BRINQUEDOTECA UNIVERSITÁRIA1 Marciana Aparecida Xavier dos Santos2 Darlene Novacov Bogatschov3 RESUMO: Este artigo tem como finalidade realizar um levantamento das instituições de Ensino Superior do Estado do Paraná que tem projetos de brinquedoteca bem como a organização das mesmas, e mencionar a importância do lúdico na formação de professores. A Brinquedoteca é, portanto um espaço excepcional para a criança, levando-a a aprender de forma satisfatória, harmônica e cooperativa. Tendo como objetivo oportunizar um espaço lúdico-pedagógico para crianças que não tem condições de participar de brincadeiras em ambientes educativos. Embora, seja um espaço educativo é importante que os cursos de formação de professores, principalmente a pedagogia, ofereçam a oportunidade aos acadêmicos do curso um espaço para analisarem e refletirem sobre o potencial formador da brinquedoteca, fazendo desta um centro complementar à formação dos pedagogos. Desta forma é importante destacar quais instituições de Ensino Superior implantaram projetos de brinquedoteca como espaço de formação dos futuros educadores no intuito de compreender a sua organização e possibilidades de pesquisa e extensão. Palavras-chaves: Brinquedoteca; Formação Educadores; Aprendizagem INTRODUÇÃO A influência do mundo tecnológico está tão presente na sociedade que às vezes as pessoas não percebem que além dos benefícios existem também os grandes malefícios principalmente, no mundo infantil. Hoje vemos crianças que desde o primeiro ano de vida recebem incentivos para brincarem com brinquedos e jogos eletrônicos, crianças que possui a semana agendada com compromissos como aula de balé, natação, aula de outros idiomas, entre outras atividades e famílias que não dão importância para o ato de brincar. O que temos na sociedade atual é uma desvalorização do brincar livre como o momento em que as crianças estão aprendendo e se desenvolvendo. As crianças hoje são incentivadas a viverem como adultos. Uma constatação disso é que as roupas, calçados, acessórios, são todos idênticos aos dos adultos, deixando cada vez mais de serem crianças e se transformando em adultos em miniaturas. Neste processo às vezes 1 Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá Campus Regional de Cianorte, como requisito para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia. 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Maringá – Campus Regional de Cianorte. 3 Professora do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Estadual de Maringá- Campus Regional de Cianorte. pela família não perceber como é sério o brincar na infância para o desenvolvimento da criança. Cunha (2001, p.13) faz a seguinte afirmação: “[...] brincando, a criança aprende com toda a riqueza do aprender fazendo, espontaneamente, sem estresse ou medo de errar, mas com prazer pela aquisição do conhecimento”. Para a criança a brincadeira é considerada um mundo de sonhos e fantasias, que auxilia na satisfação de anseios que são impossíveis de serem realizados naquele momento. De acordo com Kishimoto (2007), a criança idealiza um objeto ou um determinado brinquedo de acordo com o que ela quer que seja, deixando de lado o verdadeiro significado, fazendo com que a imaginação seja mais importante que o próprio objeto. Kishimoto (2007, p. 66) relata que “Brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de poder, em que ela pode dominar os vilões ou as situações que provocariam medo ou que a fariam sentir-se vulnerável e insegura [...]”. Desta forma, as brincadeiras auxiliam no desenvolvimento da construção da auto-confiança, levando a obter autonomia diante das diversas situações vividas. Dessa forma, para que a criança tenha oportunidade de satisfazer seus desejos através de brincadeiras é necessário um espaço livre para que possa se sentir mais à vontade. Porém, nem todas as crianças tem essa oportunidade devido as diversas formas de moradias que colaboram para o desaparecimento do espaço para brincar. Crianças que moram em casas cujo, os espaços não são suficiente para que a realização de brincadeiras aconteçam, existem também crianças que residem em apartamentos, que também não tem espaço adequado. As áreas consideradas públicas designadas para o lazer estão sendo