Capítulo 2 Funções Ao final deste capítulo você deverá: Recordar o conceito de função, domínio e imagem; Enunciar e praticar as operações com funções; Identificar as funções elementares, calcular função composta e determinar a função inversa; Aplicar funções em situações práticas. 2.1 Funções Um dos conceitos mais importantes da matemática é o conceito de função. Em muitas situações práticas, o valor de uma quantidade pode depender do valor de uma segunda. A procura de carne pelo consumidor, por exemplo, pode depender do seu preço atual no mercado; a quantidade de ar poluído numa área metropolitana depende do número de veículos na rua; o valor de uma garrafa de vinho pode depender da safra. Essas relações são matematicamente representadas por funções. Sejam A e B dois conjuntos. Uma função é uma relação que a cada elemento de A associa um único elemento de B , e é indicada por f : A → B . A relação entre os conjuntos A e B é dada através de uma regra de associação expressa na forma y = f (x) . Glossário Função :Na Matemática, função significa uma relação (com algumas características determinadas) entre membros de dois ou mais conjuntos. Funções descrevem relações matemáticas especiais entre dois objetos, x e y. O objeto x é chamado o argumento da função f e o objeto y que depende de x é chamado imagem de x pela f. Função:Em Contabilidade, função é o que relaciona determinado componente ao objetivo de um sistema contábil. Exemplo: função custo direto e função custo total. Definição (Função): Sejam A e B dois conjuntos. Dizemos que f é uma função ou aplicação, de conjunto A em conjunto B , se e somente se, todo elemento de A , está em correspondência com um único elemento de B . Escrevemos f : A → B definida por y = f ( x) onde y é o valor de f em x . Domínio: É o conjunto dos valores de x tais que a função está definida. Anotamos D( f ) = A ou Dom( f ) = A . Contra-domínio: O conjunto B é o contra-domínio da função CD( f ) = B . Imagem: É o conjunto dos valores y ∈ B tais que y = f ( x) para algum x . Anotamos Im( f ) ⊆ B . Assim: e D( f ) = { x ∈ A y = f ( x ) para algum y ∈ B} , Im( f ) = { y ∈ B ∃ x ∈ A com y = f ( x )} . Por exemplo, seja f : A → B definida por f ( x) = 2 x , onde A = { 1, 2,3} e B = { 1, 2, 4, 6, 7} . Neste caso, D( f ) = { 1, 2,3} , CD ( f ) = { 1, 2, 4, 6, 7} e Im( f ) = { 2, 4, 6} . Veja a figura abaixo: A = Df( ) B = CDf( ) f 7 1 2 2 4 3 6 1 Im( f ) Figura 2.1 Uma função f : A → B é dita função real de uma variável real se A ⊂ ¡ e B ⊂ ¡ . Figura 2.2 Normalmente, representamos por y = f ( x) , x ∈ A e y ∈ B . Veja a seguir alguns exemplos de funções. (i) f ( x) = x , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ . (iii) f ( x) = x 2 , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ f ( x ) = x , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = [ 0, ∞ ] (iv) f ( x) = (ii) (v) (vi) (vii) (viii) (ix) (x) x , x ≠ 2 , D( f ) = ¡ − { 2} x−2 f ( x ) = 1 − x 2 , −1 ≤ x ≤ 1 , D( f ) = [ −1,1] f ( x) = x + 1 , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ 3 f ( x ) = , x ≠ 0 , x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ ∗ = ¡ − { 0} x f ( x) = x , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ . 1 f ( x) = , x ≠ −2 x+2 D( f ) = ¡ − { −2} = { x ∈ ¡ / x ≠ −2} e Im( f ) = ¡ . f ( x ) = 2 x + 3 ⇒ 2 x + 3 ≥ 0 ⇒ x ≥ −3 / 2 . Neste caso, D( f ) = { x ∈ ¡ / x ≥ −3 / 2} . (xi) f ( x) = x−2 x−2 ⇒ ≥ 0 e x ≠ −3 . x+3 x+3 1º Caso: x − 2 ≥ 0 e x + 3 > 0 ⇒ x ≥ 2 e x > −3 2º Caso: x − 2 ≤ 0 e x + 3 < 0 ⇒ x ≤ 2 e x < −3 . Assim, D( f ) = { x ∈ ¡ / x ∈ ( −∞, −3) U ( 2, +∞ ) } Vamos verificar se você está acompanhando tudo até aqui? Procure, então, atender aos exercícios propostos . Atividades de Auto Avaliação 1 • Determine domínio nas seguintes funções: x+3 f ( x) = (i) (ii) x +1 1 f ( x) = (iii) (iv) x +1 (v) (vi) f ( x) = 2 x + 3 1 1 f ( x) = + (vii) (viii) x x+5 f ( x) = f ( x) = f ( x) = f ( x) = (ix) f ( x) = x + 2 (x) f ( x) = (xi) f ( x) = x 2 − 4 (xii) f ( x) = x +1 x+2 1 x+2 1 − 3x 1 1 + 2 x −4 x+4 1 x2 −1 x−3 (xiii) f ( x) = 1 x −3 (xiv) 3 f ( x) = x 2x 2.1.1 Gráfico de uma Função É o subconjunto do plano formado pelos pontos ( x, f ( x) ) , ∀ x ∈ ¡ , quando x percorre o campo de definição de função f : ¡ → ¡ . Im( f ) = G ( f ) . Exemplo 2.1. Seja f ( x ) = x , ∀ x ∈ ¡ . D( f ) = ¡ e Im( f ) = ¡ . Figura 2.3 Exemplo 2.2. Seja f ( x ) = x 2 , ∀ x ∈ ¡ . D( f ) = ¡ e Im( f ) = ¡ + . Figura 2.4 Exemplo 2.3. Seja f : ¡ + → ¡ + , f ( x) = x , D( f ) = ¡ + e Im( f ) = ¡ + . Figura 2.5 Exemplo 2.4. Seja f ( x ) = x , ∀ x ∈ ¡ , D( f ) = ¡ e Im( f ) = ¡ + . Figura 2.6 Duas funções f e g são iguais se e somente se tem o mesmo domínio e f ( x) = g ( x ) , ∀ x ∈ D( f ) . Exemplo 2.5. f : A → B , f ( x) = x − 1 e g ( x) = . Neste caso, f ( x) = g ( x) , ∀ x ∈ A . x2 − x , onde A = { 1, 2,3} e B = { 0,1, 2,3, 4,5} x Exemplo 2.6. Sejam f , g : ¡ → ¡ , definidas por f ( x) = x 4 e g ( x) = x 2 . Neste caso, temos f ( x) = g ( x) , ∀ x ∈ ¡ , pois x 4 = x 2 . Exemplo 2.7. Sejam f , g : ¡ → ¡ , f ( x) = x 2 e g ( x) = x . Neste caso, f ( x) ≠ g ( x ) , x2 ≠ x , ∀ x < 0 . Exemplo 2.8. Sejam f ( x) = x e g ( x) = ¡ ∗ = ¡ − { 0} . x2 são iguais se, e somente se, o domínio de ambas é x 2.1.2 Operações com Funções Dadas às funções f e g definidas. Então valem as seguintes: (i) Soma de f e g : ( f + g )( x) = f ( x ) + g ( x ) ; (ii) Diferença de f e g : ( f − g )( x) = f ( x ) − g ( x) ; (iii) Produto de f e g : ( f ×g )( x) = f ( x) ×g ( x) ; (iv) Quociente de f e g : f f ( x) , g ( x) ≠ 0 . ÷( x) = g ( x) g Em cada caso o domínio da função resultante consiste dos valores de x comuns ao das f funções f e g , sendo que para , o domínio é interseção excluídos os pontos tais que g 3 g ( x) ≠ 0 . Por exemplo, dadas às funções f ( x) = x 2 + 2 e g ( x) = , então: x −1 (i) (ii) (iii) (iv) 2.1.3 3 , x ≠ 1. x −1 3 ( f − g )( x) = x 2 + 2 − , x ≠ 1. x −1 3 ( f ×g )( x) = x 2 + 2 ÷, x ≠ 1 . x −1 x2 + 2 ( x − 1) x 2 + 2 f g ÷( x ) = 3 = , 3 ÷ x −1 ( f + g )( x) = x 2 + 2 + ( ( ) ) ( ) D( f + g ) = ¡ − { 1} D( f − g ) = ¡ − { 1} D( f ×g ) = ¡ − { 1} f D ÷ = ¡ − { 1} , pois D( g ) = ¡ − { 1} . g Funções Definidas por Várias Sentenças São as funções onde função é dada por diferentes valores em diferentes intervalos. Nos exemplos a seguir obter o gráfico, seu domínio e sua imagem das funções: f :¡ → ¡ . 