Área Temática: Marketing – Responsabilidade Social e Lealdade. Título: Ações de responsabilidade social e os reflexos de Lealdade e Atitude no consumidor de Supermercados na cidade de São Paulo. Autoria: Edward Robinson Marin, Fernando M. Roncal Pajares 1. RESUMO As ações de responsabilidade social praticada pelas empresas realmente impactam a lealdade e atitude dos consumidores? Um estudo com supermercados e hipermercados da cidade de São Paulo propõe avaliar as ações praticadas pelas redes de varejo e seu reflexo na lealdade dos consumidores. Para isso, aplicamos um questionário dividido em duas partes: a primeira baseada na escala desenvolvida por Bearden e Netmeyer (1999) que avalia as hipóteses de responsabilidade social e a segunda, uma adaptação da escala proposta por Oliver (1999), que estuda o efeito da lealdade retribuída pelos consumidores a partir da percepção da aplicação de ações de responsabilidade social por parte destas organizações. A metodologia foi estruturada com base em uma analise descritiva quantitativa e os dados coletados através de questionários com 45 questões incluindo-se dados demográficos de renda, idade, escolaridade, estado civil, freqüência de visitas, supermercados mais freqüentados e a média de gastos. Para qualificação das respostas, optamos pela utilização de escala de LIKERT, com seis e com cinco pontos. O resultado foi analisado através de avaliação estatística fatorial e regressão linear. A amostra utilizada tem característica de conveniência e não probabilística, com 208 respondentes ao questionário disponibilizado em site de pesquisa na Internet. Os resultados apontaram fundamentalmente que a composição de ações de responsabilidade social agrupadas em fatores denominados “ética” e “consciência” são os mais importantes e que indica um forte efeito de lealdade na reciprocidade por parte dos consumidores estudados. Palavras-chave: Responsabilidade Social, Atitude dos consumidores, Lealdade 2. INTRODUÇÃO A Responsabilidade Social Empresarial- RSE tem se tornado parte do cenário na comunidade empresarial. Diante da falência do modelo de Estado responsável por todas as necessidades da sociedade, outros agentes da sociedade vêm assumindo o papel de garantir condições para que a sociedade se desenvolva dentro de padrões mínimos de qualidade de vida, principalmente nos países subdesenvolvidos. Ao mesmo tempo tornou-se mais intenso o posicionamento de empresas sustentado em iniciativas sociais como fator de diferenciação. Tal procedimento busca associar o mote da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade com a imagem corporativa, aproveitando a onda positiva da preservação ambiental e da solidariedade com as comunidades menos favorecidas. (MORETTI, 2008). O movimento da RSE tornou-se consenso na última década gerando tanto na sociedade quanto nas empresas, pressão para um relacionamento mais ético e transparente com o cidadão, respeito ao meio ambiente além de outras ações voltadas à sociedade (PEREZ, BACHA, 2006) significando por um lado a oportunidade das empresas se fazerem perceber atuando com finalidade publica (QUEIROZ, 2000). A partir da constatação de que muitos problemas sociais e ambientais são atribuídos às empresas e que esta questão se reflete na disposição para o consumo, ações de cunho social e ambiental entraram definitivamente para agenda das decisões estratégicas de marketing das empresas. Segundo Sharlach, J. (1993), da Universidade de Nova York, os incentivos fiscais, que poderiam estimular as empresas a implementar ações de responsabilidade social, não são tão 1 vantajosos no Brasil, como nos Estados Unidos ou na Europa. Contudo, levando-se em consideração que atualmente das 100 maiores economias do mundo, 51 são corporações de alcance global e somente 49 são países, a implementação de projetos de responsabilidade social são latentes. As empresas precisam observar a sociedade em que estão inseridas como mais um público de interesse, encontrando soluções conjuntas e benéficas para ambos. Somente desta forma teremos a formação de uma sociedade economicamente próspera e sustentável. Porter, Kramer (2003), afirmam que as ações de responsabilidade social da empresa devem gerar benefícios importantes para a sociedade e agregar novas frentes para o negócio. De acordo com essa abordagem, a RSE, não consiste apenas em realizar boas ações ou fazer o que é certo; ela se torna uma vantagem competitiva para a empresa, uma fonte de inovação e oportunidade. Os estudos do comportamento do consumidor, especificamente a respeito do tema “atitudes” e sua influência nas decisões de compra vêm gerando pesquisas que mostram como funcionam fontes de informações e suas reações, podendo significar redução dos esforços estratégicos e decisórios das empresas. Perez, Bacha (2006), mostraram que tarefas socialmente responsáveis são para as empresas oportunidades importantes de fidelização dos consumidores. Para os mesmos autores, esses estudos mostram um consumidor com consciência e sensibilidade que questiona a produção, a comunicação em massa, as técnicas de marketing, a periculosidade dos produtos colocados no mercado, a qualidade dos produtos e serviços e, entre outros, a sustentabilidade das relações sociais e ambientais. Além disso, assim como é possível que consumidores usem as informações de responsabilidade social corporativa para inferir na qualidade do produto, as atividades de responsabilidade social também podem influenciar direta e indiretamente a intenção de compra. Sobre novos produtos, sabe-se também que, na escassez de informações técnicas sobre o mesmo, ou quando a informação sobre o novo produto não é muito clara, os consumidores tentam avaliá-lo baseado nas informações de responsabilidade social. Se o consumidor avalia positivamente/negativamente as atividades de responsabilidade social, será inferido que o produto tem uma maior/menor qualidade (VOTAW, 1983). O objetivo principal do trabalho é avaliar os níveis de atitude e lealdade dos consumidores frente às ações de responsabilidade social praticadas pelos supermercados e hipermercados na cidade de São Paulo. Por meio de uma pesquisa quantitativa envolvendo uma amostra por conveniência com questionários submetidos a 208 consumidores e freqüentadores destes centros de compras, buscamos avaliar seu comportamento e atitudes em relação às ações de responsabilidade social, bem como o grau de lealdade gerado no relacionamento entre as empresas e os clientes