Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 DURKHEIM & PARETO: REPRESENTAÇÃO AMBIENTAL É DERIVAÇÃO RESIDUAL PARETIANA Thais Helena Medeiros¹ RESUMO O estudo aqui realizado parte das reflexões sociológicas em torno da teoria da representação social de Émile Durkheim e da ação não lógica de Vilfredo Pareto. As argumentações aproximam a derivação residual paretiana da representação ambiental dos movimentos sociais na Amazônia de Santarém e Belterra, área de abrangência da BR 163, no bojo da ambientalização. Nesse sentido, o trabalho é uma revisão bibliográfica das duas teorias sendo abalizada pela realidade social que performa-se na globalização. O trabalho é resultado das leituras e das aulas da disciplina Teoria Sociológica I, ministrada pela professora Marilene Corrêa, no âmbito do Programa de PósGraduação em Sociologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Palavras-chave: Vilfredo Pareto – derivação residual– representação ambiental ABSTRACT The study conducted here departs from sociological reflections around the representation theory of Emile Durkheim and “not logical action” from Vilfredo Pareto. The arguments approach the residual Paretian derivation to the environment representation of social movements in the Amazon region, more specifically Santarém and Belterra. In this sense, the work is a literature review of two theories supported by the social reality that performs through globalization. This work results from readings and lectures of the module Sociological Theory I, taught by Prof. Marilene Corrêa, under the Graduate Program in Sociology at the Federal University of Amazonas (UFAM). Key words: Vilfredo Pareto – sociology – environmental representation ¹ Mestranda em Sociologia (PPGS) pela UFAM, bolsista CAPES. É especialista em ecoturismo, interpretação e planejamento em áreas naturais e graduada em comunicação social, professora e coordenadora do curso de Jornalismo na Faculdades Integradas do Tapajós (FIT). 19 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 I. Representação ambiental: a configuração de uma derivação paretiana Resíduo é tudo aquilo que sobra, é lixo humano. Na natureza o resíduo é a biomassa, o que nas ciências florestais, num plano de manejo, é o que sobra na área antropizada: galhada, raiz, folhas, cascas, serragem (ZARIN et al., 2005). Para Vilfredo Pareto resíduo é “o princípio que existe na mente humana” (PARETO apud PARSONS, 2010 p.251). O autor é apresentado pela primeira vez numa aula de Teoria da Sociologia I, no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Amazonas, ministrada pela professora Marilene Corrêa da Silva, cujo tema central era o mago da sociologia, Émile Durkheim (MEDEIROS, 2011c). O trabalho de Durkheim “resultou na criação de uma indiscutivelmente nova disciplina. Com o nome de sociologia era a antropologia social que também nascia” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1988, p.18). Aquele autor referia-se a Durkheim como o autor das Formas Elementares da Vida Religiosa e a seu discípulo Marcel Mauss. Nas aulas da professora Marilene Corrêa, discursando sobre a estrutura da teoria do fato social, expressão na idéia, mas também na matéria, chegou à noção da representação coletiva. Mesmo que banalizada pelas ciências sociais, explicou que as representações são as soldas históricas que agrupam “valores societais, ideais coletivos, opiniões, representações que a sociedade tem de si mesma, lendas e mitos”. Assim como incorporam as “ideações coletivas, correntes livres efervecentes, valores” (SILVA apud MEDEIROS, 2011d). Enfatiza que entre as regras informacionais dos modelos, crenças coletivas, hábitos (correntes de opinião) numa fricção com as representações coletivas (para alguns autores, é o que permite a compreensão da cultura a partir dessa noção) interpõem-se um “gap incompatível: conflitos de tensão e dissidência aparecem na disfuncionalidade; os impasses e realizações temporais entre eles próprios” (SILVA apud MEDEIROS, 2011d). Ampliando essa noção durkheimiana, a representação coletiva “é o modo pelo qual a sociedade exprime as coisas da sua existência, são representações coletivas que representam realidades coletivas”. Demonstra que é a representação coletiva a “ponte entre subjetivo e objetivo ou ao contrário. Como é que o fato social ao se tornar total inclui dimensões socioculturais da afetividade do sentimento e arte das pulsões” (SILVA apud MEDEIROS, 2011c). As representações coletivas são o produto de uma imensa cooperação que se estende não