O problema de Poiseuille para uma mistura de gases descrito pelo modelo de McCormack Anderson Tres ∗ Rosenei Felippe Knackfuss † 19 de março de 2010 Resumo: No estudo de Fenômenos de Transporte, o transporte de massa e de calor no escoamento de gases rarefeitos em um canal impulsionado por gradientes de pressão, temperatura e densidade tem sido muito estudado quando se refere a um único gás. Em relação a uma mistura gasosa binária a literatura apresenta poucos trabalhos relacionados ao mesmo dentro de um amplo intervalo do número de Knudsen. Na Dinâmica de Gases Rarefeitos o número de Knudsen é um parâmetro que caracteriza a rarefação de um gás, e pode ser dividido em três regimes. Quando o número de Knudsen é muito pequeno, é denominado como regime hidrodinâmico, neste caso a mistura é considerada como um meio contı́nuo. Quando o número de Knudsen é muito grande, denominamos como o regime de moléculas livres e nestas condições podemos desprezar as colisões intermoleculares e considerar somente as colisões das moléculas com uma superfı́cie sólida. Quando o número de Knudsen não é muito pequeno e nem muito grande, denominamos como regime de transição, no qual o livre caminho médio e o tamanho caracterı́stico do escoamento possuem a mesma ordem de grandeza. Uma função de distribuição contém informação sobre a distribuição espacial e a velocidade das partı́culas gasosas de um gás monoatômico num determinado instante de tempo, possibilitando-se a determinação de propriedades macroscópicas (pressão, temperatura, densidade, etc) desse gás. A função de distribuição satisfaz um sistema de equações acopladas baseadas na equação de Boltzmann, que é a base da teoria cinética dos gases, estabelecida em 1872 por Ludwig Boltzmann. Para facilitar cálculos numéricos simplifica-se a integral de colisões presente na equação de Boltzmann, que é uma função das freqüências de colisões entre os constituintes e uma função de distribuição de referência. Essa simplificação resulta nas chamadas equações modelo, ou cinética. Neste trabalho estuda-se uma mistura gasosa binária confinada entre duas placas infinitas paralelas com constituições quı́micas diferentes impulsionadas pelo gradiente de pressão (Problema de Poiseuille), cuja solução baseia-se no modelo de McCormack, que é linearizado em torno de uma função de distribuição Maxwelliana local. A equação ı́ntegro-diferencial resultante depende de momentos da função de distribuição e da velocidade das partı́culas. A metodologia utilizada para a solução é a versão analı́tica do método de ordenadas discretas (ADO). A interação gás-superfı́cie é baseada no modelo de Maxwell que por sua vez, possui apenas um coeficiente de acomodação. Nos cálculos consideram-se três misturas binárias de gases nobres: neônio - argônio, hélio - argônio e hélio - xenônio. Deseja-se calcular as quantidades fı́sicas relacionadas à velocidade das partı́culas, fluxo de calor e tensão de cisalhamento. A avaliação dos resultados numéricos é desenvolvida através da implementação computacional de programas em linguagem FORTRAN. Palavras chave: modelo de McCormack, método de ordenadas discretas, núcleo de Maxwell. ∗ Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada - UFSM [email protected] † Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada - UFSM - 270 1 INTRODUÇÃO O estudo dos fenômenos de transporte é indispensável para projeto, operação e otimização de processos e equipamentos em várias áreas. Sendo que o mesmo estuda o transporte de calor, transporte de quantidade de movimento, e transporte de massa. Na Dinâmica de Gases Rarefeitos, todos os trabalhos relacionados ao mesmo consistem na resolução da equação de transporte de Boltzmann [11] ou na simulação direta de Monte Carlo, os quais abrangem todo intervalo do número de Knudsen [17,20]. O número de Knudsen Kn é um parâmetro que caracteriza a rarefação de um gás, sendo representado pela razão entre o livre caminho médio e o tamanho caracterı́stico do escoamento, o mesmo costuma-se caracterizar por três regimes: • Regime de moléculas livres (Kn → ∞): o livre caminho médio molecular é muito maior que o comprimento caracterı́stico do escoamento, logo ocorre-se poucas colisões entre as partı́culas gasosas. Portanto, a interação entre as partı́culas pode ser desprezada, a solução da equação cinética é obtida analiticamente. • Regime hidrodinâmico (Kn → 0): o livre caminho médio molecular é muito menor que o comprimento caracterı́stico do escoamento, logo o meio gasoso pode ser considerado como um meio contı́nuo. Utiliza-se a equação de Navier-Stokes para encontrar a solução da equação cinética. • Regime de transição (Kn ∼ 1): o livre caminho médio e o tamanho caracterı́stico do escoamento possuem a mesma ordem de grandeza. Não podemos desprezar a interação entre as partı́culas e também não podemos considerar o meio como um contı́nuo. Nesse regime a equação de Boltzmann deve ser resolvida. A equação de Boltzmann é uma equação ı́ntegro-diferencial não linear muito complexa de ser resolvida até mesmo hoje com o grande avanço computacional, a sua dificuldade de resolução está na presença de uma integral de colisões. Logo surgiu a idéia de simplificar a integral de colisões utilizando um modelo matemático. A equação de Boltzmann é linearizada através de uma função de distribuição Maxwelliana local e logo após é simplificada em equações modelo. Referindo-se a um único gás, os modelos mais conhecidos são o modelo BGK (Bhatnagar, Gross e Krook) [14] e o modelo de Shakhov [7]. Para misturas gasosas, entre os modelos propostos [2,12,16,19], o modelo de McCormack [8] é considerado como uma alternativa válida para a equação de Boltzmann linear para as misturas de gases, pois o mesmo fornece corretamente todos os coeficientes de transporte. O interesse pelo estudo de mistura de gases rarefeitos tem frequentemente aumentado pelo fato de terem poucos trabalhos relacionados ao mesmo dentro de um amplo intervalo do número de Knudsen, o contrário do caso de um único gás, onde a literatura apresenta vários [6,11,13,15]. Os problemas clássicos importantes em várias aplicações na fı́sica e engenharia para 271 misturas de gases rarefeitos causadas pelo gradiente de pressão, temperatura e densidade, são respectivamente, Problema de Poiseuille, Creep-Térmico e Difuso. Particularmente o presente trabalho está relacionado ao problema de Poiseuille, onde os gases estão