Universidade de Cabo Verde
Departamento de Engenharias e Ciências do Mar
Licenciatura em Biologia Marinha e Pescas
Estudo da Prevalência de Enteroparasitoses em Manipuladores de
Alimentos de Escolas Primárias do Mindelo – Cabo Verde
Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em Biologia Marinha e Pescas
Viviane Ferreira Dias
São Vicente
Setembro/2012
Universidade de Cabo Verde
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIENCIAS DO MAR - DECM
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
TITULO: “Estudo da Prevalência de Enteroparasitoses em Manipuladores de Alimentos de
Escolas Primárias do Mindelo – Cabo Verde”.
PALAVRAS-CHAVE: Enteroparasitoses, Manipuladores de Alimentos, Escolas Primárias
de Mindelo.
LOCAL DE ESTÁGIO: Hospital Dr. Baptista de Sousa – Laboratório de Analises Clínicas
DURAÇÃO: Março a Agosto de 2012
Estagiária
Orientadora
Coordenadora
/Viviane Ferreira Dias/
/Dra Natalina Spencer /
/Dra Carina Fernandes/
São Vicente
Setembro/2012
Este documento deve ser citado como: Dias, Viviane; 2012. Estudo da Prevalência de
Enteroparasitoses em Manipuladores de Alimentos de Escolas Primárias do Mindelo –
Cabo Verde. Universidade de Cabo Verde. Departamento de Engenharias e Ciências do Mar.
Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em Biologia Marinha e Pescas. 69 pp.
Relatório preparado no âmbito do Estágio de Fim de Curso desenvolvido nas escolas Primárias
de São Vicente, enquadrado no Plano Curricular do Curso de Licenciatura em Biologia Marinha
e Pescas, ministrado no Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (DECM).
O conteúdo deste relatório é da exclusiva responsabilidade da autora:
____________________________________
Viviane Ferreira Dias
Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (Decm)
CP 163, Ribeira de Julião, São Vicente, Cabo Verde
E-mails: [email protected]
Telefone: (+238) 9868163
I
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família querida, que ao longo da
minha vida estiveram sempre comigo, me ajudando e apoiando.
II
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me ter criado, pela minha vida e por tudo o que tem
me dado, a ti oh Pai eterno agradeço pela minha família, amigos, colegas, professores e todos os
que direta ou indiretamente me ajudaram ao longo do curso da minha vida e ao longo da
elaboração deste trabalho.
À minha família, principalmente o meu pai querido António, minha “mais que tudo”
minha Mãe e meus dois irmãos Letícia e Samuel que podem ser as pessoas mais insuportáveis do
mundo, mas são duas das pessoas que eu amo mais que tudo e todos na minha vida. A eles
agradeço do fundo do meu coração o apoio, incentivo e ajuda que me deram ao longo da minha
vida e principalmente nessa fase tão importante.
À Dra. Carina Fernandes, Dra. Natalina Spencer e à Msc.Tatiana Cardoso, agradeço pela
orientação, paciência e ajuda que me prestaram ao longo da realização deste trabalho.
Agradeço também ao Diretor do Hospital Dr. Baptista de Sousa, à Diretora do
Laboratório de Análises Clínicas e cada técnico, pela oportunidade que me deram para realizar o
meu estágio, pelos momentos de aprendizagem e pela transmissão de conhecimentos, com as
técnicas, experiências, apoio e confiança em mim depositados nas atividades desenvolvidas ao
longo do estágio e também pelas ideias no decorrer deste trabalho.
Um sincero agradecimento a todos os meus amigos, amigas e colegas, principalmente às
minhas amigas Élida, Ronisia, Maraika, Kátia, Dorilene, Delminda, Irina, Cynthia, e meu
querido amigo Flávio, etc, que me apoiaram e ajudaram principalmente nesta fase da minha vida
e também pela amizade disponibilizada ao longo do tempo. Espero do fundo do coração que essa
amizade perdura.
Também um obrigado ao Arsénio Viera, à Nareida Das Dores e Rosylene Santos, meus
companheiros de estágio, pela ajuda e apoio na elaboração desse trabalho e também pela grande
amizade nascida e desenvolvida ao longo desses seis meses.
Um obrigado a todos os professores que ao longo de todo o meu processo de
aprendizagem me ensinaram, me suportaram e principalmente me ajudaram a crescer e hoje
estou aqui graças aos ensinamentos que me passaram. Um beijo de agradecimento aos docentes
III
da UNICV, principalmente à Dra. Corrine Almeida por me ensinar o que é estudar para aprender
a fazer, à Dra Neusa Pinheiro, ao Dr. Rui Freitas à Dra Carina Fernandes e à Dra Mara AbuRaya que ao longo destes quatro anos me ensinaram tudo que em minha vida profissional vou
colocar em prática.
Também agradeço ao Ministério da Educação e a cada Diretor ou gestor de cada escola,
pela autorização para o desenvolvimento desse trabalho. Também um agradecimento com toda a
sinceridade a cada manipulador pela ajuda e contribuição dado a este trabalho, pois sem o apoio
destes, esse trabalho nunca teria saído do papel.
Enfim, agradeço do fundo do meu coração a todos que, direta e indiretamente, me
ajudaram a chegar hoje onde quero, e finalmente posso dizer que consegui com o apoio e ajuda
de todos, em que cada situação e erro me fez crescer e andar rumo ao sucesso.
Obrigado a todos, com toda a sinceridade!
IV
ÍNDICE
RESUMO ............................................................................................................................
ABSTRACT ........................................................................................................................
VI
VII
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................
LISTA DE TABELAS .......................................................................................................
VIII
IX
1- INTRODUÇÃO .............................................................................................................
2- OBJECTIVOS ...............................................................................................................
1
3
2.1 Objectivo Geral .......................................................................................................
3
2.2 Objectivos Específicos .............................................................................................
3
3- FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS ..........................................................................
4
3.1 Relação Parasita-hospedeiro ..................................................................................
4
3.2 As Enteroparasitoses ..............................................................................................
5
3.2.1 Os protozoários ..............................................................................................
5
3.2.2 Os Helmintos ..................................................................................................
10
3.2.3 Transmissão das Enteroparasitoses .................................................................. 16
3.2.4 Incidência das Enteroparasitoses .....................................................................
17
3.3 Métodos de Exame parasitológico de Fezes ............................................................
3.3.1 Principais Métodos .........................................................................................
19
20
4- MATERIAIS E MÉTODOS .........................................................................................
21
4.1 Área de Estudo .......................................................................................................... 21
4.2 Metodologia .............................................................................................................
22
4.2.1 População-Alvo e Amostragem .......................................................................
22
4.2.2 Instrumentos para Recolha dos Dados ............................................................. 22
4.2.3 Procedimentos para Recolha de dados ............................................................
23
4.3 Análise de Dados .....................................................................................................
24
5- RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................
25
6- CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................
35
7- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................
38
V
ANEXOS .............................................................................................................................
41
ANEXO 1- Área de Estudo...........................................................................................
42
ANEXO 2- Carta de Pedido de autorização ...................................................................
47
ANEXO 3- Entrevista ..................................................................................................
48
ANEXO 4- Materiais utilizados ....................................................................................
50
ANEXO 5- Descrição dos métodos de exame parasitológicos ........................................
51
ANEXO 6- Tabela dos Resultados obtidos ...................................................................
53
ANEXO 7- Parasitas Encontrados ................................................................................
54
ANEXO 8 – Modelo de carta de agradecimento e resultados aos gestores de cada escola
55
ANEXO 9 - Modelo resultados emitidos aos pacientes ..................................................
56
ANEXO 10- Áreas de aquisição de experiência durante o estágio ..................................
57
VI
RESUMO
As doenças veiculadas por alimentos constituem um grave problema de saúde pública, pois se
estima que milhões de pessoas em todo o mundo estejam acometidas por doenças transmitidas por
alimentos, e a maioria delas está ligada aos hábitos de higiene precários dos manipuladores, à
higienização, ao controlo ambiental. O trabalho tem como objectivo principal o estudo da prevalência de
enteroparasitoses em manipuladores de alimentos das escolas primárias do Mindelo, dado que as crianças
são a faixa etária mais susceptível apresentando seu sistema de defesa pouco resistente a infecções por
enteroparasitoses, e os manipuladores de alimento são a maior forma de contaminação de alimentos.
Participaram neste estudo 30 manipuladores de alimentos, todos do sexo feminino e com faixa
etária entre 22 e 63 anos de idade. No total das amostras estudadas 73% estavam infectadas por um ou
mais parasitas. Foram avaliados alguns aspectos socio-econômicos e as condições sanitárias dos
manipuladores que se relacionam com aspectos epidemiológicos das enteroparasitoses. Dentro deste
contexto foram avaliados alguns fatores sócio-econômico dos participantes como: o nível de vida, o
número de pessoas e animais domésticos residentes no domicilio, abastecimento de água, instalações
sanitárias e a zona onde reside.
Neste trabalho pode-se notar que as enteroparasitoses com elevada ocorrência foram os
Protozoarios pertencendo à classe das Entamoebas sendo que dos 73% parasitados 60% era por
Entamoeba coli. O alto grau de parasistismo pode estar associado ao não uso de luvas e máscaras. Apesar
do método direto a fresco seja considerado de pouca sensibilidade foi o método de detecção onde foi
encontrado maior percentagem de parasitas. Conclui-se que, os manipuladores de alimentos das escolas
primárias do Mindelo apresentaram elevados índices de enteroparasitoses, havendo necessidade de uma
melhor vigilância epidemiológica por meio de exames parasitológicos e educação sanitária a todos esses
indivíduos.
Palavras-Chave: Enteroparasitoses, Manipuladores de Alimentos, Escolas Primárias de Mindelo.
VII
ABSTRACT
The foodborne illnesses are a serious public health problem because it is estimated that millions
of people worldwide are affected by foodborne illness, and most of them are linked to poor hygiene of
food handlers, will sanitize, control environment. The work is aimed at evaluating the prevalence of
intestinal parasites in food handler’s primary schools in Mindelo, since children are the age group most
likely presenting its defense system bit resistant to infection by intestinal parasites and food handlers are
the highest form of contaminaçãoo food.
Participants in this study were 30 food handlers, all female and aged between 22 and 63 years of
age. Altogether 73% of the samples studied were infected by one or more pests. Some aspects socioeconomic and health conditions of handlers that relate epidemiological aspects of intestinal parasites.
Within this context some factors were evaluated socioeconomic participants as the standard of living, the
number of people and pets living in the household, water supply, sanitation facilities and the area where
he resides.
This work may be noted that the high occurrence with intestinal parasites were protozoa
belonging to the class of Entamoebas being that 73% of 60% was infected by Entamoeba coli. The high
degree of parasistismo can not be associated with the use of gloves and masks. Although the method is
considered direct fresh low-sensitivity detection method was found where a higher percentage of
parasites. We conclude that food handler’s primary schools Mindelo show high rates of parasitic
infections need for better surveillance by parasitological examinations and health education to all these
individuals.
Keywords: Intestinal Parasites, Food Handlers, Primary Schools in Mindelo.
VIII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Amebas: A: Entamoeba coli; B: Entamoeba histolytica ...............................................7
Figure 2: Trypanosoma cruzi .........................................................................................................8
Figura 3: Cisto de Giardia lamblia ................................................................................................8
Figure 4: Plasmodium_sp. .............................................................................................................9
Figure 5: Toxoplasma‑gondii ......................................................................................................10
Figure 6: Trichomonas vaginalis .................................................................................................10
Figure 7: A- Ovo de Ascaris lumbricoides, B- Larva de Ascaris lumbricoides. ........................11
Figure 8: Ovo de Trichuris trichiura. ..........................................................................................12
Figura 9: Enterobius vermicularis ...............................................................................................14
Figure 10: Ancylostoma duodenale / Necator americanu. ..........................................................15
Figure 11: Strongyloides stercoralis. ...........................................................................................15
Figura 12: Comparação da avaliação das condições higio - sanitárias dos manipuladores de
alimentos (N=30) ..........................................................................................................................30
Figura 13: Índice de infecção parasitária da amostra total (N = 30) de manipuladores de
alimentos das escolas primárias de Mindelo .................................................................................30
Figura 14: Grau de infecção parasitária na amostra total parasitada (N = 22) ............................32
Figura 15: Incidência de enteroparasitas de acordo com o grau de parasitismo nos 22
manipuladores de alimentos infectados ........................................................................................33
IX
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Relação de alunos no ano letivo 2011-12 nas escolas-alvo do estudo .........................22
Tabela 2: Positividade dos exames parasitológicos em relação com os aspetos socio-econômicos
........................................................................................................................................................26
Tabela 3: Distribuição de protozoários e helmintos em amostras de fezes dos 30 manipuladores
de alimentos estudados .................................................................................................................31
Tabela 4: Frequência de enteroparasitas nos 22 manipuladores de alimentos infectados
........................................................................................................................................................32
Tabela 5: Prevalência de Enteroparasitas por método de exame parasitológico de fezes, das 60
amostras analisadas. ......................................................................................................................34
X
1. INTRODUÇÃO
As doenças veiculadas por alimentos são um grande problema de saúde pública, pois se
estima que milhões de pessoas em todo o mundo estejam acometidas por doenças transmitidas
por alimentos, tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, tendo
repercussões tanto a nível da saúde das populações como a nível do desenvolvimento económico
dos países, pois acarretam incapacidade laboral e custos em tratamentos e hospitalizações
(KÃFERTEIN et al., 1997, CDCP, 2001, p. 01 cit in CARNEIRO, 2007). A maioria dessas
doenças está ligada aos hábitos de higiene precários dos manipuladores, tanto pessoais como
domésticos, à higienização, ao controlo ambiental, entre outros (NOLLA E CANTOS, 2002,
P.27 cit in CARNEIRO, 2007).
Os alimentos podem ser contaminados por agentes biológicos (vírus, bactérias, e
parasitas), toxinas, metais e príons, sendo que os agentes biológicos representam a principal
causa de doenças transmitidas por alimentos (KÄFERSTEIN E ABDUSSALAM, 1999, P.347;
MEAD et al., 1999, P. 607 cit in CARNEIRO, 2007).
A principal forma de contaminação dos alimentos são os manipuladores, pois a
microbiota das mãos e roupas podem ser provenientes do solo, água, poeira e muitos outros
ambientes, e outras fonte importante são as fossas nasais, a boca e a pele. Em condições muito
precárias de higiene os microrganismos do trato gastrintestinal podem contaminar as mãos dos
manipuladores e, consequentemente, os alimentos por eles preparados (CAPUANO et al., 2002;
CARNEIRO, 2007). O homem é, portanto, um dos principais vetores ou reservatório do processo
de contaminação dos alimentos por microrganismos patogênicos, assim como por parasitas
(REZENDE et al., 1997 cit in SILVA, 2009).
Portanto, as pessoas que manipulam alimentos desempenham uma função importante na
transmissão de doenças veiculadas por alimentos, pois elas são responsáveis pela higiene
alimentar, respondendo diretamente pelo transporte de microrganismos e parasitas para os
alimentos, utensílios de cozinha e panos de limpeza causando contaminação que, segundo
Käferstein e Abdussalam (1999) cit in CARNEIRO (2007), nos últimos anos, esses agentes
patogênicos emergentes têm se somado aos agentes biológicos convencionais tornando-se
responsáveis por doenças veiculadas por alimentos. Entre todos os patógenos, os parasitas
intestinais encontram-se distribuídos praticamente por todo o mundo, registrando elevados
1
coeficientes de prevalência em populações com precárias condições higio-sanitárias. (NOLLA,
CANTOS, 2005 cit in SILVA, 2009).
Contudo, as infecções parasitárias intestinais são em maioria assintomáticas e, quando
determinam alguma sintomatologia, esta é geralmente discreta e inespecífica, não sendo muitas
vezes diagnosticada. Portanto, o manipulador de alimentos parasitado e assintomático pode
representar uma fonte de transmissão duradoura, podendo propagar os enteroparasitas para os
alimentos através das mãos contaminadas. Assim, a identificação da ocorrência de
enteroparasitoses em manipuladores pode contribuir na prevenção da contaminação de
alimentos. Apesar da relevância e da atualidade do problema, são poucos os trabalhos avaliando
a ocorrência de enteroparasitoses em manipuladores de alimentos, cujos resultados podem
representar subsídios para futuras ações de controlo, bem como contribuir para o aprimoramento
da educação sanitária desses profissionais (SILVA, CAPUANO 2005).
A magnitude global e a importância das infecções parasitárias e das possíveis medidas
para seu controlo foi objeto de grande consideração por um comitê de peritos da Organização
Mundial da Saúde (OMS), pois sabe-se que a necessidade de alimentar vem a aumentar a cada
dia em todo o mundo, visto que a população cresce, e há um grande aumento no número de
famintos (OMS, 1987).
É diante dessa perspectiva que a OMS tem alertado para o controlo biológico dos
alimentos, a fim de se evitar sua contaminação por agentes biológicos patogênicos ao homem.
Esta organização está mesma atenta aos vários motivos da contaminação dos alimentos,
destacando o uso de antimicrobianos para o auxílio na engorda de aves e suínos, para o consumo
humano, os inseticidas, as práticas não higiênicas do preparo dos alimentos e outros (BALBANI;
BUTUGAN, 2001 cit in CARNEIRO, 2007).
Embora apresentem baixas taxas de mortalidade, as parasitoses intestinais ainda
continuam representando um significativo problema de saúde pública, dado o grande número de
indivíduos afetados e as várias alterações orgânicas que podem provocar, inclusive sobre o
estado nutricional (HARPHAM, 1991, pg.62 cit in CARNEIRO, 2007; OMS 1987, pg. 7;).
As enteroparasitoses podem causar a desnutrição e, do mesmo modo, a desnutrição pode
facilitar a ocorrência de infecções por enteroparasitas (NESTLÉ, 1999; BRITO et al., 2003 cit in
ORLANDINI).
2
Neste trabalho foi estudado a prevalência de enteroparasitoses em manipuladores de
alimentos das escolas primárias pública de Mindelo, São Vicente, dado que as crianças são a
faixa etária mais susceptível, pois essas ainda têm seu sistema de defesa pouco resistente a
infecções por enteroparasitoses, e os manipuladores de alimento a maior forma de contaminação
de alimentos.
2. OBJECTIVOS
2.1 Objectivo Geral

