52 Edição 01, 2012 http://www.dmat.eb.mil.br http://intranet.dmat.eb.mil.br fevereiro 2012 Seguindo a tendência mundial de busca do desenvolvimento sustentado, com o mínimo de dano à saúde das populações e menor impacto ambiental, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) criou o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, (PROCONVE), no ano de 1986. metropolitanos do País, a distribuição do diesel S50, que tem em sua composição 50 partes de enxofre por milhão. De acordo com o peso bruto total (pbt), o PROCONVE divide os veículos automotores em veículos leves (pbt de até 3,8 t), designados pela letra L e veículos pesados (acima desse valor ), designados pela letra P. Este Programa estabelece limites máximos para emissão de poluentes dos veículos novos, com fases sucessivas e limites cada vez mais restritivos: · Viaturas Leves: fases L1 a L6. A fase L6 entrará em vigência em 1º de janeiro de 2013 e não está no escopo do presente Informativo. · Viaturas pesadas (diesel): fases P1 a P7. O PROCONVE está produzindo rápidas e profundas mudanças em toda a Sociedade, impondo a distribuição de gasolina e diesel cada vez menos poluentes e a aquisição/manutenção de viaturas com tecnologias compatíveis a esses produtos. A fase P7 do PROCONVE, equivalente à fase EURO 5 da legislação europeia, entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 2012 e estabelece níveis de emissões veiculares mais baixos, que requerem uma tecnologia mais sofisticada nos motores. Nesse contexto, o Exército também está incluído pela existência de vários fatos importantes. O Exército tem uma frota de aproximadamente 20 mil viaturas. No ano de 2011, foram compradas 956 viaturas novas, sendo 562 operacionais e 394 administrativas. Para abastecer esta frota foram adquiridos, no mesmo ano, 6,3 milhões de litros de gasolina e 17 milhões de litros de óleo diesel, que são movimentados para 264 Postos de Abastecimento, Lavagem e Lubrificação (PALL) das OM, espalhadas em todo o Brasil. A partir de janeiro de 2013, iniciar-se-á a distribuição do diesel S10 (10 partes de enxofre por milhão). Os estoques atuais de diesel do Exército são do tipo S500 (500 partes de enxofre por milhão), nos principais centros urbanos, e S1800 (1800 partes de enxofre por milhão), no restante do País. CONSEQÜÊNCIAS DO PROCONVE PARA O EXÉRCITO Cel Pwa* Maj Bittencourt* 1. INTRODUÇÃO Não se pode transportar ou estocar esses combustíveis misturados, pois as viaturas que estão sendo produzidas a partir do corrente ano incorporam novas tecnologias e não rodam com S500 ou S1800. O propósito deste informativo é despertar o interesse do público interno para aspectos gerais do PROCONVE e suas conseqüências para as viaturas a diesel da Força. Em 16 Fev 12, a fim de identificar as conseqüências do PROCONVE para o Exército, reuniram-se o S Cmt Log e representantes da 3ª SCh EME, DEC, DCT, D Abst e D Mat. 2. HISTÓRICO No que se refere ao assunto, o papel de cada órgão é o seguinte: EME – direção geral. DEC – construção e adequação de instalações de postos de abastecimento; DCT - avaliação de novas tecnologias; D Abst – responsável pela aquisição de combustíveis veiculares; e D Mat – responsável pela aquisição de viaturas novas. Considerando as conclusões daquela reunião, o Gen Ex Renato Joaquim Ferrarezi, Cmt Log, Conforme se vê na tabela da página seguinte, o PROCONVE fixou prazos para a redução dos níveis máximos de emissões de poluentes. Em decorrência desses prazos, a partir de janeiro de 2009, a BR Distribuidora iniciou a distribuição, nos principais centros 1 Página 2 Informativo da D Mat FASE PROCONVE FASE EURO Fase P1 Níveis máximos de emissões poluentes (g/kW.h) CO HC NOx MP Sem espec. 