apenas no espaço mas no tempo também; para fazê-las, uma multiplicidade de espíritos diversos associam, misturam e combinam suas idéias e seus sentimentos; longas séries de gerações acumularam aí suas experiências e sabedorias. (ORTIZ, 1989, p.158). As teorias são como os sujeitos que as elaboram e as praticam: mutantes, dinâmicas. Hoje em dia, sabemos o quanto o sujeito ou a coletividade é rica e complexa em sua valoração nas ações sociais, pois é ele que realiza-a e é quem produz 20 Revista Perspectiva Amazônica a teoria. Com base nessas argumentações, começamos a pensar o socioambiental¹ amparado numa representação ambiental. Carregando simbologias próprias é arrastado pelo discurso da ambientalização em múltiplas dimensões e sob a ótica das mudanças climáticas operadas na turbulência da globalização. De acordo com Silva (2011a; 2011b) e mediada pela teoria de Durkheim, uma instituição pode levar tempo para virar uma representação (apud MEDEIROS, 2011c). Nota-se que as redes societárias na Amazônia agrupam uma pluralidade de grupos singulares que engajam- Ano 3 N° 5 p.19-31 ¹ Como apontou o ISA (2007), socioambiental “se escreve tudo junto”. se na dimensão socioambiental após as dispersões históricas em que estiveram envolvidos, agora, acomodados no caminho inverso das rupturas globalizantes. Assim pensando via teórica durkheimiana, Marilene Corrêa da Silva acaba por trazer a tona científica a teoria de Vilfredo Pareto, ou os resíduos e derivações da ação não lógica, formulado por esse cientista italiano que residiu na França entre final do século XVIII e início do XX. Segundo ela (MEDEIROS, 2011a), o autor foi testemunho esclarecido de mudanças cruciais das sociedades ocidentais européias. E justifica que ao recuperar a centralidade dos modos de examinar as sociedades tornase um bom motivo para revisitar e abordar as ideias que fundamentam o pensamento de Pareto, posto que não é muito visitado pelos cientistas da atualidade. Parsons (2010, p.253), por exemplo, entende que há inconsistência em sua obra social. E continua na mesma seção, que “essa inconsistência aparente é o caminho mais importante para toda uma série de problemas, que embora, é claro, não resolvidos por Pareto, ele, talvez, mais do que qualquer outro teórico social, contribuiu para abrílos”. Não nos cabe neste artigo relativizar as mazelas desse ostracismo e nem (des)considerar o autor da teoria dos resíduos mentais. Aqui, o que nos cabe, primeiro, é compreender a ação social lógica e não lógica. Esta última é o que nos aproxima de Pareto em seus resíduos e derivações os quais iremos correlacioná-las as representações ambientais, de origem teórica em Durkheim (SILVA, 2011.). Dessa forma, “os fenômenos sociais se apresentam, para Pareto, segundo as formas mutantes, manifestadas por ideologias, os costumes, as representações coletivas, em suma, pelos sistemas simbólicos”. Ele divide os fenômenos sociais em dois pontos de vistas: o objetivo e o subjetivo. Para o teórico social, “o aspecto subjetivo é a forma pela qual o espírito humano representa os fenômenos, representação geralmente deformada, ao passo que o aspecto objetivo é o feito real, constante, imutável” (SILVA apud MEDEIROS, 2011b, p.01). Uma primeira constatação mostra que as ações sociais podem ser distinguidas em duas grandes categorias: as ações lógicas “que são ao menos na sua parte principal, o resultado dos raciocínios”; as ações não lógicas que “provêm principalmente de um certo estado psíquico: sentimentos, subconsciente, etc.” (SILVA, 2011A, p.02). Considerava que “o conjunto das ações humanas não são lógicas”. E para situá-las “o método lógico-experimental as constata e permite distinguir as ações lógicas das não lógicas que são constituídas pelas derivações dos resíduos” (SILVA, 2011b). Parsons aponta que a ciência paretiana “é mais bem caracterizada pelo termo 'lógico- 21 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 experimental'”. Nos “dois elementos essenciais envolvidos, o raciocínio lógico e a observação do fato”, o primeiro, “é por si só incapaz de produzir os resultados necessários além de tautologias, mas, apesar disso, é um elemento essencial. No entanto, ele é considerado como sendo subordinado ao outro elemento, isto é, o fato experimental ou observado” (PARSONS, 2010, p.233). Pareto associa o objetivo ao conhecimento do cientista pois mais extenso e o subjetivo é o do ator. Parsons, no entanto atenta que o subjetivo “é implicitamente incluído em sua definição de ação lógica: “designamos por ações