e consumidores. Com tanta exposição do conceito de responsabilidade social, pressão sofrida por outros agentes e o encantamento que os benefícios concedidos às empresas que atuam socialmente podem trazer aos seus negócios é possível questionar: em que medida a atuação social de uma empresa pode se ligar à sua estratégia? O objetivo específico é identificar quais dimensões das ações de responsabilidade social por parte das redes de supermercados mais contribuem para a resposta de lealdade dos consumidores, assim como verificar a influência do construto da atitiude em relação à satisfação. Ademais a proposta é também, ampliar o nível de conhecimento em relação ao comportamento dos consumidores e principalmente, como as empresas estão tratando o tema RSE em suas estratégias de atuação social visando obter resultados positivos nos balanços e garantir retorno financeiro aos acionistas. A organização do trabalho está feita de forma a oferecer a seguir um referencial teórico sobre o tema, a metodologia aplicada à pesquisa, os resultados obtidos e as conclusões e recomendações finais. 2 3. OBJETIVOS E HIPOTESE DE ESTUDO Como objetivo geral do artigo, propomos avaliar a atitude e satisfação dos consumidores em relação às ações de responsabilidade social dos supermercados da cidade de São Paulo e como objetivo específico estabelecemos a proposta de identificar quais dimensões das ações de responsabilidade social por parte da rede de supermercado da cidade de são Paulo mais contribuem para a resposta de lealdade dos consumidores e verificar a influência do construto da atitiude em relação à satisfação. As hipóteses propostas visam responder se as ações de responsabilidade social praticadas pelos supermercados e hipermercados da cidade de São Paulo influenciam positivamente à intenção de compra dos consumidores? Ou ainda, as ações de responsabilidade social praticadas pelos supermercados na cidade de São Paulo refletem efeitos de lealdade nos consumidores? 4. REFERENCIAL TEÓRICO Responsabilidade Social Empresarial - RSE O assunto de responsabilidade social vem se disseminando como prática nas ações estratégicas das empresas. A busca pela excelência por parte das organizações intensifica ações com objetivos voltados à qualidade na relação com consumidores bem como a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Estas novas práticas de gestão empresarial reforçam o compromisso das empresas a ultrapassar as demandas com os sócios ou acionistas, de lucratividade e, por parte dos clientes, com produtos de qualidade, preço e marcas adequados. O mercado passa a exigir ainda mais, como responsabilidade com funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, comunidade e meio ambiente. A responsabilidade transformou-se então em estratégia, ou seja, espera-se que as empresas retornem à comunidade, parte dos lucros obtidos nos negócios e comprometidas com a qualidade de vida da sociedade. Estas ações oferecem às empresas, oportunidades de diferenciação e construção positiva de imagem. Segundo o principal órgão voltado a ações sociais no Brasil, o Instituto ETHOS, relacionado a ações sociais, a responsabilidade social é um importante instrumento de fidelização de consumidores a favor das empresas, ou seja, um instrumento de marketing das organizações. O Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social, fundado em 1998, é uma associação de empresas que se propõe discutir meios de propagar a cidadania empresarial no país. O Instituto prega que as responsabilidades das empresas socialmente responsáveis vão além do pagamento de impostos, respeito às leis e comprometimento com as condições dos trabalhadores. É tarefa fundamental acreditar e contribuir efetivamente para uma sociedade mais justa. Responsabilidade social é compromisso social e não apenas filantropia. O SEBRAE lembra que a diferenciação entre as ações sociais está no envolvimento e compromisso das empresas, ou seja, o mais importante é gerar e executar grandes projetos sociais e não somente liberação de verbas para patrocínio. Segundo os princípios do SEBRAE, a responsabilidade social está associada ao estabelecimento de um comportamento ético, transparente e socialmente responsável. Tornou-se mais intensa na comunicação das empresas com seus públicos o apelo às iniciativas sociais como fator de diferenciação. Com tal procedimento se busca associar o já difundido mote da Responsabilidade Social e da Sustentabilidade com a imagem corporativa, aproveitando a onda positiva junto aos consumidores da preservação ambiental e da solidariedade com as comunidades favorecidas (Moretti, 2008). Entretanto, a responsabilidade social ainda é um conceito em construção. O processo de discussão da norma ISO 26.000, que 3 deverá ser um guia de diretrizes neste assunto para todas as organizações, exemplifica claramente a complexidade de interesses, visões e entendimentos envolvidos com o tema. Para ilustrar, o grupo de trabalho conta com a participação de 71 países, além de oito observadores e 37 organizações liaison (organizações regionais ou internacionais relevantes). O Working Draft três, discutido na reunião realizada em Viena no início de novembro de 2007, recebeu mais de 7.000 comentários e sugestões. (IDEC, 2008, p.5) No concernente à literatura internacional, para a melhor compreensão das forças envolvidas no campo da RSE, selecionamos duas linhas principais que concentram as questões mais importantes; a assimetria de suas proposições poderá fornecer uma idéia da intensidade do debate. As classificações encontradas são variadas, de forma que, para as necessidades de nosso caso, desenvolvemos uma taxionomia própria que, no nosso entender, é mais adequada. A primeira linha (Friedman, 1970; Jensen, 2002) a mais tradicional, postula que as empresas não devem se preocupar com a responsabilidade social e sim, com seus afazeres, ou seja, devem se concentrar nos negócios; com isso, todos saem beneficiados no longo prazo. O principal ponto de tensão para os autores norte-americanos dessa linha é com o possível impacto sobre a lucratividade que ações fora da alçada da empresa podem causar (Moretti, 2008). A segunda linha prega que as empresas devem se envolver com a responsabilidade social, por razões diversas. Dividimos esta linha em três variantes: a estratégica (Carrol, 1999) (Wood, 1991) (Ventura, 2003), vê oportunidades de negócios no processo; a ética dos negócios (Ferrell et all, 2001) (Curado, 2003) (Lipovetski, 