ALTERAÇÕES NA CAPACIDADE DE RETENÇÃO DE ÁGUA NO SOLO APÓS A APLICAÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO PROVENIENTE DE UMA FÁBRICA DE CELULOSE. ALEXANDRE SYLVIO VIEIRA DA COSTA 1 MARCELO BARRETO DA SILVA2 EDUARDO REZENDE GALVÃO3 JOSÉ CARLOS MORAES RUFINI4 CARLOS LAFAIETE OLIVEIRA MONTEIRO5 1- DS. Produção Vegetal. Universidade Vale do Rio Doce/Faculdade de Ciências Agrárias. 2- DS. Fitopatologia. Universidade Vale do Rio Doce/Faculdade de Ciêncis Agrárias. 3- DS. Melhoramento Vegetal. Universidade Vale do Rio Doce/Faculdade de Ciêncis Agrárias. 4- DS.Fruticultura. Universidade Vale do Rio Doce/Faculdade de Ciêncis Agrárias. 5- Engenheiro Agrônomo. Universidade Vale do Rio Doce/Faculdade de Ciêncis Agrárias. RESUMO: COSTA, A. S. V. da; SILVA, M. B. da; GALVÃO, E. R.; RUFINI, J. C. M. & MONTEIRO, C. L. O. Alterações na capcidade de retenção de água no solo após a aplicação de resíduo sólido proveniente de uma fábrica de celulose. Revista Universidade Rural: Série da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 26, n. 1, p. 01-10, jan-jun, 2006. Fábricas de papel que utilizam como matéria prima papel reciclável produzem resíduos sólidos orgânicos que podem ser adicionados ao solo com efeitos positivos na drenagem e retenção de água. Neste estudo, foi conduzido um primeiro ensaio, em solo de textura média, com os seguintes tratamentos: resíduo de celulose; resíduo de celulose + esterco; esterco e testemunha. Os materiais utilizados foram aplicados em cobertura e incorporados. A quantidade dos materiais utilizados foi de 5% em relação a massa do solo, que foram saturados com água. As coletas foram realizadas entre o 1 o e 14o dia. No segundo ensaio utilizou-se o mesmo solo e os tratamentos foram: resíduo de celulose; resíduo de celulose + esterco e esterco em cobertura com camadas de 1, 2, 3 e 4cm. Os solos nos potes foram saturados com água e as coletas foram realizadas no 10o dia. Foram utilizados três repetições e delineamento em blocos ao acaso. O resíduo de celulose+esterco incorporado foi o que apresentou perda de água semelhante à testemunha. Nos tratamentos onde o material foi incorporado, o teor de água final ficou entre 5 e 10%. O tratamento com esterco em cobertura manteve-se em 13% de água. O tratamento com cobertura em camada de um centímetro de esterco mostrou-se eficiente na manutenção da água, superior a celulose + esterco e celulose pura. Para a camada de 2 centímetros os gradientes reduziram, mas permaneceram estatisticamente diferentes. Os tratamentos com camadas 3 e 4 centímetros não mostraram diferenças entre esterco e celulose + esterco. Palavras chave: Resíduo de celulose, drenagem do solo, manejo do solo. ABSTRACT: COSTA, A. S. V. da; SILVA, M. B. da; GALVÃO, E. R.; RUFINI, J. C. M. & MONTEIRO, C. L. O. Alterations in the soil water retention capacity after the application of solid residue originated from a cellulose factory. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v.26, n. 1, p.01-10, jan-jun, 2006. Paper factories that use recycled paper as source material produce solid organic residues that can be added to the soil with positive effects in the drainage and retention of water. In this study, the first experiment was conducted in a soil of medium texture, and with the following treatments: cellulose residue; cellulose residue + manure, manure, and a reference plot. The materials were applied in the surface and incorporated. The amount of materials used was of 5% in relationship to the soil mass and the soils were saturated with water. The sampling took place between the 1st and 14th day. In the second experiment it was used the same soil and the treatments were: cellulose residue; cellulose residue + manure; and manure applied in covering, with layers of 1, 2, 3, and 4cm. The soil in the