lógicas aquelas operações que estão logicamente ligadas até seu final, não apenas do ponto de vista do sujeito que desempenha as operações, mas também para aqueles que têm um conhecimento mais extenso” (PARETO apud PARSONS, 2010, p.239). A professora Marilene Corrêa as introduz como sendo “aquelas que utilizam de meios apropriados ao objetivo e unem logicamente os meios aos objetivos”. E Parsons (2010) insere que em Pareto “a ação é lógica na medida em que ela se adéqua a um certo tipo de norma” (p.244). Neste estudo, o relevante é a categoria correlata da ação não lógica, e que por sua vez “não é definida positivamente e sim residualmente”. Silva (2011a e 2011b) nos atentou que Pareto preferia as ações não lógicas. Parsons (2010, p.245) corrobora ao afirmar que o teórico social abstraiu as lógicas e estudou “intensivamente a ação não lógica”. Ele começa afirmando a seguinte antítese: “As ações não lógicas são, pelo menos em seu elemento principal, o resultado de um processo de raciocínio; as ações não lógicas se originam principalmente de certo estado psíquico (etát psychique) de um sentimento, do inconciente, etc. É tarefa da psicologia interessarse por esse estado mental” (PARSONS, 2010, p.245). “Pareto diz que as não lógicas circulam entre nós como lógicas, revestidas de capas, máscaras”, salientou Marilene Corrêa. E a professora de sociologia (hard sociology) vai mais longe ao introduzir que quanto mais complexa a sociedade mais máscaras e derivações (MEDEIROS, 2011a). As ações não lógicas remetem à parte obscura da natureza humana que é feita de instintos, pulsões, de necessidades, denominadas por Pareto de resíduos, porque eles variam segundo os indivíduos e as civilizações. Sobre estes resíduos vêm-se grafar as derivações, quer dizer as ideologias, as construções pseudo-racionais que são as auto-justificações. A potência das ideologias e das crenças têm aí um esclarecimento como causa das ações não lógicas. Os atos não lógicos tem a vantagem da paixão, daí serem mais freqüentemente encontrados em ações não racionais na política com as conseqüências jurídicas que lhe podem resultar. Esta é a causa das derivações, que são os meios verbais utilizados pelos indivíduos e os grupos para justificarem suas ações e dar-lhes uma lógica, lógica que não necessariamente existe mas que é uma camuflagem psicológica (SILVA, 2011b, destaque do original). Marilene Correa ensina que os resíduos imprimem uma marca e que podemos encontrá-los quanto mais atrás no tempo, isolado, prolongado no tempo: como medicina grega, romana (antiga), ritos cerimoniais mágicos, práticas estamentais (religiosas, militares), estruturas do imaginário. Ao contrário das ações sociais, os resíduos são 22 Revista Perspectiva Amazônica imóveis, fixos, são como as pré-noções (SILVA apud MEDEIROS, (2011a). Ano 3 N° 5 p.19-31 Os resíduos são o que fica quando se evita a camuflagem psicológica que é a racionalização do não lógico. Há, segundo Pareto, seis classes de resíduos que correspondem à dois comportamentos fundamentais: o comportamento de conservação, o espírito de ordem e de estabilidade, a conformidade, de uma parte, e o comportamento de inovação, o espírito de criação, de desenvolvimento ou de renovação, de outra parte. O jogo social dos resíduos e das derivações formam as elites existentes em toda sociedade hierarquizada; as elites que conhecem a mobilidade, e que desaparecem nas sociedades hierarquizadas que são mortais (SILVA, 2011b). Pareto mexe com as estruturas mentais humanas para teorizar os sentimentos em resíduos. Parsons (2010, p.251) demonstra que, quando traçava seu esquema residual, atribuiu para resíduo “o princípio que existe na mente humana”; e para derivações “a explicação, as deduções a partir desse princípio”. “Antes de ir adiante talvez valha a pena dar nomes as entidades a, b e c; pois designá-las apenas por letras do alfabeto confundiria a exposição e a tornaria menos clara. Por esse motivo, a exclusão de todos os outros, chamaremos de a de resíduo, b de derivações e c de derivativos”. Esta é a única definição explícita de resíduos e derivações que Pareto nos dá. É evidente, sem sombra de dúvida, que eles são elementos das teorias não científicas (PARSONS, 2010, p.251-252, grifos do autor). Como a teoria social de Pareto pode reforçar, ampliar, ilustrar, interpretar através dos conceitos chaves esta especificidade de fatos, processos e fenômenos que é o movimento ambiental² na Amazônia? Pelas diferenças e desigualdades? Ou pelos modos de inserção na sociedade, nesta