta de sugerir atividades, que possam ser trabalhadas pelo educador em sala de aula, sobre o ensino de números complexos, utilizando o Cabri e fazendo, quando possı́vel, algumas conecções com temas da matemática. Inicialmente apresenta-se no capı́tulo I, a trajetória da informática em alguns paı́ses, que acabou por influenciar o Brasil na sua utilização e algumas conseqüências desses modelos no ensino brasileiro. Pretende-se discutir alguns pontos, como o papel do professor nas atividades utilizando a informática, o aluno como ser reflexivo, pois acreditamos que o uso do software contribui para a construção e reconstrução de alguns significados em várias ciências, em particular em matemática. Discuti-se no capı́tulo II um pouco sobre a história e aplicações dos números complexos, pois acreditamos que isto possa motivar os docentes e discentes no estudo desta temática. 1 Observa-se também a abordagem dos números complexos nos livros didáticos, a fim de direcionar o professor na crı́tica do texto a ser utilizado em sala de aula. E por fim, mostra-se no capı́tulo III sugestões de algumas atividades utilizando o Cabri-Géomètre II, que podem ser utilizadas no ensino dos números complexos, nas quais são bem destacadas as construções geométricas e a discussão dos conceitos que envolvem os números complexos, além de outros temas da matemática, como a trigonometria, geometria analı́tica e plana. Com isso, o uso da informática pode ajudar e motivar, professores e alunos na condução de temas da matemática, através da riqueza de detalhes que os recursos computacionais podem oferecer aos principais envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, através dos softwares presentes no mercado, os quais podem ser de grande valia para docentes e discentes na construção de conhecimentos em Matemática. 2 Metodologia O Presente trabalho foi desenvolvido a partir de algumas pesquisas, nas quais podemos coletar e confeccionar alguns materiais, que utilizaremos em parte, ao longo desse trabalho. Nessa pesquisa desenvolvemos algumas atividades a fim de serem utilizadas em laboratórios de informática, com o intuito de discutir conceitos dos números complexos, explorando ao máximo a parte geométrica desse conteúdo. Fizemos durante essa pesquisa considerações sobre história dos números complexos e suas aplicações, a partir de algumas literaturas usuais e digitais disponı́veis. Esperamos, em uma segunda pesquisa ,aplicar as atividades defendidas nesse trabalho e poder comparar essa construção com a habitual desenvolvida na sala de aula, sem a utilização de software que defendemos, a fim de discutir os resultados. 3 Capı́tulo 1 Informática 1.1 História da Informática no Brasil A inserção da informática no Brasil se deu por volta das décadas de 1930 e 1940, com o objetivo de torná-lo uma potência na América do Sul. Essa iniciativa teve uma grande contribuição do estado brasileiro que incentivou o desenvolvimento da informática no paı́s. Alguns paı́ses tiveram destaque com o uso da informática no ensino, que de certa forma, influenciaram os projetos de informática educativa no Brasil, como foi o caso dos Estados Unidos, que por volta da década de 1970, pôde incrementar a informática no seu âmbito educacional, priorizando os softwares e o incremento de cursos de aperfeiçoamento de professores para trabalhar com esses programas. No mesmo perı́odo, a França desenvolveu trabalhos interessantes no âmbito da informática e em particular voltados para a educação, com medidas bem direcionadas, como a formação docente, voltada para a utilização da informática no ensino. O sistema francês buscava formar o cidadão a partir do uso da informática na rede de ensino, com o intuito de garantir a inclusão digital da população. Os dois sistemas não funcionaram da mesma forma, não tendo sido o sistema americano eficaz como o francês, de acordo com isso, Souza (2001) coloca que: A formação dos professores voltada para o uso pedagógico do computador nos Estados Unidos não aconteceu de maneira organizada e sistemática como em França, pois foram treinados somente para o uso de softwares, em vez de participarem de cursos de formação de caráter pedagógico. Mesmo nos dias de hoje, a preparação dos professores continua sendo feita de maneira a atuarem em um sistema transmissor de informações, não havendo, portanto, mudanças no paradigma educacional. (SOUZA, 2001, p.35) Observa-se que um dos pontos relevantes a se considerar é a capacitação do professor na utilização dessas mı́dias, pois nada adianta se o professor não é capacitado para conduzir esse processo. 5 Os projetos de Informática educativa desenvolvidos no Brasil tiveram uma grande influência dos Estados Unidos e França, o que resultou na criação, em 9 de abril de 1997, do PROINFO (O Programa Nacional de Tecnologia Educacional) projeto de informática educativa que visava a formação de NTEs (Núcleos de Tecnologias Educacionais) em todos os estados do Paı́s. A proposta é que esses NTEs fossem compostos por professores que passassem por uma capacitação de pós-graduação referente a informática educacional, para que pudessem exercer o papel de multiplicadores dessa polı́tica. Como ampliação disso, o Governo Federal propôs um projeto chamado UCA (um computador por aluno), que se iniciou em 2005, e que tem como objetivo disponibilizar ”notebook”para os alunos da rede pública. Inicialmente estes seriam distribuı́dos em escolas piloto, a fim de incentivar o uso e pesquisa em informática, complementando a proposta inicial de capacitar os profissionais para trabalhar com informática na escola. Os projetos anteriores ao PROINFO tiveram um caráter mais tecnicista, como os desenvolvidos nos Estados Unidos. Mas apesar de seu projeto inicial dar grande ênfase aos aspectos pedagógicos, tentando buscar maior inspiração no modelo francês, as questões polı́tico-administrativas continuam inviabilizando sua realização conforme o projeto inicial, no que diz respeito, por exemplo, em relação ao espaço fı́sico e garantias da capacitação docente. Espera-se que iniciativas desse âmbito possam incentivar o uso da informática de maneira crı́tica e reflexiva, e que os professores possam direcionar os alunos para a pesquisa e construção de novos conhecimentos. 1.2 Informática e Educação Matemática A educação matemática traz questionamentos pertinentes sobre a utilização da informática no ensino e aprendizagem, promovendo a crı́tica em relação aos próprios valores que a envolvem. Acredita-se que o acesso à informática na educação matemática deve ser visto como um direito, e, portanto,nas escolas públicas e particulares, o estudante deve usufruir de uma educação que inclua, no mı́nimo, uma alfabetização tecnológica. Deste modo, o acesso à informática deve ser visto não apenas como um direito, mas como parte de um projeto coletivo que prevê a democratização de acessos a tecnologias desenvolvidas por essa mesma sociedade. Sugere-se assim o exemplo do modelo Francês, no qual trabalhava a educação e aperfeiçoamento profissional, buscando incentivar e patrocinar o professor, na utilização da informática. Assim, como diz Borba (2001), ”A inserção da tecnologia na escola estimula o aperfeiçoamento profissional para que eles (professores) possam trabalhar com a informática”. (BORBA, 2001, p. 17). Em contrapartida, Miranda (2007), destaca que: O professor ainda teme as mudanças, resiste em traçar uma sala com 6 aula expositiva, considerada por ele um meio eficaz (.....), ainda que a sociedade informacional lhe ofereça possibilidades e recursos tecnológicos para facilitar a mediação didática com o uso de ferramentas desenvolvidas pela microeletrônica. (MIRANDA, 2007, p.73 ) Essa resistência pode ser proveniente do fato de inexistir, para esse professor, oportunidades de manipular essas tecnologias , podendo ser diminuı́da com intensos trabalhos de instrumentalização dos professores na condução dessas mı́dias. Nesse sentido, Figueiredo (1997, p.3) diz que “a presença da informática nos dias atuais deve ser encarada como aliada e não como inimiga”. Os comentários de Figueiredo vêm ratificar que o uso da informática não deve substituir a formação teórica e sim servir de meio para que alunos e professores construam uma aprendizagem mais significativa, e olhem os conceitos sobre novos ângulos. Assim, apesar do grande papel da informática no ensino e aprendizagem, o professor é um veı́culo importante nesse processo. Contudo, se faz necessário a sua capacitação, como afirma Meyer (2002) Não se devem esperar grandes efeitos da tecnologia, ignorando as perspectivas pedagógicas que estão subjacentes à sua utilização. O professor terá sempre que ter um papel chave será e sempre o responsável pela orientação das atividades. As necessidades de formação não