substituídas por comércios para fins lucrativos. No entanto, é necessário que essas crianças frequentam espaços adequados para que possam desfrutar de brincadeiras para auxiliar no seu desenvolvimento infantil. Sendo assim, o espaço adequado para brincadeiras e jogos assistidos em diferentes espaços é na brinquedoteca, um ambiente estimulador que proporcionará muita diversão. Embora a brinquedoteca seja o lugar ideal para crianças que precisam de espaço e também de vários tipos de brinquedos e de jogos para brincar, é importante a construção de mais espaços como a brinquedoteca para o atendimento de crianças. Desta forma, também surge a necessidade de cursos de formação de docentes para se especializarem na área da Brinquedoteca e do brincar, para que tenham capacidade para atuar em ambientes lúdicos como na brinquedoteca. Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo mencionar a importância do lúdico na formação de professores uma vez que o brincar é fundamental no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, bem como realizar um levantamento nas Instituições de Ensino Superior do Paraná que possui Brinquedotecas. Este artigo destaca a importância das atividades lúdicas como processo de ensino aprendizagem; como surgiram as brinquedotecas; a organização e o espaço da Brinquedoteca; a importância da Brinquedoteca como meio de formação para brinquedistas e efetua um levantamento sobre as Brinquedotecas existentes nas universidades do estado do Paraná. 1 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM A importância do brincar na infância é de extrema seriedade para o desenvolvimento da criança tanto que adquire um respaldo legal no Estatuto da Criança e do Adolescente Lei nº 8.069/90, capítulo II, Art. 16, garantindo o direito de liberdade para o “brincar, praticar esportes e divertir-se”. O brincar tem uma função muito importante na vida da criança, “As crianças são capazes de lidar com complexas dificuldades psicológicas através do brincar. Elas procuram integrar experiências de dor medo e perda. Lutam com conceitos de bom e mal [...]” (KISHIMOTO, 2007, p.67). O brincar dá subsídio para a criança aprender a lidar com situações de frustrações diante de brincadeiras que exige regras. Desta forma, Ao aprender a lidar com possíveis frustrações de não ver seus desejos sempre realizados, de ter que esperar sua vez para jogar, de dirigir a brincadeira da forma como gostaria, a criança quebra sua rigidez autoreferente inicial e passa a jogar levando em conta diferentes perspectivas, em diferentes contextos. Passa a ter uma forma de se conduzir mais flexível e maleável. Aprende a lidar com os “ruídos” da comunicação, com os imprevistos do percurso. Começa a perceber outras possibilidades de interação além das que está acostumada, em seu ambiente usual e convencional. É levada pelo grupo a ceder, improvisar, a ter jogos de cintura, assim como a usar imaginação e sua intuição em equipe (OLIVEIRA, 2000, p. 22). As brincadeiras e os brinquedos estabelecem um elo de comunicação entre o mundo infantil e o mundo adulto, proporcionando afinidade consigo mesma e com as demais pessoas a sua volta. De acordo com Santos (2000, p. 159): Com a ajuda do brinquedo ela pode desenvolver a imaginação, a confiança, a autoestima e a cooperação. O modo como a criança brinca revela seu mundo interior. O brinquedo contribui, assim, para a unificação e integração da personalidade e permite à criança entrar em contato com outras crianças. Brougère (1990, apud, KISHIMOTO, 2007, p. 68): afirma que “A brincadeira aparece, assim, como um meio de sair do mundo real para descobrir outros mundos, para se projetar num universo inexistente”. Dessa forma a criança representa através da brincadeira situações que ela realmente gostaria que acontecesse. Embora, muitas crianças tenham condições favoráveis e recebam estímulos da família para desenvolver brincadeiras prazerosas, existem crianças carentes de afeto, que não possuem subsídio algum para cumprir suas necessidades afetiva. Desta forma, pensando no desenvolvimento e no bem estar das crianças, e que elas precisam ter oportunidade de satisfazer seus desejos; a brinquedoteca passa a ser o lugar adequado para acolhê-las, um ambiente estimulador, com