Estudar a prevalência de enteroparasitoses em manipuladores de alimentos das escolas
primárias de Mindelo.
2.2 Objectivos Específicos

Comparar a positividade dos exames parasitológicos com as condições sócio-econômicas
(faixa etária, nível de ensino, nível de vida, número de pessoas e animais residentes no
domicilio, zona onde reside).

Comparar as condições higio-sanitárias dos manipuladores de alimentos com a
positividade nos exames parasitológicos das fezes (redes de esgoto em casa, água potável,
se lavam as mãos, usam luvas, uniformes e máscaras para manipular os alimentos);

Identificar as enteroparasitas nos manipuladores infetados;

Determinar o grau de parasitismo (monoparasitismo/biparasitismo/poliparasitismo);

Comparar a eficácia dos três métodos de exame parasitológico utilizados.

Entregar, a direção de cada escola e a cada manipulador, os resultados, afim de que os
manipuladores infetados dirijam-se ao centro de saúde mais próximo para ser medicados.
3
3. FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICAS
3.1 Relação parasito – hospedeiro
Na natureza os seres vivos apresentam grande inter-relacionamento e este varia desde a
simbiose, em que há colaboração mútua até ao predatismo e canibalismo. O parasitismo ocorreu
quando na evolução de uma destas associações, um organismo menor se sentiu beneficiado, quer
pela proteção, quer pela obtenção de alimento. Como consequência dessa associação, e com o
decorrer de milhares de anos, houve uma evolução para o melhor relacionamento com o
hospedeiro. Essa evolução, feita à custa de adaptações, tornou o parasita dependente do outro ser
vivo. Essas adaptações foram de tal forma acentuadas que pode-se afirmar que "a adaptação é a
marca do parasitismo". As adaptações são principalmente morfológicas, fisiológicas e biológicas
e, muitas vezes, com tantas modificações que não é possível reconhecer os ancestrais dos
parasitas atuais (NEVES, et all, 2005).
Os animais, individualmente, nascem, crescem, reproduzem-se, envelhecem e morrem,
porém a espécie, normalmente, se adapta, evolui e permanece como uma população ou grupo.
São diversos os fatores que regulam esses fenômenos individuais e populacionais, que procuram,
permitir a cada indivíduo a melhor forma de obtenção de alimento e abrigo. Para este fim, muitas
espécies passam a conviver num mesmo ambiente, gerando associações ou interações que podem
não interferir entre si. Essas associações podem ser harmônicas, quando há beneficio mútuo ou
ausência de prejuízo mútuo, ou desarmônica, quando há prejuízo para algum dos participantes.
Assim, considera-se como harmônicas o comensalismo, o mutualismo, a simbiose e, como
desarmônicas, a competição, o canibalismo, o predatismo e o parasitismo (NEVES, et all, 2005).
Muitas relações são construídas e/ou destruídas quando há intervenção do homem na
natureza, dessa forma, visando a harmonia de uma localidade, bem como das relações
parasitárias, as quais têm encontrado um leque de oportunidades para sua ocorrência diante da
pobreza, falta de saneamento básico, educação sanitária e, alimentação inadequada, estas
situações têm quebrado o “equilíbrio” desta relação, fazendo com que haja em várias partes do
mundo, graves patologias parasitárias (NEVES et al., 2005).
O parasitismo é a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de
benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação. Desse modo, o parasita é o
agressor, e o hospedeiro é o que alberga o parasita. Os tipos de parasitas classificam-se como
4
endoparasita, que é o que vive dentro do corpo do hospedeiro, e ectoparasita, o que vive
externamente ao corpo do hospedeiro (NEVES et al., 2005).
Graças a um processo de adaptação recíproca, a maioria dos parasitas não produz doença
ou da baixa incidência das parasitoses, assegurando em geral a sobrevivência de tanto o parasita
como a do parasitado. Mas existem muitas doenças que são causadas por parasitas, vírus e
bactérias (REY 2002).
3.2 As Enteroparasitoses
As enteroparasitoses são provocadas por endoparasitas que habitam normalmente o
intestino do hospedeiro, em diferentes seguimentos. O termo demonstrado pelo prefixo entero é a
designação que indica relação com o intestino. Elas são representadas por protozoários e
helmintos (ZAIDEN, 2006).
3.2.1 Os Protozoários
Os Protozoários são seres unicelulares, é um grupo grande e diverso, em que esquemas
atuais de classificação das espécies de protozoários em filos e subfilos são baseados na
mobilidade, superfície celular, estruturas para alimentação, estrutura nuclear, e até a presença de
bactérias simbióticas (TORTORA, 2000).
Estes microrganismos na maioria são heterotróficos, mas com formas autotróficas.
Estes organismos tem um tamanho microscópico, variando em media de 0,01 a 0.05
micrometros. Sua forma de nutrição é muito diferenciada, pois podem ser predadores ou
filtradores, herbívoros ou carnívoros, parasitas ou mutuálistas, mas, a principal forma de
alimentação deles é a nutrição saprófita. A digestão é intracelular, por meio de vacúolos
digestivos, sendo que o alimento é ingerido ou entra na célula por meio de uma "boca", o
citóstoma. A célula desses microrganismos unicelulares é muito especializada, e cada organela
tem uma função vital. Estes microrganismos de vida livre estão presentes em muitos ambientes,
mas
alguns
levam
vida
parasitária
causando
doenças
em
seus
hospedeiros.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Protozo%C3%A1rio).
5
Ainda segundo a mesma fonte, os seus filos são: Mastigosphora (flagelados), como
Trypanossoma, Giardia, Leishmania; Sarcodina, como as amebas; Ciliophora (ciliados), como o
Paramecium; Sporozoa, como o Plasmodium, Toxoplasma; Euglenoides, como as euglenas.

Doenças causadas por protozoários
Muitos protozoários causam doenças nos seres humanos. Entre elas, estão a amebíase ou
disenteria amebiana, a doença de Chagas, a giardíase e a malária.

As amebas são organismos eucariotas, unicelulares que se deslocam por meio de
pseudópodes. Há espécies parasitas e outras de vida livre, das quais algumas apresentam uma
fase flagelada. Entre as de vida livre há espécies que são parasitos oportunistas, podendo infectar
eventualmente o homem. Na fase trofozoítica alimentam-se por fagocitose, pinocitose ou
transporte através da membrana. Reproduzem-se por divisão simples e geralmente formam cistos
que asseguram a dispersão no meio ou a passagem de um hospedeiro a outros. As amebas
parasitas habituais da espécie humana são várias. (REY, 2002). Merecem destaque as que são
membros do complexo “Entamoeba histolytica”, com duas formas: a forma dita “minuta”, da luz
intestinal e a forma encontrada nas lesões patológicas e denominada “magna” Este complexo
inclui a E. dispar . As outras espécies, todas elas destituídas de poder patogênico, são a
Entamoeba coli, Entamoeba hartmanni, Endolimax nana, Iodamoeba bütschlii, Entamoeba
gingivalis (encontrada só na boca e com o mesmo aspecto morfológico que E. histolytica) e a
Entamoeba polecki, ameba do porco e capaz de infectar a espécie humana. As Entamoeba
caracterizam-se por terem um núcleo com a cromatina disposta em pequenos grânulos colados à
face interna da membrana e um outro – o cariossomo ou endossomo – que é central ou
excêntrico.

E. coli tem o cariossomo excêntrico, que é, em geral, fragmentado (figura 1: A).

Em E. histolytica ou E. díspar (figura 1: B) e em E. hartmanni , ele é bem
central. A diferença está no tamanho do núcleo e na disposição da cromatina periférica.

Em Endolimax nana a cromatina está em geral concentrada em bloco único e
irregular; podendo ser central, excêntrico ou colado à membrana celular.