pots was saturated with water, and sampling took place in the 10th day. It was used three repetitions and experimental design in random blocks. The cellulose residue + manure incorporated treatment showed water loss similar to the reference plot. In the treatments where the material was incorporated, the final moisture was between 5 and 10%. The treatment with manure covering stayed at 13% of moisture. The treatment with one centimeter layer covering of manure was efficient in maintaining the water and superior to the cellulose + manure and pure cellulose treatments. The layer with 2 centimeters showed a reduction of gradients, but it stayed statistically different. The treatments with 3 and 4 centimeters layers of manure did not show differences between manure and cellulose + manure. Key words: Cellulose residue, soil drainage, soil management. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jul, 2006, p. 01-10, 2006. Manejo de Resíduo Industrial... 2 INTRODUÇÃO A água das chuvas pode escorrer superficialmente; ser armazenada nos horizontes superficiais do solo, chamada de água capilar ou deslocar para as camadas mais profundas formando o lençol freático. As raízes são supridas principalmente pela água capilar, porém, não conseguem utilizar toda esta água, pois parte dela estará retida intensamente nos microporos e na superfície das partículas através da forças de adesão e coesão (KIEHL, 1985). Para que a água esteja disponível para as plantas torna-se necessária que a mesma infiltre no solo com facilidade como ocorre nos solos com estrutura granular com bioestrutura estável e que apresente boa capacidade de retenção de água disponív el (MACHADO, 1976; SOUZA, 1967). Para a manutenção e estabilidade dos grumos, os microrganismos do solo são fundamentais, principalmente os heterotróficos que por sua vez dependem da matéria orgânica para a sua sobrevivência (CLEMENT, 1964; ELGABALY & ELGAHAMRY, 1970). A retenção de água no solo é característica específica de cada solo sendo resultado da ação conjunta e complexa de vários fatores como o teor e mineralogia da fração argila (FERREIRA et al., 1999); teor de matéria orgânica, estrutura (REICHARDT, 1988), densidade do solo (BEUTLER et al., 2002)dentre outros. A matéria orgânica aumenta a capacidade de infiltração de água no solo e a sua capacidade de armazenamento devido à melhoria das condições físicas dos horizontes superficiais, principalmente em relação a sua estrutura (TATE, 1992; LAVERDIERE & DEKIMPE, 1984, SUMMERFELDT & CHANG, 1985). Este aumento da infiltração de água no solo reduz a formação de enxurradas e as perdas por erosão. Meek et al. (1982) observaram em um experimento de longo prazo, que a adição freqüente de matéria orgânica em um solo de textura média durante nov e anos resultou em incremento na taxa de infiltração de água no solo durante o período de desenvolvimento das culturas. Segundo Kiehl (1985), a matéria orgânica não decomposta apresenta capacidade de retenção de água em torno de 80%. Os materiais humificados, ricos em colóides, podem apresentar de 300 a 400% de capacidade de retenção. Para Stev enson (1982), a capacidade de retenção de água do material húmico do solo pode atingir 20 vezes o seu peso seco. Estes dados conf irmam as informações citadas por Kiehl (1979), onde f oi verificada uma correlação positiva entre o conteúdo de matéria orgânica do solo e o armazenamento de água do mesmo. Epstein et al. (1976) verificaram que a utilização de lodo de esgoto em solos argilo-siltosos promoveu o aumento no conteúdo e na capacidade de retenção de água. A utilização agronômica dos resíduos urbanos e industri ais (biossólidos) apresenta grande potencial e oferecem a oportunidade do seu uso como fertilizante e estruturador dos solos (SILVA et al., 2002). Os biossólidos tem sido utilizados na melhoria de áreas florestadas, na recuperação de áreas degradadas, como fertilizante em culturas agrícolas e como condicionador físico dos solos (SILVA et al., 1997; SLOAN et al.,1997). Diversos autores verificaram que a utilização de biossólidos diminui a densidade dos solos e aumenta a ret enção de água (AGGELIDES & LONDRA, 2000; KUMAR et al., 1985; DEBOSZ et al., 2002) Este trabalho teve como objetivo verificar a capacidade de retenção de água de um solo quando manejado com resíduo sólido proveniente de fábrica de papel e celulose e esterco. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. COSTA, A. S. da S.; et al. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em duas etapas. Na primeira, utilizaram-se vasos com capacidade para 1,7 kg de solo. O solo utilizado foi um B textural col etado na prof undidade de 40 centímet ros no Campus II da Uni v ersi dade Vale do Rio Doce (UNIVALE). O solo foi secado a sombra e peneirado em peneiras de 0,4 mm de malha. O resíduo sólido de celulose originado de processo industrial foi coletado na f ábrica de papel Santher localizada em Governador Valadares, MG, que utiliza papel reciclável como matéria prima. O resíduo foi peneirado ainda úmido em peneira de malha 0,4 mm e, em seguida, colocado para secar a sombra. O esterco utilizado no experimento foi o bovino e coletado no curral da Univale. O material foi secado a sombra e peneirado em peneiras de 0,4 mm de malha. A quantidade de resíduo utilizado (esterco e resíduo de celulose) em cada vaso foi o equivalente a 5% do peso total do solo, correspondente a 85 gramas. Os tratamentos utilizados foram: resíduo de celulose puro; resíduo de celulose+esterco (50%+50%), esterco puro e testemunha. Os resíduos foram utilizados em cobertura e incorporados. A incorporação foi realizada misturando-se o solo de cada vaso com a quantidade correspondente do resíduo em saco plástico. Após a preparação, os vasos foram colocados em casa de vegetação e umedecidos lentamente com água até atingirem a saturação com escorrimento de água no f undo dos v asos. Posteriormente não foi adicionada água aos vasos. Foram utilizadas três repetições para cada tratamento e o delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso. Foi realizada a análise de regressão com os dados coletados. 3 Foram realizadas coletas dos materiais dos vasos nos seguintes dias após a saturação: 1o, 4o, 9o, 10o, 11o e 14o dias. A amostra era coletada introduzindo um tubo de aproxi madam ente 2,0 centímetros de diâmetro no centro do vaso até o fundo. Após cada coleta os vasos eram descartados. A amostra foi mantida em saco plástico prensada e lacrada procurando-se evitar a perda de água por evaporação. No laboratório a amostra foi pesada (massa úmida) em balança de precisão e colocada em saco de papel e na estufa de ventilação forçada durante 72 horas a 85oC. Após este período, a amostra era novamente pesada (massa seca). Em seguida f oi cal culada a porcentagem de água presente no material no momento da coleta. Na segunda etapa o experimento foi conduzido em casa de vegetação, utilizando-se os mesmos vasos com o mesmo tipo de solo. A secagem e o peneiramento dos resíduos também foi semelhante ao experimento anterior. Nesta etapa os tratamentos utilizados foram: resíduo de celulose puro; resíduo de celulose+esterco (50%+50%) e esterco puro, adicionados em cobertura com as seguint es espessuras: 1; 2; 3 e 4 centímetros. Após a adição do resíduo em cobertura, o solo f oi umedecido lentamente até atingir a saturação com escorrimento da água no fundo do vaso. As coletas das amostras foram realizadas retirando-se os resíduos da cobertura do solo e introduzindo um tubo de aproximadamente 2,0 centímetros no centro do vaso até o fundo. O teor de umidade das amostras foi calculado seguindo a metodologia da etapa anterior. Foi realizada uma única coleta no 10o dia após a saturação dos solos. Esta etapa foi composta por três repetições e o delineamento experimental utilizado foi em blocos ao acaso. Foi realizada a análise de variância e o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. Manejo de Resíduo Industrial... 