2004) (Kreitlon, 2004) percebe as empresas como agentes morais e portadoras de uma ética empresarial; a sistêmica (Donaldson e Preston, 1995) (Logsdon e Yuthas, 1997) (Freeman, 2003), postula o envolvimento das empresas com os diversos públicos de interesse, ou linha dos stakeholders. Como podemos perceber, as duas linhas apresentam duas visões opostas do sistema econômico e social (Gomes; Moretti, 2007 p.161-174). Carroll (1999) faz uma tentativa de unificar os vários campos, por meio de uma proposta híbrida. Para ele, a questão pode ser enquadrada em um modelo formado por uma pirâmide, contendo quatro prioridades hierarquizadas. Na base, encontra-se a responsabilidade econômica (ser lucrativo), em seguida a responsabilidade legal (seguir a lei), depois a responsabilidade ética (fazer o justo) e finalizando a responsabilidade filantrópica (melhorar a qualidade de vida da comunidade). Ele reconhece que cada uma destas fases constitui um campo epistemológico específico, mas acredita que podem ser colocados juntos em seu modelo (Carroll, 1999 p.284). Contudo, esta é ainda, uma visão convencional limitada, pois reduz o papel da ação na comunidade, dando uma importância menor para a filantropia empresarial (Matten; Crane, 2005). A visão de Carroll é outra maneira de falar que RSE é uma oportunidade de negócio, o que o aproxima da visão tradicional. O modelo de Wood (1991) constitui uma síntese aperfeiçoada de modelos anteriores (Wartick e Cochran, 1985) (Carrol, 1979) e deixa explícita a relação da responsabilidade com o resultado. Tomando como base a proposta de Carrol (1979) de que o processo da RSE deve ser uma combinação entre responsabilidade, responsividade (responsiveness) social e gerenciamento de questões sociais, Wartick e Cochran (1985) modelaram estas áreas da seguinte forma: a responsabilidade deve ser vista como um princípio, a responsividade como um processo e o gerenciamento das questões sociais como uma política. Sobre estes dois trabalhos, Wood (1991) pôde propor seu modelo, uma versão mais amigável das duas versões anteriores, considerando três princípios: (a) Responsabilidade social corporativa, contendo os quatro domínios de Carrol (econômico, legal, ético e discricionário), porém operando em três níveis: institucional (legitimidade social), organizacional (responsabilidade pública) e individual (gerencial); (b) Responsividade (o 4 processo de Wartick; Cochran) às questões ambientais, públicos interessados e gerenciamento social; (c) Comportamento e desempenho da organização nas questões sociais. Assim, embora o apelo seja social, a justificativa é empresarial, como a definição de RSE da autora parece indicar. Para ela, “uma configuração de princípios de responsabilidade social, processo de responsividade social e políticas têm que estar relacionada aos resultados da organização de negócios” (Wood, 1991 p. 693). Jones (1999) considera esta linha de pensamento ainda, dentro do entorno da função institucional comercial da empresa, deixando, ao governo e às instituições da sociedade civil, o papel das ações fora do âmbito dos negócios, o que foi defendido por Friedman (1977). Sua visão é a de que os autores dessa linha apresentam três tipos de atuação possível para as empresas: a) oportunidades de mercado, antecipando-se aos movimentos sociais; b) oportunidades de marketing, melhorando e reforçando a imagem; c) postura pró-ativa frente a alterações na legislação, antecipando-se a movimentos legais (p.165). Todos os itens se relacionam aos aspectos estratégicos do negócio, ou de marketing. Assim, se uma empresa está buscando lustrar sua imagem, pode desenvolver ações sociais que obtenham grande exposição pública, associando sua imagem ao bem que está proporcionando. Porter e Kramer (2005) postulam que as empresas devem considerar sua atuação, variando em uma relação entre dois eixos: o da filantropia pura e do interesse comercial puro. Hoje em dia, não é mais possível se falar em interesse comercial puro; no entanto, a filantropia pura não é uma questão real para o mundo capitalista, pois uma empresa voltada somente para aspectos lúdicos não tem chance de sobrevivência, invalidando esta opção. A solução está em algum ponto no meio do caminho e sua variância será dependente das decisões estratégicas (p.157). É evidente a influência do pensamento estratégico sobre esta variante, o que a torna, mais ainda, palatável à comunidade empresarial, que pode digerir a RSE em uma linguagem mais familiar (Andrews, 1965). Como lembramos anteriormente, este é o código comum utilizado nas escolas de negócio (Kreitlon, 2004). Na visão de Prahalad e Hammond (2005), os pobres do mundo tornam-se uma boa opção estratégica para se expandir os negócios. Considerando o fato de que os pobres constituem a maioria da população, e que dispõem de alguma renda, por menor que seja, cabe às empresas descobrirem novas formas de parcerias e associações com instituições governamentais e da sociedade civil, para reduzir as desigualdades, enquanto promovem bons negócios (p.97). Margolis e Walsh (2003, p.282) apontam que a contribuição filantrópica corporativa quadruplicou, em termos reais, entre os anos de 1950-2000, o que reforça o argumento daqueles que defendem ser filantropia o nome mais correto para definir RSE, pelo menos nos termos do sistema hegemônico atual. Na literatura nacional, estudos publicados no âmbito do EnANPAD fizeram importantes contribuições para este campo. Curado (2003), trabalhou as questões de autoridade relacionando este conceito com os fundamentos da responsabilidade legal e compromisso social do empresariado. Ventura (2003) dedicou-se a analisar a proposta de Boltanski e Chiapello (2002) sobre o novo espírito do capitalismo e pode estabelecer um ponto de partida para a RSE pela necessidade de justificar a atuação das empresas pelo seu interesse social, uma prova de boa vontade e um ajuste do sistema capitalista aos novos tempos de pressão social. Kreitlon (2004) demonstrou que a abordagem monológica e, predominante da RSE evita qualquer questionamento mais profundo e que o argumento de uma empresa ética parece bastar por siso para justificar o movimento. Passador et all (2005) pesquisaram as principais abordagens utilizadas pelos artigos publicados nos anais da EnANPAD até 2004. Dizem os autores, que na mídia, nos discursos de empresários e até mesmo em trabalhos acadêmicos vê-se o tema da responsabilidade Social apresentado com um único entendimento: o de