pessoas que demonstram carinho e que interagem nas diversas brincadeiras proporcionando atividades lúdicas que auxiliam no seu desenvolvimento. De acordo com CUNHA, (2001), a brinquedoteca surgiu em meados de 1934 na cidade de Los Angeles, com a finalidade de impedir os alunos de furtar brinquedos de uma loja localizada nas proximidades de uma escola, passando a se transformar em um ambiente adaptado para o empréstimo de brinquedos para as crianças. Em 1963, ficou conhecida na Suécia como Lekotec tendo o intuito de direcionar famílias com crianças com necessidades especiais proporcionando a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades. Em 1967, surgiram na Inglaterra as Toy Libraries, ou seja, bibliotecas de brinquedos também com a finalidade de emprestar brinquedos para crianças levarem para casa, oportunizando o acesso ao brincar para crianças que não tinham com o que brincar. Em 1981 em São Paulo, a professora Nylse Cunha fundou a primeira brinquedoteca brasileira, baseada em atividades lúdicas, humanizadoras, para oferecer as crianças o desenvolvimento em vários aspectos, como: cognitivo, motor, afetivo e social, estimulando a criatividade, auto-confiança e a autonomia. Através da construção desses conhecimentos a criança aprende e se desenvolver com mais facilidade e de maneira satisfatória. Santos (1997, p. 14), afirma que: A principal implicação educacional da brinquedoteca é a valorização da atividade lúdica, que tem como conseqüência o respeito às atividades afetivas da criança. Promovendo o respeito à criança, contribui para diminuir a opressão dos sistemas educacionais rígidos. A tecnologia que está cada vez mais avançada auxilia na perda de espaço físico e até social para brincar. Os locais apropriados para a criança exercerem atividades lúdicas quase não existem mais. Sendo assim, os profissionais da educação deveriam compreender o significado de uma brinquedoteca e repensar sobre a criação da mesma no ambiente escolar, dando-se então grande importância ao brincar na infância, respeitando as necessidades afetivas, além de amenizar os métodos tradicionais de ensino e possibilitar o aperfeiçoamento das habilidades e capacidades da criança. Santos (2000) ressalta que uma sala com vários brinquedos não significa ser uma brinquedoteca, pois necessita de um profissional com formação e que se identifica com o trabalho com crianças, levando a criança a soltar sua imaginação sem medo de ser punida por alguma falha. A brinquedoteca é, antes de mais nada, um espaço criado para que a criança possa brincar livremente. Com isso, propicia-se o verdadeiro brincar, aquele que possibilita a expressão das atividades mais profundas do ser humano; aquelas que embora desconhecidas pode estar bloqueando a liberação de potencialidades ou impedindo o acesso à felicidade (SANTOS, 2000, p.31). Para a criação de uma brinquedoteca não basta uma sala com algumas atividades lúdicas, paredes coloridas, confecção de brinquedos, uma pessoa responsável pela entrada e saída de crianças que frequentam o local. Muito além do que se pode pensar, e antes de tudo, necessita de um profissional responsável e capacitado que possa levar as crianças que ali frequentam a um mundo diferentemente do que vive, além de acompanhar o processo de desenvolvimento e da construção de conhecimento da criança. Borja (apud SANTOS, 1997) ressalta o fato de a brinquedoteca não pode ser comparada com uma creche, em que a criança é obrigada a permanecer o dia todo. A brinquedoteca deve ser um espaço organizado com vários jogos e brinquedos, para que a criança possa frequentar por livre e espontânea vontade. Cunha, (2001), ressalta a importância da brinquedoteca ser constituída com brinquedos e jogos de qualidades e de diversos tipos, além de possuir vários cantinhos diferenciados como, por exemplo: o canto do faz-de-conta, com mobílias, bonecas, roupas, diversos tipos de fantasia; o cantinho da leitura com livros, almofadas, tapetes, para que a crianças se sinta à vontade e bem acomodada para o manuseio de livros; o cantinho das sucatotecas, lugar propício para materiais recicláveis, para que a criança possa ser livre para criar brinquedos; cantinho destinado para teatros, deixando de fácil acesso fantoches para