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO No primeiro ensaio observou-se em todos os tratamentos, no primeiro dia após a saturação, que os teores de água encontrav am-se entre 25% e 30%, incluindo a testemunha (Figura 1). Apesar da proxi midade dos v al ores dos conteúdos de água dos tratamentos nesta coleta, pode-se observar através das Figuras 2 e 4 com incorporação de resíduo de celulose+esterco e resíduo de celulose puro respectivamente, que a quantidade de água armazenada nestes tratamentos atingiu valores próximos a 30%, superior aos demais. Estes materiais quando i nc o r po r a do s a u m en ta m a su a capacidade de retenção de água durante o processo inicial de molhamento. Estes efeitos não foram observados por outros aut ores quando trabalharam com biossólidos de lodo de esgoto. Melo et al. (2004), utilizando 50 ton/ha de lodo de esgoto aplicado em um período de cinco anos, não alterou a capacidade de retenção de água em dois tipos de solos. Jorge et al. (1991), avaliando a adição de 10 ton/ha de lodo de esgoto em um Latossolo Vermelho de textura argilosa, não verificaram alterações na retenção de água e na densidade deste solo, apenas na relação entre macro e microporosidade. Nas Figuras 2, 3 e 4 que representam o resíduo de celulose+esterco, esterco e resíduo de celulose incorporados, respectivamente, observa-se a tendência em relação a perda de água semelhante ao tratamento testemunha (Figura 1) ao longo do período avaliado. Nestes tratamentos o teor de água, 14 dias após a sua saturação, ficaram entre 5% e 10% com valores mais baixos para o tratamento testemunha e mai s el ev ados para os dem ais tratamentos incorporados. As quedas mais intensas nos teores de água nestes tratamentos foram observadas na fase inicial, até o 9o dia após a saturação dos solos, onde os valores se encontravam próximos de 10%. Solos com maiores teores de umidade tendem a perder água mais rapidamente devido às forças de retenção estarem atuando com menor intensidade, facilitando a transferência desta água para a atmosfera. Segundo Marciano et al. (2001), quando o solo originalmente possui uma boa agregação, podem não ocorrer melhorias nas características físicas, mesmo aplicandose grandes quantidades de biossólidos. 30 25 % de água 30 25 % de água 20 20 15 10 15 y =0,0885x2 - 3,0511x+32,482 R2 =0,9923** 5 10 y= 0,0994x2 - 3,1291x+29,397 R2 = 0,9932** 5 0 0 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Diasapósasaturaçãodosolo Dias após a saturação do solo Figura 1. Variação no conteúdo de água no tratamento testemunha Figura 2. Variaç ão no conteúdo de água no tratamento celulose+esterco incorporado Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. COSTA, A. S. da S.; et al. 5 30 % de água 25 20 15 10 y = 0,0768x2 - 2,6988x + 30,889 5 R2 = 0,9984** 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias após a saturação do solo Figura 3. Variação no conteúdo de água no tratamento com esterco incorporado 30 % de água 25 20 15 10 y = 0,1274x 2 - 3,5633x + 32,353 R2 = 0,9835** 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias após a s aturaç ão do s olo Figura 4. Variação no conteúdo de água no tratamento com celulose incorporada Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. Manejo de Resíduo Industrial... 