responsabilidade das empresas para com a sociedade onde estão inseridos (p.1). O artigo revela que os autores pesquisados têm 5 um ponto em comum, o de que a exigência da sociedade é um fator suficiente e justificador a simples reprodução de um discurso não contribui para a formação de uma sociedade melhor (p.14-15). O artigo também propõe um continuum de classificações para a SER, que varia de modismo até obrigação, passando pela legitimidade e ética, bastante útil para engrossar os poucos pesquisadores que procuram trabalhar os modelos. Macke e Carrion (2006) propõem que seja incluído no debate o conceito de capital social, impondo uma perspectiva interdisciplinar no campo de estudos da RSE questão que justifica por que o “tratamento de problemas sociais complexos não se resume em uma gestão eficiente dos recursos financeiros e que a produção de transformação social vai além da implementação de programas sociais” (p.15). O Marketing e o Social As relações entre a RSE e o Marketing não são recentes. O conceito de Marketing Social Corporativo tem sua origem no Marketing Social que como já mencionamos, surgiram com a proposta de se utilizar as tradicionais ferramentas de Marketing para causas, idéias ou comportamentos sociais (Kotler; Zaltman, 1971) com o objetivo de mudar hábitos ou comportamentos na sociedade. Naturalmente as criticas no sentido de manipulação foram a tônica dominante (Laczniak; Michie, 1979), nada muito diferentes do que se usava para criticar o próprio Marketing. O olhar negativista sobre a questão foi combatido por meio de estudos que relacionavam seus aspectos positivos como as campanhas contra o tabaco e álcool (Perfeito et al, 2004) abrindo o caminho para a associação entre as duas questões que os críticos mais exaltados consideravam inconciliáveis. A discussão sobre as definições é bastante grande e começou a se introduzir no cenário acadêmico nacional com o artigo na EnANPAD de Mendonça e Schommer (2000) que discorreu sobre os diversos tipos de Marketing Social, Relacionado a Causas, Societal e Comunitário, propondo uma taxonomia e um modelo classificatório bastante útil para pesquisas posteriores. Para as autoras, o Marketing Institucional envolve ações comerciais, relacionada a causas: culturais, esportivas, ecológicas e comunitárias, enquanto que o Marketing Social está relacionado a causas que mudam comportamentos de determinados públicos. (p.14), de acordo com Massó (1998) para quem o compromisso dos consumidores com o social caracteriza o que ele denomina de Marketing Social Corporativo. Uma pesquisa preliminar realizada nos anais do EnANPAD entre 1997-2007 levantou 216 artigos sobre a RSE, sendo que 47 deles abordavam o Marketing relacionado a alguma questão da RSE, ou seja, cerca de 22% do total dos artigos. Trata-se de uma produção bastante razoável, contudo ainda não permitindo que as questões levantadas no item anterior sejam equacionadas devido à enorme prolixidade das definições e conceitos (MORETTI, CAMPANÁRIO, 2008). Iremos privilegiar três destes artigos para mostrar a evolução que o conceito teve no período pesquisado. A primeira publicação foi um estudo de caso do PPGA/UFRGS sobre o potencial do Marketing Social de Draghetti et al (1997) no qual eles abordam a questão sob a perspectiva de Kotler e Zaltman (1971) com foco nas ferramentas de Marketing aplicadas a causas sociais. A grande contribuição destes autores, definitivamente um marco neste campo, foi sem dúvida ter proposto a utilização do Marketing para causas sociais sugerindo serem estas um produto como qualquer outro. Urdan e Zuñiga (2001) mostraram que pelo menos na amostra de Belo Horizonte, os consumidores não consideravam a associação entre os esforços de RSE e Marketing, havendo pouco apelo para consumo neste quesito. Os autores fizeram a primeira pesquisa no país envolvendo estas variáveis abrindo caminho para outras publicações no futuro envolvendo setores específicos da indústria. O ensaio de Mendonça e Gonçalves (2002) introduziu uma questão que se tornaria parte importante do campo desta pesquisa ao analisar se as empresas buscavam imagem ou havia substância nas suas ações de RSE. Como se tratava de um ensaio 6 não foi oferecido nenhuma evidência empírica para se esclarecer este item, mas sem dúvida abriu caminho para outros estudos de conteúdo do discurso nos anos seguintes. O consumidor, satisfação e lealdade Segundo o Instituto AKATU pelo Consumo Consciente, os consumidores brasileiros dão muita atenção às práticas de RSE. Tal constatação foi revelada pela pesquisa “Responsabilidade Social das Empresas – Percepção do Consumidor Brasileiro - Pesquisa 2006-2007”, realizada pelo Instituto AKATU em parceria com o Instituto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social e a Market Analysis Brasil. A atual pesquisa com os consumidores que vem sendo realizada desde 2000 cobriu as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Brasília, entrevistando uma amostra de 800 pessoas com idades variando entre 18 e 69 anos. Os resultados mostram que 77% dos brasileiros têm muito interesse em conhecer as práticas das empresas socialmente responsáveis, índice que se encontra no mesmo patamar dos estudos anteriores (2004–72%; 2005–78%; 2006–75%). Outro dado interessante é o de que 63% dos entrevistados mostraram-se atentos a questões relacionadas com as empresas no quesito social como ‘ajudar a resolver problemas sociais’, ‘ajudar a reduzir a distância entre ricos e pobres’, ‘apoiar políticas e leis favoráveis à maioria da população’ e ‘reduzir violações de direitos humanos no mundo’. A preocupação com a imagem das empresas revela-se importante para o Instituto AKATU, uma instituição da comunidade empresarial, são 66,5% os entrevistados que concordam que “as empresas estão fazendo um bom trabalho em construir uma sociedade melhor para todos”. Um crescimento de 10 pontos percentuais sobre o resultado do estudo anterior. Para os objetivos deste trabalho, entretanto interessa saber que a pesquisa revela que a responsabilidade social das empresas não decide compra: somente 24% dos entrevistados pretendem premiar ou já premiaram no passado as empresas com ações socialmente responsáveis, adquirindo seu produto ou serviço, e mesmo falando bem destas empresas para outras pessoas. Na vertente oposta, 27% consideraram a possibilidade de praticar exatamente o oposto, ou seja, punir ou vir a punir no futuro, empresas que, em seu julgamento não seriam socialmente