confinados entre duas placas paralelas infinitas com constituições fı́sicas diferentes e separadas por uma distância 2a(y = ±a), sujeitos a um gradiente de pressão. Considera-se que a temperatura da parede é constante. A interação gás-superfı́cie é dada pelo modelo de Maxwell. Objetiva-se determinar numericamente os fluxos de calor, difusão e massa no escoamento de uma mistura binária de gases rarefeitos através de um longo tubo sujeito ao gradiente de pressão. Será utilizado o Método de Ordenadas Discretas (ADO)[1] para resolver de uma forma eficiente e precisa a equação do modelo de McCormack aplicado ao fluxo de misturas gasosas no regime de transição. Utiliza-se as misturas Neônio-Argônio, Hélio-Argônio e Hélio-Xenônio. 2 O PROBLEMA Na teoria cinética dos gases, um gás ou n gases monoatômicos são descritos em termos de uma função de distribuição f (x, z, v) que contém informações sobre a distribuição espacial e de velocidades das partı́culas gasosas num determinado instante de tempo, onde satisfazem a equação de transporte de Boltzmann onde Z Z Z Q(fα , fβ ) = v∇r f (r, v) = Q(fα , fβ ) (1) w(vα , vβ ; vα0 , vβ0 )(fα0 fβ0 − fα fβ )dvα0 dvβ0 dvb eta (2) Como a grande dificuldade em resolver a equação de Boltzmann está na presença da integral de colisões Q(fα , fβ ), é conveniente linearizar a equação em torno de uma função de distribuição Maxwelliana para uma mistura binária de gases escrita como: fα (x, v) = fα,0 (v)[1 + hα (x, v)], (3) onde fα,0 (v) = nα λ 3/2 α π e−λα v 2 e λα = mα . 2KT0 (4) Aqui K é a constante de Boltzmann, mα e mβ são as massas de equilı́brio, nα representa a densidade de equilı́brio, z é a variável espacial no sentido longitudinal, v é a velocidade das partı́culas e To é a temperatura de referência. 272 O modelo cinético de McCormack [8] é usado, neste trabalho, para definir a formulação do problema de Poiseuille para uma mistura de dois gases. A função perturbação hα , seguindo a Ref.[8], obedece duas equações de Boltzman acopladas, e escreve-se como Sα (c) + cx ∂ hα (x∗ , c) + ωα γα hα (x∗ , c) = ωα γα Lα {h1 , h2 }(x∗ , c). ∂x∗ (5) Aqui, α = 1, 2 representa os gases 1 e 2, o vetor c, com componentes cx , cy , cz e magnitude c, é uma variável adimencional. Introduz-se esta velocidade adimencional c diferentemente nas duas equações, segundo [4], para o caso α = 1 usa-se a transformação c = ω1 v, e para o caso α = 2 usa-se a transformação c = ω2 v. Ainda, h m i1/2 α , ωα = 2kT0 α = 1, 2 (6) e a frequência de colisão γα deve ser definida. O operador de colisão L correspondente ao modelo de McCormack é escrito como ∗ Lα {h1 , h2 }(x , c) = 2 Z 1 X π 3/2 β=1 ∞ −∞ Z ∞ −∞ Z ∞ 02 e−c hβ (x∗ , c0 )K β,α (c0 , c)dc0x dc0y dc0z , (7) −∞ onde os núcleos K β,α (c0 , c) são listados no Apêndice A da Ref.[4] Para o termo não-homogêneo da Eq. (3) temos: Sα (c) = cz (8) Seguindo a Ref.[4], reescreve-se a Eq. (5) em termos da variável τ como ∂ hα (τ, c) + σα hα (τ, c) = σα Lα {h1 , h2 }(τ, c), ∂τ Sα (c) + cx (9) onde y= y∗ l0 e σ α = γα n1 /γ1 + n2 /γ2 mα 1/2 . n1 + n2 m (10) Aqui, l0 representa o livre caminho médio e γα ,ωα são expressões definidas na Ref. [4]. Associado ao problema, tem-se que o fluxo do gás no canal definido por τ ∈ | − a, a| é simétrico na linha central, logo a Eq. (9) satisfaz hα (−τ, −cx , cy , cz ) = hα (τ, cx , cy , cz ) (11) Além da Eq. (11), as soluções devem satisfazer a condição de contorno de Maxwell. 