6 Quando os resíduos f oram mantidos em cobertura (Figuras 5, 6 e 7), os resul tados most raram algumas diferenças na capacidade de retenção em rel ação aos tratamentos com incorporação (Figuras 2, 3 e 4). Quando Na Figura 5, observa-se que o tratamento com resíduo de celulose em cobertura perde água de modo uniforme ao longo dos dias avaliados. Os valores finais do conteúdo de água após os 14 dias ficaram um pouco abaixo de 10%. As perdas de água por evaporação neste tratamento entre o 1º e o 14º dia avaliado foram de 68,5%. Na Figura 6, o esterco se mostrou um excelente mantenedor de água quando utilizado em cobertura. Após 14 dias de avaliação, as amostras haviam perdido apenas 41% da água armazenada, mantendo o seu teor de umidade acima de 16%. As perdas de água por evaporação mostraram-se constantes ao longo do período avaliado. Na Figura 7, a cobertura foi realizada com resíduo de celulose e esterco misturados na proporção de 50%/50%. Através do gráfico observa-se que as perdas de água por evaporação também foram uniformes ao longo dos 14 di as av aliados, semelhante aos demais tratamentos com material em cobertura. O teor de água no solo na última avaliação estava em torno de 13%, com perdas de 54% durante o período. Estes resultados mostram que os materiais (esterco e celulose) quando utilizados em cobertura, promovem a retenção de água por períodos mais prolongados quando comparados aos tratamentos com incorporação. Este fato deveu-se, provavelmente, ao isolamento criado pelos materiais em cobertura que impediram a incidência direta dos raios solares e o seu aquecimento excessivo e conseqüentemente, reduzindo a taxa de evaporação da água. O resíduo de celulose misturado com o esterco apresentou bons resultados com parado ao resíduo de celulose. Este fator favoreceu o efeito do esterco em cobertura na retenção de água formando uma camada mais espessa promov endo um isolamento m ais eficiente. Os tratamentos com os resíduos incorporados, aumentaram a capacidade de retenção inici al de água pois, prov av el mente, atuaram de f orma interativa com as partículasminerais, aumentando a capacidade de troca catiônica dos solos e a sua capacidade de retenção. Apesar desta característica positiva, os solos ficavam expostos à radiação e as altas temperaturas, gerando energia suficiente para desprender esta água armazenada transformando-a em vapor. 30 % de água 25 20 15 10 2 y = -0,0079x - 1,3348x + 28,722 5 2 R = 0,9662** 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias após a saturação do solo Figura 5 . Variação no conteúdo de água no tratamento com celulose em cobertura Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. COSTA, A. S. da S.; et al. 7 30 % de água 25 20 15 y = -0,0456x2 - 0,1907x + 28,148 R 2 = 0,9623** 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Dias após a saturação do solo Figura 6. Variação no conteúdo de água no tratamento com esterco em cobertura 30 % de água 25 20 15 y = -0,0 29 8x 2 - 0,7 31 8x + 28 ,7 98 R 2 = 0,98 78 ** 10 5 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 D ias apó s a s aturaç ão do s olo Figura 7. Variação no conteúdo de água no tratamento com celulose+esterco em cobertura No segundo ensaio foi avaliada a cobertura pela espessura das camadas de resíduo (esterco e resíduo de celulose) procurando-se estudar os efeitos do volume dos materiais. Tabela1. Uso de diferentes camadas de materiais em cobertura no solo e os seus efeitos na capacidade de retenção de água (%), dez dias após o seu encharcamento. Materiais Esterco 22,05A Celulose+Esterco Celulose Média 1 cm 11,88A Camada de cobertura do solo 2 cm 3cm 4cm 15,79A 20,09A 6,96 B 3,87 C 7,57 12,97 B 6,59 C 11,78 18,40A 10,37 B 16,29 19,97A 16,54 B 19,52 * As letras maiúsculas iguais não diferem entre si, dentro das colunas, ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. Manejo de Resíduo Industrial... 