responsáveis, não comprando seus produtos ou serviços e até mesmo criticando a empresa para outras pessoas. Os índices caíram em relação aos estudos anteriores: em 2000, 39% estavam no primeiro caso e 35% no segundo. Ao que tudo indica os consumidores ainda desconhecem as ações das empresas, o que parece ser explicado pelo alto índice de 51% dos entrevistados que dispõem de pouca ou nenhuma informação sobre a questão. Ou ainda, o que parece pior é que mais de 50% acham que as empresas não divulgam de forma honesta suas ações sociais. Tais fatos serão confrontados com os resultados de nossa pesquisa. A lealdade dos clientes não existe mais e as estatísticas parecem confirmar esta afirmação. Empresas americanas perdem em média, metade de seus clientes a cada cinco anos. Uma estratégia de negócios baseada na lealdade dos consumidores, objetivando resultado com altos índices de retenção, confere inevitavelmente, vantagem competitiva, lucratividade e expansão de mercado, ou seja, market share. (SHETH, MITTAL, NEWMAN, 2001). Por outro lado, um índice de desistência persistente significa que o número de exclientes acabará sendo maior que os de leais defensores, situação que pode atingir um ponto em que nenhum esforço adicional de marketing poderá reverter quanto à imagem do produto, da marca ou da própria empresa. Segundo Oliver (1997), o estudo do consumidor a respeito de compras repetidas ou chamadas de lealdade foi inserido no meio acadêmico há aproximadamente três décadas. O autor define lealdade como: “a existência de um comprometimento profundo em comprar ou utilizar novamente um produto ou serviço consistentemente, no futuro [...] apesar de 7 influências situacionais e esforços de marketing ter o potencial de causar comportamento de mudança” (pag.34) A satisfação corresponde ao grau em que o consumidor se sente realizado ao julgar as características de uma oferta, seja de bem ou serviço, lhe proporcionam prazer envolvendo o consumo propriamente dito (OLIVER, 1997). Em 1999, o autor também relata que satisfação é um caminho indispensável para o desenvolvimento da lealdade, mas que apenas isso não garante que o consumidor será leal à empresa ou à marca. Indica que apenas a satisfação não é suficiente para a obtenção de resultados de longo prazo. Sua mensuração não fornece informações suficientes sobre a entrega de valor para os clientes. A satisfação pode ser utilizada para entender melhor as decisões de compra dos clientes, mas não deve ser utilizada como um objetivo em si, como forma de remunerar empregados, independente da lealdade do cliente, esta, sim, intrinsecamente ligada com a entrega de valor superior ao cliente. A lealdade do consumidor está diretamente ligada à intenção do consumidor em ação comportamental em relação a um produto ou empresa. Atualmente, os profissionais de marketing e estratégia das grandes organizações têm se preocupado de forma crescente com a compreensão da lealdade dos consumidores. Autores como Blackwell, Miniard, Engel (2005), defendem que a lealdade, baseada numa progressiva satisfação, é um dos maiores ativos que as possuem as organizações. Segundo Urdan (2001), estudos empíricos recentes encontraram correlação positiva entre satisfação do consumidor com um determinado produto (bem ou serviço) e a sua lealdade. Na situação contrária, o fluxo de abandono às empresas pelos consumidores provoca fortes impactos desfavoráveis à rentabilidade no longo prazo. Mesmo Oliver (1999), quando apontou que a satisfação é um forte determinante da lealdade, ressalta que a satisfação é o máximo que pode ser efetivamente alcançado pelas organizações. Nesta pesquisa optamos por utilizar uma adaptação da escala proposta por Oliver (1981), com oito itens (originalmente composta de doze itens) no formato LIKERT de sete pontos, que visa mensurar o domínio da satisfação e não as características do produto em si, com as devidas adaptações ao problema investigado. Estratégias de Fidelização, Lealdade e Retenção dos Clientes Vários estrategistas de marketing justificam que mais ação na retenção de clientes e consumidores é mais barato que a busca de novos. Conclui-se que a perda dos clientes é muito mais prejudicial que a reposição de novos, ou seja, a fidelidade baseada em satisfação é um ativo incalculável para as grandes organizações. Aliado a isso, as empresas ainda enfrentam o problema de que o consumidor se torna cada vez mais volúvel frente a promoções ou atendimentos especiais, que os concorrentes utilizam para capturar novos clientes. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005), o que pode causar declínio da fidelidade é que os consumidores, em geral, se sentem no direito de experimentar novas opções, ou seja, não se sentem efetivamente recompensadas e para resolver esses problemas de deserção, as empresas têm investido muito nas ações de fidelização. Os profissionais de marketing estão começando a olhar para as mudanças nestes padrões de transação como base para identificar possíveis desertores e colocar em prática as promoções e outros incentivos exclusivamente para este público. Em um esforço para aumentar a fidelidade em relação a uma marca de produto ou serviço, as organizações têm implementado uma variedade de programas de fidelidade ou recompensa, que por definição reconhecem e recompensam os consumidores pelo seu “bom comportamento” – nesse caso, se comportando como a organização deseja que se comportem. (BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005). Há vários anos, os supermercados, que operam em uma indústria com margens baixas e altamente competitivas, procuram formas de se diferenciar dos concorrentes. Uma fatura de 8 promoções encabeçada pelos comerciantes implicava que a maioria das lojas da região teria que fazer o mesmo. (BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005). Surgem a partir daí, diversas formas de envolver os clientes preferenciais, em detrimento daqueles que os procuravam somente atrás de promoções. Vale lembrar que hoje, quase 50% das redes de supermercados americanos adotam este tipo de programa, nivelando a concorrência. Os programas de fidelidade oferecem uma grande oportunidade de recompensa aos consumidores além de colher informações importantes sobre estes clientes. Empresas investiram milhões de dólares em sistemas de informações mais poucas investiram nos resultados visando estratégias comerciais. (BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005). Ainda segundo os