realidade global, mas ao mesmo tempo nacional, em seu sistema econômico onde, a priori deve oferecer acesso aos bens promotores de cidadania? Ou pelas relações sociais e políticas personificadas em representações ambientais? II. Socioambiental e globalização: as derivações paretianas chegam na Amazônia contemporânea ² Neste artigo, considerou-se movimento ambiental as ações que historicamente estão situadas no desencadeamento das preocupações ambientais mundiais que datam a partir da década de 60 (WORSTER, 1991). DIAS (1994, p.32) aponta que em 1960, “surge o ambientalismo nos Estados Unidos”. “O mundo esta uma correria, e está chegando perto do fim” – assim falou um certo arcebispo Wulfstan, num sermão proferido em York, no ano de 1014. É fácil imaginar os mesmos sentimentos sendo expressos hoje (GIDDENS, 2010, p.13). A cena que nos remete essa realidade acima está muito longe da ontológica modernidade e mais alterada ainda dessa contemporaneidade. Em meio às intersubjetividades, a sociologia como uma ciência nascida moderna deve inaugurar uma sociologia amazônica. Poderíamos nos inspirar no tripé economia, social e ambiental como propõe o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa/ São Paulo (INSPER), Eduardo Giannetti da Fonseca (MOREIRA, 2011). Na Amazônia, total ou parcial, como na de Santarém e entorno, esse momento epistemologicamente turbulento entre ciências naturais, sociais e humanas deve nortear- se nas dimensões 23 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 destacadas, oportunizando geração de conhecimentos científicos a serem empregados em negócios sustentáveis num “novo padrão produtivo e tecnologias avançadas” (BNDES, 2010, p.136-203). Não cabe mais a ciência ficar debatendo em quais categorias, noções ou conceitos apoiar-se, vivendo essa realidade avassaladora. A ciência, tecnologia e inovação devem subsidiar as três dimensões indossociáveis na Amazônia para a vida Planetária. Nesse espaço que se acaba no tempo, onde tudo é muito rápido, a cultura e seu modo de vida singular da Amazônia sai do lugar, desloca-se sob nossos movimentos. Mas, para manter-se em pé com o todo planetário contraria o global enriquecendo o local. Entrementes, a mudança é contínua, desafiadora, dolorosa e vigilante, onde o intervalo de tempo é quebrado pela instantaneidade da comunicação e informação. Sob o “impacto da ciência, da tecnologia e do pensamento racional”, na convergência da religião e dos dogmas que substituíram uma visão mais racional da vida, a “cultura industrial ocidental foi tomada pelo Iluminismo”, (GIDDENS, 2010, p.13). É o mesmo autor que reflete a seguir que o mundo em que nos encontramos hoje, no entanto, não se parece muito com o que eles previram. Em vez de estar cada vez mais sob nosso comando, parece um mundo em descontrole. Além disso, além das influências que, supunha-se antes, iriam tornar a vida mais segura e previsível para nós, entre eles o progresso da ciência e da tecnologia tiveram, muitas vezes, o efeito oposto. A mudança do clima global e os riscos que a acompanham, por exemplo, resultam provavelmente de nossa intervenção no ambiente. A ciência e a tecnologia estão inevitavelmente envolvidas em nossas tentativas de fazer face a esses riscos, mas também contribuíram para criá-los (GIDDENS, 2010, p.13-14). Nesse mundo em descontrole sugestionado por Giddens, podemos utilizar a teoria residual de Vilfredo Pareto para uma compreensão do discurso do desenvolvimento sustentável. Enxergá-lo pela veia conflitante das dimensões econômicas, sociais e ambientais em suas representações ambientais dominantes como o são governo, as ciências socioambientais, o empresariado, o movimento ambiental e, principalmente, pelo movimento social e as suas práticas ambientais. É nesse bojo social que está representada o que Ianni (2011) desperta para noção da globalização, quando se “rompe e recria o mapa do mundo, inaugurando outros processos, outras estruturas e outras formas de sociabilidade, que se articulam ou impõem aos povos, tribos, nações e nacionalidades” (p.01). Na verdade, as preocupações ambientais no mundo começam com o impacto do aumento da população e converge com o ápice da industrialização e do estabelecimento do sistema econômico vigente. Dias (1994, p.27) aponta que em 1825 “a população humana sobre a Terra chega ao seu primeiro bilhão de habitantes”. No Brasil, as preocupações com o meio ambiente datam do ano de 1542, 24 quando na Carta Régia “estabelece normas para o corte de madeira e determina punições para os