Iodamoeba bütschlii tem um cariossomo central relativamente grande e separado
da membrana por grânulos acromáticos. Nos seus cistos, ele é menor e excêntrico.
6

Dientamoeba fragilis é um pequeno flagelado amebóide (da ordem Trichomonadida) que
perdeu seu flagelo e emite pseudópodes como as amebas. Tem dois núcleos com cariossomo
central formada por vários blocos e sem cromatina periférica (REY, 2002).
A
B
Figura 1 : Amebas : A – Entamoeba coli; B- Entamoeba histolytica (Autor: VIVIANE DIAS, 2012)
O homem adquire a amebíase ou disenteria amebiana ao ingerir água ou alimentos
contaminados por uma ameba. Esta ameba parasita principalmente o intestino grosso dos seres
humanos, onde provoca ulcerações e se alimenta de glóbulos vermelhos do sangue. No intestino,
essa ameba se reproduz assexuadamente por cissiparidade e, algumas delas, formam cistos,
estruturas que possuem uma membrana resistente e que contêm alguns núcleos celulares.
Eliminados com as fezes, os cistos podem contaminar a água e alimentos diversos, como as
verduras (NEVES et al., 2005). Se forem ingeridos, esses cistos se rompem no tubo digestivo,
libertando novas amebas, que recomeçam um novo ciclo. As pessoas com amebíase eliminam
fezes líquidas, às vezes com sangue e quase sempre acompanhadas de fortes dores abdominais.
Para evitar essa doença é necessário ferver a água que se vai beber e lavar muito bem as verduras
e frutas, além de cuidados higiênicos, como a lavagem de mãos, principalmente antes das
refeições (NEVES et al., 2005).

A doença de Chagas é causada pelo tripanossomo, Trypanosoma cruzi (figura 2),
protozoário que vive no intestino de um percevejo sugador de sangue, conhecido popularmente
como barbeiro. Esse percevejo vive em frestas de paredes, chiqueiros e etc. À noite, saem de
seus esconderijos e vão sugar o sangue das pessoas que dormem. Quando alguém é picado pelo
percevejo pode contrair a doença da seguinte forma: durante a picada, o barbeiro infestado
elimina fezes contendo o tripanossomo. Coçando o local da picada, a pessoa espalha as fezes do
7
barbeiro e introduz o parasita em seu organismo, através do pequeno orifício feito pela picada.
Uma vez na corrente sangüínea, o tripanossomo atinge o coração (NEVES et al., 2005). Ali ele
se fixa, podendo causar a morte da vítima. As principais medidas para evitar a doença de Chagas
consistem em substituir moradias de barro e de madeira por outras de tijolos, que não tenham
frestas onde o barbeiro possa se esconder; e exigir, em transfusões de sangue, a garantia de que o
sangue doado não esteja contaminado com tripanossomos (NEVES et al., 2005).
Figura 2: Trypanosoma cruzi. Fonte: infoescola.com

A giardíase, provocada pela Giardia lamblia (figura 3) que é um protozoário
flagelado que parasita o intestino humano, a doença geralmente causa fortes diarreias, podendo
levar o doente à desidratação. É transmitida através de água e alimentos contaminados pelo
protozoário. As giardíases possuem distribuição mundial. A infecção acomete mais crianças do
que adultos. A prevalência é maior em áreas com saneamento básico deficiente e em instituições
de crianças que não possuem controle de seus esfíncteres. A transmissão de Giardia lamblia é de
pessoa a pessoa, em que ocorre por transferência dos cistos presentes nas fezes de um indivíduo
infectado, através do mecanismo mão-boca. É provável que as pessoas infectadas, porém
assintomáticas, são mais importantes na transmissão do agente do que aquelas pessoas que
apresentam diarreia, infecção sintomática. A transmissão ocorre quando há a ingestão de água
contaminada com fezes contendo o cisto, e com menor freqüência, por alimentos contaminados
pelas fezes. (NEVES et al., 2005).
Figura 3: Cisto de Giardia lamblia (Fonte http://www.ufrgs.br)
8

O paludismo é provocado por protozoários do gênero Plasmodium (figura 4) e é
transmitida ao homem por meio da picada do mosquito, anófele, ao sugar-lhe o sangue para se
alimentar. Durante a picada, o mosquito libera saliva, que contém o protozoário plasmódio.
Então o parasita entra no sangue da pessoa e se instala em órgãos diversos, como o fígado e o
baço, onde se multiplica. Após certo período, os parasitas retornam ao sangue e penetram nos
glóbulos vermelhos, onde voltam a se multiplicar. Os glóbulos parasitados se rompem liberando
novos protozoários que passam a infectar outros glóbulos vermelhos (NEVES et al., 2005). O
paludismo provoca febre muito alta, que coincide com os períodos em que os parasitas
arrebentam os glóbulos vermelhos, liberando toxinas na corrente sanguínea. Se não for
combatida pode causar a morte do doente. A pulverização de córregos, lagoas e poças de água
parada, com inseticida, é uma das maneiras de combater os mosquitos transmissores da malária.
É na água que os mosquitos põem seus ovos para se reproduzirem (NEVES et al., 2005).
Figura 4: Plasmodium_sp. ( Fonte: es.wikipedia.org)

A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasma gondii
(figura 5). A transmissão se dá por contato com animais domésticos, principalmente gatos, ou
por suas fezes. As fezes dos gatos podem conter cistos do parasita, que são disseminados por
animais, como moscas e baratas. O homem adquire a doença quando ingere diretamente o cisto
ou carne mal cozida que o contenha. Os sintomas da doença são, na maioria das vezes, muito
semelhantes aos de várias outras doenças: mal-estar, febre, dores de cabeça e musculares,
prostração e febre que pode durar semanas ou meses (NEVES et al., 2005). Após alguns dias há
também aumento dos gânglios linfáticos em todo o corpo. Normalmente, a doença evolui de
forma benigna e desaparece sem deixar sequelas no organismo. Porém, pode causar lesões
oculares, como perda parcial ou quase total da visão. Em mulheres grávidas, o protozoário pode
9
atingir o feto, provocando-lhe cegueira, deficiência mental e até mesmo a morte (NEVES et al.,
2005).
Figura 5: Toxoplasma‑gondii .(Fonte: pibid-bio-uepg.blogspot.com)

Trichomonas vaginalis (figura 6) é responsável pela doença chamada
Tricomoníase, é encontrado na vagina e no trato urinário masculino. Normalmente é transmitido
pelo contato sexual, mas também pode ser transmitido em banheiros e por toalhas (NEVES et al.,
2005).
Figura 6: Trichomonas vaginalis. (Fonte pt.wikipedia.org)
3.2.2 Helmintos
O termo helminto abrange quatro grupos, sendo que apenas dois têm interesse para a
medicina humana: os Platelmintos, ou parasitas achatados, e os Nematelmintos, ou parasitas
cilíndricos (CIMERMAN E CIMERMAN, 2005).
Os Platyhelminthes são parasitas achatados dorsoventralmente com simetria bilateral e
apresentam duas classes patogênicas para o homem: Trematoda ou trematódeos com a forma de
10
folha e não segmentado e Cestoda ou cestóides com forma de fita e segmentados. Os
Nemathelminthes são parasitas arredondados ou cilíndricos tem apenas a classe Nematoda mais
conhecidos como nematóides.
As helmintoses intestinais mais comuns são Ascaridíase, Tricuríase, Enterobiose,
Ancilostomose e Estrongiloidose (DA SILVA; DOS SANTOS 2001).

Ascaridíase, popularmente conhecida como lombriga, é causada pelo helminto
Ascaris lumbricoides. A contaminação por ele se dá pela ingestão de seus ovos, geralmente
encontrados no solo, água, alimentos e mãos que tiveram um contato anterior com fezes humanas
contaminadas. No intestino delgado, liberam larvas que atravessam as paredes deste órgão e se
direcionam aos vasos sanguíneos e linfáticos; se espalhando pelo organismo. Atingindo a
faringe, estas podem ser liberadas juntamente com a tosse ou muco; ou, ainda, serem deglutidas,
alcançando novamente o intestino (NEVES et al., 2005). Lá, reproduzem-se sexuadamente,
permitindo a liberação de alguns dos seus aproximados 200 mil ovos diários, pelas fezes,
propiciando a contaminação de outras pessoas. Devido ao espalhamento das larvas, febre, dor de
barriga, diarreia, náuseas, bronquite, pneumonia, convulsões e esgotamento físico e mental são
alguns sintomas que podem se apresentar; dependendo do órgão que foi afetado. Entretanto, em
muitos casos a verminose se apresenta assintomática. O tratamento é feito com uso de fármacos
e adotando medidas de higiene básica e à prevenção é feita com a ingestão de somente água
tratada, lavagem das frutas e legumes antes de ingeri-los, lavagem sempre das mãos, não defecar
em locais inapropriados, dente outras (NEVES et al., 2005).
A
B
Figura 7: A- Ovo de Ascaris lumbricoides, B- Larva de Ascaris lumbricoides. (Fonte: infoescola.com)
11

Trichuris trichiura (figura 8) é o helminto causador da tricuríase, doença de
distribuição cosmopolita. Este parasita vive no intestino grosso de seu hospedeiro com sua
extremidade anterior mergulhada na mucosa do ceco. É encontrado também no apêndice, cólon,
e ás vezes, no íleo. Esta enfermidade possui maior prevalência na Amazônia, uma vez que o
clima mais quente e úmido favorece o embrionamento dos ovos do verme e maior sobrevivência
dos mesmos. O acentuado aglomerado humano, bem como as precárias condições sociais e de
higiene facilitam muito a propagação do parasita. Apresentam dimorfismo sexual, onde o macho
é menor e possui extremidade posterior encurvada ventralmente, apresentando uma espícula
protegida por bainha. Já a fêmea é maior e possui extremidade posterior romba e reta. A
principal forma de transmissão deste parasita é através da ingestão de ovos embrionados em
alimentos ou bebidas contaminados. Ao ingerir ovos do verme, o indivíduo apresentará sintomas
discretos, sendo que a maioria dos casos são assintomáticos no início. Quando o quadro da
doença evolui, devido ao aumento do número de helmintos, os sintomas são mais marcantes. Os
vermes secretam uma substância lítica que causam lesões nas células podendo levar a formação
de úlceras e abscessos (NEVES et al., 2005). Além disto, pode ocorrer infecção bacteriana
secundária, anemia (devido à grande queda de hemoglobina), diarreias, náuseas, vómitos e
prolapso retal. Para evitar a contaminação por este tipo de verme é extremamente importante a
higiene pessoal, como lavar as mãos ao usar os sanitários, antes de consumir ou preparar
qualquer alimento. Evitar beber água que não seja filtrada também é uma forma de prevenir a
doença (NEVES et al., 2005).
Figura 8: Ovo de Trichuris trichiura. (Fonte: medic2ukm.blogspot.com)
12

A enterobiose, também conhecida como oxiúros, é causada pelo nemátodo
Enterobius vermicularis (figura 9). Possui distribuição geográfica mundial, mas tem incidência
maior nas regiões de clima temperado. Essa helmintose tem alta prevalência nas crianças em
idade escolar e é de transmissão eminentemente doméstica ou de ambientes coletivos fechados.
As fêmeas do verme eliminam grande quantidade de ovos na região perianal. Os ovos em poucas
horas se tornam infestantes, podendo atingir os hospedeiros por vários mecanismos. Os ovos são
muito resistentes e conseguem resistir até três semanas em ambientes domésticos. Somente a
espécie humana alberga o Enterobius vermiculares. Os ovos deste parasita são incolores,
transparentes e possuem aspecto assimétrico (NEVES et al., 2005). Quando encontrados nas
fezes, o ovo já encerra um embrião, que em poucas horas se transforma em larva que é
infestante. A larva ocupa a cavidade interior e é móvel, podendo adotar diversas posições. Os
vermes adultos caracterizam-se por serem pequenos, cilíndricos, afilado, de cor esbranquiçada.
Apresentam duas expansões vesiculosas lateralmente à boca, denominadas aletas cervicais ou
asas cefálicas. Apresentam dimorfismo sexual, onde a fêmea é maior, medindo cerca de 1 cm,
com cauda longa e pontiaguda. Já o macho é menor, medindo cerca de 3 a 5 mm, e apresenta
cauda recurvada ventralmente e com uma espícula copuladora. A transmissão da doença é
variada. Pode ser de forma direta, onde a criança ao coçar a região anal, coloca a mão infectada
pelo verme na boca. Também pode acontecer indiretamente pela contaminação da água ou
alimento, ao cumprimentar uma pessoa que esteja com a mão suja contendo ovos do verme. É
muito comum, em ambientes que possuam pessoas que tenha a doença encontrar ovos do verme
em roupas de cama, nas toalhas, no chão e nos objetos da casa, sendo frequentes as pequenas
epidemias entre aqueles que habitam a mesma residência (NEVES et al., 2005). A enterobiose
pode causar diversos sintomas no indivíduo, tais como diarréias contendo muco, cólicas
abdominais, náuseas, vómitos, prurido anal, inflamação da região anal. Devido às proximidades
dos órgãos genitais, o prurido pode levar o indivíduo à masturbação e erotismo, principalmente
em meninas. Existem ainda a possibilidade de migrar para a vagina, alcançando o útero e
determinando inflamações. Alteração do humor e perturbação do sono, também são sintomas
comuns. Portanto, é extremamente importante o hábito de lavar as mãos após usar o sanitário e
principalmente antes de comer ou preparar alimentos. Manter o corpo asseado, mediante o banho
frequente e o uso de roupas limpas, tanto as do corpo quanto as da cama, são formas
de prevenir a doença (NEVES et al., 2005).
13
Figura 9: Enterobius vermicularis (Autor: VIVIANE DIAS, 2012).