autores, os programas de fidelidade ajudam as empresas a identificar os segmentos mais rentáveis em que possam focar ofertas mais próximas do que significa “valor” para estes consumidores. Lealdade Muitos estudiosos afirmam que a lealdade dos clientes não existe mais e as estatísticas parecem confirmar esta afirmação. Empresas americanas perdem em média, metade de seus clientes a cada cinco anos. Uma estratégia de negócios baseada na lealdade dos consumidores, objetivando resultado com altos índices de retenção, confere inevitavelmente, vantagem competitiva, lucratividade e expansão de mercado, ou seja, market share. Por outro lado, um índice de desistência persistente significa que o número de exclientes acabará sendo maior que os de leais defensores, situação que pode atingir um ponto em que nenhum esforço adicional de marketing poderá reverter quanto à imagem do produto, da marca ou da própria empresa. Segundo Oliver (1997), o estudo do consumidor a respeito de compras repetidas ou chamadas de lealdade foi inserido no meio acadêmico há aproximadamente três décadas. O autor define lealdade como: “a existência de um comprometimento profundo em comprar ou utilizar novamente um produto ou serviço consistentemente, no futuro, e, assim, causar compras repetidas da mesma marca ou da mesma empresa, apesar de influências situacionais e esforços de marketing ter o potencial de causar comportamento de mudança”. 5. METODOLOGIA Diante da interessante situação exposta, agora o objetivo principal é investigar empiricamente a relação entre a Responsabilidade Social e a Lealdade dos consumidores em relação à rede de Hipermercados e Supermercados. Pelo que se viu da teoria, o esforço buscandose melhor compreensão dessa relação aponta um especial interesse acadêmico e prático. Embora a relevância de tal relação venha sendo ressaltada na literatura profissional e mesmo acadêmica, ainda não existe uma compreensão quantitativa clara sobre ela. Para este trabalho, buscamos responder por meio de uma pesquisa exploratória, com abordagem quantitativa e descritiva, a perguntas sobre as atitudes de consumidores de supermercados ou hipermercados da cidade de São Paulo quanto à prática de ações de responsabilidade social por parte destas empresas, através da aplicação adaptada da escala de Bearden e Netemeyer, 1999 com questionário estruturado para medir as atitudes dos entrevistados. Bearden, Netemeyer & Mobley, 1993, afirmam que desde a introdução desse conceito na literatura de marketing até os anos oitenta, foram propostos vários modelos para medir as diferentes formas de envolvimento. Contudo, foram raros os trabalhos que sobreviveram aos testes padrões de validade e confiabilidade, não existindo, até aquela época, uma única e amplamente aceitável escala de envolvimento. As primeiras escalas para mensuração de envolvimento começaram a surgir a partir dos anos oitenta e, desde então, vários autores dedicaram-se ao aprimoramento e refinamento dos itens e dimensões que a compõem. O propósito das escalas que possibilitam a mensuração de envolvimento de diferentes categorias de 9 produto é proporcionar a identificação de perfil do envolvimento do consumidor para cada produto. Ainda dentro do mesmo questionário, através da aplicação parcial da escala de satisfação de OLIVER, 1999, identificar os aspectos de reciprocidade dos consumidores sob forma de lealdade às mesmas empresas. Para o grupo de respostas, utilizamos a escala de LIKERT, um tipo de escala de resposta psicrométrica, utilizada em questionários e é muito comum em pesquisa de opinião, baseados em um nível de concordância com uma afirmação. A escala é bipolar, medindo uma resposta positiva ou negativa a uma determinada afirmação. Respondentes podem evitar o uso de respostas extremas, concordar com afirmações apresentadas ou tentar mostrar a si ou a suas empresas e organizações, de um modo mais favorável. A estrutura das respostas do primeiro grupo de questões foi estruturada em escala de seis pontos, definida como: “não descreve nada”, “descreve muito pouco”, “descreve pouco”, “descreve bem”, “descreve muito bem”, “descreve completamente”. Para a escala de lealdade a distribuição foi definida em sete pontos, definida entre “discordo totalmente” até “concordo totalmente”. Optamos por escolher uma amostragem não probabilística por conveniência, que além de mais rápida é menos dispendiosa. Segundo Malhotra (2006, pag.326), nestas condições, as unidades amostrais são acessíveis, fáceis de medir e cooperadoras. Em alguns exemplos de amostragem por conveniência, apontamos: (1) estudantes, membros de organizações sociais, (2) entrevistas em centros comerciais sem qualificar os entrevistados, (3) lojas de departamentos ou (4) entrevistas ou questionários aplicados a “pessoas na rua”. A amostra do estudo de pesquisa foi resultado da disponiblização de questionário em um site de pesquisa na Internet. Foi enviado um e-mail comunicando o objetivo do trabalho e o pedido para resposta do questionário a uma base de endereços web obtida através de contatos de parentes, funcionários, colegas de escola e trabalho, além de uma base de 8 mil endereços de assinantes de revistas patrocinada pela Editora Abril. Para a coleta dos dados elaboramos um questionário formado por 45 questões, divididas em quatro grupos. O primeiro grupo, formado de 6 perguntas, procurou definir as principais caracteristicas habituais dos consumidores como: onde compra, com que frequência, valor médio gasto nas compras. O segundo grupo, formado de 26 perguntas, procurou identificar a percepção dos consumidores frente às ações de responsabilidade social praticadas pelas empresas. O terceiro grupo, formado de 8 perguntas, procurou mensurar a satisfação e lealdade dos consumidores em relação ao comportamento de compra nos supermercados. O quarto grupo, formado de 5 perguntas, procurou identificar o perfil demográfico dos consumidores respondentes, abordando itens como: sexo, idade, escolaridade, estado civil e renda. Para análise e interpretação dos dados foi utilizada a ferramenta de análise estatistica SPSS (Statistical Package for Social Sciences) através de distribuição de frequência, com objetivo de obter o número percentual de respostas associadas aos ítens do qeustionário (MALHOTRA, 2006), e correlação entre variáveis, com o objetivo de melhor comprrender uma possivel relação entre as questões analisadas (HAIR, 2005). Além disso, aplicamos através do mesmo SPSS, uma análise fatorial pelo método de componentes principais, com rotação Varimax visando identificar correlação interna entre ambas as escalas. A aplicação de regressão linear nas escalas foi feita para se avaliar o grau de correlação entre os fatores apontados na análise fatorial e as variáveis de lealdade. Vale registrar também que no questionário original (publicado por Perez, 2005), o autor colocou as questões de forma assertiva, ou seja, “eu só compro em supermercados com bom atendimento ao cliente”, com escala Likert de concordância. O questionário testado coloca as questões com o objetivo de interpretar a percepção do consumidor de outra forma. A mesma questão foi descrita como “tem um bom atendimento ao cliente” com escala de 10 likert de 6 pontos (não descreve nada, descreve muito pouco, descreve pouco, descreve bem, descreve muito bem, descreve completamente), o que pode delinear uma tendência diferente nos resultados em relação original. 