o manuseio da criança na criação de histórias; canto com jogos de regras, como: dama, xadrez, dominó, quebracabeça, entre outros. São muitas as possibilidades de organização de espaços quanto aos objetivos específicos, quanto ao desenvolvimento dentro de uma brinquedoteca para oferecer várias alternativas para a escolha da criança. É importante que os brinquedos fiquem em prateleiras que facilite o acesso para as crianças manusearem. Na brinquedoteca deve prevalecer a preferência da criança para a livre escolha da atividade a ser desenvolvida de maneira livre ou dirigida, ou com os demais companheiros e, caso a criança escolher ficar sem brincar o brinquedista não pode obrigá-la; o que ele deve fazer é tentar incentivá-la. Para Friedman (1994, apud, SANTOS, 1997, p. 134) o: mundo de brinquedo é a primeira idéia que surge para quem entra na brinquedoteca. Brinquedos variados, coloridos, novos, usados, brinquedos de madeira, plástico, metal, pano; aquele da propaganda, um outro com que nossos pais brincavam, ou aquele tão desejado, mas é muito caro... Brinquedos que vão realizar sonhos, desmistificar fantasias ou simplesmente estimular a criança a brincar livremente. A brinquedoteca deve oferecer brinquedos para as diversas faixas etárias para a satisfação da criança. Cunha (2001) sugere que para crianças de zero a dois anos, período sensório-motor, seria interessante brinquedos como: brinquedos coloridos, que possuem sons, que se movimentam, brinquedos para morder, chocalhos, brinquedos com diferentes tipos de texturas, caixa com vários brinquedos, livros de pano, entre outros. Para o período das operações concretas, que ocorre dos dois anos aos 12 anos, seria recomendável: brinquedos que representam utensílios de cozinha e objetos domésticos, bonecas de pano, de plástico, brinquedos de pelúcia, massinha de modelar, carrinhos, caminhões, casinhas, quebra-cabeça, livros de histórias, blocos de construção, peças de encaixe, diversos tipos de jogos, bolas, boliche, entre outros. Nela é importante que a criança não tenha acesso a brinquedos que representam violência, pois na realização de suas brincadeiras, ao praticar atos considerados violentos, mesmo que não entenda o significado de sua ação, quando tem em mãos brinquedos que representam imitações de armas, espadas ou algum outro objeto violento em forma de brinquedo pode estimular a criança o gosto pela brincadeira. Como afirma Cunha (2001 p.48): O respeito pela vida humana deve ser cultivado também nas situações lúdicas e é muito importante preservar a possibilidade de que haja algum impacto, algum sentimento de estranheza diante de uma arma, diante de um objeto que pode acabar com uma vida humana. Desta forma, a brinquedoteca deve oferecer à criança um espaço lúdico que possibilita a liberdade para a realização, recriação e criação de brincadeiras e de brinquedos, estimulando a socialização entre várias crianças, contribuindo para o desenvolvimento da aprendizagem de forma prazerosa. No entanto, é necessário que a equipe da brinquedoteca trabalhe em conjunto, e com o mesmo objetivo. Devem estar sempre em busca de formação continuada e realizar avaliações sobre o desenvolvimento da sociabilidade das crianças que frequentam a brinquedoteca, pois, caso tenha alguma criança com dificuldades em socialização é necessário que se promova atividades que favoreça o desenvolvimento da interação. A formação da equipe de profissionais que atuam na brinquedoteca faz a diferença no seu desenvolvimento, levando a atingir os objetivos necessários para um desenvolvimento gradativo e prazeroso das crianças que frequentam o espaço. A presença do profissional que atua na brinquedoteca, o brinquedista, auxilia no desempenho das atividades, intervindo no momento necessário. Através das brincadeiras as crianças mergulham no lúdico, passando a viver um mundo de magias, expondo os sentimentos de forma que elas não consigam perceber, porém, facilmente observado para quem o assistem. Desse modo, é importante que o brinquedista goste realmente do que faz, e que seja um profissional dinâmico para facilitar a capacidade de valorizar e admirar os sentimentos que transparecem no momento das brincadeiras. Santos, afirma que: [...] para trabalhar numa