A ancilostomose é causada por parasitas da família Ancylostomidae,
principalmente Ancylostoma duodenale / Necator americanus (figura 10). As formas adultas
desses parasitas se instalam no aparelho digestivo dos seres humanos, onde se fixam na porção
que compreende o intestino delgado, nutrindo-se de sangue do hospedeiro e causando anemia. A
infecção pelos ancilostomídeos para o homem só ocorre quando as larvas, larva filarióide ou
infectante, penetram ativamente, através da pele do indivíduo em contato com ambientes
propensos, principalmente o solo, contendo fezes contaminadas por ovos que eclodem e
desenvolvem as larvas, na conjuntiva e mucosas em que após passarem pela epiderme, as larvas
atingem a corrente sanguínea, seguindo em direção aos alvéolos nos pulmões, ou passivamente,
por via oral e por meio das vias respiratórias, em que as larvas se deslocam pela traqueia até a
laringe, onde são deglutidas com os alimentos ingeridos, passando pelo esôfago, estômago e
alcançando a parede do intestino (NEVES et al., 2005). Neste local se reproduzem, eliminando
ovos juntamente às fezes. A adesão dos vermes no ducto intestinal ocorre em razão da presença
de um aparelho bucal munido de dentículos que se inserem na superfície interna da região
duodenal, provocando lesão e consequentemente sangramento, agravando o quadro anêmico.
Essa doença pode ser controlada, mediante medidas profiláticas como a utilização de calçados
(sapato ou sandália), evitando o contato direto com o solo contaminado, fornecimento de
infraestrutura básica para a população, proporcionando saneamento básico e condições
adequadas de higienização, ter o máximo de cuidado quanto ao local destinado ao lazer das
crianças, pois acabam brincando com terra, educação da comunidade, bem como o tratamento
das pessoas doentes. As sintomas mais prevalentes são a anemia (palidez), afecções pulmonares,
fezes com rajadas de sangue e indisposição física (NEVES et al., 2005).
14
Figura 10: Ancylostoma duodenale / Necator americanu. (Fonte: prep4md.blogspot.com)
•
A Estrongiloidíase ou Estrongiloidose é uma doença causada pelo parasita
Strongyloides stercoralis (figura 11) e possui maior prevalência em regiões quentes e com
bastante humidade. Estes nematódos são encontrados em solo arenoso e podem viver
indefinidamente no solo como formas livres. A forma parasita deste verme possui corpo
cilíndrico, filiforme, esbranquiçada, com as extremidades afiladas. A transmissão da doença
acontece pela penetração das larvas filarióides na pele, ingestão de alimentos contaminados por
larvas, autoinfestação interna em que a mudança das larvas rabditóides para filarióides na região
perianal infestando o hospedeiro. (NEVES et al., 2005). Os sintomas mais prevalentes são as
lesões cutâneas, lesões pulmonares, no intestino a enterite. Assim a mucosa parasitada contém
uma inflamação catarral e com a presença de pontos ulcerados. Essas úlceras podem complicarse por invasão bacteriana, dando extensas áreas necróticas. Além de isto, apresenta anemia,
diarréia, emagrecimento, desidratação e irritabilidade, que são agravados em caso de
subnutrição. É muito importante para evitar a doença, usar sapatos em áreas endêmicas para
proteger os pés, abolir por completo adubação com fezes humanas e tratar os doentes de modo a
evitar a proliferação da verminose (NEVES et al., 2005).
Figura 11: Strongyloides stercoralis. (Fonte: enfo.agt.bme.hu)
15
3.2.3 Transmissão das Enteroparasitoses
De acordo com Soares e Cantos (2005, cit in RODRIGUES 2010), as enteroparasitoses,
que são seres amplamente difundidos por todo o globo terrestre, encontram nas condições de
higiene ambiental e sanitária em que o homem vive situações favoráveis à sua ocorrência e
disseminação, e, sua transmissão dá-se de forma autógena, quando o indivíduo infecta a si
próprio, através do contato de sua mão com a região perianal e a leva à boca, ou seja, por via
fecal-oral, ou de forma exógena, nesta enquadram-se os veículos das fontes contaminantes tais
como a transmissão dos parasitos no solo, pela poeira domiciliar, pelo ar, água, moscas,
alimentos, visto a contaminação destes por dejetos contendo os ovos, cistos e larvas dos
enteroparasitas.
Boa parte das enteroparasitoses é veiculada por alimentos não cozidos, tais como
hortaliças, leguminosa, frutos secos ou frescos, dentre estas enteroparasitoses, muitas causam
doenças ao homem, o que as faz um agravo na saúde pública (AGUIAR et al., 2007).
Para que não haja auto infecção é necessário que haja um processo contínuo de educação
e formação, com demonstração de manipulação dos alimentos.
As condições de desenvolvimento de enteroparasitoses está relacionada com às más
condições dos alimentos, desde o seu cultivo ao consumo, nos maus hábitos de higiene e
manipulação e, na falta de controle ambiental, pois a falta de controle higiênico e da
manipulação dos alimentos, constitui uma das principais fontes de disseminação das
enteroparasitoses (NOLLA; CANTOS, 2005).
De acordo com estudos realizado por RODRIGUES, (2010) para se eliminar os perigos
alimentares é necessária a limpeza e lavagem, separação dos alimentos comestíveis crus dos
alimentos cozidos, em seguida cozinhar e conservar, não deixando alimentos perecíveis sob a
temperatura ambiente por mais de duas horas.
Para tanto, é preciso que a lavagem seja eficaz seguindo regras básicas como: a
eliminação dos microrganismos, em que inicialmente o manipulador deve lavar suas mãos, com
água corrente de preferência aquecida, com detergente bactericida, limpar ou lavar bem os
utensílios de preparo e as superfícies de trabalho, e também os alimentos, sobretudo os vegetais.
No processo de separação deve-se evitar contaminação cruzada e ter um cuidado mais criterioso
com os alimentos, usando-se superfícies e utensílios diferentes para alimentos diferentes,
16
cozinhar alimentos em tempos adequados e conserva-los em uma temperatura ideal que não
favoreça o crescimento microbiano (VSA, 2006).
Por conseguinte, é necessário desenvolver o habito de realizar limpezas constantemente e
rigorosamente do local do manuseio do alimento, mante-lo organizado, livre do lixo, materiais
em desuso e animais. É necessário ter muito cuidado na manipulação dos alimentos afim de não
ser responsável pela disseminação de enteroparasitas e causando por conseguinte o adoecimento
de pessoas inocentes.
3.2.4 Incidência das Enteroparasitoses
Segundo Rodrigues (2010), o aumento das cidades, o desenvolvimento económico, as
globalizações mundiais, as grandes migrações e os novos hábitos alimentares tem aumentado o
processo de disseminação dos microrganismos levando ao aumento das doenças por estes
provocados.
Os parasitas intestinais estão entre os patógenos mais frequentemente encontrados em
seres humanos. Dentre os helmintos, os mais frequentes são os nematelmintos Ascaris
lumbricoides e Trichuris trichiura e os ancilostomídeos Necator americanus e Ancylostoma
duodenale (RODRIGUES, 2010).
Dentre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis
(FERREIRA, 2000 cit in Inquérito sobre a Prevalência das Parasitoses Intestinais em Cabo
Verde. 2012).
De acordo com a OMS, estima-se que no mundo 1,221 bilhões de indivíduos estejam
infectados por Ascaris lumbricoides, 795 milhões por Trichuris trichiura, 740 milhões por
ancilostomídeos, cerca de 200 milhões pelo complexo Entamoeba histolytica/Entamoeba dispar
e 400 milhões por Giardia lamblia (WHO, 2009).
Para PRADO (2001), a ausência ou insuficientes condições mínimas de saneamento
básico e inadequadas práticas de higiene pessoal e doméstica são os principais mecanismos de
transmissão dos parasitas intestinais. Aproximadamente, um terço da população das cidades dos
países menos avançados e de rendimento médio vive em condições ambientais propícias à
disseminação das infecções parasitárias.
17
Os problemas de enteroparasitoses em Cabo Verde tomam uma grande proporção devido
às condições sócio-económicas, à falta de saneamento básico, de educação sanitária e hábitos
culturais.
Segundo os dados do “Inquérito sobre a Prevalência das Parasitoses Intestinais em Cabo
Verde” realizado em 2012, em 2004/2005, o Ministério da Saúde e a OMS realizaram um
inquérito sobre a prevalência das parasitoses intestinais nas Escolas e Jardins de Infância em
Cabo Verde que demonstrou uma prevalência de 49,2% com predomínio de lombrigas
parasitárias (Ascaris lumbricoides - 41,5%). As ilhas do norte foram mais infestadas
particularmente as ilhas do Sal (67,5%), São Nicolau (64,6%) e São Vicente (56,6%) e,
consequentemente, Cabo Verde integra o grupo de países envolvidos no programa de luta contra
estas doenças. Recomendações do estudo levaram a uma iniciativa de campanhas de
desparasitação para os helmintos, duas vezes por ano de acordo com as normas da OMS, desde
2007 com apoio do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da United Nations Children's Fund
(UNICEF). A partir de 2008, a Children Without Worms/Johnson & Johnson e a partir de 2009 a
Feed the Children foram os novos parceiros que se integraram a iniciativa, garantindo assim a
sua continuidade tanto a nível do ensino básico como do pré-escolar.
Em relação a outros tipos de parasitas, não existe em Cabo Verde nenhum estudo a nível
nacional para se conhecer a prevalência. Mas prevê-se, através dos dados de saúde, que os
protozoários são um dos parasitas que mais afetam as crianças em idade pré-escolar e escolar no
país.
Segundo o CENSO 2010, 91,3% da população tem acesso à água potável, sendo 98,4%
urbano e 77,3% rural. Em relação a posse de casa de banho, 62,9% tem casa de banho com
retrete sendo 74,2% urbano e 42,1% rural. Quanto à evacuação de águas residuais, 46,6% dos
agregados familiares têm acesso à fossa séptica e 19,4% esgoto (Inquérito sobre a Prevalência
das Parasitoses Intestinais em Cabo Verde, 2012).
18
3.3 Métodos de Exame Parasitológico de Fezes
Embora o exame clínico seja o primeiro passo para o diagnóstico das enteroparasitoses, o
laboratório é essencial para que se estabeleça a espécie de parasito presente no indivíduo. Em
relação às técnicas empregadas é de se considerar que cada parasitose tem a sua peculiaridade,
dependendo da biologia do helminto ou protozoário a ser pesquisado. Por essa razão, não existe
um método único, capaz de identificar com precisão todas as formas de parasitas ( NOLLA E
CANTOS, 2005).
Em geral, o exame parasitológico de fezes compreende duas etapas: primeiramente, o
exame macroscópico e, em seguida, o exame microscópico. Rotineiramente, a análise
macroscópica é realizada para se determinar a consistência, o odor, a cor, a presença ou ausência
de sangue, muco, proglotes e de parasitas adultos ou outras condições anormais. Já a análise
microscópica é laboratorial, uma vez que as amostras devem ser tecnicamente preparadas para a
análise, de modo a evidenciar formas morfológicas/estágios de desenvolvimento de parasitas
(NEVES et al., 2005).
Em relação aos parasitos, as formas do tipo trofozoítas são usualmente encontradas nas
fezes líquidas, pastosas ou nas mucosanguinolentas, enquanto que os cistos são diagnosticados
nas fezes formadas ou semiformadas. Ovos e larvas de helmintos podem estar presentes em
todos os tipos de amostras fecais, entretanto, eles podem ser mais dificilmente encontrados em
espécimes líquidos e, se presentes, em pequeno número. As formas móveis de protozoários se
degeneram mais rapidamente do que as formas císticas; por esta razão, é de extrema importância
que o estudo de espécimes fecais seja realizado o mais rápido possível. A consistência das fezes
não interfere na distribuição dos ovos e das larvas de helmintos, apesar de nas amostras líquidas
haver uma distribuição relativamente menor do número de ovos, devido ao fator de diluição
(Vallado, 1997).
19
3.3.1 Principais Métodos
A) MÉTODO DE FAUST: centrífugo-flutuação. Usado para pesquisa de cistos e
protozoários
B) MÉTODO DE LUTZ (HOFFMAN, PONS E JANER): sedimentação espontânea.
Usado para diagnosticar ovos ou larvas de helmintos, ou larvas de protozoários.
C) MÉTODO DE WILLIS: flutuação espontânea. Usado para pesquisa de ovos de
helmintos (principalemente ancilostomindeos) e cistos de protozoários.
D) MÉTODO DE BAERMANN-MORAES: usado para pesquisa de larvas presentes em
fezes frescas, em cultura ou pesquisa de focos de larvas infectantes no solo.
E) MÉTODO DE RUGAI: usado para pesquisa de larvas presentes em fezes frescas, em
cultura ou pesquisa de focos de larvas infectantes no solo, porém de execução mais
fácil.
F) MÉTODO DE KATO-KATZ: método quantitativo usado para o diagnóstico e
contagem de ovos de Schistossoma mansoni, Ascaris lumbricoidis, Ancilostomas.
G) MÉTODO DE STOLL-HAUSHEER: usado para contagem de ovos de ancilostomas e
nematelmintos.
H) MÉTODO DIRECTO Á FRESCO: usado na pesquisa de trofozóitos de protozoários e
ovos de helmintos.
20
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Área de Estudo
O presente estudo foi do tipo quantitativo e estudo de caso.
Este foi desenvolvido em São Vicente, que é a segunda ilha mais populosa do
Arquipélago de Cabo Verde, localizada no grupo do Barlavento, á noroeste do Arquipélago. Tem
como principal centro urbano, e a segunda maior cidade do país, a cidade de Mindelo, onde se
concentra grande parte da população da ilha.
A população de São Vicente, pelo censo 2010, é de 76.107 habitantes, constituindo 15,5
% da população de Cabo Verde (Censo 2010).
Quanto à educação, dos 41.8% da população de São Vicente é alfabetizada, 32.8% têm
como nível de instrução Ensino Básico Integrado, que compreende seis anos de escolaridade, e
1.3%, tem estudos secundários, 7.5% tem um curso médio e 1.0% tem bacharel ou superior. De
toda a população Sãovicentina 4.0% é analfabeto.
Segundo Anuário da Educação 2010/2011, no ano letivo 2010-2011 a situação do ensino
em São Vicente á nível do Ensino Básico Integrado é de 8921 alunos distribuídos por 24 Pólos
Educativos, 207 salas de aulas, e com um efetivo de 342 docentes.
Mais de metade (56.8%) das famílias da ilha tem acesso a água potável através da rede
pública e a população não ligada às redes de distribuição abastece-se principalmente através
de autotanques (Censo 2010).
São Vicente tem uma cobertura da rede pública de esgotos, em que beneficiam 68.2% dos
agregados familiares e apenas 19% da população de São Vicente não tem qualquer sistema de
evacuação de águas residuais (Censo 2010).
Este estudo foi realizado principalmente nas cozinhas das escolas primárias de Mindelo,
São Vicente, e, no Laboratório de Analises Clinicas do Hospital Dr. Baptista de Sousa.
No ano lectivo 2011-12, as escolas-alvo deste estudo (fotos no anexo 4) receberam o
seguinte número de alunos, como mostra a tabela abaixo:
21
Tabela 1: Relação de alunos no ano lectivo 2011-12 nas escolas-alvo do estudo.
Pólo
01
02
06
09
10
12
13
14
21
22
24
25
Escola
Valentina Lopes da Silva
Praça Nova
Semião Lopes
Monte Sossego
Chã Cemitério
Ribeira Bote
Salesiana
Gregório Monteiro
Chã de Alecrim
Arnaldo Medina
Jovino Santos
Espia
Número de Alunos
469
336
455
568
214
352
519
752
220
312
472
460
4.2 Metodologia
4.2.1 População-Alvo e Amostragem
A população estudada foi composta por 30 manipuladores de alimentos de 12 escolas
primárias de Mindelo. Fez-se o contato, através de cartas de pedido de autorização (anexo 2),
com a Delegação da Educação, afim de se obter a devida autorização para a realização deste
estudo nas escolas, com os 12 diretores/gestores das mesmas, e com os 30 manipuladores de
alimentos destas. Os manipuladores cederam amostras fecais para as análises laboratoriais,
recolhidos em recipientes apropriados entregues atempadamente.
4.2.2 Instrumentos para Recolha dos Dados
Com o consentimento dos gestores e dos manipuladores de alimentos das escolas,
realizou-se um questionário (anexo 3) a cada manipulador afim de obter informações acerca das
condições
sócio-económicas
e
hígio-sanitárias
que
relacionam-se
com
os
aspetos
epidemiológicos. As questões foram objetivas a qual permitiram descrever a amostra estudada.
Tiveram-se como principais indicadores das condições sócio-económicas dos participantes: o
nível de escolaridade, número de pessoas e animais residentes no domicílio, nível de vida, idade,
as infraestruturas de saneamento básico, e a zona onde reside; e como indicadores das condições
22
hígio-sanitárias: o uso de uniforme, luvas, mascáras, boletim de sanidade atualizado e a
frequência da lavagem das mãos.
E, por fim, fez-se a recolha das amostras de fezes para exame parasitológico, sendo no
total de 60 amostras.
4.2.3 Procedimentos para Recolha dos Dados
Para realização da recolha das amostras fecais fez-se á distribuição de recipientes
específicos, num período de 24 horas antecedendo as análises aos 30 manipuladores de alimentos
participantes na pesquisa. Em dias alternados, em suas respectivas residências, os manipuladores
colheram duas amostras de fezes em frascos limpos, sem adição de conservantes, mantendo-os
em geladeira até a recolha nas referidas escolas. Á recolha foi realizado durante os meses de
Maio e Junho de 2012.
Estas amostras foram identificadas e armazenadas em mala térmica e encaminhadas para
o Laboratório de Parasitologia do HBS, para processamento. (anexo 4)
Utilizaram-se três métodos de exame parasitológico para processamento de cada amostra.
O método de exame á fresco ou exame direto, o método Willis e o método de Baermann-Moraes,
em que eram feitas duas lâminas por amostras de fezes.
No laboratório, após o processamento pelos referidos métodos (fotos-anexo 5) utilizando
o microscópio na objetiva de 40x, todas as amostras foram analisadas, em todos os campos da
lâmina, para a identificação dos enteroparasitas. E por fim fez-se a identificação das
Enteroparasitoses, em que utilizou-se, como chave de identificação de parasitas, o Manual de
exame de fezes, coprologia e parasitologia (Vallado 1997), em utilização no laboratório.
Os resultados dos exames de fezes foram encaminhados aos responsáveis das 12 escolas
primárias e a cada manipulador participante, a fim de que os manipuladores positivos fossem
encaminhados aos postos de saúde mais próximos das suas residencias de forma a receber