6. RESULTADOS A amostra obtida foi de 208 respostas completas. O site de pesquisa apontou 390 visitantes, e 182 convidados não completaram o questionário. Considerando o volume de emails enviados com convite para ajuda e participação da pesquisa, o resultado foi muito aquém do esperado, levando-se em conta principalmente a preocupação com segurança que os usuários de internet possuem em relação a essa metodologia de pesquisa. Entretanto, a amostra apontou um perfil demográfico distribuído da seguinte forma: 37,0% dos respondentes são do sexo masculino e 63,0% do sexo feminino. A frequência nos estabelecimentos ficou centralizada na faixa etária dos 21 a 50 anos, com frequência acima de 80%. A escolaridade está centrada em consumidores com curso superior completo, 50,0%. Os dados relativos ao estado civil apontam que 56,7% são casados e aproximadamente 80% da amostra concentra-se na faixa de renda acima de R$ 2 mil / mês. A amostra por conveniência não representa bem a população da cidade de São Paulo, por causa do método utlizado. Entretanto, um numero maior de mulheres era esperado. O grau superior se deve parcialmente ao perfil do usuário de Internet. O o critério de estabelecimento das faixas é arbitrário e seguiu as indicações do perfil do comprador de supermercados, em estudos divulgados pela Nielsen e Ibope. Além dos indicadores apontados no artigo original, a pesquisa procurou identificar outras características importantes quanto à freqüência e média de gastos desta amostra de consumidores. Tabela 1: dados de freqüência Características Frequência / Visitas Gastos SuperMercardos Frequência % 1 vez ao mês 48 23,1 A cada 15 dias 57 27,4 1 vez por semana 72 34,5 Outros 31 15,0 Até R$ 20,00 28 13,5 de R$ 51,00 a R$ 150,00 83 39,9 de R$ 151,00 a R$ 300,00 68 32,7 Acima de R$ 300,00 29 13,9 Carrefour 56 26,9 Pão de Açucar 37 17,8 15,4 Mais Extra 32 Frequentes Wall Mart 20 9,6 Outros 63 30,3 1 a 2 visitas 87 41,8 Número de 3 a 4 visitas 77 37,0 Visitas nos últimos 5 a 6 visitas 27 13,0 30 dias + de 7 visitas 17 8,2 Os resultados mostram que está bem distribuida a média de visitas aos estabelecimentos bem como a média de gastos, ou seja, 53,4% dos respondentes gastam até R$ 150,00 a cada visita. Os supermercados Carrefour e Pão de Açucar detêm 44,7% da frequencia de consumidores da amostra. (tabela 1 acima). A analise fatorial exploratória foi aplicada na escala revisada de Lealdade proposta por Oliver (1999), e utilizando o método de componentes principais e rotação Varimax, reduzimos a escala de 8 para 4 variáveis. A analise fatorial apontou ainda um fator de correlação com carga mínima variando entre 0,875 a 0,914, explicando 81,1% da variância do conjunto. A confiabilidade interna da escala ficou comprovada por meio dos índices Alpha de Cronbach que variam entre 0,892 e 0,918, 11 resultado positivo considerando os padrões minimos recomendados da ordem de 0,7. As demais quatro variáveis foram despresadas por baixa comunalidade (< 0,5). A medida de adequação da amostra, KMO (Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy) aplicada na análise fatorial (indicadores satisfatórios entre 0,70 e 0,80) e o resultado aponta 0,856, ou seja, resultado adequado, considerando a amostra não probabilistica e por conveniência. (tabela 2) Tabela 2: Análise Fatorial Análise Fatorial - Escala de Lealdade - Oliver Variáveis - Lealdade Carga Fatorial Comunalidade Alpha de Cronbach O Supermercado onde geralmente compro é um dos melhores que já utilizei 0,875 0,766 0,918 O Supermercado onde examente o que preciso 0,903 0,815 0,898 Estou satisfeito com minha decisão de utilizar o Supermercado onde geralmente compro 0,911 0,83 0,893 Eu geralmente gosto do serviço do Supermercado onde geralmente compro. 0,914 0,835 0,892 KMO 0,856 geralmente compro é A análise fatorial apontou uma redução de variáveis de 26 para 13, desconsiderando os resultados apontados nas questões com baixa comunalidade (< 0,6). Vale ressaltar também que no artigo original, o resultado aponta 9 variáveis com comunalidade baixa (< 0,6). A AFE que realizamos na amostra atual restringiu o universo a 3 fatores, com carga mínima variando entre 0,706 a 0,885, explicando 76,1% de variância do conjunto. Para consolidação dos temas das variáveis propostas no questionário, nomeamos os fatores latentes em três grupos: Ética, Consciência e Comportamento Social. A confiabilidade interna da escala ficou comprovada também por meio de indices Alpha de Cronbach que variaram entre 0,815 e 0,922, apontando resultado satisfatório. O KMO ( Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy) registrou 0927, que de acordo com a escala de aderência, considerado adequado. (tabela 3) Tabela 3: Análise Fatorial – Escala de Bearden e Netemeyer, 1999 Carga Fatorial Analise Fatorial Rotacionada - Varimax Variáveis - Responsabilidade Social ( o Supermercado onde geralmente compro.....) Tem um bom atendimento ao cliente Ética Consciência Comunalidade Alpha de Cronbach Comportamento Social 0,885 0,854 0,815 0,803 0,818 0,815 Trata as pessoas de forma justa e de acordo com os padrões éticos Pratica a venda de produtos que não agridem o meio ambiente Investe na preservação do Patrimônio Público 0,777 0,740 0,883 0,725 0,767 0,876 Patrocina esportes e atletas 0,714 0,676 0,894 0,757 0,742 0,885 0,745 0,754 0,88 0,794 0,769 0,918 colaboradores É justo quanto aos salários de trabalhadores operacionais 0,759 0,740 0,920 0,774 0,745 0,920 Investe em programas de alfabetização 0,800 0,790 0,916 Contribui para os programas de saúde da comunidade 0,794 0,760 0,919 Apóia programas voltados aos jovens e adolescentes 0,706 0,733 0,922 Possui programa de contratação de colaboradores da 3ª idade Possui estação de reciclagem Apóia programas voltados à crianças Fornece subsídios para educação de seus funcionários e KMO do conjunto da amostra 0,927 Dando continuidade ao processo de avaliação dos resultados apontados pela pesquisa, nosso trabalho incluiu no questionário, uma adaptação da escala de satisfação de Oliver, 1999 com o objetivo de analisar o grau de correlação entre Lealdade e os fatores apontados na análise fatorial. 