abusos que vem sendo cometidos”. Worster (1991) escreve que a “história ambiental começou a surgir na década de 1970”, no crescimento dos eventos internacionais da “crise global” que Revista Perspectiva Amazônica desenrolavam os movimentos ambientalistas entre os cidadãos de vários países”, junto com a ”reavaliação e reforma cultural, em escala mundial” (p.199). Assim, Lima & Pozzobon (2001) acrescentam que a “construção do modelo ambientalista” resulta de reflexões “sobre as raízes éticas e ideológicas” dessa questão colocando em discussão “o modelo de desenvolvimento capitalista, questionam o lugar da espécie humana na natureza e sua responsabilidade pelo futuro da biosfera. Esta autocrítica era, até recentemente, impensável” (p.2). A efetivação das práticas socioambientais na cena brasileira é mais incisiva a partir da Rio 92³, colocando em cena a noção do desenvolvimento sustentável. Compactua-se com as idéias postadas em Lenzi (2006) que, a despeito das problemáticas conceituais do fenômeno, “recusar a utilidade do 'desenvolvimento sustentável' como um conceito analítico, ou com sua atratividade como conceito normativo, em nada compromete sua popularidade e importância como conceito político” (LAFFERTY; LAGHELLE apud LENZI, 2006, p.92-93). E mais na frente, Lenzi interpreta Skirbekk (1994a) quando o aborda que “logo na introdução, explica-se que a sustentabilidade, devido sua complexidade, requer uma visão Ano 3 N° 5 p.19-31 ³ Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro entre 03 e 14 de junho de 1992. Popularizou-se como Rio-92. Vinte anos depois, acontecerá a interdisciplinar”. E, citando Jacobs, “nenhum conceito de proteção ambiental é capaz de evitar juízos de valor”, daí configurar que também a “sustentabilidade é um conceito ético” (LENZI, 2006, p.94). Na discussão de modelos de desenvolvimento para a Amazônia, pela sua importância socioambiental para o Planeta, Diegues (1996) insere que ao invés de se discutir qual o “desenvolvimento sustentável” mais adequado para a região, deveriam ser questionados quais são os modelos de “sociedades sustentáveis” mais apropriados para a Amazônia baseados na diversidade de ecossistemas regionais e locais, e na imensa diversidade social e cultural aí existente (DIEGUES, 1996, p.12). Assim, via decisões e pressões ambientais de cunho internacional, o Brasil em seu Ministério do Meio Ambiente, reformula as leis, institucionaliza o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), cria Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) para implementar as diretrizes ambientais, dividindo o então Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Dessa política, configura-se o mosaico de sustentabilidade do Distrito Florestal da Br 1634, envolvendo a área que já mencionamos acima. E a experiência mais nova dessa vertente é o Plano Amazônia do BNDES (2010), apoiando projetos voltados para o combate ao desmatamento e ao desenvolvimento social. Hoje, na premência da Rio+20, de uma crise do sistema financeiro eminente, ⁴Sobre o Distrito Florestal da BR 163 consultar ; www.sfb.gov.br; www.icmbio.gov.br existe uma preocupação em estabelecer-se uma dialogicidade entre os setores envolvidos da sociedade civil organizada. O distrito é um indicador de que o Governo Brasileiro adotou uma postura privilegiando encontros entre atores sociais propondo esse diálogo (ESCOBAR, 2005). Na área do município de Santarém, por exemplo, muitas das centenas das comunidades e suas representações sociais estão inseridas em unidades de conservação como as Reservas Extrativistas, os Projetos de 25 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 Assentamentos Agroextrativistas dos Governos Federal e Estadual exercendo uma pressão representativa, apesar do processo ser ainda conflituoso e lento, característica de sistemas coloniais e capitalismo (SCHWEICARDT, 2010). Corroborando para a emergência de novas posições políticas e econômicas, Ianni (2001) especula que o “sistema mundial emergente requer uma perspectiva holística no que se refere ao futuro desenvolvimento mundial: tudo parece depender de tudo, devido a trama das interdependências entre as partes e o todo” (p. 82). Foi nessa formação social –e temos que dizer, em busca desse novo modelo de trocas econômicas em sistemas financeiros– singular de representação socioambiental que, tanto a representação coletiva durkheimiana quanto os resíduos de Pareto se encaixam. Resíduo enquanto correspondente ao comportamento fundamental do sentido de sobrevivência, de preservação