podem, por isso, ser menosprezadas. (MEYER, 2002, p.4) Apesar das contribuições que o uso da informática pode trazer para o ensino, é necessário estarmos atentos para alguns conflitos, como escreve Borba (2001) “Um dos perigos da informática seria que o aluno só aperte as teclas e obedeça a orientação dada pela máquina, isso contribuiria ainda mais para torná-lo um mero repetidor de tarefas”. (BORBA, 2001, p. 11) Nesse sentido, o docente tem que intervir para que o processo de ensino, através da informática, não tenha os mesmos problemas que o ensino convencional, que algumas vezes leva os alunos a fazer repetições sem a devida reflexão. Acredita-se que a ausência de disciplinas que abordem as novas tecnologias, na formação do docente, ainda seja a causa da não utilização da informática no contexto escolar. A assim Souza (2001), escreve: A interação aluno e computador precisa ser medida por um professor preparado, para provocar situações que favoreçam a aprendizagem dos alunos. A exigência de tornar os alunos competentes produtores do próprio conhecimento implica valorizar a reflexão, a ação, a curiosidade, o espı́rito crı́tico, a incerteza, o caráter provisório dos fatos, o questionamento e, para tanto, faz necessário que o professor reconstrua a prática conservadora que vem desenvolvendo em sala de aula. ( SOUZA, 2001, p. 44) 7 Por conseguinte, o contato do professor com as novas tecnologias pode ser um caminho importante para um bom trabalho no contexto escolar, provocando uma discussão entre professor e aluno nesse ambiente, trazendo contribuições significativas para a aprendizagem de ambos. 1.3 O Uso do Computador no Ensino de Matemática Os computadores podem servir de ferramenta para o ensino, pois a quantidade de programas educacionais e as diferentes maneiras de uso mostram que esta tecnologia pode ser bastante útil no processo de ensino e aprendizagem. É uma alternativa interessante para o ambiente escolar, e tem que ser explorado sempre, sendo com os pacotes Office, ou outros Softwares. Assim é importante uma boa “manipulação”do computador, na medida em que a utilização dessas máquinas não seja simplesmente como no quadro negro, nas aulas convencionais, mas outro recurso que possa propiciar uma motivação aos discentes envolvidos no processo. Sobre o uso dos computadores no ensino, Borba (2001), traz comentários importantes sobre a sua utilização: Muitos advogam que o uso do computador, devido à motivação que ele traria à sala de aula, a variedade de cores, do ponto de vista social, o seu uso na educação poderia ser a solução para a falta da motivação dos alunos. (BORBA, 2001, p.17) Reitera também o papel do professor nesse processo, principalmente no conhecimento da matemática. O professor é o responsável direto pelo uso do computador na sala de aula e as possibilidades de trabalho dependerão do seu desempenho, o que confirma a hipótese de que a utilização da informática pode moldar a forma como se elabora o conhecimento matemático. (BORBA, 2001, p.10) Sobre a elaboração do conhecimento, Figueiredo (1997), afirma que: O computador pode ser utilizado como simulador de conjecturas que devem ser provadas para consolidar o conhecimento adquirido, ou ainda, como instrumento de visualização de conceitos e suporte para uma melhor compreensão e aprofundamento do que está sendo apreendido. (FIGUEIREDO, 1997, p. 4) Nesse sentido, Souza (2001), se posiciona da seguinte forma: 8 Em geral, o conhecimento da informática por parte dos professores é mı́nimo, o ideal seria o professor aproveitar o conhecimento informático trazido pelos alunos a fim de buscar uma nova postura frente à construção do conhecimento junto a eles. (SOUZA, 2001, p. 82) Sobre as dificuldades que possam surgir no uso da informática, pode-se pontuar que não podemos deixar o computador “pensar pelos alunos”e que a construção do conhecimento seja mediada pelo professor, para evitarmos, portanto, a supremacia do computador em relação às reflexões feitas pelos discentes no contexto educacional. De acordo com Borba (2001), “Se o raciocı́nio matemático passar a ser realizado pelo computador, o aluno não precisará raciocinar mais e deixará de desenvolver sua inteligência”. ( BORBA, 2001, p.11) Devemos salientar que o lápis e o papel dificilmente serão banidos do contexto educacional, pois, para alguns teóricos, são considerados também tecnologias, que por muitos anos, foram o grande começo para a aprendizagem dos discentes, como escreve Borba (2001), Parece que não consideram o lápis e o papel como tecnologias, da mesma forma que o fazem com o computador. Para eles, o conhecimento produzido quando o lápis e papel estão disponı́veis não causa dependência, é como se a caneta, por exemplo, fosse transparente, para os que advogam essa posição, para nós, entretanto, sempre há uma dada mı́dia envolvida no processo de conhecimento, dessa forma, essa dependência sempre existirá e estará bastante relacionada ao contexto educacional em que nos encontraremos. ( BORBA, 2001, p.13) Atualmente o ensino de temas a partir de computadores está intimamente ligado aos programas ou softwares existem nessas maquinas. Assim para a utilização desses recursos na educação, partirá desses Softwares que podem ser utilizados para melhorar o ensino de matemática,como por exemplo, o Excel, que é um elemento importante do oficce, que pode ser explorado desde o ensino fundamental, até o ensino médio, pois o mesmo, apresenta uma fonte de temas numéricos e geométricos, que podem ser explorados no ensino de matemática. Encontra-se disponı́veis para a utilização no ensino, alguns softwares como Winplot, Wingeom, Mupad, Cabri-Géomètre, Maple, Xaos entre outros. Softwares esses que permitem trabalhar conceitos aritméticos, geométricos e até algébricos. Nesse trabalho, falaremos um pouco sobre o Software Cabri, relacionando-o ao estudo dos números complexos, dando sugestões de atividades que podem ser executadas em sala de aula, para facilitar a compreensão do conteúdo. 9 Capı́tulo 2 Números Complexos 2.1 Um Pouco da História dos Números Complexos A História dos números complexos nos apresenta trechos importantes que nos orientam sobre o real papel desse conceito no âmbito da matemática. Assim Karlson (1961), diz que: A natureza, mãe eterna diversidade, ou melhor, o espı́rito divino está agrupado em uma única espécie. E deste modo ele encontra um expediente maravilhoso no milagre da análise, espécie de monstro do mundo das idéias, que poderı́amos quase dizer hı́brido de ser ou não ser, que costumamos denominar raiz imaginária (...).(LEIBNIZ apud KARLSON,1961 p. 596) As idéias compiladas por Karlson, em referência a Leibniz, estiveram bem presentes nesta produção textual, pois proporcionaram questionamentos sobre a origem dos números complexos. Um fato interessante é a ordem em que os conjuntos numéricos foram compreendidos conforme citado pelo historiador Bell (1996): La sorpresa mayor que contiene La história de las matemáticas es el hecho de que los números complexos fueram compreendidos, tanto sinteticamente como analiticamente, antes que los números negativos(...).(BELL, 1996, p. 18)1 Inicialmente, para compreender a idéia dos números complexos, temos que atentar para a não linearidade na construção dos conjuntos numéricos, pois, em geral, algumas literaturas no nı́vel básico de ensino trazem a construção de tais conjuntos como algo progressivo e linear. O que não aconteceu com os mesmos e os números complexos. Sobre a suspeita do aparecimento dos números complexos, Millis (1993) escreve que: 1 A surpresa maior que contém a história da matemática é o fato de que os números complexos foram compreendidos, tanto sinteticamente como analiticamente antes dos números negativos. (Tradução Livre) 11 As equações do segundo grau apareceram na matemática já em tabuletas de argila da suméria, por volta de 1700 a.C. ocasionalmente, levaram aos radicais de números negativos, porém, não foram eles, em momento algum, que sugeriram o uso dos números complexos (...). (MILLIS, 1993, p. 4) Esses primeiros registros sumérios, sobre a possibilidade do surgimento dos números complexos, levaram alguns autores de livros de ensino médio a afirmarem, erroneamente, que essas equações quadráticas foram as responsáveis pelo surgimento desse tema. Já na era Cristã, existiram alguns fatos ligados a radicais de ı́ndice 2, que mostravam a necessidade de um conjunto no qual contemplasse os números cujos quadrados eram negativos como, por exemplo, nos trabalhos do matemático Herón2 , em 75 d.C., onde √ surgiu a necessidade de calcular 81 − 144, nas projeções de um desenho de uma pirâmide. Caso semelhante aparece na “Aritmética de Diophanto”, aproximadamente no ano de 275 d.C.. Diophanto considera o seguinte problema: “Se um triângulo retângulo tem área igual a 7uc e o seu perı́metro é 12uc, então determinar as dimensões desse polı́gono”. (MILLIS, 1993, p.4) Na resolução deste problema, houve a necessidade de determinar uma das dimensões desse polı́gono que era dada pelo número x= 43 ± √ −167 . 