12 A regressão linear foi dimensionada para analisar a relação e correlação entre a variável estabelecida como dependente “Lealdade” e como variáveis independentes os fatores resultantes da análise fatorial: “Ética, Consciência e Comportamento Social”. As dimensões dos fatores explicaram 39,2% da variância da Lealdade atitudinal da amostra estudada (r² ajustado = 0,392). Todavia, a dimensão “comportamento social” não é significativa a 5% de confiança. 7. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES A pesquisa teve como ponto de partida, a construção de um questionário baseado nas escalas de responsabilidade e satisfação, dirigido a consumidores de supermercados da cidade de São Paulo, e envolve o estudo das práticas de ações de responsabilidade social empresarial e a percepção do consumidor com reciprocidade de Lealdade em relação às mesmas atitudes praticadas. O objetivo principal do trabalho é identificar e confirmar esta relação, ou seja, o grau de lealdade dos consumidores frente às ações de reponsabilidade praticadas pelas redes de supermercados. A partir desta hipótese, revisamos alguns conceitos teóricos sobre responsabilidade social bem como os conceitos de atitude, satisfação e lealdade. Foram criados testes estatísticos com uma amostra de 208 respondentes, visando entender em que medida estes consumidores, de diferentes caracteristicas sócio-demográficas, diferenciam-se em relação ao objetivo proposto. Além disso, foram realizadas análise fatoriais e regressões, visando testar as possiveis correlações que pudessem explicar os efeitos entre a percepção de responsabilidade social e lealdade dos consumidores. Os dados apurados possibilitaram identificar fatores distintos para auxiliar na explicação do fenômeno estudado. As análises fatoriais aplicadas nas escalas de Lealdade de Oliver (1999) e de responsabilidade social, propostas por Bearden e Netemeyer (1999), apontaram uma consistencia interna positiva, através do Alpha de Cronbach e um KMO indicando resultado altamente satisfatório. Vale registrar também que no questionário original (publicado por Perez, G., (2005), o autor colocou as questões de forma assertiva, ou seja, “eu só compro em supermercados com bom atendimento ao cliente”, com escala Likert de concordância. O questionário que testamos coloca as questões com o objetivo de interpretar a percepção do consumidor de outra forma. A mesma questão foi descrita como “tem um bom atendimento ao cliente” com escala de likert de 6 pontos (não descreve nada, descreve muito pouco, descreve pouco, descreve bem, descreve muito bem, descreve completamente), o que pode delinear uma tendência diferente nos resultados em relação original. O processo de regressão linear explica 39,2% da variância da Lealdade atitudinal da amostra, considerando as dimensões “Ética” e “Consciência”. A dimensão denominada “Comportamento Social” não apontou significância. As questões agrupadas no fator de comportamento social estão voltadas a aspectos internos, menos expostos pelas empresas como: programas voltados à jovens e adolescentes, politicas salariais, programas de alfabetização, subsídios educacionais a colaboradores e programas de saúde. Na mesma linha, as dimensões de ética e consciência agruparam questões mais latentes e de maior exposição, entre elas: atendimento, padrões éticos de tratamento, preservação patrimonial, patrocínio de esportes, programas de deficientes e de colaboradores da 3ª idade, estação de reciclagem, ou seja, indicadores mais visíveis aos consumidores, reforçando a conclusão de um resultado mais positivo nas análises fatoriais. Esses pressupostos podem indicar aos empresários que ações estratégicas mais fortes voltadas a esse tema, podem significar resultados mais positivos de retorno e rentabilidade. Certas limitações da pesquisa devem ser mencionadas e espera-se que estudos futuros possam superá-las. Primeiro, estudamos uma amostra de consumidores extraída, sem critérios probablistiicos e assim não é possível generalizar os resultados além desse universo. 13 Diferentes resultados encontrados nos trabalhos analisados e novas perspectivas teóricas à vista fortalecem a necessidade de progredir com o trabalho na área e instigam a continuação dos estudos com o objetivo de buscar uma teoria mais consistente, conforme declarado por Lee (1994). Nesse contexto, como sugestão para novas pesquisas sugerimos amostras probabilisticas que permitam generalização dos dados, como também uma análise das estratégias e posicionamento das empresas do setor. A necessidade de expressiva redução no número de variáveis indicadas no processo de análise fatorial, comparadas com as escalas originais, podem ser explicadas por problemas da quantidade de respondentes da amostra, a conveniência na escola dos respondentes e provavelmente a indicação de indiferença ou negligência por parte dos respondentes. Além disso, propomos que este estudo seja repetido, em outro contexto, no sentido de revalidar o instrumento de medida desenvolvido, possibilitando assim, facilitar a obtenção de informações importantes para ações estratégicas das empresas no desenvolvimento de ações relacionadas à responsabilidade social. 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEARDEN, W.; NETEMEYER, R. Handbook of Marketing Scales: Multi-Item Measures for Marketing and Consumer Behavior Research, NY:Sage Publications, 1993, 1999 BEARDEN, W. O., NETEMEYER, R. and Mary F. Mobley (1993), Handbook of Marketing Scales: Multi-Item Measures for Marketing and Behavior Research, Sage Publications. BLACKWELL, MINIARD E ENGEL – Comportamento do Consumidor – tradução da 9ª edição Americana, Thompson, 2005. BOLTANSKI, L., CHIAPELLO, E. El nuevo espíritu del capitalismo; traducción: Marisa Péres Colina et all. Madrid: Ediciones Akal, 2002. 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