1, se x < 0 Exemplo 2.9. f ( x) = 2, se 0 ≤ x < 1 1, se x ≥ 1 Resolução: D( f ) = ¡ , Im( f ) = { 1, 2} . Figura 2.7 − x, se x < 0 Exemplo 2.10. f ( x) = 2 x , se x ≥ 0 Resolução: D( f ) = ¡ , Im( f ) = ¡ + . Figura 2.8 x, se 0 ≤ x ≤ 2 Exemplo 2.11. f ( x) = 2, se 2 ≤ x ≤ 3 5 − x, se x ≥ 3 Resolução: D( f ) = ¡ + , Im( f ) = ( −∞, 2] . Figura 2.9 x − 1, se x < 3 Exemplo 2.12. f ( x) = 2 x + 1, se x ≥ 3 Resolução: D( f ) = ¡ , Im( f ) = ¡ . Figura 2.10 2.2 Tipos de Funções (a) Funções monótonas (i) Função Crescente: A função y = f ( x) é crescente num intervalo de seu domínio se dados dois valores quaisquer deste intervalo, x1 e x2 com x1 ≤ x2 , temos f ( x1 ) ≤ f ( x2 ) . Por exemplo, y = 2 x , D( f ) = ¡ , Im( f ) = ¡ , ∀ x1 , x2 ∈ ¡ e x1 ≤ x2 ⇒ f ( x1 ) ≤ f ( x2 ) . (ii) Função Decrescente: A função y = f ( x) é decrescente num intervalo de seu domínio se dados dois valores quaisquer deste intervalo, x1 e x2 com x1 ≤ x2 , temos f ( x1 ) ≥ f ( x2 ) . Por exemplo, y = −2 x , D( f ) = ¡ , Im( f ) = ¡ , ∀ x1 , x2 ∈ ¡ e x1 ≤ x2 ⇒ f ( x1 ) ≥ f ( x2 ) . Figura 2.11 (b) Função Injetora Dizemos que f : A → B é injetora se e somente se, dados x1 e x2 ∈ A com x1 ≠ x2 implica que f ( x1 ) ≠ f ( x2 ) ou se f ( x1 ) = f ( x2 ) então x1 = x2 . Por exemplo, (i) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x é injetora, pois ∀ x1 , x2 com x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 ) . (ii) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x 2 não é injetora, pois x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 ) , considerando x1 = 3 e x2 = −3 , temos x1 ≠ x2 ⇒ f ( −3) ≠ f (3) = 9 . Figura 2.12 (c) Função Sobrejetora Dizemos que f : A → B é sobrejetora se e somente se Im( f ) = B ou f ( A) = B . Por exemplo, (i) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x 3 é sobrejetora, pois D( f ) = ¡ e Im( f ) = ¡ . (ii) f : ¡ + → ¡ + , f ( x) = x 2 é sobrejetora, pois D( f ) = ¡ + e Im( f ) = ¡ + . (iii) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x 2 não é sobrejetora, pois D( f ) = ¡ e Im( f ) = ¡ + . (d) Função Bijetora Dizemos que f : A → B é bijetora se e somente se, f é injetora e sobrejetora, isto é, x1 ≠ x2 ⇒ f ( x1 ) ≠ f ( x2 ) e Im( f ) = B . Por exemplo, (i) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x ; (ii) f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x 3 ; + (iii) f : ¡ (e) → ¡ + , f ( x) = x 2 ; são funções bijetoras. Função Inversa Se f : A → B é bijetora, a relação inversa de f é uma função de B em A que denominamos função inversa e indicamos por f −1 . Figura 2.13 Observação: f : A → B sendo bijetora, garante a existência da função inversa f −1 : B → A e (i) ( ) ( ) D f −1 = Im( f ) = B e Im f −1 = D( f ) = A . (ii) (iii) ∃ f −1 ⇔ f é bijetora. Existe f −1 é equivalente dizer f é inversível. Por exemplo, (i) Figura 2.14 A função dada acima na figura 2.14 é inversível. (ii) Figura 2.15 A função dada acima na figura 2.15 é não inversível. • Regras práticas para o cálculo de função inversa Na função y = f ( x) trocamos x por y e y por x , obtendo x = f ( y ) . Expressamos y em função de x . Por exemplo, (iii) Seja f : ¡ → ¡ , y = 2 x − 4 y = f ( x) = 2 x − 4 ⇒ x = 2y − 4 ⇒ 2y = x + 4 x + 2 = f −1 ( x) 2 x ⇒ f −1 ( x) = + 2 . 