e mais do que tudo de conservação da vida planetária, dos recursos naturais e humanos. As estruturas mentais do comportamento humano estão em descompasso das atuais estruturas das instituições sociais. O espírito de uma nova ordem e estabilidade econômica e financeira sustentável começou mundial e se globalizou, mas antes de tudo localizou. Um espírito que, entre outros, é mediado através de documentos como as Metas do Milênio e tantos outros de âmbito internacional e nacional, estadual e municipal. Metas para atender ao crescimento populacional mundial e aos anseios de equidade da humanidade de exterminar a pobreza; o analfabetismo; a inclusão feminina e de todos excluídos e a margem do mundo, a mortalidade infantil; combate as doenças viróticas e bacterianas; ao desmatamento ou sustentabilidade ambiental (CELENTANO & VERÍSSIMO, 2007). Todas essas temáticas se agrupam para formar um sentimento comum na construção de uma sociedade mais justa e ecologicamente mais sustentável derivando uma representação coletiva expressa em representação ambiental. Antes dos resíduos explodirem em derivações, através das representações socioambientais pela ambientalização (LEITE, 2004), há um rompimento generalizado dos sentimentos individuais em coletivos. Solidariedade, inclusão, socialização são noções e sentidos que se mesclam “aos usos e costumes da socialidade de base” na intersecção dos conhecimentos de sustentabilidade, trazidos no bojo daquela ambientalização pela ação das organizações não governamentais aos conhecimentos locais. É uma “sutil ligação existente entre a preocupação presente, a vida quotidiana e o imaginário, em uma palavra, a estética, entendida aqui em seu sentido mais amplo: o da empatia, do desejo comunitário, da emoção ou da vibração comum” (MAFFESOLI, 1995, p.11). Um dos pontos fundamentais nessas representações é o componente da educação ambiental. Nessas interconexões comportamentais numa nova postura de atitudes é o que move as 26 interações intersubjetivas e comunicativas entre pessoas com diferentes concepções de mundo e relações cotidianas com o meio Revista Perspectiva Amazônica natural construído; características de vida social e afetiva; acesso a diferentes produtos culturais; formas de manifestar as suas idéias; conhecimento e cultura; dimensão de tempo e expectativas de vida; níveis de consumo e de participação política que poderemos estabelecer diretrizes mínimas para a solução dos problemas ambientais que preocupam a todos (REIGOTA, 1998, p.28). Ano 3 N° 5 p.19-31 A BR 163, é uma das porta de entrada via Cuiabá a Amazônia Brasileira, mais precisamente Santarém. E tem como mote de sua pavimentação o transporte da produção do agronegócio matogrossense, culminando no porto Graneleiro da Cargill, tendo ao seu lado a Docas do Pará que subsidia o embarque da exploração madeireira constituída. Todos, nesse entorno, vivem em clima do conflitos da ordem agrária, mexendo com os territórios de significação simbólicos, de povos indígenas, assentados, migrantes e dos habitantes de origem ou descendências indígenas. Nessa pluralidade de atores sociais, o movimento ambiental é responsável pela propulsão das noções de sustentabilidade que em seu bojo trouxe as grandes discussões em torno do desenvolvimento sustentável (LENZI, 2006; LEFF, 2001). Muitos desses movimentos sociais na Amazônia foram movidos por esses encontros etnográficos até se constiruírem uma representação socioambiental própria. Buscam pelo “(re)posicionamento identitário em 'autodefinição' e territorial em 'terras tradicionalmente ocupadas'” na Amazônia (ALMEIDA, 2008). “Estamos em pleno envolvimento com as novas práticas” sobressaíndo um “espírito de ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo”. “Os movimentos sociais buscam a integração com os demais setores da economia para se sobrepujarem da marginalidade impondo de certa forma a entrada nos mercados, o direito a participarem dos processos de desenvolvimento”. “Lento, muitas vezes desolador” mas com uma socialização” (MEDEIROS, 2011, p.05). Na contramão do processo da globalização, a localidade busca-se nessas particularidades, envolvendo-se nas associações e cooperativas comunitárias. Os resíduos na Amazônia “estão mais próximos”, também “expressam a linguagem dos grafismos, arte plumária, combinacão de cores, com os sons e ruídos da floresta” (SILVA apud MEDEIROS, 2011a). Enfim, resíduos e derivações são aqueles sentidos que percebemos através da lente ecológica discursiva imbutida nas relações sociais e que performam