brinquedoteca é necessário um profissional diferente, o “brinquedista”, que antes de mais nada deve ser um educador, ou seja, antes de ser um especialista em brinquedo, deve ter em sua formação conhecimento de ordem psicológica, sociológica, pedagógica, artística... Enfim, matérias que lhe dêem uma visão clara e crítica sobre criança, jogo, brinquedo, brinquedoteca, escola, homem, sociedade e, ao mesmo tempo, seja uma pessoa com sensibilidade entusiasmo, determinação, dinamismo, que chora, que ri, que canta e que brinca (SANTOS, 1997, p. 100). Deve ter sensibilidade para respeitar as crianças, seus sentimentos e pensamentos diferenciados uma das outras, além de transmitir alegria para tornar um ambiente prazeroso e acolhedor. De acordo com Cunha (2001, p. 22) “As crianças precisam vivenciar suas idéias, em nível simbólico, para poderem compreender seu significado na vida real”. O brinquedista necessita ter uma formação teórica sólida para analisar e compreender o desenvolvimento da criança através dos jogos e das brincadeiras, para que seja possível fazer a relação de acordo com as ações analisadas. Além de possuir uma formação teórica o brinquedista necessita de uma formação pedagógica e de uma formação pessoal. A formação pedagógica para dar subsídio à formação teórica através de experiências concretas em ambientes lúdicos. A formação pessoal para oportunizar o profissional a se auto-conhecer, analisando o prazer e o desprazer encontrado na atividade desenvolvida, para que dessa forma se identifique para atuar como brinquedista, auxiliando a aprendizagem por meio de jogos e brincadeiras, acolhendo, demonstrando carinho e afeto para a criança. Santos (1997, p. 89-90), afirma que: [...] em relação à formação pessoal, esta sim, é uma vertente totalmente inovadora, uma vez que deve oportunizar que pedagogo em formação vivencie, por um lado, experiências lúdicas ou que tenha esta finalidade, sem preocupação com o gesto técnico. Por outro lado, que oportunize vivências de sensibilização corporal na relação com objetos e com seus iguais, constituindo-se assim em um meio a mais que vai completar sua formação que utiliza ação, pensamento e linguagem (comunicação e verbalização) com elemento pedagógico, sem a preocupação com performance. Esta formação objetiva que o adulto passe a ter mais disponibilidade corporal, conheça melhor suas limitações e, ao mesmo tempo, possa refletir sobre elas. Cunha (2001) sugere algumas características consideradas indispensáveis para o brinquedista, dentre elas: sensibilidade, entusiasmo, determinação e competência. Ter sensibilidade para manter o respeito com as crianças e aceitando-as cada uma com suas respectivas diferenças. O entusiasmo também é de grande importância para o estímulo da criança e para a alegria do ambiente. A determinação é necessária para serem persistentes diante das dificuldades e no trabalho do dia-a-dia. E a competência para que o trabalho seja bem desenvolvido. De acordo com Cunha (2001, p.76). [...] as boas intenções não asseguram bons resultados. Se não estudarmos, se não refletirmos profundamente sobre o que estudamos, sobre o que observamos e sobre o que fazemos, podemos estar fazendo muitas coisas erradas. Além da realização de reuniões para se tratar do desenvolvimento das crianças que freqüentam a brinquedoteca, também é necessário a equipe se reunir para grupos de estudos para discussão de assuntos referentes ao desenvolvimento das crianças e da brinquedoteca, fazendo com que dessa forma se aperfeiçoem cada vez mais para o desempenho de seu trabalho. É de suma importância a persistência no brinquedista, pois, assim como em todas as áreas educacionais, na brinquedoteca existem dificuldades a serem enfrentadas e seja qual for o obstáculo encontrado necessita-se de muita cautela para que o andamento do trabalho não seja prejudicado. Existem muitas crianças que precisam encontrar em outros lugares e em outras pessoas a afetividade para suprir suas angústias, medos, ansiedades e sonhos, portanto, na brinquedoteca ela deve encontrar pessoas que através do trabalho realizado auxiliem a resgatar sua auto-estima, a buscar o prazer de ser criança brincando e deixando de lado seus problemas, pois “Brincando