tratamento com antiparasitários próprios para o parasita encontrado. (anexo 6)
Segundo a Delegação da Educação em São Vicente, perante os resultados obtidos, iria
promover uma campanha de desparasitação para todos os manipuladores em conjunto com a
Delegacia de Saúde e uma formação acerca da Higiene e Manipulação de alimento obrigatória a
todos os manipuladores de alimentos de escolas primárias de São Vicente.
23
4.3 Análises dos Dados
Os resultados foram agrupados em tabelas, no programa Excel For Windows 2007. Foram
calculadas os percentuais e dispostos em gráficos e tabelas para seu melhor entendimento, e
analise, tendo por base a literatura pertinente.
24
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maioria das doenças transmitidas por alimentos está ligada às condições da matéria
prima, aos maus hábitos dos manipuladores, à higienização e ao controle ambiental. Este
trabalho considerou a importância dos manipuladores de alimentos como potenciais
transmissores de enteroparasitoses e a possibilidade de interromper este elo na cadeia de
transmissão.
Do questionário efectuado aos 30 manipuladores de alimentos, durante o estudo, foram
obtidas as seguintes informações: todos exerciam atividades de manipulação direta de alimentos
como cozinheiros sendo todos do sexo feminino, com idades entre 22 a 63 anos. Também há que
ressaltar que durante o questionário nenhum dos indivíduos referiram sintomas associados à
presença de enteroparasitoses.
A análise dos exames parasitologicos desdes 30 manipuladores de alimentos revelaram
que 73% (22 individuos) apresentavam parasitismo intestinal sendo que 54% com
poliparasitismo.
A que referir que no presente trabalho fez-se a análise dos resultados tendo em conta os
seguintes aspetos: os sócio-económicos e hígio-sanitárias durante a manipulação dos alimentos ,
e os aspectos parasitológicos.
A tabela 2 mostra a positividade dos exames parasitológicos em relação aos aspetos
sócio-económicos da população estudada, resaltando que a vulnerabilidade a determinadas
doenças de uma população pode ser indicada pelos aspectos em questão, principalmente aqueles
que são grandemente influenciados pelas condições do meio, tais como as enteroparasitoses.
25
Tabela 2: Positividade dos exames parasitológicos em relação com os aspetos sócio-económicos (N =30).
Variável
Descrição
Faixa etária
20-29
30-39
40-49
> 50
Ensino básico
Ensino secundário
incompleto
Analfabeto
Baixo (1-4)
Baixo (5-9)
Baixo (10-15)
Médio (1-4)
Médio (5-9)
Médio (10-15)
Cão
Gato
Todos
Não
RE*
AC**
RE/AC
Nenhum
Perto do Centro1
Nível Escolaridade
Nível de vida/
Nº de indivíduos residentes
em casa
Animais domésticos
Saneamento básico
Zona onde reside
Afastado do Centro2
Indivíduos
Totais
3
2
5
20
12
2
Indivíduos
Positivos
2
1
4
15
9
1
% positivos
16
10
10
1
5
2
2
10
3
5
12
3
1
18
8
21
9
12
6
9
1
2
2
2
7
2
4
9
2
1
14
5
15
7
75
60
90
100
40
100
100
70
67
80
75
67
100
78
63
71
78
67
50
80
75
75
50
*Re – Rede de Esgoto; **AC – Água Canalizada; 1 – >10min de autocarro ao centro; 2 – < 10min de autocarro ao centro;
Pode-se verificar pelos dados que a faixa etária com mais indivíduos é a de maior de 50
anos (66,7%), e destes 75% encontram-se parasitados, o que constitui um número elevado, mas
este fato não é muito revelador, dado que o grupo infetado é considerado de risco, pois estes, por
estar em idade adulta em transição para fase de velhice, a sua resistência imunológica tende a
diminuir ficando expostos assim a várias infecções, tais como as enteroparasitoses.
Segundo os autores Martinelli; Silva, (2007) (cit in Rodrigues 2010), Boás e Ferreira
(2007), cit in Ely; Engroff, (2011) e Martinez e Alvarez-Mon (1999), tanto as crianças, os idosos
e as gestantes são grupos de grandes riscos, pois têm seu sistema de defesa imaturo ou
enfraquecido, relacionado com doenças ou tratamentos prolongados. Estes em comparação com
26
os indivíduos jovens apresentam diversos eventos que os predispõem a infecções, e essa alta
suscetibilidade está associada à diminuição das funções normais do sistema imunológico, em que
há limitação da capacidade imunológica nessas faixas etárias e com o envelhecimento há
modificações estruturais e funcionais em diferentes sistemas celulares, incluindo o imunológico.
Quanto ao nível de ensino, o número de manipuladores analfabetos e com ensino básico
incompleto é de 53.3% e 40,0% respectivamente, e destes 75% de cada, encontram-se
parasitados. Este fato pode ser explicado pela ausência ou pouco conhecimento das doenças e
dos métodos de prevenção a enteroparasitas, e que não devem manipular alimentos quando
apresentarem feridas, lesões, ou cortes nas mãos e braços, ou gastroenterites agudas ou crônicas
(diarréias ou disenteria), e, por conseguinte não sentem a necessidade de desenvolverem os
hábitos de prevenção.
Para Nolla; Cantos (2005) e para outros autores como Assis (2003) e De Carli (2004), o
nível de ensino é um dos vários fatores que influenciam na ocorrência das enteroparasitoses em
manipuladores de alimentos, em que para esses quanto menor a escolaridade maior o nível de
parasitismo significando assim, que os fatores sócios demográficos associam-se intrinsecamente
as parasitoses com o aumento da escolaridade.
Tendo em conta o nível de vida e o número de indivíduos residentes com os
manipuladores, pode-se notar na tabela 2, que a maior parte desses manipuladores tem nível de
vida baixo, e que 90% destes estão parasitados por um ou mais parasitas, e que quanto maior o
número de pessoas residentes no mesmo domicílio maior é a percentagem de parasitados. Os 3
manipuladores que residem com 10-15 pessoas no mesmo domicilio, todos (100%) encontram-se
parasitados. É de notar ainda que tanto no nível médio como no nível de baixa renda aumenta a
frequência de manipuladores infetados, isto porque quanto menor o nível de vida e maior o
número de pessoas no mesmo domicilio, menor serão as condições de vida destes, ficam assim
expostos a parasitoses, e consequeentemente maior será a probabilidade dos outros membros do
agregado familiar disseminar as parasitas. Esses resultados vão de encontro com os estudos de
Assis (2003), De Carli (2004), Nolla; Cantos (2005), Silva (2009) que diz que as condições
socioeconómicas e culturais são diretamente proporcionais à ocorrência das enteroparasitoses
bem como o número de pessoas residentes em cada domicílio, por tanto, quanto menor a renda e
maior o número de pessoas com quem o manipulador reside maior será a probabilidade de o
manipulador infectar-se fora de seu ambiente de trabalho e levar tal evento a sua labuta diária.
27
Segundo Neves (2005), nos países em desenvolvimento mudanças dos hábitos de vida
contribuem para o aumento do número de animais de estimação e consequentemente o elevado
número de parasitoses que afetam os homens e seus animais.
Dos 18 manipuladores que vivem com animais domésticos, 83,3% estão parasitados, pois
os animais domésticos não ficam apenas dentro do domicilio, saem e vagueiam e depois voltam,
e estes ambientes por onde passam são variados e, por conseguinte ficam infestados por parasitas
e outros microrganismos, e de volta ao domicilio pode ocorrer infecção para as pessoas
residentes e infestação do domicilio. Para Faggiani (2007); Nóbrega (2005), Oliveira (2001) (cit
in LOPES G.T1), o risco de contaminação humana por parasitos provenientes de animais
domésticos, principalmente cães e gatos, está diretamente relacionado com os hábitos culturais
da população o qual não está limitado somente ao âmbito doméstico, pois, frequentemente, esses
animais são levados por seus proprietários para passearem nas áreas públicas aumentando a
possibilidade dos animais de estimação adquirir doenças parasitárias e consequentemente a
transmissão de uma infecção.
Esta alta prevalência de enteroparasitoses foi analisado, também, á luz das condições de
saneamento básicas, que é um conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições
do ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde e ela se restringe ao
abastecimento de água e disposição de esgotos. Analisando a tabela 2, com relação ao item
abastecimento de água e rede de esgoto pode-se observar que a maioria dos indivíduos em
questão vive com as infraestruturas de saneamento básico, porém estes dois parâmetros pouco
avaliam a condição de parasitismo, e por conseguinte não são assim considerados aspectos que
interferem isoladamente no grau de parasitismo da população estudada. Pois dos 18
manipuladores com rede de água e esgoto, 78% (14) encontram-se parasitados, e dos 8 que não
tem 63% (5) estão parasitados, logo a uma provável justificação para tal facto pode ser a falta de
orientação e maus hábitos de higiene por parte dos manipuladores. Segundo Busnello; Teixeira
(2009), e Soares e seus colegas (2002) o problema de saneamento básico tem muita influência na
presença de parasitoses intestinais, pois estes são ambientes favoráveis para o desenvolvimento e
sobrevivência dos ovos e larvas, mas não isoladamente, mas sim em conjunto com os maus
hábitos de higiene pessoal e as precárias condições de higiene de onde vivem. Pois para esses
autores existe um limiar socioeconómico, abaixo do qual as medidas de saneamento não são
suficientemente profiláticas corroborando com o presente estudo.
28
A tabela 2 refere ainda que, 21 dos manipuladores, vive em zonas localizadas perto do
centro da cidade (menor de 10 minutos de autocarro até ao centro da cidade) e 9 vivem em zonas
mais afastadas da cidade (maior de 10 minutos de autocarro até ao centro), todos apresentam
uma alta positividade de parasitas. Dos que vivem afastados, 78% (7) estão parasitados, pois
quando mais afastadas do centro da cidade menor será as condições de vida, de saneamento
básico, condições a nível de infraestruturas, sendo que muitas dessas zonas de terra abatida, e
recolha lixos precária , o que torna os ambientes favoráveis para o desenvolvimento de parasitas,
levando a uma maior disseminação. De acordo com estudos de Ferreira; Andrade (2005) essa
alta positividade do exame parasitológico, tendo em conta o número de indivíduos nessa
categoria, pode ser explicado pela situação mais precária de saneamento básico na maioria das
residências das zonas mais afastadas das cidades.
Á que ressaltar ainda que os manipuladores que vivem perto do centro da cidade
apresentam uma elevada positividade, cerca de 70%, e melhores condições de infraestruturas e
de saneamento básico, facto este que pode ser explicada por haver um grande contacto com
outras pessoas o que pode levar a disseminação de parasitas.
Este aspecto também isoladamente não interfere na presença ou não de enteroparasitoses,
pois segundo Nolla e Cantos (2005) não é a zona em si, mas sim as condições de higiene dessa
zona que vai favorecer ou não a disseminação de enteroparasitas, ou seja, não se baseia apenas
na zona em que o individuo reside, mas sim também nas condições de higiene e saneamento
básico dessas zonas e também do individuo em estudo.
No referido estudo foi realizado também um inquérito de avaliação e de comparação
sobre as medidas de profilaxia adotadas pelos manipuladores de alimentos, no sentido de
prevenir a contaminação de enteroparasitoses através das condições hígio-sanitárias, cujos
resultados se encontram descritos na figura 12.
29
Percentual encontrado %
120
100
80
60
40
20
0
individuos
infectados
boletim sanidade lavam as sempre
as mãos ao
manipular
usam uniformes
usam
mascaras/luvas
Tipos de Avaliações
Figura 12: Comparação da avaliação das condições hígio-sanitarias dos manipuladores de alimentos (N =30).
A principal forma de contaminação dos alimentos são os manipuladores, pois a
microbiota das mãos e roupas podem ser provenientes do solo, água, poeira e muitos outros
ambientes, e outras fonte importante são as fossas nasais, a boca e a pele. Pelo questionário
podemos ver que os referidos manipuladores de alimentos não usam todos os equipamentos
exigidos aos que lidam directamente no manuseio de alimentos como, por exemplo, uso de luvas
e mascaras, podendo levar a contaminação dos alimentos frios e crus, visto que uma das vias de
dessiminação de enteropatogenos pode ser a mão contaminada pelo trato gastrintestinal ou as
vias respiratórias (CAPUANO et al., 2002).
A figura 13 mostra o percentual dos exames parasitologicos efectuados aos 30
manipuladores de alimentos das 12 escolas da cidade do Mindelo onde 73% (22) estão
parasitados e 27% (8) negativos.
Prevalência de Enteroparasitoses
Negativos
27%
Positivos
73%
Figura 13: Índice de infecção parasitária da amostra total (N = 30) de manipuladores de alimentos das
escolas primárias de Mindelo.
30
Do total dos positivos a infecção por protozoários foi significativamente mais expressiva
95%, do que helmintes apenas 5% ( tabela 3).
Pela tabela 3 ainda se observa a distribuição dos enteroparasitas e a respectiva frequência
(%), sendo que os protozoários mais encontrados são o Entamoeba coli, Endolimax nana,
Iodomoeba butchilli e a Entamoeba histolytica, e o único helmíntico é o Enterobius
vermicularis.
Tabela 3: Distribuição de protozoários e helmintos em amostras de fezes dos 30 manipuladores de
alimentos estudados.
Enteroparasitas
Protozoários
Entamoeba coli
Entamoeba histolytica
Endolimax nana
Iodomoeba butchilli
Helmintos
Enterobius vermicularis
Positivos
Frequência (%)
17
11
5
2
56.6
36.6
16.6
6.6
1
3.3
No homem, a infecção por protozoários ocorre através da ingestão de cistos maduros. A
transmissão é por meio da água contaminada ou tratamento precário desta, alimentos
contaminados por fezes ou por cistos veiculados por moscas e baratas, também pode se dar
através de pessoa para pessoa, por mãos contaminadas, principalmente em locais de aglomeração
humana (Neves 2005).
Pode-se notar que o Entamoeba coli (56.6%) é o mais prevalente e, segundo Carneiro
(2007), isso pode ser explicado pela falha á nível das condições higiênico-sanitárias relacionada
com o não uso de luvas e mascaras ao manipular os alimentos, dado que um dos modos de
infectar por ele é por contaminação pelas mãos sujas e tendo em vista que estes protozoários
resistem à ação do cloro adicionado a água tratada. Na população estudada podemos ver pela
figura 12, que 100% dos manipuladores de alimentos não usam nem mascaras nem luvas pois
não cumprem com todos os requisitos exigidos no manuseio de alimentos podendo assim
contaminar tanto os alimentos como os objetos utilizados.
Embora Entamoeba coli não seja patogênico, essa alta prevalência constitui um ponto
muito preocupante visto que o grupo em estudo é um dos de maior risco de transmissão devido a
sua profissão de manipular alimentos principalmente para crianças, mas também porque segundo
31
Rocha et al (2000) (cit in BELLIN; GRAZZIOTIN 2007) a Entamoeba coli pode servir como
um indicador das condições sociossanitárias, condições precárias de higiene e ainda
contaminação fecal e também da necessidade de educação sanitária.
As figuras 14 e 15 e a tabela 4 mostram o grau de infecção parasitária e a freguencia (%)
de cada parasita, em que 46% dos manipuladores são monoparasitados sendo que a Entamoeba
coli (60%) o parasita mais encontrado (Fotos-Anexo 6)
Presença de Enteroparasitoses/ Grau de Infeção
poliparasitismo
9%
Monoparasitismo
biparasitismo
45%
46%
Figura 14: Grau de infecção parasitária na amostra total parasitada (N = 22).
Analizando ainda a mesma figura constata-se que 45% é biparasitado e 9% poliparasitado
representando assim uma alta frequência que pode indicar que há grande exposição dos
indivíduos em estudo a diferentes patógenos que são adquiridos pela mesma via de infecção que
é por contaminação por via fecal-oral. No biparasitismo as amebas de maior prevalência foram
E.hystolitica e E.coli constituindo 80% do total das amostras e o poliparasitsimo com até 4
espécies parasitárias diferentes (figura 15).
Tabela 4: Frequência de enteroparasitas nos 22 manipuladores de alimentos infectados.
Monoparasitismo
E. nana
E.coli
I.Butchilii
Biparasitimo
E. coli+E.histolytica
E.coli+E.nana
E.histolytica+I.butchilii
Número
Indivíduos
Frequência
(%)
3
6
1
30
60
10
8
1
1
80
10
10
32
(Continuação da tabela 4)
Poliparasitados
E.coli + E.nana+E.histolytica
E.histolytica+E.nana+E.coli + E.vermicularis
1
1
50
50
E no caso de poliparasitismo observou-se que á incidência é pequena, e que apenas um
manipulador encontra-se infectado com Enterobius vermicularis sendo este o único helminto
encontrado no universo das 60 amostras de fezes analizados. Os manipuladores poliparasitados
reúnem todo o conjunto de aspectos sócio-econômicos que se relacionam com os aspectos
epidemiológicos de enteroparasitas, tais como o analfabetismo, falta das infraestruturas de
saneamento básico, vivem afastados do centro da cidade, apresentam nível de baixa renda e
reside com mais de 5 pessoas, e segundo estudos feitos pelo Costa e Borges (2011) e Martins
(2000) o poliparasitimo principalmente por helmintos e enteroprotozoários está estreitamente
relacionado com a piora do nível socioeconômico e
baixas condições de saneamento e
habitação.
Monoparasitismo
Biparasitimo
Poliparasitismo
I.butschlii
E. coli+E.histolytica
E.coli + E.nana+E.histolytica
E.coli
E. nana
E.histolytica+I.butchilii
10%
30%
E.coli+E.nana
10%
10%
E.histolytica+E.nana+E.coli +
E.vermicularis
50%
60%
50%
80%
Figura 15: Incidência de enteroparasitas de acordo com o grau de parasitismo nos 22 manipuladores de
alimentos infectados
Em relação aos métodos laboratoriais utilizados na pesquisa dos enteroparasitas segundo
Nolla e Cantos (2005) há que considerar que cada parasita tem sua peculiaridade, sendo por isso
importante os laboratórios clínicos empregarem diferentes métodos para exame parasitológico de
fezes e metodologias de maior sensibilidade para o diagnostico de enteroparasitas e desse modo
assegurar melhores resultados. No presente estudo utilizou-se 3 métodos distintos de exame
33
parasitológico das fezes, o método direto á fresco, o método de Willis e o método de Baermann
Moraes adaptado.
Das 60 amostras de fezes analisadas, dos 30 manipuladores de alimentos, 61.6% (37)
estavam parasitados por um ou mais parasitas.