273 Logo deve-se considerar apenas hα (−a, cx , cy , cz ) = (1 − aα )hα (−a, −cx , cy , cz ) + aα I{hα }(−a), (12) onde aα é o nosso coeficiente de acomodação e Z 2 I{hα }(τ ) = π ∞ Z ∞ Z −∞ −∞ ∞ 02 e−c hα (τ, c0x , c0y , c0z )dc0x dc0y dc0z (13) −∞ denota o termo de difusidade. As quantidades fı́sicas de interesse para cada gás (α = 1, 2), é definida segundo [5] como: Perfil de velocidade: Z ∞Z ∞Z ∞ 02 −3/2 e−c hα (y, cx , cy , cz )cx dcx dcy dcz , (14) vα (y) = π −∞ −∞ −∞ Perfil de tensão de cisalhamento: Z ∞Z ∞Z −3/2 pα (y) = π −∞ Perfil de fluxo de calor: Z ∞Z −3/2 qα (y) = π −∞ ∞ −∞ ∞ (15) e−c hα (y, cx , cy , cz )(c2 − 5/2)cx dcx dcy dcz . (16) −∞ −∞ ∞ Z 02 e−c hα (y, cx , cy , cz )cx cz dcx dcy dcz 02 −∞ Conhecendo-se a definição das quantidades fı́sicas de interesse em termos de momentos da função h, multiplica-se a Eq. (9), respectivamente, por φ1 (cx , cz ) = 1 −(cx 2 +cz 2 ) e cz π e φ2 (cx , cz ) = 1 2 2 2 (cx + cz 2 − 2)cz e−(cx +cz ) . π (17) logo em seguida, integra-se sobre todo cy e cz . Considera-se a nova variável ξ = cx e define-se Z ∞Z ∞ g2α−1 (τ, ξ) = φ1 (cy , cz )hα (τ, c)dcy dcz (18) e Z −∞ −∞ ∞ ∞ Z g2α (τ, ξ) = φ1 (cy , cz )hα (τ, c)dcx dcz , −∞ (19) −∞ para α = 1, 2. Assim, obtem-se quatro equações balanço, que são escritas na forma vetorial G(τ, ξ) como ∂ S(ξ) + ξ G(τ, ξ) + ΣG(τ, ξ) = Σ ∂τ Z ∞ ψ(ξ 0 )K s (ξ 0 , ξ)G(τ, ξ 0 )dξ 0 , (20) −∞ 274 com 2 Σ = diag{σ1 , σ1 , σ2 , σ2 } e ψ(ξ) = π −1/2 e−ξ . (21) Para a parte não homogênea tem-se: 1 2 0 S(ξ) = 1 2 0 (22) As componentes Ki,j (ξ 0 , ξ) do núcleo Ks (ξ 0 , ξ) são definidas no Apêndice B na Ref.[4]. A metodologia usada na obtenção da Eq. (20) é também aplicada nas condições de contorno Eq. (12), obtendo-se G(−a, ξ) = SG(−a, −ξ) onde S = diag{1 − a11 , 1 − a12 , 1 − a21 , 1 − a22 } (23) Baseado na notação vetorial, expressa-se as grandezas fı́sicas de interesse para cada gás (α = 1, 2) como Z ∞ vα (y) = ψ(ξ)g2α−1 (y, ξ)dξ, (24) ψ(ξ)g2α−1 (y, ξ)ξdξ (25) ψ(ξ)[(ξ 2 − 1/2)g2α−1 (y, ξ) + g2α (y, ξ)]dξ. (26) −∞ Z ∞ pα (y) = −∞ e Z ∞ qα (y) = −∞ Para definir as relações das grandezas fı́sicas da mistura de gases, segue-se [9,10,18]. Além das grandezas fı́sicas desejadas, podemos encontrar também a taxa do fluxo de partı́culas e a taxa do fluxo de calor para cada gás (α = 1, 2), onde são dadas respectivamente pela integral 1 Uα = 2 2a 3 Z a uα (τ )dτ −a 1 e Qα = 2 2a Z a qα (τ )dτ (27) −a Solução do Problema A solução para o problema é dada pela soma da solução do problema homogêneo e a solução do problema particular, ou seja G(τ, ξ) = Gp (τ, ξ) + Gh (τ, ξ) (28) 275 Para a solução particular tem-se Gp (τ, ξ) = Aτ 2 + Bτ ξ + Cξ 2 + D (29) onde A= a1 σ12 0 λa1 σ22 0 , B= −2a1 σ1 0 −2λa1 σ2 0 , C= As constantes estão definidas no sistema linear a1 1/σ1 c1 1/σ2 M c = 0 3 d1 0 c1 0 c2 0 e D= d1 2c1 − 4a1 0 2c3 − 4λa1 (30) (31) sendo r = (m1 /m2 )1/2 , s = (m2 /m1 )1/2 (32) O valor das variáveis σα , λ e a matriz M encontra-se na Ref.