a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida”. (CUNHA, 2001, p. 13). Para a autora o profissional ideal para trabalhar em uma brinquedoteca é aquele que gosta de criança, que gosta de brincar, passando a ser para as crianças um companheiro, um amigo além de ser uma pessoa que busca o conhecimento constantemente. Observando e refletindo sobre a grande necessidade de brinquedotecas no ambiente escolar e a ausência de profissionais que se dedicam a essa área, surge a necessidade de refletir a respeito da brinquedoteca universitária, que além de ampliar a possibilidade ao acesso das crianças à diversas atividades lúdicas, possui o objetivo no processo de formação dos profissionais, ou seja, brinquedistas. De acordo com Santos (1997), os acadêmicos e professores da universidade buscam novos métodos através de estudos e observações das vivências do dia-a-dia. As análises realizadas auxiliam algumas alterações que devem ser feitas no currículo dos cursos de formação de professor, dando ênfase a necessidade de criar disciplinas e cursos de pósgraduação voltada para atividades lúdicas: [...] os pedagogos envolvidos com o lúdico se deparam com a tarefa de ter que traçar o perfil de uma profissão emergente, o brinquedista (ludotecário), isto é, aquele que deve ser preparado, não apenas para atuar como animador, mas também como observador e investigador da demanda dos usuários no âmbito das brinquedotecas. Tarefas desta dimensão social requerem uma formação consistente que nos atrevemos perfilar [...] formação teórica – formação pedagógica – formação pessoal (SANTOS, 1997, p. 87). A brinquedoteca na universidade oferece apoio pedagógico para os professores e acadêmicos dos cursos de Pedagogia, tendo como base o desenvolvimento da criança a partir do brincar. Dessa forma, os alunos de pedagogia tem a oportunidade de se aprofundar em estudos teóricos referentes à ludicidade com o acesso fácil para o desenvolvimento prático de oficinas lúdicas. A finalidade da brinquedoteca universitária é de aperfeiçoar os futuros profissionais da educação para que se valorize o brincar, para que possam realizar pesquisas com ênfase à importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento da criança. Através da prática na brinquedoteca e as experiências do dia-a-dia o brinquedista pode refletir se há necessita de alguma mudança para que tenha maior desempenho profissional e para um desenvolvimento gradativo das crianças oferecendo qualidade para as atividades desenvolvidas. As situações de conflitos vivenciadas darão subsídio para trocas de idéias e realização de pesquisas entre as demais pessoas envolvidas na equipe, contribuindo para a ampliação do conhecimento e da capacidade profissional. 2 BRINQUEDOTECAS DAS FACULDADES E UNIVERSIDADES DO ESTADO DO PARANÁ Diante da importância da brinquedoteca na formação de professores verificamos através de pesquisas em sites das faculdades e universidades do Paraná a existência das mesmas. Das pesquisas realizadas nas universidades e faculdades do Estado do Paraná constataram a existência de seis brinquedotecas sendo elas encontradas nas seguintes instituições: Faculdade de Guairacá, Faculdade FADEP em Santo Antônio da Platina, Faculdade FAFIJAN em Jandaia do Sul, Faculdade FASUL na cidade de Toledo, Faculdade FEATI em Ibati e a Universidade Estadual de Londrina. A brinquedoteca da Faculdade de Guairacá, Brinquedoteca Moitará, na cidade de Guarapuava, cujo nome é de origem indígena, tem como finalidade proporcionar à comunidade acadêmica o acesso a atividades lúdicas. Para a contribuição do desempenho nas atividades, a brinquedoteca se divide em vários espaços, sendo eles: espaço do faz-de-conta, espaço da matemática, espaço para estimulação, espaço da informática, espaço das artes e sucatoteca. A cidade Santo Antônio da Platina conta com a Brinquedoteca da Faculdade de Pato Branco, FADEP. A mesma é utilizada pelos acadêmicos do curso de Pedagogia da Faculdade. A Brinquedoteca possui uma grande variedade de brinquedos, alguns confeccionados com materiais recicláveis. O local é visitado por crianças da educação infantil das escolas de Pato Branco e da região. A Brinquedoteca de FAFIJAN da Faculdade de Jandaia do Sul foi fundada no ano de 2003, tendo como principal objetivo