Na tabela 5 pode-se observar que o método com maior eficiência na detecção de
parasitas, foi o método directo a fresco, que apesar de ser um método pouco sensivel em relação
aos outros métodos em estudo, segundo os autores Biasi e Tacca (2008), pode-se encontrar tanto
larvas, ovos e cistos das parasitas, apesar que a quantidade de amostra analisada é muito pequena
e as vezes o parasita pode passar despercebido em infecções leves. Apesar de ser pouco sensivel
este método permite detetar todas as formas dos parasitas uma vez que a homogeinização da
amostra permite uma grande concentração dos parasitas em quantidades pequenas e com isso a
sua visualização e identificação.
Tabela 5: Prevalência de Enteroparasitas por método de exame parasitológico de fezes, das 60 amostras
analisadas.
Métodos EPF
Directo a Fresco
Willis–Sedimentação Espontanea
Baermann Moraes
Positivos
1ª Amostra
Total
Frequencia %
17
28.3
1
1.6
3
5
2ª Amostra
Total Frequencia %
20
33.3
1
1.6
5
8.3
O método Willis foi o de menos eficiência neste estudo, e isto pode ser explicado por sua
eficácia em identificar apenas ovos de nematódeos e oocistos de protozoários. Segundo Mariano
e Carvalho (2005) o método de Willis por usar água fria não propicia uma boa migração das
larvas, exceto em casos de infecção maciça (Carli, 2001), sendo, portanto, ineficaz para
diagnóstico de larvas de helmintos em casos de baixas parasitoses, ao contrario do método
Baermann Moraes que por usar água a 45ºC, consegue detectar larvas de helmintos mesmo
nestas condições. Mas como neste estudo o número de manipulador infectado por helminto é
baixo e não foi detectado este em nenhum destes métodos não se pode comprovar a eficácia de
um e outro no diagnostico de helmintos.
34
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A manipulação dos alimentos mostra-se como um fator que, caso não seja gerenciado e
controlado, pode provocar contaminações e comprometer a segurança dos alimentos, pois ainda
uns dos grandes problemas de saúde pública são provocados pela má manipulação de alimentos
devido aos hábitos precários de higiene doméstica e pessoal dos manipuladores de alimentos.
A transmissão das enteroparasitoses ocorre na maioria dos casos por via passiva oral,
com a ingestão de água ou alimentos contaminados com as estruturas parasitárias liberadas por
esses agentes, sendo sua maior prevalência vinculada a áreas que se apresentam com condições
higiênico-sanitárias precárias associadas à falta de tratamento adequado de água e esgoto.
Neste trabalho foi estudada a prevalência de enteroparasitoses em manipuladores de
alimentos das escolas primárias pública de São Vicente, pois as crianças são a faixa etária mais
susceptível devido ao sistema de defesa imaturo a infecções por enteroparasitoses.
O presente estudo foi realizado em 30 manipuladores de alimentos de 12 escolas públicas
de Mindelo. Estes tem uma idade que vai dos 22 anos á 63 anos.
Conclui-se que nesta amostragem, os manipuladores de alimentos apresentaram elevados
índices de parasitoses, em que obteve-se uma prevalência de 73% (22) de positividade num
grupo de 30 manipuladores de alimentos.
Ao longo do estudo constatou-se que a faixa etaria com maior indice de positividade é a
maior que 50 anos, e este facto vai de encontro com varios estudos realizados, pois estas
encontram-se numa idade em que o seu sistema imunologico vai ficando indefeso, e com isso a
medida que são expostos a vários patogenos ficam alvos faceis de microorganismos.
Segundo os dados dessa pesquisa, pode-se concluir também que os fatores sócioeconômicos associam-se intrinsecamente as enteroparasitoses com o aumento da escolaridade,
ou seja, os maiores índices de infecções por enteroparasitas estão entre os manipuladores com
pouca educação e baixo nível socioeconômico, nas quais os padrões de vida, de higiene
ambiental e de educação sanitária são inadequados e deficientes, e também pode-se ver que
quanto maior o número de pessoas residentes no mesmo domicilio maior é a percentagem de
parasitados.
Diante destes resultados observamos que há relação entre a contaminação por
enteroparasitos entre os manipuladores com animais de estimação co-habitantes, já que foi
35
encontrado uma alta positividade nos exames parasitológicos de fezes nesses manipuladores, o
que indica que os animais aumentam a possibilidade de adquirirem parasitas fora do âmbito
doméstico, e consequentemente a transmissão de uma infecção.
Conclui-se que quando se analisa isoladamente os aspectos de saneamento básico não há
qualquer interferência, mas devem ser analisados em conjunto com outros aspectos como o nível
de vida, o número de indivíduos no mesmo domicilio e a zona onde reside, com isso uma maior
interferência com a positividade dos exames parasitológicos.
O parasita mais prevalente nesse estudo foi às amebas, Entamoeba coli, que são parasitas
comensais e, portanto não patogênicos, levando a concluir que há uma grande contaminação
fecal-oral por parte destes, e isto é preocupante, porque apesar de todos os participantes revelar
que lavam as mãos com frequencia, não usam luvas nem mascaras, pois embora estes não
constituem um agravo a sua saúde, mas por manipularem alimentos é grave, pois as crianças
constitui um grupo de risco porque apresentam o seu sistema imunológico imaturo.
Os resultados obtidos nesse estudo podem representar subsídios para futuras ações de
controle das enteroparasitoses, bem como contribuir para o aprimoramento da educação sanitária
destes profissionais, por meio de palestras educativas, baseadas na análise dos riscos potencial de
contaminação dos alimentos, pois não basta dizer que é preciso lavar as mãos e outras formas de
profilaxia, mas é necessário que seja compreendida a importância da medida e, não menos
importante que sejam criadas condições para que as pessoas possam adquiri-los.
A manipulação dos alimentos mostra-se como um fator que, caso não seja gerenciado e
controlado, pode provocar contaminações e comprometer a segurança dos alimentos. Ações para
o controle de qualidade dos alimentos tornam-se necessárias, dentre as quais destacam-se a
fiscalizacão do boletim de saúde, porque apesar de todos referenciar que tem o boletim, pelos
resultados encontrados a que dizer que a fiscalização está deficiente, o treinamento e reciclagem
periódica dos profissionais envolvidos na manipulação directa dos alimentos, aperfeiçoando os
mesmos na execução de suas tarefas, bem como o monitoramento das condições de saúde dos
manipuladores. Neste sentido, o suporte do laboratório de saúde pública é importante,
colaborando na detecção de manipuladores portadores de patógenos, os quais podem ser
assintomáticos, fornecendo subsídios para intervenções mais apropriadas do controle sanitário
das práticas de preparação de alimentos que possam assegurar a inocuidade alimentar.
36
Através dos resultados obtidos pelo referido estudo, a Delegação de Educação de São
Vicente em conjunto com a Delegacia de Saúde, iria promover uma campanha de desparasitação
para todos os manipuladores de alimentos das escolas primárias de São Vicente no mês de
Setembro, mas até o fim do trabalho esta campanha não havia sido realizada bem como a
formação acerca da Higiene e Manipulação de alimentos.
37
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 Anuário da Educação - Ano lectivo 2010/2011 (2011). Direcção Geral de Planeamento,
Orçamento e Gestão Serviço de Estudos, Planeamento e Cooperação. Praia
 Biasi, L.; Tacca, J.; et al. 2008. Prevalência de enteroparasitoses em crianças de entidade
assistencial de erechim/rs. PERSPECTIVA, Erechim. v.34, n.125, p. 173-179,
março/2010.
 Busnello, Maria; Teixeira-Lettieri; 2009. Prevalência de enteroparasitas em estudantes de
duas escolas de ensino fundamental. REV FAC FARM; 51 (2): 30-35
 Capuano, Divani; Lazzarini, Mônica; et al; 2000. Enteroparasitoses em manipuladores de
alimentos do município de Ribeirão Preto - SP, Brasil, 2000. REVISTA BRASILEIRA
DE EPIDEMIOLOGIA vol.11 nº.4 São Paulo. Dec. 2008.
 Carneiro, Lilian; 2007. Enteroparasitoses em Manipuladores de Alimentos de Escolas
Publicas em Morrinhos - Go. Vita et Sanitas, Trindade/Go, V.1, n. 01.
 Castiñeiras, Terezinha; Martins, Fernando; 2000. Infecções por helmintos e
enteroprotozóarios. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Informaçao em
saúde para viajantes – Cives
 Cimerman, Benjamin; Cimerman, Sérgio. 2002. Parasitologia Humana e seus
fundamentos gerais. 2ª edição. São Paulo: Atheneu.
 Da Silva, Claudeni; Dos Santos, Hudson. 2001. Ocorrência de parasitoses intestinais da
área de abrangência do Centro de Saúde Cícero Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura
Municipal de Belo Horizonte, Minas gerais. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS
DA TERRA, Paraíba, vol. 1, n. 1,
 Ely, Luísa; Engroff, Paula; et all. Prevalência De Enteroparasitos Em Idosos. REV.
BRAS. GERIATR. GERONTOL., RIO DE JANEIRO, 2011; 14(4):637-646
 Ferreira, Glauco; Andrade, Carlos 2004. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados
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Gerbi, SP. REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA TROPICAL 38
(5):402-405, set-out, 2005
 Giattia, Leandro; Rocha, Aristides; et all. 2003. Condições De Saneamento Básico Em
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Formação. Praia, Junho 2012
38
 Instituto Nacional de Estatística, Censo 2010. Disponivel em: http://www.ine.cv.
Acessado em 08/10/2012
 Kunz, Jaques; Vieira, Abel; et all;2007. Parasitas intestinais em crianças de escola
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 Mancedo, Jr; Como Andam as Mãos dos Manipuladores de Alimentos das Unidades de
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 Mariano, Maria; Carvalho, Silvia. Uma Nova Opção para Diagnóstico Parasitológico:
Método de Mariano & Carvalho. NEWSLAB - edição 68: 132-140, 2005
 Martínez AC, AlvarezMon M. 1999. El sistema inmune (I): Conceptos generales,
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REVISTA BRASILEIRA MEDICINA E ESPORTE Vol. 5, Nº 3 – Mai/Jun.
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 Nolla, Alexandre; Cantos, Geny 2003.
Prevalência de enteroparasitoses em
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 Orlandini, Miriam; Matsumoto, Leopoldo. Prevalência de Parasitoses Intestinais em
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 Prado, M; Barreto, L; et all. Prevalência E Intensidade Da Infecção Por Parasitas
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 Rey, Luis; 2002. Bases da Parasitologia Médica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
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 Silva, Éder; Silva, Regildo; Silva, Luciana 2009. Investigação de Parasitos e/ou
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 Vigilância Sanitária de Alimentos – Vsa 2006. As boas práticas na manipulação de
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 Zaiden, Marilúcia; 2006. Enteroparasitoses em crianças de 0 a 6 anos de creches
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 http://pt.wikipedia.org/wiki/Protozo%C3%A1rio Acessado em 26/08/2012
40
ANEXOS
41
ANEXO 1
1 - Área de Estudo
Cabo Verde – São Vicente
Fonte Wikipédia
42
Distribuição da população residente por meio de residência - RGPH 2010
População urbana
303673
CABO VERDE
Concelho
S. Vicente
70468
Fonte: INE RGPH 2010
População rural
Total - população
residente
Residente nos alojamentos
coletivos
491683
Residente nos
agregados
familiares
488040
188010
5639
76107
74986
1121
3643
Nível de Ensino da População (3 anos ou mais) por meio de Residência e Concelho em percentagem (%)
Meio de Residência e
Concelho / Nível de Ensino
NÍVEL DE ENSINO DA POPULAÇÃO (3 ANOS OU MAIS)
ND
SEM
NIVEL /
NUNCA
12,5
4,6
CABO VERDE
9,9
4,5
Urbano
16,8
4,7
Rural
S. Vicente
10,4
4,0
Fonte: Instituto Nacional de Estatística, Censo 2010
PREESCOLAR
ALFABETI ENSINO
ZAÇÃO
BASICO
SECUNDA
RIO
CURSO
MEDIO
1,7
1,3
2,3
1,3
43,0
39,9
47,8
41,8
1,0
1,3
0,6
1,3
5,1
7,5
1,2
7,5
31,2
34,8
25,5
32,8
BACHAREL
OU
SUPERIOR
1,0
0,9
1,1
1,0
44
Agregados em alojamentos com ligação a rede pública de abastecimento de água e agregados em alojamentos com electricidade, por Meio de Residência e Concelhos
(em %)
LIGAÇÃO A REDE PUBLICA DE DISTRIBUIÇÃO DE AGUA
ELECTRICIDADE
Sim, no
Sim, no
Não tem água
ND
Total
Sim
Não
ND
Total
Meio de Residência / Ligação
interior do
exterior do
canalizada rede
alojamento
alojamento
pública
42,5
11,8
45,4
0,3
80,8
18,9
0,3
CABO VERDE
100
100
53,4
7,0
39,3
0,3
89,6
10,0
0,3
Urbano
100
100
21,5
21,1
57,2
0,3
63,8
36,0
0,2
Rural
100
100
S. Vicente
53,9
2,9
42,7
0,5
100
88,4
11,1
0,5
100
Fonte: Instituto Nacional de Estatística, Censo 2010
Agregados em Alojamentos com instalações sanitárias, instalações de banho ou duche (banheira com chuveiro) e sistema de evacuações de águas
residuais, por Meio de Residência e Concelhos
INSTALAÇÕES DE
BANHO OU DUCHE
(BANHEIRA COM
CHUVEIRO)
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
Meio de Residência /
Instalações
COM
Latrina
SANITA
Não
tem
sanita
nem
latrina
63,6
0,8
35,2
CABO VERDE
74,7
0,4
24,6
Urbano
42,2
1,7
55,9
Rural
S. Vicente
77,6
1,0
20,9
Fonte: Instituto Nacional de Estatística, Censo 2010
ND
Total
0,3
0,3
0,2
0,5
100,0
100,0
100,0
100,0
Sim
43,8
53,6
24,8
57,3
Não
55,9
46,1
75,0
42,2
SISTEMA DE EVACUÇÃO DE AGUAS
RESIDUAIS
ND
Total
Rede
pública
de
esgoto
0,3
0,3
0,2
0,5
100,0
100,0
100,0
100,0
19,4
28,8
1,1
68,2
Fossa
séptica
47,4
49,2
44,0
12,4
Não
tem
32,9
21,6
54,6
19,0
ND
Total
0,3
0,3
0,2
0,5
100
100
100
100
45
Escolas Alvo do Estudo – Fotos (Autor das Fotos: VIVIANE DIAS, 2012).
Escola Semião Lopes
Escola Gregório Monteiro
Escola Chã Cemitério
Escola Monte Sossego
Escola Jovino Santos
Escola Salesiana
46
Escola Ribeira Bote
Escola Chã Alecrim
Escola Arnaldo Medina
Escola Praça Nova
Escola Valentina Lopes Da Silva
47
ANEXO 2
Carta de Pedido Autorização
À Direção da Escola
___________________________________
Mindelo – São Vicente
Mindelo, 24 de Fevereiro de 2012
Assunto: Pedido de autorização para recolha de amostras biológicas na Instituição durante o
período do Estágio Curricular
Eu, Carina Fernandes, na qualidade de Coordenadora dos Cursos de Biologia, do
Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (DECM), Uni-CV, e no âmbito do Trabalho de
Fim de Curso (TFC) da aluna Viviane Ferreira Dias, intitulado “Estudo da Prevalência de
Enteroparasitoses em Manipuladores de Alimentos em Escolas Primárias de São Vicente – Cabo
Verde”, venho, através desta, solicitar que seja autorizada à aluna em questão, a sua permanência na
Instituição de Ensino dirigida por V. Excia, durante o período do seu estágio curricular, com o
objectivo único de colectar amostras biológicas para despistagem de parasitas nos manipuladores de
alimentos da Instituição.
Assim sendo, a vossa pronta cooperação é de extrema importância para a concretização do
trabalho final da aluna em questão. O estudo terá uma duração de 6 (seis) meses.
Sem outro assunto de momento e, desde já, contando com a V. inteira disponibilidade e
compreensão, agradeço em nome da Universidade de Cabo Verde e do Curso.
A Coordenadora dos Cursos de Biologia
__________________________
/Carina Mascarenhas Fernandes/
48
ANEXO 3
Entrevista
Entrevista aos Manipuladores de Alimentos das Escolas Primárias de São Vicente, Cabo Verde.
nº
-
Ida
de
Nível
ensino
Rede
esgoto
Água
potáv
el
-
-
-
-
Boleti
m de
Sanida
de
-
Lava
mãos
-
EPI
Nível de
vida/nº
pessoas em
casa
Zona
-
-
Animais
domésticos
Nã
Cão
ato
1
G
1
1
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Baixo
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Baixo
F. Ines
Não
Não
Sim
Sempre
Bata gorro
Baixo
Espia
42
Ñ
estudou
Ñ
estudou
Ñ
estudou
Ñ
o
Maderalzinho
Não
Não
Sim
Sempre
Bata
Baixo/7
Rª Craquinha
J2
26
7º ano
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Baixo / 4
F. Filipe
J3
54
4º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Baixo / 3
F. Filipe
Bv 1
43
Ñ
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo /3
F. Filipe
Bv 2
55
Ñ
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Espia
Bv 3
46
4º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Médio baixo
/14
Baixo /12
Rb 1
53
2º classe
Sim
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo /4
Rª Bote
*
Rb 2
25
7º ano
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Ribeirinha
*
S1
58
3º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata toca
S2
63
4º classe
Sim
Não
Sim
Sempre
Bata toca
Médio Baixo
/4
Médio baixo
/2
Baixo /4
Bela Vista
*
Ms 1
46
4º classe
Não
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo/6
Trás cemitério
*
Ms 2
36
4º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Bela Vista
*
Ms 3
54
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata
Rra Craquinha
*
Rc 1
61
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata toca
Rc 2
62
Ñ
estudou
Ñ
estudou
3º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Rc 3
52
Não
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Rc 4
57
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Rc 5
22
Ñ
estudou
Ñ
estudou
6º classe
Não
Não
Não
Sempre
Bata lenço
Médio
baixo/3
Médio
baixo/8
Médio
baixo/3
Médio
baixo/13
Médio
baixo/5
Médio
baixo/5
Baixo/2
V1
52
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo /6
Ribeira Bote
1
V2
54
Não
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo/4
Ribeirinha
1
V3
30
Ñ
estudou
Ñ
estudou
6º classe
Não
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo/5
R Passarão
1
N1
58
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo /6
Maderalzinho
3
N2
50
Ñ
estudou
Ñ
estudou
Sim
Sim
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo/4
Maderalzinho
2
E1
57
E2
55
E3
56
J1
1
1
*
1
*
2
Espia
1
Vila Nova
1
1
F. Pó
1
Rra Craquinha
2
1
Horta seca
1
Horta seca
*
Rra Julião
*
1
49
CA.1
60
AM
1
AM
2
CC
43
59
50
Ñ
estudou
4º classe
Sim
Sim
Sim
Sempre
Baixo /8
Chã Alecrim
Sempre
Bata
lenço
Bata lenço
Não
Não
Sim
Baixo/4
Pedra Rolada
Ñ
estudou
2º classe
Sim
Não
Sim
Sempre
Bata lenço
Baixo/9
Fonte Inês
Não
Sim
Sim
Sempre
Bata toca
Baixo/6
Bela Vista
1
2
*
1
50
ANEXO 4
4 - Materiais utilizados
Autor: VIVIANE DIAS, 2012