2 ⇒y= (iv) Seja f : ¡ y = x2 ⇒ x = y2 + → ¡ + , y = x2 ⇒y= x ⇒ f −1 : ¡ + → ¡ + , f −1 ( x ) = x . Observação: Os gráficos de f e f −1 são simétricos em relação à bissetriz do 1º e 3º quadrante do plano cartesiano. Por exemplo, f ( x) = x3 , f : ¡ → ¡ (i) ⇒ f −1 : ¡ → ¡ , f −1 ( x ) = 3 x . Figura 2.16 (ii) f :¡ + → ¡ + , f ( x) = x 2 ⇒ f −1 ( x) = x Figura 2.17 2.3 Composição de Funções Sejam A , B e C três conjuntos. Consideremos as funções f e g tal que f : A→ B e g:B →C . Associado com f e g existe uma função L : A → C denominada composição e definida por h( x) = ( g o f )( x) = g ( f ( x )) , ∀ x ∈ A . Figura 2.18 Assim temos f : x → f ( x) = y ∈ Im( f ) ⊂ B e g : y → g ( y ) = z ∈ Im( g ) ⊂ C . Observações: g o f só está definida, quando CD( f ) = D( g ) . (i) (ii) Em geral, g o f ≠ f og . (iii) O domínio de f og é o conjunto de todos os números x no domínio D( f ) . Exemplo 2.13. Sejam A = { 1, 2,3, 4} , B = { 0, 2, 4, 6,8,9} e C = { 0, 4,16,36, 64,81,100} . Consideremos f : A → B : f ( x) = 2 x = y e g : B → C : g ( y ) = y 2 = z . Então h : A → C : h( x) = ( g o f )( x) = g ( f ( x )) = g (2 x) = 4 x 2 . Exemplo 2.14. Sejam f , g : ¡ → ¡ definidas por f ( x ) = x + 1 e g ( x) = x 2 . Então, ( f og )( x ) = f ( g ( x)) = f ( x 2 ) = x 2 + 1 , e ( g o f )( x ) = g ( f ( x)) = g ( x + 1) = ( x + 1) = x 2 + 2 x + 1 . 2 Agora, x 2 + 1 ≠ x 2 + 2 x + 1 ⇒ f og ≠ g o f . 2 Exemplo 2.15. Sendo f : ¡ → ¡ , f ( x ) = x − 1 e g ( x ) = x + 2 . Calcular: (i) (ii) (iii) (iv) f ( g ( x )) = f ( x + 2) = ( x + 2) 2 − 1 = x 2 + 4 x + 3 . g ( f ( x )) = g ( x 2 − 1) = x 2 − 1 + 2 = x 2 + 1 . f ( g (1)) = f (3) = 9 − 1 = 8 g ( f (0)) = g (−1) = −1 + 2 = 1 . 2 Exemplo 2.16. Sendo f : ¡ → ¡ , f ( x ) = 3 − 2 x e g ( x ) = 4 x + 1 . Calcular f og , g o f , f o f e g og . ( f og )( x ) = f ( g ( x )) (i) = f (4 x + 1) = 3 − 2(4 x + 1) 2 = 3 − 2(16 x 2 + 8 x + 1) = 3 − 32 x 2 − 16 x − 2 = −32 x 2 − 16 x + 1 (ii) ( g o f )( x ) = g ( f ( x )) = g (3 − 2 x 2 ) = (4(3 − 2 x 2 ) + 1) = 12 − 8 x 2 + 1 = −8 x 2 + 13 (iii) ( f o f )( x ) = f ( f ( x )) = f (3 − 2 x 2 ) = 3 − 2(3 − 2 x 2 ) 2 = 3 − 2(9 − 12 x 2 + 4 x 4 ) = 3 − 18 + 24 x 2 − 8 x 4 = −8 x 4 + 24 x 2 − 15 (iv) ( g og )( x ) = g ( g ( x )) = g (4 x + 1) = (4(4 x + 1) + 1) = 16 x + 4 + 1 = 16 x + 5 2.4 Funções Pares e Ímpares (a) Função Par Seja f : A → B . f é uma função par se e somente se f ( x) = f (− x) , ∀ x ∈ A . Por exemplo, f ( x) = x 2 , ∀ x ∈ ¡ é par, pois f ( x) = f (− x) = x 2 , ∀ x ∈ ¡ . Figura 2.19 (b) Função Ímpar Seja f : A → B . f é uma função par se e somente se f ( − x) = − f ( x) , ∀ x ∈ A . Por exemplo, f ( x) = x 3 , ∀ x ∈ ¡ é ímpar, pois f ( x) = − f ( − x) = x 3 , ∀ x ∈ ¡ . Observações: (i) O gráfico