12 Observando a literatura nota-se que o surgimento dos números complexos só pôde ser registrado a partir de seqüências de acontecimentos históricos. Todavia, é bom salientar que quando falamos de história da matemática, precisamos observar cada contribuição ao longo do percurso histórico, considerando o que de fato foi decisivo para o conteúdo a ser pesquisado. Borges (1996) destaca este pensamento escrevendo que: Ainda que ao generalizar-se um conceito, deve tratar de conservar-se o maior número de possibilidades, ao novo conceito, deve corresponder como caso particular o generalizado... (BORGES, 1996, p.3) Através do comentário de Borges(1996), percebe-se que a criação de um novo conjunto tende a reaproveitar propriedades de conjuntos já existentes e somar as novas criações que venham surgir e, no caso dos números complexos, pode-se aproveitar algumas propriedades existentes dos números reais. 2 Heron (também escrito como Hero e Herão) de Alexandria (10 d.C. - 70 d.C.) foi um sábio do começo da era cristã. Geômetra e engenheiro grego, Heron esteve ativo em torno do ano 62. É especialmente conhecido pela fórmula que leva seu nome e se aplica ao cálculo da área do triângulo. Seu trabalho mais importante no campo da Geometria Métrica, permaneceu desaparecido até 1896. Ficou conhecido por inventar um mecanismo para provar a pressão do ar sobre os corpos, que ficou para a história como o primeiro motor a vapor documentado. 12 Para a criação desse novo conjunto, partiu-se de impossibilidades, em particular, os radicais de ı́ndice par com radicando negativo, os quais tiveram um papel importante na resolução de equações cúbicas, servindo à aceitação inicial dos números complexos. Pode-se destacar que a possibilidade de representação geométrica dos números complexos a partir de pares ordenados, foi um fato importante para aceitação dos números complexos. Sobre a resolução de equações cúbicas, alguns historiadores como Garbi (1996) e Struik (1992), trazem relatos sobre os números complexos como, por exemplo, o caso do professor de matemática, chamado de Scipio (1465-1526), o qual resolveu algumas equações cúbicas por volta de 1470 a 1480. No século XVI, na Itália, em plena idade média, mentes brilhantes conseguiram trazer contribuições marcantes à matemática no âmbito da resolução de equações. Dois nomes ficaram marcados em toda a história, devido à resolução dessas equações: Nicolo Fontana de Bréscia (1500-1557), apelidado de “Tartáglia”, e Girolamo Cardano (1501-1576), conhecido como “Cardan”. Tartáglia3 era muito pobre e não tinha condições financeiras para estudar, pois na época tinham direito a educação apenas os filhos dos senhores feudais, tendo ele que estudar com livros velhos e insuficientes. Tempos depois, ele começou a lecionar em um retiro de religiosos e posteriormente, ingressou na área da matemática em estudos mais avançados. Naquela época eram comuns desafios para resolver questões relacionadas à matemática, no qual Tartáglia teve uma participação decisiva em um embate com António Maria Fior (um aluno do professor Scı́pio). No dia 30-12-1534, eles trocaram 40 questões entre si, que envolviam a resolução de equações cúbicas, fixando 50 dias para resolvê-las, porém no dia 18/02/1535, Tartáglia já havia resolvido todas as questões propostas por Fior, enquanto este não passou da 20a . Esse fato foi marcante para toda a sociedade da época, pois se descobriu uma maneira de resolver, ao menos 40 questões, que envolviam equações cúbicas, deixando todos curiosos para saber a fórmula que as resolvia. É importante frisar que, as questões resolvidas por Tartáglia, eram casos que na época não eram possı́veis de resolução. Essa famosa fórmula, que tanto chamou a atenção da comunidade da época, foi apropriada por Cardano, que era um médico de Milão e admirador da matemática. Este convenceu Tartáglia a lhe revelar o método de resolução dessas equações. Munindo-se desta, em 1545, publicou o “Ars Magna”com a fórmula de Tartáglia, tendo toda glória sobre a legitimidade da resolução da equação, pois Tartáglia, apesar da criação, não publicou os seus resultados, creditando o nome da fórmula a Cardano apenas. 3 Tartáglia, que em latim significa “gago”, recebeu esse apelido devido a complicações que tinha na fala, por ter sofrido um corte profundo no rosto, após uma invasão bárbara que houve em sua cidade, onde muitas pessoas foram mortas e muitos outros ficaram mutilados. 13 Segue abaixo a fórmula que determina as raı́zes de uma equação cúbica do tipo x3 + px = q Daı́ a solução é r x= 3 q 2 r q q p 3 q 2 + ( 2 ) + ( 3 ) − 3 −( 2q )2 + ( 2q )2 + ( p3 )3 Uma dedução dessa fórmula pode ser encontrada em alguns livros da história da matemática, como o de Garbi(1996), com uma riqueza de detalhes. Em 1572, Rafael Bombelli (1526-1572), destacou em seu artigo que se ( 2q )2 + ( p3 )3 era não positivo, então a equação não possui raı́zes reais e consiste assim, no caso irredutı́vel das equações cúbicas. √ A representação de entes 0 − 9 era escrita da forma R[0m.9], R para a raiz, m para o sinal de menos e 0 para o zero. O material produzido por Bombelli teve como leitores ilustres Leibniz (1646 -1716) e Euler (1707- 1783), que a partir dessas discussões começaram a investigar o comportamento destes números, com a caracterı́stica discutida por Bombelli. (STRUIK, 1992) Euler foi o primeiro matemático a admitir que i2 = −1 , o que já tinha sido cogitado √ por Alberto Girard em 1629 somente como −1 , sem relacionar com qualquer letra. Euler admitiu esse valor em 1777 e se tornou amplamente aceito após os estudos de Gauss (1777- 1875) em 1801. De acordo com Eves (1997), Os termos imaginário e real foram empregados por René Descartes (15961650) em 1637 e a expressão número complexo foi introduzida por Carl Friederich Gauss em 1832. ( EVES, 1997, p.315) Euler também estudou séries infinitas ex , sen(x), cos(x), em que nessas relações apareciam radicais com radicando negativo do tipo: √ sen(x) = e −x √ − e− √ 2 −1 −x Além de ter chegado a seguinte relação: eiθ = cos(θ) + isen(θ) Tomando θ = π, temos: eiπ = cos(π) + isen(π) = −1 p√ p√ Leibniz fatorou x4 + a4 em (x + a −1)2 .(x − a −1)2 , uma decomposição imaginária de um número real positivo que surpreendeu seus contemporâneos. 14 Outro matemático que também trabalhou com esses números foi D’ Alembert (17171783), que gastou muito tempo e esforço para provar que toda equação polinomial, com coeficientes complexos, e de grau ≥ 1, tem pelo menos uma raiz complexa. Trabalhou também com a expressão (a + bi)c+di e num dado momento tomou a base (a + bi) como sendo uma variável e diferenciou a função, sendo assim uma antecipação da teoria das variáveis complexas, a qual foi desenvolvida no século XIX. De Moivre (1667-1754), utilizou elementos trigonométricos para trabalhar com números complexos através da expressão (cos(α) + isen(α))n = (cos(αn) + isen(αn). Wallis (1616-1703) teve a idéia de que os números imaginários puros eram suscetı́veis de serem representados numa reta perpendicular ao eixo real. Pensamento semelhante teve Wessel, ao apresentar um artigo a real academia dinamarquesa de ciências em 1797, sobre a representação de números complexos no plano. Porém esse artigo permaneceu excluı́do do mundo matemático e redescoberto cem anos após a sua apresentação. Esse atraso no reconhecimento da realização do trabalho de Wessel explica o porque do plano complexo vir a ser chamado de plano de Argand em vez de Wessel. O segundo nome que geralmente acompanha o plano é do Gauss (1777-1875) o qual deu contribuições em trabalho apresentado a real sociedade de Göhingem em 1831, isto explica o porque do plano ser também chamado de Gauss. A simples idéia de considerar as partes reais e imaginárias de um número complexo z, como coordenadas retangulares de um ponto no plano, fez com que os matemáticos se sentissem mais a vontade com os números imaginários, pois esses podiam ser efetivamente visualizados. No sentido de que a cada número complexo corresponde um único ponto do plano. A geometria permaneceu acorrentada à sua versão euclidiana até que Lobachevisky e Bolvai, em 1829 e 1832 respectivamente, libertaram-na de suas amarras, criando uma geometria igualmente consistente, que abriu mão de um dos postulados de Euclides. Para a álgebra, aconteceu uma história semelhante, pois parecia incabı́vel, no inı́cio do século XIX, haver uma álgebra distinta da trabalhada habitualmente. Nesse sentido, em 1843, William Hamilton (1805-1865) foi forçado, por considerações fı́sicas, a criar uma álgebra em que a lei comutativa era difı́cil de ser concebida. A criação de Hamilton nos levaria muito longe com o elegante tratamento dos números complexos como pares ordenados de números reais. Para obter um número complexo, a partir da forma de Hamilton, notemos que todo z = a + bi, com a e b reais, pode ser escrito na forma de pares ordenados, como segue 15 abaixo: z = (a, b) = (a, 0) + (0, b) = (a, 0) + (0, b).