as representações ambientais. Marilene Silva e Parsons levam-nos a especular que Vilfredo Pareto mexe com os sentimentos, sentidos mais profundos do ser humano, e que o relaciona com o mundo mitológico da natureza humana e sua ação no mundo natural e social na Amazônia. III. Para finalizar Essa residualidade de sobrevivência planetária e suas derivações ambientais nos remetem a relativização da premência da construção de um novo modelo de desenvolvimento calcado num paradigma que possa emergir no bojo da sociedade (SANTOS, 2002). Os resíduos podem muito bem se relacionar com as tradições na Amazônia, em suas estranhas entranhas, mesmo que sejam inventadas ou 27 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 (re)inventadas. E elas estão expressas nas tendências, nos canais configurados pelas derivações, sustentando uma particularidade de origem geográfica que é inegável (MEDEIROS, 2011). E é isso mesmo que as tornam representações sociais únicas! Para vivenciarmos uma economia verde, sociedade e tecnologia em prol da diversidade ecológica natural e humana, como num “Vale do Silício”, “comercializando serviços ambientais”, devemos postular a agroecologia em produção local e para o local. Do ponto de vista ambiental, “tem um lado benéfico porque ninguém fica pensando em agronegócios, mas sim fortalecendo biotecnologia e tecnologia capacitando e qualificando mão de obra e gerando emprego” naquela que tem por origem a verdadeira vocação florestal (SCANNAVINO FILHO apud BNDES, 2010, p.182-183). Assim como tem grande vocação epistemológica, conhecimento aqui é concebido em mão dupla, como diria Da Mata (1978) transformando o “exótico no familiar” e o “familiar no exótico”. “E, em ambos os casos, é necessário a presença dos dois termos (o que representam dois universos de significação) e, mais basicamente, uma vivência de dois domínios por um mesmo sujeito disposto a situá-los e apanhá-los” (DA MATA, 1978, p.28; apud MEDEIROS, 2011, p.13). A poesia dessa biodiversa Floresta do Trópico Úmido deve oportunizar a geração de riqueza, emprego e renda a seus povos. Com o aumento da população mundial temos que priorizar as dimensões sustentáveis e eliminar a pobreza e a fome. Há muito que se investir em energia e alimento para todos, mitigando e minimizando os efeitos das mudanças climáticas que seguem planetária. O que salvará a floresta não é a tecnologia de uma engenharia ultrapassada, mas as tecnologias da biotecnologia, da nanotecnologia, dos modelos científicos de mudança climática. São as tecnologias de aferição da química da atmosfera, de aferição das novas perspectivas para a hidrologia. Quando pensamos a Amazônia locomovendo-se com canoas, esquecemos a possibilidade de utilizar o setor aeroviário brasileiro ou de pensar em novas tecnologias de transporte (Marilene Corrêa da Silva apud BNDES, 2010, p.155). Referências ALMEIDA, Alfredo Wagner 2008 Terra de quilombo, terras indígenas, “babaçuais livre”, “castanhais do povo”, faixinais e fundos de pasto: terras tradicionalmente ocupadas. 2.ª ed. Manaus: PGSCA–UFAM, 2008. Disponível em www.novacartografiasocial.com/arquivos/publicacoes/livro_terrasOcupadas.pdf. Acesso, 06 de abr. 2011. BNDES 2010 Um novo olhar sobre a Amazônia. Carro ou canoa? Índios ou operários? Qual o valor da floresta? In: Amazônia em debate: oportunidades, desafios e soluções. Rio de Janeiro: BNDES. 28 BOURDIEU, Pierre 2007 A identidade e a representação. Elementos para uma reflexão crítica sobre a idéia de região.In: O poder simbólico. Tradução de Fernando Tomaz. 10ª ed. Rio de Janeiro: Editora Bertrand. Arquivo digital. Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto 1988 Tempo e tradição: interpretando a antropologia. In: CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: CNPq. DA MATA, Roberto 1978 O ofício do etnólogo, ou como ter “Anthropological Blues”. In: NUNES, E. O. A aventura sociológica: objetividade, paixão, método e improviso na pesquisa social. Rio de Janeiro: Zahar. DIAS, Genebaldo Freire 1994 Educação Ambiental, princípios e práticas. 6ª ed. Revisada e ampliada. São Paulo: Editora Gaia. DURKHEIM, Émile 2002 Sociologia da religião e teoria do conhecimento [1912]. In: RODRIGUES, José Albertino (org.) Durkheim. Trad. Laura Natal Rodrigues. 9° ed. São Paulo: Atica (Coleção Grandes Cientistas Sociais). ESCOBAR, Arturo. 2005 Depois da Natureza: passos para uma ecologia política antiessencialista, 2005. In: PARREIRA, Clélia & Héctor ALIMONDA (Orgs.). Políticas Públicas Ambientais Latino-Americanas. Brasília: Flacso-Brasil Editorial Abaré. GIDDENS, Anthony 2010 Mundo em descontrole, Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. 