de uma função par é simétrico em relação ao eixo y . (ii) O gráfico de uma função ímpar é simétrico em relação a origem do sistema cartesiano. (iii) Existem funções que nem são pares e nem ímpares. Por exemplo, f ( x) = e x e f ( x ) = x + x 2 , ∀ x ∈ ¡ , nem são pares e nem são ímpares. Verifique se são pares ou ímpares as funções: (i) y = x (ii) y = 2.5 1 , x ≠ 0. x Funções elementares A seguir apresentaremos algumas funções elementares. a) Função constante A função que associa cada elemento do seu domínio a um mesmo elemento do contradomínio é chamada de função constante. Exemplo 3.11. A função f :[0, ∞) → ¡ , f ( x) = 2 , é uma função constante. Seu Figura no intervalo [ 0, 2] do seu domínio é o seguinte: Figura 2.20 b) Funções afim ou linear Chama-se função afim qualquer função dada por f ( x) = ax + b onde os coeficientes a e b são números reais dados. Quando b = 0 , a função é chamada de linear. O Figura da função afim com domínio e contradomínio ¡ é uma reta com coeficiente angular igual a a e que b intercepta os eixos coordenados X e Y nos pontos − , 0 e ( 0, b ) , respectivamente. a Exemplo 3.12. O gráfico da função afim tomando-se a = 1 e b = −1 , ou seja, y = f ( x ) = x − 1 , no intervalo [−1, 2] , é mostrado abaixo. Figura 2.21 Uma reta pode ser representada por uma função afim da forma y = ax + b . Precisamos apenas determinar a e b . c) Função módulo x, x ≥ 0 É a função definida por f ( x) = | x | = − x, x < 0 O gráfico da função módulo é o seguinte: Figura 2.22 d) Função quadrática Sejam a, b e c números reais quaisquer com a ≠ 0 . A função f definida em ¡ e dada por y = f ( x) = ax 2 + bx + c recebe nome de função quadrática. Exemplo 3.13. y = f ( x) = x 2 − 9 x + 14 (i) y = f ( x) = 5 x 2 + 25 x (ii) 2 3 1 y = f ( x) = − x 2 + x − (iii) 3 4 5 a = 1; b = −9; c = 14 . a = 5; b = 25; c = 0 . 2 3 1 a = − ;b= ;c = − . 3 4 5 e) Função polinomial É toda função cuja regra de associação é um polinômio, ou seja, f ( x) = an x n + an−1 x n−1 + ... + a1 x + a0 , onde os coeficientes a0 , a1 ,..., an são números reais e de f ( x ) . n é número natural chamado de grau Exemplo 3.14. As funções afim e linear são exemplos de funções polinomiais de grau n = 1 . A função quadrática f ( x) = ax 2 + bx + c , a ≠ 0 , é uma função polinomial de grau n = 2 . A função f ( x ) = 2 x 4 − x 3 + 3x 2 − 5 x + 1 é uma função polinomial de grau n = 4 . f) Função racional É toda função f cuja regra de associação é do tipo f ( x) = p( x) , q( x) onde p ( x) e q (x) ( q( x ) ≠ 0 ) são funções polinomiais. Uma função racional está definida em qualquer domínio que não contenha raízes do polinômio q (x) . Exemplo 3.15. Determine o maior domínio possível da função racional f ( x) = x 2 + x +1 . x +1 Resolução: Uma função racional com esta regra de associação está definida em todo ponto x tal que x + 1 ≠ 0 . Portanto, o maior domínio possível é o conjunto { x ∈ ¡ | x ≠ −1} . Figura 2.23 2.6 Função exponencial e logarítmica a) Função exponencial de base a Seja a um número positivo e a ≠ 1 . A função f : ¡ → (0, ∞) , dada por f ( x) = a x , é chamada de função exponencial de base a . Os gráficos dessas funções são os seguintes: Gráfico da função exponencial quando a > 1 . Figura 2.24 Gráfico da função exponencial, quando 0 < a < 1 . Figura 2.25 O conjunto imagem da função exponencial é o intervalo (0, + ∞) . Apresentaremos, a seguir, as propriedades de exponenciação. b) Propriedades da função exponencial As seguintes propriedades valem para quaisquer a, b, x, y ∈ R com a > 0 , b > 0 : P1 P2 P3 - a x ⋅ a y = a x+ y . ( a x b x ) = ( ab) x . ax = a x−y . ay x P4 P5 - ax a x = . b b (a x ) y = ( a y ) x = a xy . A função exponencial mais comum em aplicações é a função exponencial de base a = e onde e = 2,71828... é a constante de Euler, que é um número irracional. A função, nesse caso, é chamada de função exponencial natural ou, simplesmente, função exponencial. 2.7 Função logaritmo Seja a um número positivo e a ≠ 1 . A função definida por y = f ( x) = log a x x > 0 , recebe o nome de função logarítmico de base a . Vejamos os gráficos da função logarítmica: Figura 2.26 Figura 2.27 2.7.1 Propriedades da função logaritma Para todo x, y > 0 , valem as seguintes propriedades. P1. Propriedade do produto: log a ( xy ) = log a x + log a y . P2. Propriedade do quociente: x log a y = log a x − log a y . P3. Propriedade da potenciação: log a ( y x ) = x log a y . O logaritmo na base indicá-lo como ln x . 3.9 a = e é chamado de logaritmo natural e é comum Aplicações práticas das funções A seguir apresentaremos algumas aplicações práticas de funções em forma de exemplos. a) Função receita Exemplo 3.25. Um bem é vendido por R$300,00 a unidade. Sendo x a quantidade vendida, a receita de vendas será 300 × x . Podemos dizer que R ( x ) = 300 × x é uma função que fornece a quantidade vendida x à receita correspondente. Exemplo 3.26. Uma sorveteria vende um picolé por R$6,00 a unidade. Seja x a quantidade vendida. a) obtenha a função receita R ( x ) ; b) calcule R(50) ; c) qual a quantidade que deve ser vendida para dar uma receita igual a R$1.200,00? Resolução: a) R ( x ) = 6 × x . b) R (50) = 6 × 50 = 300 . c) Devemos ter 1.200 = 6 × x ⇒ x = 200 . Logo, a quantidade vendida deve ser de 20 picolés. b) Função custo e lucro do primeiro grau Seja x a quantidade produzida de um produto. O custo total de produção depende de x , e a relação entre eles chama de função custo total e a indicamos por C ( x) . Existem custos que não dependem da quantidade produzida, tais como aluguel, seguro e outros. A soma desses custos que não dependem da quantidade produzida chamamos de custo fixo e indicamos por CF . A parcela do custo que depende de x chamamos de custo variável e indicamos por CV ( x) . Logo, podemos escrever C ( x) = CF + CV ( x) . A função lucro L( x) é definida como a diferença entre a função receita R ( x ) e a função custo C ( x) e temos L( x) = R ( x) − C ( x) . Por exemplo, o custo fixo mensal de fabricação de um produto é R$6.000,00 e o custo variável por unidade é R$ 15,00. Então a função custo total é dada por C ( x ) = 6.000 + 15 x . Se o produto for, digamos