(0, 1) = a + bi. Onde se representa (0, 1) pelo sı́mbolo i e se identificam (a, 0) e (0, b) com os números reais a e b . Finalmente observamos que (0, 1).(0, 1) = (−1, 0) = −1 = i2 . Dessa forma eliminou-se a polêmica que cercava os números complexos, pois não há nada mı́stico num par ordenado de números reais. Esse foi um grande feito matemático de Hamilton. O sistema dos números complexos é extremamente conveniente para o estudo dos vetores e das rotações no plano. Em suas pesquisas, Hamilton foi levado a considerar, não os pares ordenados (a, b) de números reais, mas as quádruplas ordenadas (a, b, c, d) de números reais, tendo imersos neles, tanto os números reais como os números complexos. Chamando essas quádruplas ordenadas de números reais, de quatérnios, Hamilton chegou à conclusão de que, para seus vários propósitos, tinha que definir a adição e a multiplicação de quatérnios, assim o fez da seguinte maneira: i) (a, b, c, d) + (e, f, g, h) = (a + e, b + f, c + g, d + h) ii) (a, b, c, d).(e, f, g, h) = (ae − bf − cg − dh, af + be + ch − dg, ag + ce + df − bh, ah + bg + de − cf ) A partir dessas definições, pode-se mostrar que os sistemas dos números reais e dos complexos estão imersos no dos quatérnios, indentificando o quatérnio (m, 0, 0, 0) com o número real m. Pode-se mostrar também que a adição de quatérnios é comutativa e associativa, e que a multiplicação é associativa e distributiva, em relação à soma, mas que não vale a lei comutativa da multiplicação. Para verificar isso, basta tomar os quatérnios (0, 1, 0, 0) e (0, 0, 1, 0) e obteremos (0, 1, 0, 0).(0, 0, 1, 0) = (0, 0, 0, 1) enquanto (0, 0, 1, 0).(0, 1, 0, 0) = (0, 0, 0, −1) Isso contrariava a lei comutativa da multiplicação existente até então, causando um grande impacto na época, pois não se imaginava uma álgebra não comutativa. Em 1833 comunicou-se à academia Irlandesa um significativo artigo em que a álgebra dos números complexos era encarada como uma álgebra de pares ordenados de números reais. 16 É verdade que os quatérnios foram, em parte, revividos em 1927 com as “variáveis spim” na teoria quântica de Wolfgang Pauli (1900-1958) e pode ser que no futuro se reserve uma nova função para eles. De qualquer maneira, a grande importância dos quatérnios na matemática reside na sua criação por Hamilton, em 1843, libertando a álgebra de suas amarras a aritmética dos números reais, abrindo as portas para a álgebra abstrata. 2.2 Aplicações na Matemática Os números complexos são bastante utilizados em várias áreas da matemática, além de serem utilizados também em outras áreas. Veremos algumas aplicações deles na trigonometria, álgebra e nos fractais. Trigonometria e Números Complexos Inicialmente faremos algumas considerações sobre os números complexos, nas formas algébrica e trigonométrica. Na seqüência discutiremos sobre a utilidade deles na obtenção de fórmulas, e no teorema fundamental da trigonometria. Um número complexo z = a+bi, com a e b reais, pode ser pensado como um ponto do plano de coordenadas (a, b), ou como um vetor oz, de origem O e extremidade (a, b). Vamos inicialmente interpretar geometricamente a multiplicação de dois números complexos, de módulo unitário, onde w1 = cos(θ1 ) + isen(θ1 ) e u = i. Considerando u.w1 = i(cos(θ1 ) + isen(θ1 )) = −sen(θ1 ) + icos(θ1 ) = cos(θ1 + π π ) + isen(θ1 + ) 2 2 e representando no cı́rculo unitário S 1 . Concluı́mos que multiplicar w1 por i significa efetuar no vetor w1 uma rotação positiva de π2 rad. Tomando agora outro número complexo de módulo unitário w2 = cos(θ2 ) + isen(θ2 ), temos w2 .w1 = (cos(θ2 ) + isen(θ2 ))w1 = cos(θ2 )w1 + isen(θ2 )w1 O vetor que representa w2 .w1 é a soma (diagonal do paralelogramo) dos vetores perpendiculares cos(θ2 )w1 e isen(θ2 )w1 , tomando um sistema de coordenadas xoy, obteremos que o ângulo de w1 com w1 .w2 é θ2 (figura 2.1). 17 De uma maneira geral, se w1 e w2 são números complexos, de módulo unitário, temos: w1 .w2 = cos(θ1 + θ2 ) + isen(θ1 + θ2 ) Figura 2.1: Rotação A conseqüência importante da interpretação que acabamos de estabelecer é a seguinte proposição, que é considerada como o teorema fundamental da trigonometria. Teorema 2.2.1 (fórmulas de adição da trigonometria) Se x e y são reais quaisquer: • cos(x + y) = cos(x).cos(y) − sen(x).sen(y) • sen(x + y) = sen(x).cos(y) + sen(y).cos(x) Demonstração 2.2.1 Se x e y satisfazem à condição 0 ≤ x < 2π e 0 ≤ y < 2π escrevemos: w1 = cos(x) + isen(x) e w2 = cos(y) + isen(y) Pela interpretação geométrica do produto, w1 .w2 é obtido de w1 dando-lhe uma rotação positiva de ângulo y, temos portanto: 1. w1 .w2 = cos(x + y) + isen(x + y) Por outro lado, tomando i2 = −1 temos 18 2. w1 .w2 = [cos(x) + isen(x)].[cos(y) + isen(y)] = = cos(x).cos(y) − sen(x).sen(y) + i(sen(x).cos(y) + sen(y).cos(x)) Igualando as partes reais e imaginárias de 1) e 2) obtemos: cos(x + y) = cos(x).cos(y) − sen(x).sen(y) sen(x + y) = sen(x).cos(y) + sen(y).cos(x) c.q.d Como conseqüência ainda do produto de números complexos, temos: [cos(x) + isen(x)]n = cos(nx) + isen(nx) , n∈N∗. Geometricamente, a fórmula acima significa que a multiplicação de um número complexo unitário, por si próprio n vezes, é equivale a dar-lhe n rotações sucessivas de um ângulo x. Uma das utilidades da fórmula de DE Moivre é permitir a determinação do cos(nx) e sen(nx), sem o uso das fórmulas de adição. Uma aplicação da fórmula de DE Moivre é a determinação das raı́zes de números √ complexos, como por exemplo, as raı́zes cúbicas de z = 23 + 2i . Como |z| = 1 vemos que: cos(β) = β = π6 + 2kπ, k ∈ Z. a 1 √ = 3 2 e sen(β) = b 1 = 1 2 o que nos garante que Assim podemos escrever o número complexo na forma trigonométrica: z = cos( π π + 2kπ) + isen( + 2kπ), k ∈ Z 6 6 Tomando cuidado de incluir todas as determinações do argumento de z. É claro que π π +2kπ +2kπ qualquer número complexo da forma Wk = cos( 6 3 ) + isen( 6 3 ) é uma raı́z de z, pois pela fórmula de De Moivre (Wk )3 = z. Daı́ para um número complexo de módulo unitário, a raı́z n-ésima deste é dado por: Wk = cos( θ + 2kπ θ + 2kπ ) + isen( ) n n Variando k, percebe-se que a partir de W3 as raı́zes começam a se repetir. Além disso, usando valores negativos de k, vemos facilmente que, para k = −1 obteremos W2 e assim sucessivamente para outros valores de k ∈ Z. 19 Concluı́mos então que existem exatamente três raı́zes cúbicas de z, a saber, W0 , W1 e W2 , que se distribuem como na figura abaixo, formando entre si ângulos de 120o . De uma maneira geral, a fórmula de De Moivre, gera polı́gonos regulares de n lados . Figura 2.2: Triângulo Fı́sica Matrizes complexas, que são aquelas cujas entradas são números complexos são utilizadas em problemas da fı́sica, como por exemplo, a resolução de problemas de cálculo de fluxos de potência e curto-circuito em Sistemas Elétricos de Potência,ou seja, serão alguns problemas referentes a eletricidade, os quais recairão em matrizes complexas, nesse sentido ver, Bittencourt 2007. Números Complexos e Fractais Uma das grandes aplicações dos números complexos é na construção dos fractais. Os fractais são figuras geradas por processos iterativos, que chegam a ser caóticos muitas vezes, e que atualmente possuem grande aplicação em várias áreas do conhecimento como medicina, biologia, geologia, e até na informática na compressão de dados. Seu surgimento se deu por volta de 1905, quando o matemático francês Pierre Fatou descobre que certas equações que envolvem números complexos e iteratividade de funções complexas, podem ser representadas por figuras que possuem auto-similaridade4 , as quais chamamos de fractais. 4 Possuir auto-similaridade é possuir semelhança com o todo por maior que seja o nı́vel de ampliação dado em uma porção da figura. 