14,00* 3,50* 18,00* --- Fase P2 Euro 0 11,20 2,45 14,40 0,60* Fase P3 Euro 1 4,90 1,23 9,00 0,40 ou ( 1) 0,70 Fase P4 Euro 2 4,00 1,10 7,00 0,15 Fase P5 Euro 3 2,10 0,66 5,00 0,10 ou ( 2) 0,13 Fase P6 Euro 4 1,50 0,46 3,50 0,02 Fase P7 Euro 5 1,50 0,46 2,00 0,02 Período de Vigência 1989 a 1993 1994 a 1995 1996 a 1999 2000 a 2005 2006 a 2008 2009 a 2012(3) a partir de 2012 Norma CONAMA Res.18/86 Res. 08/93 Res. 08/93 Res. 08/93 Res. 315/02 Res. 315/02 Res. 403/08 Qualidade Diesel Teor Máx Enxofre (ppm) --3.000 a 10.000 3.000 a 10.000 3.000 a 10.000 500 a 2.000 50 50 e 10 Fonte: A fase P7 do Proconve e o impacto no setor de transporte. – Brasília: CNT : Sest/Senat, 2011 (*) – não foram exigidos legalmente; (1) – 0,70 para motores até 85 kW e 0,40 para motores com mais de 85 kW; (2) – motores com cilindrada unitária inferior a 0,75dm3 e rotação à potência nominal superior a 3.000 RPM; (3) – não entrou em vigor. A fase P7 foi adaptada para incorporar a fase P6; (CO) – monóxido de carbono; (HC) – hidrocarbonetos; (NOx) – designação genérica dos óxidos de nitrogênio; e (MP) – material particulado. decidiu apresentar o assunto na 279ª Reunião do Alto Comando do Exército, em Fev 12. veículos P7, e até mesmo nulos no caso de veículos muito antigos. 3. MUDANÇAS NO DIESEL Os equipamentos em uso nos postos de combustível (tanque, filtro e bomba de diesel) podem ser adaptados para a distribuição de diesel com baixo teor de enxofre, desde que sejam previamente limpos e substituídos os elementos filtrantes. O teor máximo de enxofre é um dos aspectos mais importantes para atender os novos limites de emissões. O enxofre também é um elemento indesejável em qualquer combustível por causa da ação corrosiva de seus compostos e da formação de gases tóxicos como SO2 (dióxido de enxofre) e SO3 (trióxido de enxofre), que ocorrem durante a combustão do produto. Na presença de água, o trióxido de enxofre leva à formação de ácido sulfúrico (H2SO4), que é altamente corrosivo para as partes metálicas dos equipamentos, além de ser poluente. 4. DETALHES TÉCNICOS DA FASE P7 DO PROCONVE No Brasil, os veículos novos da fase P7 usam dois possíveis sistemas auxiliares de redução de emissões poluentes. Estes sistemas são a Recirculação do Gás de Escapamento (EGR) e Redução Catalítica Seletiva (SCR). Os caminhões e ônibus antigos poderão usar o diesel S50 ou S10. Nenhuma adequação é necessária nos veículos antigos. Os benefícios do diesel de baixo teor de enxofre (S50 ou menor), relacionados à conservação do motor, podem ser usufruídos pelos veículos fabricados antes de 2012. No entanto, os benefícios ambientais serão menores, quando comparados com os proporcionados por A Recirculação do Gás de Escapamento, chamada de EGR (Exhaust Gas Recirculation) e descrita na figura 01, é a tecnologia por meio da qual 20 a 30% do gás do escapamento é resfriado e retorna à admissão, reduzindo a temperatura da combustão e eliminando óxidos de nitrogênio (NOx). 2 Página 3 fevereiro 2012 Figura 01 – Sistema de recirculação do gás de escapamento (EGR). Figura 02 – Sistema de redução catalítica seletiva (SCR). Adicionalmente, é necessário um sistema de turbo-alimentação mais complexo e filtro de partículas no sistema de escape. Este sistema não necessita do uso de aditivo químico. no catalisador, que reduz a emissão de NOx. Quanto ao material particulado (MP), esse poluente é reduzido no próprio motor, durante a combustão. O ARLA 32 é abastecido em reservatório específico, não é acrescentado ao diesel e é injetado diretamente no sistema de exaustão, onde reage com os gases do escapamento, tranformando-se em gás nitrogênio (N2) e água (H2O). A outra tecnologia é a Redução Catalítica Seletiva, chamada SCR (Selective Catalityc Reduction) e descrita na figura 02 . Um aditivo reagente líquido, à base de ureia, o Agente Redutor Líquido de Óxido de Nitrogênio (NOx) Automotivo (ARLA 32), é pulverizado no gás de escapamento, ocorrendo uma reação química 3 Página 4 Informativo da D Mat 5. ARLA 32 as viaturas de uso militar das exigências do PROCONVE. Entretanto, prevê-se que, a partir de 2013, não haverá mais, no mercado, viaturas e anteriores à fase P7 para serem adquiridas. Conseqüentemente, o Exército terá