Água Destilada
Amostra biológica – Fezes
Bandeja
Colher de metal
Computador
Contentor plástico
Espátulas
Gazes
Gelo
Lamelas
Laminas
Lugol
Luvas látex descartáveis
Mala térmica











Marcador
Mascara
Pipeta de Pasteur
Prendedor de roupa
Provetas plástico
Provetas vidro
Sal - NaCl
Seringa 10cc
Suporte adaptado
Termômetro
Tubos de ensaio
51
ANEXO 5
Descrição dos métodos de exames parasitológicos
1. O método directo - com ajuda da espátula coletou-se uma pequena amostra de fezes, e esta
era desfeita numa gota de lugol encontrada na lamina identificada com o inicial da escola
pertencente e o número do manipulador, depois o preparado foi coberto por uma lamela.
2. O método Willis - Numa Proveta de 500 mL dissolveu-se Cloreto de Sódio (NaCl) em água
destilada, de forma que esta ficasse bem concentrada e densa, para que houvesse a
sedimentação do material pesado e a flutuação espontânea dos parasitas. Depois verteu-se
uma quantidade da solução previamente preparada num Becker de 50mL, identificado, e com
auxilio de uma espátula dissolveu-se, aproximadamente,10 gr de fezes e depois completou-se
o volume até a borda do Becker, depois colocou-se a lamina identificada, em contacto com a
superfície liquida, após 15 minutos retirou-se a lamina, invertendo-a rapidamente, e colocouse uma gota de lugol na lamina e foi coberto com a lamela.
3. O Método Baermann-Moraes (adaptada)- em uma gaze dobrada em 4 colocou-se
aproximadamente 10gr de fezes, depois com o auxilio de uma taca (de prender roupas)
prendeu-se as pontas da gaze, colocou-se este numa proveta e verteu-se água destilada morna
á 45ºC de forma que a amostra ficasse submersa parcialmente na água. Após 3 horas, retirouse a amostra da proveta, com ajuda de uma pipeta de Pasteur, pipetou-se o sedimento,
transferiu-se aproximadamente 0,05 mL da porção do sedimento sobre uma lâmina,
previamente identificadas, colocou-se uma gota de lugol e cobriu-se com lamela.
5.1 – Reagentes e Procedimento de preparo de solução de Lugol