20 Figura 2.3: Conjunto de Júlia Este fractal foi gerado pela função f (z) = z 2 − 0, 213548 + 0, 686165i 2.3 Algumas Considerações Sobre a Abordagem dos Números Complexos no Livro-Texto O livro didático é uma importante fonte de pesquisa para os alunos, uma vez que, para eles é o primeiro contato com a teoria, após a exposição do professor. Nesse sentido, se faz necessário que o livro apresente certa qualidade em temas importantes para a construção do conhecimento do aluno. Assim Lima (2001), diz que: A Conceituação compreende a formulação de definições, o enunciado de proposições, o estabelecimento de conexões entre os diversos tipos de conceitos, bem como a interpretação e a reformulação dos mesmos sob diferentes aspectos. È importante destacar que a conceituação precisa é indispensável para o êxito das aplicações. A Manipulação, de caráter essencialmente (mas não exclusivamente), algébrico, está para o ensino e o aprendizado da Matemática assim como a prática dos exercı́cios e escalas musicais está para a música. A habilidade no manuseio de equações, fórmulas, operações e construções geométricas básicas, o desenvolvimento de atitudes mentais automáticas, verdadeiros reflexos condicionados, permitem ao usuário da Matemática concentrar sua atenção consciente nos pontos realmente cruciais, sem perder tempo e energia com detalhes. A Aplicação é o emprego de noções e teorias da Matemática em situações 21 que vão de problemas triviais do dia-a-dia a questões mais sutis provenientes de outras áreas, quer cientificas ou tecnológicas. Ela é a principal razão pela qual o ensino de Matemática é tão difundido e tão necessário. (LIMA, 2001, p.5) Essa trı́ade apresentada por idem é um roteiro que permite um bom caminho para o estudante consultar o livro didático e poder tirar as considerações relevantes para a sua aprendizagem. Lima (2001), traz umas reflexões sobre os livros utilizados no ano de 2001 no ensino brasileiro: “(....) Ele é muito bem impresso e diagramado, em várias cores, com belas ilustrações, embora as figuras matemáticas contenham muitas imprecisões e erros”. (LIMA,2001, p. 462) Das três componentes básicas do ensino da matemática nos livros brasileiros em 2001 (Conceituação, Manipulação, Aplicações), há o privilegio da manipulação. Sobre o tema Números complexos, nos livros analisados em 2001, Lima diz: Na aritmética não há dificuldades. A conexão com a geômetra analı́tica, porém é deficiente, o que é estranho, pois a Geometria analı́tica acabou de ser estudada. É mais um exemplo de falta de ligação entre os capı́tulos. As aplicações geométricas dos números complexos (principalmente a multiplicação) tão belas como variadas, não são exploradas. Isto é imperdoável, pois todo matemático ou usuário da matemática, ao pensar num número complexo, sempre imagina como um ponto do plano coordenado e as operações são interpretadas como transformações geométricas. (LIMA, 2001,p. 467) É comum encontrar nos livros didáticos pouca informação sobre a origem dos números complexos. Muitas vezes é associado esse conteúdo apenas à resolução de equações do segundo grau, entre outros erros que ocorrem. Assim entre os erros mais comuns, consoante Lima( 2001), vemos que: • A abordagem dos números complexos costuma ser meramente algébrica: o número “caiu do céu”; • Muitos livros afirmam que os números complexos “nasceram”, sem maiores explicações, da necessidade de resolver, equações do 2◦ grau com descriminante negativo; • Outras falam que surgiram da resolução de equações do 3◦ grau (corretamente), porém não aparece a fórmula de Cardano; • Os livros didáticos sempre chamam a imagem de um número complexo de “afixo”quando é o contrário: A imagem de um complexo é um ponto que o representa, e o afixo de um ponto é o complexo por ele representado; • Em muitos livros não aparecem notas históricas situando estes números na evolução da matemática; 22 • Alguns livros usam a palavra “vetores”, mas não explicam o que vem a ser um vetor e a sua importância; • A fórmula de De Moivre é “chutada”, sem explicações nem aplicações, e nem ilustrações geométricas. ( LIMA, 2001, p.450) Além de situações que não são deixadas claras e que causam uma contradição muito grande em matemática, como é o caso da omissão do módulo em contas, como a ilustrada abaixo: 3= √ 9= √ √ √ p √ √ (−3).(−3) = 3i2 .3i2 = 3i2 . 3i2 = 3. 3.i.i = 3i2 = −3 Ao tratar de trigonometria, alguns livros também pecam ao não considerar ângulos maiores que 360o e mesmo assim trabalhar livremente a multiplicação. Negligenciam uma representação geométrica simples que é a multiplicação de um complexo z por i, ou seja, rotações de 90o . Alguns livros não ilustram geometricamente a fórmula de De Moivre, que é um veı́culo importante para aplicação de números complexos a geometria plana. 23 Capı́tulo 3 O Cabri-Géomètre II no Ensino de Números Complexos Como mencionado, esse trabalho tem o intuito de dar sugestões de atividades a serem desenvolvidas, no processo de ensino e aprendizagem dos números complexos, utilizando o software Cabri. Por traz desse processo, está o poder de visualização de alunos e professores na utilização desse software. Algumas considerações sobre o que é visualização e seu papel no conhecimento matemático, são feitas por Gusmàn (1996), Visualización en matemáticas no es lo miesmo que lo que algunas corrientes de psicólogos llaman visualización. Para ellos la visualización es una técnica, entroncada en el análisis transaccional iniciado por Eric Berne(añnos 50), que pretende uma reestructuración de ciertos aspectos Del subconsciente. Tiene mucho más que ver con componentes afectivos que con componentes propriamente cognitivos1 . (GUSMÀN, 1996, p.1) Dessa maneira, a utilização técnica está ligada a construções de conhecimentos, apesar de em outras áreas ter outra utilização. Em relação à matemática ele coloca: Con la Visualización en matemáticas se pretende otra cosa. Las ideas, conceptos y métodos de las matemáticas presentan una gran riqueza de contenidos visuales, representables intuitivamente, geometricamente, cuya utilización resulta muy provechosa, tanto en la manipulación com ellos para las tareas de presentación y manejo de tales conceptos y métodos como en la manipulación con ellos para la resolución de los problemas Del campo. 2 (GUSMÀN, 1996, p.1) 1 A visualização em matemática não é o mesmo que em algumas áreas correntes dos psicólogos, para estes a visualização é uma técnica, associada nas análises transacionais, iniciadas por Eric Berne (anos 50), que pretendia uma reestruturação de certos aspectos do subconsciente, a qual está associada mais com aspectos afetivos do que componentes propriamente cognitivos. (tradução livre) 2 Com a visualização em matemática se pretende outra coisa, explorar as idéias, conceitos e métodos matemáticos presentes através de uma riqueza de detalhes através da imagem, representada intuitiva- 25 As idéias básicas do estudo elementar, por exemplo, de ordem, distância, operações entre números nascem de situações bem concretas e visuais. Que podem com o CabriGéomètre II ser bem exploradas. A visualização contribui com um aspecto extraordinário na atividade matemática que é algo totalmente natural, apesar das demonstrações serem necessárias, mas a visualização se configura como uma alternativa importante para entendimento dos alunos. Assim para Gusmàn (1996), La visualización aparece ası́ como algo profundamente natural tanto en el nascimiento del pensamiento matemático como en el descubrimiento de nuevas relaciones entre los objetos matemáticos, y también, naturalmente, en la transmisión y comunicación propias del quehacer matemático3 . (GUSMÁN, 1996, p.2) No contexto dos números complexos a visualização é extremamente útil, pois pode nos ajudar em conjecturas de caráter manipulativo, e assim se tornar uma ferramenta importante, por exemplo, para o ensino de algumas operações como a soma, analisar a interpretação do módulo, o comportamento geométrico dos números complexos, entre outras coisas. Além de servir de parâmetro para o docente comparar o ensino convencional com o ensino utilizando o programa. 