de adquirir forçosamente viaturas com a motorização da fase P7. Por essa razão, as atividades da Força deverão ser planejadas de forma que viaturas novas sejam mandadas somente para áreas de operação ou guarnições onde exista o combustível compatível para o seu emprego. O ARLA 32 é uma solução líquida de ureia e água com alto grau de pureza, diferente da ureia fertilizante e industrial. Esta solução age através da sua reação com os óxidos de nitrogênio (NOx). O número 32 refere-se à concentração da solução (32,5%). O ARLA 32 é um fluido não inflamável, não tóxico, não perigoso e não explosivo e, portanto, muito seguro. Não é nocivo ao meio ambiente e está classificado na categoria dos fluidos transportáveis de baixo risco. Os veículos adquiridos pelo Exército, cujos motores atendam a fase P7, devem obrigatoriamente usar os novos óleos diesel do tipo S50 ou inferior. Esta exigência demanda algumas modificações no sistema vigente de abastecimento de combustível do EB, considerando que o diesel usado atualmente nas viaturas é o S500. A aquisição, estocagem e distribuição de óleo diesel S50 e S10 deve ser feita de forma a não contaminar este combustível com outros tipos de óleos diesel de maior taxa de enxofre. A utilização de qualquer tipo de solução líquida nos tanques dos novos veículos, que não seja o ARLA 32, poderá danificar seriamente o catalisador, sendo possível levar, inclusive, à sua perda total. Por isso, em hipótese alguma, deve-se comprar ureia e misturar com água, para utilizar como ARLA 32. O consumo médio esperado, segundo os fabricantes de veículos, é da ordem de 5 a 7% do consumo de óleo diesel, podendo variar, dependendo das condições de uso do veículo e de tráfego. A necessidade de reabastecimento do ARLA 32 será indicada no painel do veículo. Caso falte ARLA 32 no veículo, as emissões de NOx serão extremamente altas e a viatura perderá potência. Disso, depreende-se que será necessário para cada um dos reservatórios dos 264 postos de abastecimento e das 115 viaturas cisternas de transporte de combustível, um plano para se fazer a mudança dos estoques de combustível diesel sucessivamente de S1800/S500 para S50 e de S50 para S10. Esses reservatórios, mesmo quando vazios, conterão vapores de combustível. Em conseqüência, a limpeza interna dos reservatórios exigirá pessoal devidamente treinado e equipado. 6. IMPACTO NO EXÉRCITO O correto manuseio das viaturas equipadas com motores da fase P7 será fundamental para se garantir a disponibilidade e durabilidade desses equipamentos. A operação e a manutenção dessas novas viaturas exigirão que o sistema de instrução militar do EB (SIMEB) seja configurado para essa situação. Neste contexto, serão disponibilizados cursos de operação e manutenção das novas viaturas diesel da fase P7, à medida que tais sistemas sejam incorporados à frota do EB. Os veículos adquiridos pelo Exército, cujos motores atendam a fase P7 e utilizem o sistema redução catalítica seletiva (SCR), devem ser abastecidos com o aditivo ARLA 32 em reservatório separado do óleo diesel. Este novo produto exigirá adaptação na cadeia logística do Exército. *Cel MB QEMA Willliam José Pwa Ch SPIC / D Mat * Maj QEM Guilherme Araujo Bittencourt Adjunto da Seção Técnica / D Mat A fase P7 afeta os veículos novos vendidos a partir de 1º de janeiro de 2012. Nenhuma modificação faz-se necessária nos veículos adquiridos antes desta data. Ou seja, os veículos do Exército adquiridos antes de 1º Jan 12 não sofrerão qualquer modificação, nem necessitam de qualquer cuidado além do que já é executado, podendo, inclusive, ser abastecidos com diesel S50 ou S10. Diretoria de Material QGEx - SMU - Bloco C 70630-901 Brasília-DF Tel: (61) 3415-4707 Fax: (61) 3415-5193 Informativo da D Mat Veículo de informações técnicas Coordenação: Cel Pwa Diagramação: Cb Brian Tiragem: 1.000 exemplares Quanto à aquisição, pelo Exército, de viaturas com motorização da fase P7, a Resolução do CONAMA Nr 315 dispensa 4