8 No segundo ensaio foi avaliada a cobertura pela espessura das camadas de resíduo (esterco e resíduo de celulose) procurando-se estudar os efeitos do volume dos materiais. Na camada de cobertura de um centímetro, o esterco mostrou-se mais eficiente na manutenção da água com valores 71% superiores ao tratamento celulose+esterco e acima de 200% ao tratamento somente com cobertura de resíduo de celulose. No tratamento em que a camada de material na cobertura do solo foi de dois centímetros, as diferenças reduziram-se, mas permaneceram estatisticamente diferentes, com o melhor tratamento sendo a cobertura do solo com esterco. Nos tratamentos com camadas de cobertura de solo de três e quatro centímetros, não ocorreram diferenças significativas entre a cobertura de esterco e a cobertura de esterco +resíduo de celulose. Nota-se também um grande acréscimo na capacidade de retenção de água no solo com o aumento da camada de cobertura com esterco + resíduo de celulose. Neste tratamento, o aumento da camada de um para quatro centímetros promoveu um acréscimo na ret enção de água de 187% e com cobertura de esterco puro o acréscimo foi de 85%. O resíduo de celulose mostra-se promissor neste processo devido a sua degradação no solo ser extremamente lenta em função de sua composição química e elevada relação carbono/ nitrogênio, em torno de 500/1 (COSTA, 2005; COSTA et al., 2004), diferentemente do esterco que, apesar de possuir grande potencial para aumentar a capacidade de retenção de água dos solos, apresenta alta velocidade de decomposição devido a sua baixa relação carbono/nitrogênio e presença de compostos de f ácil degradação pelos microrganismos, permanecendo no solo por um período de tem po reduzi do, sendo necessária aplicação freqüente (KIEHL, 1985). O resíduo de celulose associado ao esterco além de favorecer a retenção de água, reduz a velocidade de degradação do esterco, mantendo os seus ef eitos benéficos por mais tempo (COSTA, 2005, COSTA et al., 2002). Este f ator é importante, pois reduz a freqüência da aplicação de matéria orgânica no solo e da irrigação beneficiando o produtor na economia de gastos com matéria orgânica, mão-de-obra, energia elétrica e água na irrigação. REFERÊNCIAS BLIBLIOGRAFICAS AGGELIDES, S.M.; LONDRA, P.A. Effects of compost produced from town wastes and sewage sludge on the physical properties of a loamy and clay soil. Bioresource Technology, v.71, p.253-259, 2000. BEUTLER, A.N.; CENTURION, J.F.; SOUZA, Z.M.; ANDRIOLI, I.; ROQUE, C.G. Retenção de água em dois tipos de Latossolos sob diferentes usos. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26, p.829834, 2002. CLEMENT, C. R. The growth of cereals under soil conditions characteristic to an unstable tilth. Plant and Soil, v.20, p.265270, 1964. COSTA, A. S. V. da. Uso de resíduo sólido industrial de fibrilose na produção de composto orgânico e uso em sistemas agrícolas. Relatório Técnico FEAM, Belo Horizonte, 2005. 85p. COSTA, A. S. V. da, GALVÃO, E. R., SILVA, M. B., MONTEIRO, C. L. O.; MIRANDA, I. E. B. Manejo do resíduo de celulose em solos agrícolas e o seu efeito na alteração do pH. Revista Doxa, 2:57-67, 2004. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. COSTA, A. S. da S.; et al. COSTA, A. S. V., LOVO, I. C., FERRARI JUNIOR, M. J., GALVÃO, E. R.; RIBEIRO, J. M. O. Efeitos do resíduo de celulose nas características químicas dos solos e no desenv olvimento de culturas agrícolas In: 35o congresso e Exposição Anual de Celulose e Papel, São Paul o. Anais do 35o Congresso e Exposição Anual de Celulose e Papel. CD room, 2002. DEBOSZ, K.; PETERSEN, S.O.; KURE, L.K.; AMBUS, P. Evaluating effects of sewage sludge and household compost on soil physi cal, chem ical and microbiological properties. Applied and Soil and Ecology, v.19, p.237-248, 2002. ELGABALY, M. M.; ELGAHAMRY, W. M. Water permeability and agregate stability of caolinits influenced by different cation