3.1 O Cabri-Géomètre II O Cabri-Géomètre é um software que permite construir todas as figuras da geometria elementar que podem ser traçadas com a ajuda de uma régua e de um compasso. Uma vez construı́das, as figuras podem se movimentar conservando as propriedades que lhes haviam sido atribuı́das. Essa possibilidade de deformação permite o acesso rápido e contı́nuo a todos os casos, constituindo-se numa ferramenta rica de validação experimental de fatos geométricos. Ele tem outros aspectos que vão muito além da manipulação dinâmica e imediata das figuras. O Cabri está disponı́vel em mais de 40 paı́ses e em 24 idiomas diferentes. Ele é uma ferramenta auxiliar no ensino-aprendizagem da Geometria e é utilizado no Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. São caracterı́sticas do Cabri Géometrè II: • Geometria Dinâmica: - Figura com movimento mantendo as suas propriedades; mente, geometricamente, cuja utilização é muito proveitosa, tanto nas tarefas de exibição e manejo de tais conceitos e métodos como na manipulação com eles, servem para a resolução de problemas de campo. (tradução livre) 3 A visualização aparece assim como algo profundamente natural tanto no nascimento do pensamento matemático, como no descobrimento das novas relações entre os abjetos matemáticos e também, naturalmente, na transformação e comunicação de qualquer matemático. ( tradução livre) 26 • Construtivista: - O aluno cria as suas atividades construindo seu conhecimento; • Software Aberto: - O professor cria as atividades como queira; • Trabalhar Conceitos: - Construções de figuras geométricas; • Explorar Propriedades dos Objetos e suas Relações: - Comprovar Experimentalmente; • Construção de Figuras Geométricas; • Formulação de Hipóteses e Conjecturas; • Históricos das Construções; • Criação de Macros. O Cabri permite ao professor criar livremente atividades para suas aulas, ele é assim caracterizado como um software aberto. Ele pode ser utilizado desde o primário até a Universidade em diversas áreas como Matemática, Fı́sica e Desenho Artı́stico por exemplo. O Cabri-Géomètre é um software desenvolvido por J. M. Laborde4 , Franck Bellemain5 e Y. Baulac, no Laboratório de Estruturas Discretas e de Didática da Universidade de Grenoble. Este é um laboratório associado ao CNRS, instituição francesa equivalente ao CNPq brasileiro. O Cabri-Géomètre é representado no BRASIL desde 1992 pela PROEM na PUC-SP e no site que leva o nome do programa, é possı́vel saber o preço para adquire o software e outras informações sobre o mesmo. O software é um componente fundamental para a utilização do computador, como diz Henriques (2001): O software é um ingrediente tão importante quanto os outros, pois sem ele, o computador poderia jamais ser utilizado na educação. ( VALENTE apud HENRIQUES, 2001, p. 39) 4 Fundador e diretor de investigação do laboratório de estruturas discretas e didáticas do instituto de informática e matemática aplicada de Grenoble. Graduou-se em matemática (1969) na escola normal superior em Paris. Obteve doutorado em Ciência da Computação em (1977) pela Universidade de Grenoble - França. 5 Dr. em Ciência Computacional(1992) pela Universidade de Joseph Fourier - França 27 Um desses softwares é o Cabri-Géomètre II, o qual tem uma utilização fantástica para o ensino de conceitos geométricos, e que poderemos visualizar a partir de algumas atividades, as quais serão descritas aqui com os números complexos. Segundo Souza (2001), O Cabri-Géomètre é um dos softwares matemáticos mais usados no mundo (Guia do Software Educacional, 1999). É um programa aberto e interativo que permite ao aluno ampla possibilidade para construir o próprio conhecimento, através das construções geométricas dinâmicas possibilitadas pelo software. O programa permite construir todas as figuras da Geometria Elementar que podem ser traçadas com a ajuda de régua e compasso. (SOUZA, 2001, p.80) Por mais de duas décadas o Cabri vem sendo estudado e utilizado por muitos, em vários paı́ses, como podemos ver nos dados abaixo: • 1981-1985 Trabalho sobre o Cabri em teoria dos grafos. • 1985 - Especificações informais para a criação de um caderno de rascunho informático. • 1986- Protótipos de Cabri (três teses de doutoramento). • 1987 - Pré-produto e experimentações em classes. • 1988 - Troféu Apple por ser o melhor software para o ensino de Geometria. 1a demonstração pública (ICME-Budapeste). • 1989 - Primeira edição do Cabri na França. Adoção generalizada na Suı́ça. • 1990 - Habilitação do projeto IMAG Cabri-Géomètre. • 1992 - Criação do grupo de pesquisa internacional Cabri. • 1993 - Cabri é traduzido em 25 lı́nguas e comercializado em 40 paı́ses. ( SOUZA, 2001, p. 70) No Brasil, o software é comercializado pela PUC-SP. Com este software é possı́vel: • A construção intuitiva de pontos, retas, triângulos, polı́gonos, cı́rculos e outros objetos básicos; • Transladar, ampliar (ou reduzir) e girar os objetos geométricos em relação aos seus centros geométricos e a pontos especificados, além de possibilitar a simetria axial, central e a inversão dos objetos; • Construir facilmente cônica, como elipses e hipérboles; • Explorar conceitos avançados em Geometria Descritiva e Hiperbólica; 28 • Construir e medir figuras, com atualização automática dos valores quando são movimentadas; • Utilizar coordenadas cartesianas e polares; • Proporcionar a apresentação das equações de objetos geométricos, incluindo retas, circunferências, elipses e coordenadas de pontos; • Permitir ao professor configurar os menus das ferramentas para ”disponibilizar” somente as funções que achar necessárias, de acordo com o nı́vel dos estudantes; • Comprovar as propriedades geométricas para provar hipóteses baseadas nos cinco postulados de Euclides; • Ocultar objetos utilizados nas construções para melhor organização da tela; • Diferenciar os objetos mediante o uso de cores e linhas variadas; • Ilustrar as caracterı́sticas dinâmicas das figuras por meio de animações; • Rever, passo a passo, o histórico da última construção efetivada. Desta forma, o Cabri-Géomètre é um software que apresenta caracterı́sticas as quais permitem utilizar o computador como ferramenta auxiliar para investigação e construção de conceitos geométricos, permitindo certa interatividade do aluno com o meio, possibilitando fazer, por comandos bem definidos em linguagem geométrica, as construções que se fazem no ambiente com papel e lápis. Essa relação se torna muito mais difı́cil no ambiente com papel e lápis, pois, em razão do caráter estático do desenho, não facilita a identificação das propriedades. A manipulação de objetos geométricos, no ambiente Cabri-Géomètre II, flexibiliza a interação do aluno com esse meio, numa situação de ação, na medida em que o obriga a fazer escolhas e tomar decisões. Como resultado dessa ação, o ambiente Cabri retoma informações (feedback), que permitem ao aluno julgar o resultado de sua produção e, se necessário, tomar novas decisões que o levem a mudá-la ou melhorá-la. Assim, acreditamos que o ambiente com o Cabri promove processos de aprendizagem especı́ficos de alcance difı́cil por outras mı́dias. É um ambiente desafiador para o professor e para o aluno. Além de ser voltado para o ensino da Geometria, é também propicio a pesquisas e experimentações matemáticas. Alguns trabalhos vêm sendo desenvolvidos, ilustrando atividades e experiências no ensino com o Cabri e outros programas. Como exemplo, temos os artigos de Meyer (2002), Figueiredo (1997), Miranda (2007), que mostram de maneira satisfatória essa experiência no ensino de cálculo, e que acabaram nos motivando na produção desse trabalho. 29 3.2 Atividades com o Cabri Géomètre II É comum algumas atividades serem repercutidas em periódicos como a ZETETIQUÈ, em que programas ou softwares estão sendo utilizados para o ensino de conceitos em matemática e apresentam uma boa receptividade por parte dos alunos como diz Araújo (2005), (....) Esse tipo de atividade foi excelente para despertar o interesse dos alunos em trazer a informática para a sala de aula e para resolver problemas do dia a dia....(ARAÚJO, 2005, p. 157) Como já mencionado, trabalhos que usem programas ou softwares, podem melhorar a aprendizagem de estudantes do ensino fundamental e médio, devido à agilidade que esses programas podem permitir e a exploração visual dos conceitos. Outra discussão que pode ser traçada é a utilização de programas computacionais no ensino superior, de acordo com Meyer (2002), O uso dos aplicativos computacionais algébricos no ensino da matemática em disciplinas básicas de cursos superiores pode ser examinado sob duas vertentes: Como recurso pedagógico para a construção de conceitos de matemática superior e como treinamento do estudante na aplicação de uma ferramenta muito eficaz na resolução de problemas, que exigem o emprego de algoritmos matemáticos. (MEYER, 2002, p.140) A utilização de atividades que explorem programas como Cabri, Excel, Maple, entre outros no ensino superior são de extrema importância, uma vez que pode instrumentalizar e instigar os alunos e futuros professores a utilizarem esses programas no seu contexto, enquanto professores da rede de ensino. Atualmente vários cursos de graduação, como é o caso da licenciatura em matemática da UEFS, já tem em sua grade curricular, uma disciplina eletiva que trabalha em particular os Softwares em matemática, nesse sentido, é importante para o futuro docente esse contato na licenciatura com esses softwares, assim lhe instrumentalizando para a sua prática futura. Descreveremos exemplos de atividades, utilizando o Cabri-Géomètre II, que podem ser utilizadas pelos professores no ensino de números complexos, além de servirem como base para que outras sejam desenvolvidas. O docente tendo a oportunidade de instalar esse aplicativo nos equipamentos disponı́veis na escola, terá uma boa alternativa para as aulas tradicionais e uma forma mais atrativa de apresentar esse conteúdo. Temos abaixo a tela inicial do Cabri, com algumas ferramentas. 