número de aparelhos de TV, os valores de x serão 0, 1, 2,... Caso o produto for, digamos toneladas de soja produzidas, os valores de x serão números reais positivos. Exemplo 3.27. Um produto é vendido por R$20,00 a unidade (preço constante). A função receita será R ( x ) = 20 x . Se colocarmos o gráfico desta função receita e o da função custo C ( x ) = 6.000 + 15 x num mesmo sistema de coordenadas cartesianas teremos o gráfico abaixo Figura 2.28 Gráfico de R ( x ) = 20 x e C ( x ) = 6.000 + 15 x no mesmo sistema de coordenadas. A abscissa, xc , do ponto A é chamada de ponto de nivelamento ou ponto crítico. Note que: • Se x > xc , então R ( x ) > C ( x) e L( x ) > 0 . • Se x < xc , então R ( x ) < C ( x ) e L( x) < 0 . c) Função demanda Exemplo 3.28. O número x de certo produto demandado por mês numa loja relaciona-se com o preço unitário ( p ) conforme a função demanda p = 20 − 0, 004 x . Se o preço por unidade for de R$8,00, a quantidade demandada por mês será 8 = 20 − 0, 004x ⇒ 0, 004 x = 20 − 8 = 16 ⇒ x = 4.000 . O gráfico da função demanda p = 20 − 0, 004 x é dado abaixo Figura 2.29 d) Funções quadráticas receita e lucro Exemplo 3.29. A função de demanda de certo produto é p = 20 − x , e a função custo é C ( x ) = 30 + x onde x é a quantidade demandada. Determinar: a) a função receita e o preço que a maximiza. b) a função lucro e o preço que a maximiza. Resolução: a) Por definição de receita, temos R ( x ) = p × x = ( 20 − x ) × x = 20 x − x 2 . Logo, a função receita é R ( x ) = − x 2 + 20 x .Veja figura abaixo Figura 2.30 De R ( x ) = − x 2 + 20 x , temos a = −1; b = 20; c = 0 . Logo, o valor de x que maximiza R ( x ) = − x 2 + 20 x b 20 xV = − =− = 10 para uma receita máxima de 2a 2 × (−1) é a abscissa do vértice R (10) = − ( 10 ) + 20 × 10 = −100 + 200 = 100 . 2 Portanto, temos uma receita máxima de R$100,00 para uma demanda de x = 10 itens do produto. b) Assim, A função lucro é L( x) = R ( x) − C ( x) . L( x) = 20 x − x 2 − ( 30 + x ) = 20 x − x 2 − 30 − x = − x 2 + 19 x − 30 , onde a = −1; b = 19; c = −30 . Veja a figura de L( x ) abaixo Figura 2.31 O valor de x que maximiza a função lucro L( x) = − x 2 + 19 x − 30 é a abscissa do vértice b 19 19 xV = − =− = = 9,5 para um lucro máximo de 2a 2 × (−1) 2 L(9,5) = − ( 9,5) + 19 × 9,5 − 30 2 = −90, 25 + 180,5 − 30 = 60, 25 . Portanto, temos um lucro máximo de R$240,75. Vamos verificar se você está acompanhando tudo até aqui? Procure, então, atender aos exercícios propostos . Exercícios propostos – 2 1) Seja a função f ( x) = 4 x − 3 , calcular: f (−2) ; a) f (a + 1) ; b) c) d) e) f ( x + h) ; f ( x ) + f (h ) ; f ( x + h) − f ( x ) ,h ≠ 0 . h 2) Seja a função g ( x) = 5 x 2 − 4 x , calcular: g (−1) ; a) 1 g ÷; b) 4 g ( x + h) − g ( x ) ,h ≠ 0 ; c) h 1 g ÷; d) x g (−2) e) . g ( x) 3) Seja a função f ( x) = 2 x − x − 3 , calcule: f (−1) ; a) f (2) ; b) f (3) ; c) 1 f ÷; d) 2 f (2 x ) . e) 4) Faça o Figura da função f ( x) = − x 2 + 2 , com o Dom( f ) = { −3, −2, −1, 0,1, 2,3} . 