absorption. Soil Science, v.110, p.107-110, 1970. EPSTEIN, E., TAYLOR, J. M.; CHANEY, R. L. Effects of sewage sludge compost applied to soil on some soil physical and chemical properties. Journal Envi-ronment Quality., v.5, p.422-426, 1976. FERREIRA, M.M.; FERNANDES, B.; CURI, N. Influência da mineralogia da fração argila nas propriedades físicas de latossolos da Região Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.23, p.515-524, 1999. JORGE, J.A.; CAMARG O, O. A.; VALADARES, J.M.A.S. Condições físicas de um Latossolo Vermelho-Escuro quatro anos após aplicação de lodo de esgoto e calcário. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.15, p.237-240, 1991. 9 KIEHL, E. J. Manual de edafologia: relações solo-planta. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1979. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1985. 492p. KUMAR, S.; MALLIK, R.S.; DAHIYA, I.S. Influence of different wastes upon water retent ion transmi ssion and contact characteristics of sandy soil. Australian Journal of Soil Research, v.23, p.131-136, 1985. LAVERDIERE, M. R.; DEKIMPE, C. R. Agronomic use of clay soil from Abititi, Quebec: 2. Eff ects of organic amendments and cultivation on crop production. Soil Science, v.137, p.128-133, 1984. MACHADO, J. A. Efeito dos sistemas de cultivo reduzido e convencional na alteração de algumas propriedades físicas e químicas do solo. Tese de livre docência, UFSM, RS, 1976. MARCIANO, C.R.; MORAES, S.O.; OLIVEIRA, F.C.; MATTIAZZO, M.E. Efeito do lodo de esgoto e do composto de lixo urbano sobre a condutividade hidráulica de um Latossolo Amarelo saturado e não saturado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.25, p.1-9, 2001. MEEK, B. L.; GRAHAM, L.; DONOVAN, T. Long term effects of manure on soil nitrogen, potassium, sodium, organic matter and water infiltration rates. Soil Science Society American Journal, v.46, p.1014-1019, 1982. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006. Manejo de Resíduo Industrial... 10 MELO, V. P. de; BEUTLER, A. N.; SOUZA, Z. M. de; CENTURION, J. F.; MELO, W. de. Atributos f ísicos de Latossolos adubados durante cinco anos com biossól ido. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.39, p.324-330, 2004. REICHARDT, K. Capacidade de campo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.12, p.211-216, 1988. SILVA, J.E.; RESCK, D.V.S.; SHARMA, R.D.; FEITOZA, L. Utilização do lodo de esgoto como fonte de fósforo e nitrogênio para o m ilho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO, 26., 1997, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1997. 4p. CD-ROM. STEVENSON, E. J. Humus chemistry: genesis, composition, reactions. New York, NY: John Wiley & Sons., 1982. 443p. SUMMERFELDT, T. G.; CHANG, C. Changes in soil properties under annual applications of f eedlot manure and different tillage practices. Soil Science Society American Journal, v.49, p.983987, 1985. TATE, R. L. Soil organic matter biological and ecological effects. Florida: Krieger Publishing Company, 1992. 291p. SILVA, J.E.; RESCK, D.V.S.; SHARMA, R.D. Alternativa agronômica para o biossólido produzido no Distrito Federal I: efeito na produção de milho e na adição de metais pesados em latossolo no cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.26, p.487-495, 2002. SLOAN, J.J.; DOWDY, R.H.; DOLAN, M.S.; LINDEN, D.R. Long term effects of biosolids applications on heavy metal bioavailability in agricultural soils. Journal of Environmental Quality, v.26, p.966-975, 1997. SOUZA, D. M. P. de. Água no solo: armazenamento e disponibilidade em terra roxa estruturada e terra roxa misturada. Revista da Escola de Agronomia e Veterinária do Paraná, PR, v.3, p.79-138, 1967. Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. da Vida, RJ, EDUR. v. 26, n. 1, jan-jun, 2006, p. 01-10, 2006.