7ª ed. Rio de Janeiro: Record. 1991 As conseqüências da modernidade. Tradução de Raul Fiker. São Paulo: Editora UNESP (Biblioteca básica). HARVEY, David 2010 Condição pós-moderna. Tradução Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. 19ª ed. São Paulo: Edições Loyola. IANNI, Octávio 2011 As ciências sociais na época da globalização. Arquivo digital. 2001 Teorias da Globalização, 9ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL -ISA 2007 Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo. CELENTANO, Danielle & VERÍSSIMO, Adalberto 2007 A Amazônia e os Objetivos do Milênio. Belém: Imazon. LEFF, Enrique 2001 Epistemologia ambiental. Tradução de Sandra Valenzuela. Revisão técnica de Paulo Freire Viana.São Paulo: Cortez. LEITE LOPES , José Sergio et al. 2004 A ambientalização dos conflitos sociais. Rio de Janeiro: Relume Dumara, Nucleo de Antropologia da Política / UFRJ. LENZI, Cristiano Luis 2006 Sociologia ambiental: risco e sustentabilidae na modernidade. Bauru: Edusc. MAFFESOLI, Michel 1995 A contemplação do mundo. Porto Alegre/ RS: Artes e Ofícios Editora. 29 Revista Perspectiva Amazônica Ano 3 N° 5 p.19-31 MEDEIROS, Thais Helena 2011 Arte de pesquisar, (Re)visitando experiências passadas. Artigo de conclusão da disciplina Metodologia das Ciências Cociais, do Mestrado de Sociologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). 2011a Fichamento da aula de 08 de abril. Disciplina Teoria Social em Pareto e Guidens, Marilene Corrêa da Silva. UFAM/ PPGSCA: Semestre I. 2011b Fichamento da aula de 29 de abril. Disciplina Teoria Social em Pareto e Guidens, Marilene Corrêa da Silva. UFAM/ PPGSCA: Semestre I. 2011c Fichamento da aula de 04 de abril. Disciplina Teoria Sociológica I, Marilene Corrêa da Silva. UFAM/ PPGSCA: Semestre I. 2011d Fichamento da aula de 28 de março. Disciplina Teoria Sociológica I, Marilene Corrêa da Silva. UFAM/ PPGSCA: Semestre I. 2008 Potencial da produção de artefatos de mercado como ferramenta de utilização racional da floresta no desenvolvimento local. Dissertação de especialização. Lavras: UFLA, Departamento de Educação Física, Pós-graduação Lato Sensu em Ecoturismo, Interpretação e Planejamento de Atividades em Áreas Naturais. MOREIRA, Pedro 2011 Para Eduardo Giannetti, PIB tem de levar em conta custos ambientais. D i s p o n í v e l e m http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/nossomundo/19,997,3316606,ParaEduardo-Giannetti-PIB-tem-de-levar-em-conta-custos-ambientais.html, Acesso em 06 de Abr. 2011. ORTIZ, Renato 1989 Durkheim: um percurso sociológico. In: DURKHEIM, Émile (1989). As regras elementares da vida religiosa. Tradução Joaquim Pereira Neto. Paulus, Sociologia e Religião, São Paulo. PARSONS, Talcott 2010 Vilfredo Pareto, I: a metodologia e o esquema analítico principal. In: A estrutura da ação social: um estudo de Teoria Social com especial referência a um grupo de autores europeus recentes. Vol. 1. Marshall, Pareto, Durkheim. Rio de Janeiro: Editora Vozes. REIGOTA, Marcos 1999 A floresta e a escola: por uma educação ambiental pós-moderna. São Paulo: Cortez. 1998 Meio ambiente e representação social. 3ª ed. São Paulo: Cortez (Questões de nossa época). SILVA, Marilene Corrêa 2011a Pareto e a questão social: elementos para uma discussão acerca dos sistemas de solidariedade (Texto pos doc). Arquivo digital. Manaus. 2002b Visão geral da sociologia de Pareto (Texto pos doc), 2011. In: Relatório de Pós Doutorado à CAPES. Paris, 359pp. Arquivo digital. 30 SANTOS, Boaventura de Sousa 2000 Epistemologia das estátuas quando olham os pés: a ciência e o direito na transição paradigmática [parte I, capítulo 1 : Da ciência moderna ao novo senso comum]. In: A crítica da razão indolente. Contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez. Revista Perspectiva Amazônica WORSTER, Donald 1991 Para fazer história ambiental. Tradução por José Augusto Drummond do original Doing environmental history (1988). Vol.4, N°8. Rio de Janeiro: Estudos Históricos, p. 198·215. Disponível em www.bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/download/2324/1463. Acesso em 06 de Abr. 2011. Ano 3 N° 5 p.19-31 ZARIN, Daniel. J. et al. (Orgs.) 2005 As florestas produtivas nos neotrópicos: conservação por meio do manejo sustentável? Traduzido por Rutecleia Portilho Zarin e Patricia Delamônica Sampaio. São Paulo: Peirópolis, Brasília: IEB- Instituto Internacional de Educação do Brasil. 31