proporcionar aos acadêmicos do curso de Pedagogia um espaço para pesquisa sobre o lúdico e a importância do brincar, além de atender os filhos dos funcionários da Faculdade. Ao atingir o grande objetivo no desenvolvimento da Brinquedoteca da Faculdade de Fafijan, passou a gerar projetos de extensão paralelos, como: tardes recreativas e Brinquedoteca Itinerante, com jogos, pinturas, oficinas, músicas e brincadeiras, nos bairros da cidade de Jandaia do Sul. O projeto leva os acadêmicos do curso de Pedagogia ao contato com muitas crianças de contextos diferenciados, passando a presenciar diversas situações entre as mesmas, oferecendo dessa forma subsídio para suas pesquisas, tendo também como ponto positivo a troca de experiências dos professores das escolas participantes com as acadêmicas envolvidas no projeto da Brinquedoteca. O projeto oferece a oportunidade para os acadêmicos do curso de Pedagogia, o cumprimento de carga horária como estágio. A Brinquedoteca da FASUL, Brinquedoteca da Faculdade Sul do Brasil, na cidade de Toledo, conta com um espaço lúdico, com o objetivo de facilitar o acesso para as crianças da comunidade em vários tipos de brincadeiras. É um espaço preparado para apoiar as aulas práticas de diversas disciplinas do curso de Pedagogia. As atividades práticas são realizadas com crianças da educação infantil, e dos anos iniciais do ensino fundamental. O espaço da Brinquedoteca da FASUL contém jogos pedagógicos, livros infantis, diversos tipos de brinquedos para auxiliar no desenvolvimento das crianças. Conta com professores especialistas em Brinquedotecas para atuar no ambiente, e por possuir especialistas no assunto já proporcionou cursos de formação de Brinquedistas. A Faculdade de FEATI, Faculdade de Educação, Administração e Tecnologia, da cidade de Ibati, possui uma brinquedoteca com o objetivo de auxiliar as práticas pedagógicas dos acadêmicos do curso de pedagogia. Os alunos das escolas de Educação Infantil e de Séries Iniciais do Ensino Fundamental, da cidade de Ibati são convidados para desfrutarem de todas as atividades que fazem parte da Brinquedoteca como: contação de histórias, cantar, dançar, brincadeira com jogos pedagógicos e brincadeiras dirigidas pelas acadêmicas do curso de Pedagogia, pelas professoras das escolas visitantes e também pelos pais que visitarem a Brinquedoteca. São realizado grupo de aproximadamente 30 crianças, para as atividades direcionadas devido ao espaço físico disponível. As crianças que freqüentam a brinquedoteca são acolhidas pelas acadêmicas do curso de Pedagogia para a apresentação do espaço, dos brinquedos e demais materiais disponíveis. Após a apresentação são esclarecidas as regras da brinquedoteca. Os alunos são acompanhados pela professora da escola visitante em todas as atividades desenvolvidas. É estipulado um tempo de duas horas para a permanência das escolas visitantes. As acadêmicas do curso de Pedagogia realizam atividades com as crianças de acordo com a supervisão da coordenadora da Brinquedoteca. A carga horária realizada pelas acadêmicas é considerada como atividades extras, pois as mesmas são solicitadas no Regimento do curso de Pedagogia. A Brinquedoteca FEATI pode ser utilizada pelos professores da Faculdade e do curso do Magistério para realizações de oficinas e estudos. A Universidade Estadual de Londrina possui um programa de extensão Ludotéca na cidade de Londrina para atender a comunidade. Seu público alvo são crianças e préadolescentes na faixa etária entre 4 a 10 anos de idade, de escolas públicas e privadas. A Ludotéca tem como finalidade planejar e executar atividades como: cursos para alunos de graduação que está em formação; cursos para educadores de educação infantil e universidades; oficinas lúdicas para oportunizar a possibilidade de criação e recriação de brinquedos com sucata além de trabalhar com assessoria. A Ludotéca também presta assistência para instituições interessadas em organizar espaços lúdicos como: em hospitais, escolas, universidades e demais espaços educativos que tem como propósito trabalhar o lúdico em seu contexto. As atividades desenvolvidas relacionadas à Ludotéca dão subsídio para a formação profissional de acadêmicos de diversas áreas como: Matemática, Pedagogia, Psicologia, Educação Física e Música. Os acadêmicos vinculados ao programa da Ludotéca participam de grupos de estudos com os supervisores para discutirem sobre a ludicidade no desenvolvimento e na aprendizagem humana, para discutirem sobre questões relacionadas a rotina da Ludotéca e para planejarem as atividades que serão desenvolvidas na Ludotéca. Todas as atividades preparadas para serem desenvolvidas na Ludotéca pelos acadêmicos são discutidas pela supervisão. Assim, percebe-se como são importantes os projetos das Brinquedotecas das faculdades e universidade citadas acima, pois disponibilizam os laboratórios lúdicos para o desenvolvimento de pesquisas referente ao aspecto lúdico, proporciona subsídios para acadêmicos do curso de Pedagogia, dando-lhes a oportunidade de participar do projeto para obtenção de experiência na área do brincar, além de oferecer cursos de capacitações para os professores que se interessam pelo projeto e atendem crianças que não tem oportunidade de brincar em espaços adequados, com diversos brinquedos e jogos educativos. CONSIDERAÇÕES FINAIS A criança necessita de um espaço adequado para realizar suas brincadeiras, porém, o que dificulta essa possibilidade são as diversas formas de moradias existentes nos tempos atuais. Dessa forma, surge a necessidade de um espaço lúdico para que a criança possa se sentir a vontade e ter acesso a diversos brinquedos e jogos. Um ambiente colorido e prazeroso com pessoas que interage em diversas brincadeiras, este espaço é a Brinquedoteca, organizada por profissionais que se identificam com o trabalho. Porém, não existem Brinquedotecas suficientes para o atendimento de crianças. Contudo, é interessante refletir sobre a idéia de Brinquedotecas Universitárias, que além de atender um grande número de crianças, auxiliaria o curso de Pedagogia no desenvolvimento de estudos e pesquisas relacionadas à importância do brincar e a necessidade do espaço lúdico para o desenvolvimento da criança, aperfeiçoando e especializando os futuros profissionais como brinquedistas para atuarem em Brinquedotecas. O levantamento de dados realizados nas Universidades e Faculdades do Estado do Paraná, consta que apenas cinco Faculdades e uma Universidade com o projeto de Brinquedoteca. Dessa forma, é importante a reflexão sobre a importância da criação de Brinquedotecas, pois além de auxiliar a comunidade com um espaço lúdico e estimulador para o desenvolvimento de brincadeiras também dará oportunidade para os acadêmicos do curso de Pedagogia e de outros cursos de vivenciarem experiências lúdicas com as crianças percebendo sua importância no desenvolvimento das mesmas. Embora, o curso de Pedagogia tenha uma grade curricular ampla com diversas disciplinas com a finalidade de formar profissionais habilitados em diversas áreas, seria importante a criação de Brinquedotecas em Faculdades e Universidades para o desenvolvimento e enriquecimento das disciplinas de caráter lúdico na prática, para a oportunidade de realização de pesquisa de extensão e capacitações para a formação de professores. REFERÊNCIAS BRINQUEDOTECA DA FADEP: é referência para projeto. Disponível em: www.fadep.br . Acesso em 10 de out. 2011. BRINQUEDOTECA DE FAFIJAN. Disponível em: www.fasul.edu.br . Acesso em 10 de out. 2011. BRINQUEDOTECA DA FASUL. Disponível em: www.fasul.edu.br . Acesso em 10 de out. 2011. BRINQUEDOTECA DA FEATI. Disponível em: www.feati.com.br . Acesso em 10 de out. 2011. CUNHA, Nylse Helena Silva. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. São Paulo: Vetor, 2001. FACULDADE DE GUAIRACÁ: brinquedoteca moitará. http://www.faculdadedeguairaca.edu.br/ . Acesso em 10 de out. 2011. Disponível em: KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos, brinquedo, brincadeiras e a educação. São Paulo: Cortez, 2007. OLIVEIRA, Vera Barros. O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Vozes, 2000. PROGRAMA BRINQUEDOTECA NA UNIVERSIDADE DE LONDRINA: um espaço sócio-cultural e de atendimento e interação com a comunidade. Disponível em: www.uel.br/projetos/ludoteca . Acesso em 10 de out.2011. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. São Paulo: Vozes, 1997. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. São Paulo: Vozes, 2000.