30 Figura 3.1: Tela inicial do Cabri Atividade 3.2.1 Inicialmente faremos a representação no plano de Argand-Gauss do número complexo z = a + bi. Passo 1: Aberta a tela do Cabri, peça para os alunos clicarem na janela6 11 na opção “Mostrar Eixos”. Em seguida rotular a origem de O através da janela 10. 6 A contagem das janelas é feita da esquerda para a direita, onde a janela 1 é a que contém o ponteiro do mouse, como segue na figura 6. 31 Figura 3.2: Ferramentas da Janela 11 Com a opção “Comentário”na janela 10, edite o eixo das ordenadas como Im(z) e o eixo das abscissas como Re(z), em seguida marque um ponto sobre o plano, através da janela 2, no 1o quadrante. Temos então representados o eixo real e imaginário e o plano cartesiano, que agora representa o plano de Argand-Gauss. Nesse momento seria importante que os alunos registrassem as suas lembranças sobre o plano cartesiano e suas principais manipulações. Posteriormente a essa discussão, o docente através do Cabri-Géomètre pode movimentar o ponto criado anteriormente, através do “Ponteiro”, janela 1, e assim mediar essa discussão. Passo 2: Clique na janela 3 e selecione a opção vetor, em seguida clique sobre a origem O e prolongue esse vetor até o ponto anteriormente marcado no 1o quadrante. Passo 3: Assim aparecerá uma flecha com a origem em O e apontando para o ponto clicado. Rotule z = a + bi na forma de coordenadas, determinando assim o afixo (a, b). Passo 4: Nesse momento sugira para seus alunos clicarem na janela 9 e determinarem as coordenadas do número complexo. Escreva através do ı́cone ”Equações e Coordenadas”, substituindo assim o afixo genérico (a, b). Passo 5: Peça para clicarem na janela 9, no ı́cone “Calculadora”, loga essa será mostrada na tela. Posteriormente clique na abscissa do ponto (a, b), e em seguida na igualdade da calculadora, arrastando o valor encontrado na 2a parte da igualdade para o eixo horizontal. Proceda analogamente para a ordenada do ponto (a,b). Sugira aos alunos clicarem nesses valores encontrados, podendo assim editá-los. Troque a palavra 32 “Resultado:”por “b=”ou “a=”, de acordo com os coeficientes da parte real ou imaginária abordados no rótulo. Passo 6: Através da janela 5 sugira aos alunos que tracem as perpendiculares passando pelo ponto (a, b) e interceptando os eixos coordenados. Em seguida, peça para traçarem segmentos paralelos a essa perpendicular através da janela 3, no ı́cone “Segmento”, a partir de intersecção da perpendicular com o eixo, terminando nas coordenadas de z. Depois peça para esconder as retas perpendiculares, criadas anteriormente, por meio da janela 11, na opção “Esconder-Mostrar”. Por fim, peça para os alunos pontilharem as âncoras que ligam o ponto às suas coordenadas, através da janela 11, no ı́cone “ Pontilhado”. Passo 7: Na janela 9 peça para os alunos medirem a distância da origem ao afixo(a, b). Indague-os sobre outra maneira de calcular essa mesma distância. Nesse momento, podemos fazer uma relação entre a matemática e a geometria plana oportunizando a definição de módulo de um número complexo. Passo 8: Sugira que eles calculem o ângulo formado entre o vetor e o eixo das abscissas através das janelas 9 e 10 opção “Ângulo”e “Marca de Ângulo”, respectivamente. Para executá-los comece sempre da extremidade do vetor, passando pela origem e clicando sobre o eixo das abscissas, para determinar o ângulo e a sua marca. Segue abaixo essa construção feita na figura 3.3. Figura 3.3: Sistema Ortogonal Essa atividade inicial buscou uma manipulação na forma algébrica dos números complexos no plano. O docente pode instigar outras discussões em áreas da matemática, como 33 na geometria analı́tica e plana. Podendo também trabalhar o módulo de um número complexo. Atividade 3.2.2 Gostarı́amos de explorar a soma de dois números complexos através do Cabri-Geomètre II, assim se faz necessário considerar as coordenadas de um número complexo como sendo as coordenadas de um vetor. Passo 1: Semelhante aos procedimentos da atividade 1, marque os novos eixos e os principais elementos do plano de Argand-Gauss, através das janelas 10 e 11. Passo 2: Marque dois pontos através da janela 2. Depois, utilizando a janela 3, através na opção “Vetor”, construa dois vetores. Usando a janela 10, na opção “Rótulo”escreva os pontos z, w para ilustrar os vetores construı́dos anteriormente, partindo da origem e com extremidade nos pontos criados anteriormente. Passo 3: Na janela 5, na opção “Soma de Vetores”, opere os vetores construı́dos anteriormente, clicando nos vetores a serem somados e por último na origem. Depois clique na janela 2 e marque o ponto na extremidade desse vetor soma e o seu rótulo como sendo z + w, na janela 10. Passo 4: Na janela 9, no ı́cone “ Equações e Coordenadas”, exiba as coordenadas dos pontos, que estão sobre as extremidade dos vetores criados até o momento. Passo 5: Usando a janela 5, na opção “Reta Paralela”, crie uma reta paralela ao vetor z, passando pela extremidade do vetor w. De modo análogo crie uma reta paralela ao vetor w, passando pela extremidade do vetor z. Com isso, verificaremos que ambas as retas se encontrarão na extremidade do vetor soma z + w. Passo 6: Peça para os alunos construı́rem segmentos a partir da janela 3, na opção “Segmento”de modo que, o aluno considerará os 2 vetores construı́dos (z e w). O segmento partirá da extremidade dos vetores z e w, até o ponto de intersecção das retas. Passo 7: Construa 2 retas perpendiculares, uma ao eixo real e a outra ao eixo imaginário, através da janela 5 opção “reta perpendicular”, de modo que cada reta passe pela extremidade de um vetor construı́do. Posteriormente, use a janela 3 para criar dois segmentos partindo dos eixos até a extremidade de cada vetor. Em seguida clique na janela 11 e na opção ”Esconder/Mostrar”execute o comando nas retas perpendiculares criadas anteriormente. Nesse momento temos uma boa oportunidade de relacionar números complexos com geometria plana e analı́tica, como a distância entre dois pontos e as propriedades do paralelogramo. Passo 8: Utilizando o Cabri para medir os ângulos (janela 11) opostos desse polı́gono formado, peça para os alunos dissertarem sobre os resultados. Passo 9: Peça para os alunos escreverem através da janela 10, no ı́cone comentário, as siglas Im(z) e Re(z), para descrever o eixo que representa a parte real e o eixo que representa a parte imaginária. 34 Passo 10: Exibir a calculadora, com a janela 9 e editar os valores da parte real e da parte imaginária dos complexos construı́dos (z e w) e editar nos eixos coordenados, como a e c , b e d, respectivamente as partes reais e imaginárias de z, e w, como no Passo 5, da atividade 1. Passo 11: Peça para os alunos calcularem o ângulo formado em cada vértice e comparar os ângulos opostos. Sugira que eles comentem sobre os resultados e calculem a medida dos segmentos paralelos. Gostarı́amos de salientar que é necessário acrescentar mais alguns comentários para os números complexos nessa atividade, ficando a critério do professor fazer os encaminhamentos necessários entre as definições de Número Complexo e a manipulação com o programa. Mas de uma maneira geral, essa atividade é uma oportunidade de caracterizar uma propriedade geométrica dos números complexos. Assim segue a construção feita anteriormente. Figura 3.4: Soma de 2 complexos Nessa atividade querı́amos explorar os números complexos, através da soma de dois entes dessa natureza. O resultado dessa atividade é uma conseqüência natural da conjectura de Hamilton no século XIX, em que associou os números complexos como pares de vetores. Nesse sentido, o docente pode explorar diversas conjecturas, como a localização desse novo número complexo, fazer uma relação com o conceito matemático de vetor presente na fı́sica, e discutir a apresentação geométrica dessa operação. Atividade 3.2.3 Nessa próxima atividade temos como objetivo a apresentação do conjugado de um número complexo utilizando o Cabri. 