5) Obtenha o domínio das seguintes funções: y = f ( x) = 3 x − 2 ; a) b) y = f ( x) = 3 − x ; c) y = f ( x) = x−5 . x−2 6) Esboce o Figura da função f , de domínio Dom( f ) = ¡ , dada por x 2 + 1, se x ≥ 0 f ( x) = . se x < 0 x, 7) Sejam as funções f ( x) = a) b) c) x +1 1 e g ( x) = , determinar: x −1 x f og e Dom( f og ) . g o f e Dom( g o f ) . f o f e Dom( f o f ) . 8) O custo de fabricação de x unidades de certo produto é dado pela função C ( x ) = 300 + 2 x . a) Qual o custo de fabricação de 30 unidades? b) Qual o custo de fabricação da vigésima unidade, já tendo sido fabricadas dezenove unidades? 9) Dada a função demanda p = 20 − 2 x e a função custo C ( x ) = 5 + x , determinar: a) O valor de x que maximiza a receita. b) O valor de x que maximiza o lucro. 10) Usando o mesmo sistema de coordenadas cartesianas, esboce o Figura da função receita dada por R ( x ) = 4 x e o Figura da função custo dada por C ( x) = 50 + 2 x e determine o ponto de nivelamento. 11) Obtenha a função lucro do exercício acima, esboce seu Figura e faça o estudo do sinal. 12) Um fabricante de brinquedos pode produzir um determinado brinquedo a um custo de R$10,00 por unidade. Está estimado que se o preço de venda do brinquedo for de x cada, então o número de brinquedos vendidos por mês será 250 − x . a) Expressar o lucro mensal do fabricante como uma função de x . b) Utilize o resultado da letra a para determinar o lucro mensal se o preço de venda for de R$35,00 cada. 13) Seja f :[0, ∞) → [ −2, ∞) , 14) Determinar a função inversa da função demanda p = 15) Indicando o custo médio correspondente a x unidades produzidas por CM ( x) , temos C ( x) CM ( x) = onde C ( x ) é o custo de fabricação de x unidades de um produto. O x custo de fabricação de x unidades de um produto é C ( x ) = 400 + 5 x . a) Qual o custo médio de fabricação de 80 unidades? b) Qual o custo médio de fabricação de 100 unidades? c) Para que valor tende o custo médio à medida que x aumenta?` y = f ( x) = x 2 − 2 . Determine a inversa da função f . 20 − x . 4 Relembrando o Capítulo: Neste capítulo, você teve a oportunidade de estudar e compreender o que é uma função. Você aprendeu operações com funções e esboçar gráfico de uma função. Neste capítulo você também estudou funções elementares, tais como, a função afim, a função linear e a função quadrática. Vimos também a função módulo, a função polinomial, a função racional, função par e função impar, a função exponencial de base a, a > 0 e a ≠ 1 , a função logaritmo de base a, a > 0 e a ≠ 1 , a função composta, funções crescentes e funções decrescentes e função inversa. Você viu também aplicações práticas de funções. Saiba Mais Para aprofundar os temas estudados neste capítulo consulte: MORETTIN, Pedro A., HAZZAN, Samuel e BUSSAB, Wilton de O. Cálculo funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva, 2005. SILVA, Sebastião Medeiros da, SILVA, Elio Medeiros da e SILVA, Ermes Medeiros da. Matemática: para os cursos de economia, administração e ciências contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1988. A partir de agora passaremos a estudar limites e continuidade de uma função..