0.4g de Iodine

0.66g de iodeto de potássio

100ml de água destilada

Papel filtro
52
Num copo de béker transferir as 0.66g de iodeto de potássio e as 0.4g de iodine, hidratar a
mistura com 100ml de agua destilada, homogeneizando-lhe com um bastão de vidro. Adapta-se
papel de filtro a um funil para filtrar a solução directamente para recipientes conta-gotas.
B
C
A
Autor VIVIANE DIAS 2012
A – Método Directo
B – Método Willis C – Método Baermann Moraes
53
ANEXO 6
Tabela de resultados obtidos
TIPO DE METODO
DIRECTO
Nº
E1
E2
E3J1
1ª Amostra
E. coli+E.histolytica
E.coli
+
E.nana+E.histolytica
E.nana
E.histolytica+E.nana+E.coli
J2
J3
Bv 1
Bv 2
Bv 3
Rb 1
Neg
Neg
E.histolytica
E.histolytica
E.coli +E.histolytica
E.Histolitica + E.coli
Rb 2
S1
S2
Ms 1
Ms 2
Ms 3
Rc 1
Rc 2
Rc 3
Rc 4
Rc 5
V1
V2
V3
N1
N2
CA1
AM 1
AM2
E.nana
E.coli+ E.histolytica
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
I. butschlii
Neg
E.coli
E.coli
Neg
Neg
E.histolytica
Neg
E. coli
Neg
E.coli
Neg
CC
E.coli+E.nana
WILLIS
2ª Amostra
Neg
E. coli
1ª Amostra
Neg
Neg
2ª Amostra
Neg
Neg
E.nana
E.nana+larva
E.vermicularis
Neg
E.coli
E.histolytica+E.coli
E.coli +E.histolytica
Neg
Neg
Neg
Neg
BAERMANNMORAES
1ª Amostra
2ª Amostra
Neg
Neg
E.coli+E.
Neg
Histolytica
Neg
Neg
E. nana
Neg
Neg
Neg
Neg
E.histolytica
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
E.coli
Ne
E. coli
Neg
Neg
E.coli
E.nana
E.coli
Neg
Neg
Neg
E.coli
Neg
Neg
Neg
E.coli
E.coli
E. coli
Neg
E.coli+E.histolityca
Neg
E.coli+E.histolytica
E.nana
E.coli
I.butschlii
+E.histolytica
E.coli + E.nana
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
E.
histolytica+
E.coli
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
E.coli
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
E.coli
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
Neg
54
ANEXO 7
Parasitas encontradas
Helminto :
Enterobius vermicularis (autor VIVIANE DIAS, 2012)
Protozoarios
Entamoeba coli (autor VIVIANE DIAS, 2012)
Endolimax nana
(Fonte http://laboratorioclinicohn.blogspot.com/)
Entamoeba histolytica (autor VIVIANE DIAS, 2012)
Iodamoeba butschlii
(Fonte: http://www.tropical.umn.edu).
55
ANEXO 8
Modelo de carta de agradecimento e resultados emitidos aos GESTORES de cada escola
À Direcção da Escola
Mindelo – São Vicente
Mindelo, 04 de Julho de 2012
Assunto: Resultados obtidos nas amostragens efectuadas
O Departamento de Engenharias e Ciências do Mar (DECM) /Uni-CV, através da
Coordenação dos Cursos de Biologia, e no âmbito do Trabalho de Fim de Curso (TFC) da aluna
Viviane Ferreira Dias, intitulado “Estudo da Prevalência de Enteroparasitoses em Manipuladores
de Alimentos nas Escolas Primárias de São Vicente – Cabo Verde”, vem, através desta, informar à
sua instituição acerca dos resultados que a aluna obteve aquando da realização das análises para
despistagem de parasitas nas manipuladoras de alimentos confeccionados na cantina desta instituição
de ensino.
Foram realizadas análises às funcionárias da cantina e os resultados encontram-se
descritos na tabela abaixo.
Nome
Filo
Helmintos
Protozoários
A Universidade de Cabo Verde aproveita para agradecer profundamente à V. Excia por
ter autorizado à aluna em questão a sua permanência na Instituição de Ensino dirigida por si durante
o período do seu estágio curricular.
Sem outro assunto de momento, agradeço em nome da Universidade de Cabo Verde e do
Curso.
A Coordenadora dos Cursos de Biologia
__________________________
/Carina Mascarenhas Fernandes/
56
ANEXO 9
Modelo resultados emitidos aos PACIENTES
REPÚBLICA DE CABO VERDE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
HOSPITAL DR. BAPTISTA DE SOUSA
DIAGNÓSTICO PARASITOLOGICO
Responsável pela solicitação: Pesquisa realizada no âmbito da realização da tese de licenciatura da
aluna Viviane Ferreira Dias
Nome do doente:
Idade:
Endereço:
Município: São Vicente
Data da colecta:
/01/2012
Registo:
Data da emissão do resultado: /01/2012
RESULTADO
Pesquisa de Helmintos:
Pesquisa de Protozoários:
_______________________________
Natalina dos Reis da Cruz Spencer
Directora do Laboratório HBS
Orientadora da tese
57
ANEXO 10
Áreas de aquisição de experiência durante o estágio
Durante o estágio, adquiri conhecimento e experiência nas seguintes áreas:





Recolha de Sangue
Hematologia
Imunoserologia
Bioquímica
Microbiologia
- Parasitologia;
- Urocultura;
-Exudado vaginal, urectral, entre outros;
-Espermograma.
58
Download

Relatorio_TFC_ Viviane Dias