35 Passo 1: Peça para os alunos mostrarem os eixos clicando na janela 11 e posteriormente rotularem a origem como O, através da janela 10, e por fim, editarem as palavras Re(z) e Im(z) como rótulos dos eixos. Passo 2: Através da janela 2 marque um ponto e o rotule de z. Em seguida, através da janela 3, marque o vetor correspondente. Passo 3: Peça para os alunos escreverem as coordenadas desse vetor através da janela 9 opção “Equação e Coordenadas”. Passo 4: Chame de w outro número complexo, de modo que z e w possuam a parte imaginária simétricos entre si, mas mesma parte real. Em seguida, através da janela 3, marque o vetor correspondente. Passo 5: Utilizando a soma de vetores na janela 5 some w +z. Sugira para seus alunos comentarem o resultado e o rotularem, através da janela 10. Nesse comentário compete aos alunos associarem as coordenadas do número complexo como número real. Tem o professor uma boa oportunidade de explorar algumas propriedades que envolvem o conjugado, como a soma de um complexo z com o seu conjugado, comprimento de z e de seu conjugado. Passo 6: Sugira aos alunos que calculem o comprimento dos vetores z e w e pergunte se existem outras maneiras algébricas de calcular essas distâncias. Aproveitando a oportunidade, o docente pode abordar temas como distância entre dois pontos. Abaixo podemos ver a construção feita nessa atividade. Figura 3.5: Manipulando com o conjugado Atividade 3.2.4 Temos como objetivo nessa atividade trabalharmos as multiplicações de um número complexo sucessivamente por i. 36 Passo 1: Sugira aos alunos abrirem o Cabri e mostrarem os eixos através da janela 11 em seguida marcar os eixos real e imaginário através da janela 10 na seção comentário. Passo 2: Peça aos alunos para considerarem o número complexo z = 3i, marcando-o e o rotulando em seguida. Passo 3: Sugira que marquem o número complexo iz, e as sucessivas multiplicações de z por i. Peça para considerarem i2 = −1 , fazendo as contas manualmente. Pergunte a eles quais são as conseqüências dessas multiplicações. Encontrando assim os números complexos iz = −3, t = −3i e por fim g = 3. Marque esses números complexos através da janela 2. Passo 4: Sugira que os alunos determinem os vetores, através da janela 3. A partir das coordenadas de z, iz, t, g peça ao grupo que meça o ângulo de cada número complexo ou vetor, através da janela 9 e a marca de cada ângulo a partir da janela 10. Passo 5: Através dos números complexos multiplicados sucessivas vezes por i, qual a melhor curva que vai se adequar aos pontos encontrados? Compete ao docente discutir noções intuitivas de circunferência, abordando sua forma reduzida e trabalhar distância entre pontos para definir o raio da circunferência, como mostraremos a seguir na figura 12. Figura 3.6: Rotações Nessa atividade 4 tivemos como objetivo, propor a discussão das sucessivas multiplicações por i e mostrar que elas produzem uma quantidade limitada de números complexos, que se repetem de quatro em quatro multiplicações, fundamentando o caráter 37 geométrico e o algoritmo utilizado nas potências de i, ou seja, as rotações. Poderı́amos também discutir com o grupo essas rotações de 90o que um número sofre ao ser multiplicado por i, totalizando 360o após 4 multiplicações, coincidindo com o ponto inicial. Portanto, podemos fazer algumas indagações, principalmente na forma trigonométrica, que será destacada na atividade 5. Abaixo segue alguns questionamentos: • A partir das considerações geométricas qual seria a fórmula geral que representaria essa circunferência analisada? • Qual a relação entre o módulo do número complexo e a distância da origem a qualquer ponto desse cı́rculo? • Qual a expressão matemática que representa o diâmetro em relação ao módulo de z? • Se pensássemos em três pontos: um interno, um pertencente à circunferência e outro fora do cı́rculo como poderı́amos relacionar com o módulo de z? • Como você relacionou o raio da circunferência e o módulo de z, se fosse com o conjugado de z terı́amos alguma diferença? Esses são questionamentos significativos que apresentamos nessa atividade, fornecendo uma riqueza de conceitos e interpretações geométricas, que se apropriam do caráter visual defendido por Gusmàn (1996), como um instrumento de ensino de matemática. Atividade 3.2.5 Temos como meta nessa atividade trabalhar a forma trigonométrica de um número complexo e suas principais conseqüências. Passo 1: Mostre os eixos coordenados janela 11 e marque a origem O do sistema com o ı́cone ”Comentário”. Também rotule Re(z), Im(z) e escreva z como Re(z) + Im(z)i, através da janela 10. Passo 2: Marque um ponto no plano utilizando a janela 2, e uma circunferência passando por esse ponto e centrada na origem, através da janela 4. Passo 3: Marque as coordenadas desse ponto (janela 9) e o represente nos respectivos eixos utilizando a opção calculadora. Depois marque o vetor de origem O, e extremidade no ponto construı́do sobre a circunferência, utilizando a janela 3. Também determine o seu comprimento a partir da janela 9. Passo 4: Marque as retas, construindo-as perpendicularmente aos eixos, passando pelo ponto construı́do na circunferência. Posteriormente crie segmentos que ligam o ponto a cada eixo coordenado (sobre a reta), e por fim, peça para esconder as retas perpendiculares construı́das, na janela 11. 38 Passo 5: Marque o rótulo de z, na circunferência, já construı́do anteriormente. Depois determine o ângulo que é formado pelo vetor e o eixo real, e a sua marca através das d através do ponto construı́do janelas 9 e 10, respectivamente. Marque o ângulo reto zaO, na circunferência unitária. Segue abaixo a manipulação feita no Cabri. Figura 3.7: Forma Trigonométrica A partir dessa construção poderemos instigar os alunos a reconstruir a idéia de número complexo, utilizando os elementos presentes nessa manipulação, como o módulo, o ângulo do vetor formado com o eixo Re(z). Assim teremos uma nova representação para o número complexo, partindo das relações do triângulo retângulo que podem ser sugeridas, envolvendo o módulo e as partes real e imaginária, na chamada forma trigonométrica, descrita por: z = |z|(cos(θ) + isen(θ)) Será uma boa oportunidade para destacar as propriedades na forma trigonométrica de um número complexo, com o ângulo θ variando de 0 a 2kπ . Com essa idéia podemos representar vários números complexos variando simplesmente o valor de k, onde k ∈ Z. 39 Considerações Finais A informática é um veı́culo que pode ser explorado no ensino de matemática, por isso, esperamos que esse material seja um ponto de partida para algumas atividades utilizando o Cabri. Assim, pretendemos com esse trabalho incentivar os docentes a inserir, quando possı́vel, as novas tecnologias na sala de aula. Deste modo, o professor poderá aguçar a curiosidade dos discentes em cada comando executado. A partir desse programa, esperamos melhorar a visualização geométrica de muitos objetos com os números complexos que, para muitos, ficam apenas no papel. As atividades que foram sugeridas nesse trabalho servem, inicialmente, para uma discussão sobre alguns conceitos dos números complexos que podem ser ilustrados por meio do software Cabri-Géomètre II. Fica a critério do docente trabalhar esses conceitos através do programa, ou manipular-los a partir de um conhecimento prévio do tema. É importante que o decente ministre uma aula sobre os comandos básicos do Cabri para os alunos, pois essa instrumentalização sobre o Cabri, é importante para conhecer alguns comandos, e assim dar um melhor andamento nas atividades. Temos que considerar a história dos números complexos como um meio interessante para pontuar seu ensino na matemática, pois existem em relação aos números complexos algumas contradições sobre a sua origem, que devem ser comentadas pelo professor, para que haja uma boa compreensão do que foi, e do que é um número complexo. Sobre as aplicações dos números complexos temos algumas ressalvas, pois depende muito do conhecimento prévio da turma, que dependendo das discussões sobre essas aplicações, possa por hora, não serem interessantes para os alunos. A junção da geometria analı́tica e a trigonometria com os números complexos pode motivar os estudantes na manipulação desse tema. A geometria fractal, por exemplo, pode ser explorada pelo professor, através do aplicativo xaos, que gera fractais. O docente pode fazer uma correspondência entre a geometria plana e a geometria fractal, apesar desse trabalho não ter aprofundado as suas atenções nas aplicações dos números complexos. A informática é um meio em que deve-se acreditar, pois o mundo sofre uma transformação constante nesse meio, principalmente na criação de novos softwares e no acesso mais comum dos estudantes a computadores, no âmbito da exploração da internet. Ter um professor preparado é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem, 41 a fim de incitar e conduzir discussões importantes na exploração dos softwares no contexto escolar. Nesse sentido, esperamos mais projetos de cunho estadual e federal que possam capacitar os docentes e instrumentalizar as escolas na prática do ensino através da informática. 42 Referências Bibliográficas [1] ARAÚJO, M.L, et al., A Planilha Excel como Instrumento Pedagógico na Formação do Professor de Matemática. Zetetiké, v.13, no 23. Campinas: 2005. [2] BALDIN, Y.Y., VILLAGRA, Y.Y., Atividades com Cabri-Céomètre II para Cursos de Licenciatura em Matemática e Professores do Ensino Fundamental e Médio. UFSCar, São Carlos: 2001. 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