[4]. Para a solução homogênea utilizou-se o Método de Ordnadas Discretas (ADO), que tem como base a aproximação da integral angular do termo de espalhamento da equação de transporte por uma fórmula de quadratura numérica, e em resolver analiticamente o sistema de equações diferenciais ordinárias resultante para a função de distribuição de partı́culas nos pontos de quadratura. Propõe-se como solução Gh (τ, ξ) = Φ(ν, ξ)e−τ /ν (33) onde ν é a constante de separação. Substitui-se a Eq. (33) na Eq. (20), soma-se e subtrai-se as equações resultantes e aproxima-se o termo integral pela fórmula de quadratura de Legendre, reescreve-se as equações como um problema de autovalores e autovetores N i X 1h 2 Σ V (νj , ξi ) − ωk Ψ(ξk )K(ξk , ξi )V (νj , ξk ) = λj V (νj , ξi ) ξi2 k=1 e U (νj , ξi ) = N i X νj h Σ V (νj , ξi ) − ωk Ψ(ξk )K− (ξK , ξi )V (νj , ) ξi k=1 (34) (35) 276 onde U (νj , ξi ) = Φ(νj , ξi ) + Φ(νj , −ξi ) e V (νj , ξi ) = Φ(νj , ξi ) − Φ(νj , −ξi ) (36) para i = 1, 2, ..., N e j = 1, 2, ..., 4N . Os valores para K(ξk , ξi ) são encontrados no Apêndice B da Ref. [4]. Tem-se como solução geral em ordenadas discretas para a Eq. (20) G(τ, ±ξi ) = 4N X [Aj Φ(νj , ±ξi )e−(a+τ )/νj + Bj Φ(νj , ∓ξi )e−(a−τ )/νj ] (37) j=1 para i = 1, 2, . . . , N . As constantes arbitrárias Aj e Bj são determinadas a partir da substituição da Eq. (36) nas condições de contorno dadas pela Eq. (23). No problema de autovalores temos que um dos mesmos tende a zero, logo uma constante de separação (ν) tende para o infinito, levando em conta este fato temos como solução G(τ, ±ξi ) = A1 G+ + B1 G− (τ, ±ξi ) + 4N X [Aj Φ(νj , ±ξi )e−(a+τ )/νj + Bj Φ(νj , ∓ξi )e−(a−τ )/νj ], j=2 (38) para i = 1, 2, . . . , N . Aqui G+ = 1 0 s 0 G− (τ, ±ξ) = e σ1 τ ∓ ξ 0 σ1 s(τ ∓ ξ/σ2 ) 0 (39) Para completar a solução substitui-se a Eq. (38) nas condições de contorno da Eq. (23), com isso, obtém-se um sistema com 8N equações algébricas lineares e 8N incógnitas, encontra-se então os valores para Aj e Bj com j = 1, 2, ..., 4N . Como o objetivo é encontrar as grandezas desejadas, reescreve-se na versão de ordenadas discretas para os dois gases (α = 1, 2), o perfil de velocidade, respectivamente, 4N X 1 [Aj e−(a+τ )/νj + Bj e−(a−τ )/νj ]Nu,1 (νj ) (40) u1 (τ ) = A1 + B1 σ1 τ + a1 (σ1 τ ) + c1 + d1 + 2 j=2 2 4N X 1 u2 (τ ) = A1 s + B1 sσ1 τ + λa1 (σ2 τ ) + c3 + [Aj e−(a+τ )/νj + Bj e−(a−τ )/νj ]Nu,2 (νj ) (41) 2 j=2 2 277 o perfil de tensão de cisalhamento 4N X 1 [Aj e−(a+τ )/νj − Bj e−(a−τ )/νj ]Np,1 (νj ) p1 (τ ) = −a1 σ1 τ − B1 + 2 j=2 (42) 4N p2 (τ ) = −λa1 σ2 τ − B1 sσ1 X + [Aj e−(a+τ )/νj − Bj e−(a−τ )/νj ]Np,2 (νj ) 2σ2 j=2 (43) e o pefil do fluxo de calor 4N X 5 q1 (τ ) = −4a1 + c1 + [Aj e−(a+τ )/νj + Bj e−(a−τ )/νj ]Nq,1 (νj ) 2 j=2 (44) 4N X 5 [Aj e−(a+τ )/νj + Bj e−(a−τ )/νj ]Nq,2 (νj ) q2 (τ ) = −4a1 λ + c3 + 2 j=2 (45) Nas Eq.(40)-(45) usa-se as integrais de normalização Nv,α (νj ) = FTα N X ωk ψ(ξk )[Φ(νj , ξk ) + Φ(νj , −ξk )], (46) ωk ψ(ξk )ξk [Φ(νj , ξk ) + Φ(νj , −ξk )] (47) k=1 Np,α (νj ) = FTα N X k=1 e Nq,α (νj ) = N X ωk ψ(ξk )FTq,α (ξk )[Φ(νj , ξk ) + Φ(νj , −ξk )], (48) k=1 onde o sobrescrito T significa a operação transposta, F1 = 1 0 0 0 , F2 = e 0 0 1 0 = Fq,2 = , Fq,1 0 0 2 ξ − 1/2 1 ξ 2 − 1/2 1 0 0 (49) . (50) 278 4 RESULTADOS NUMÉRICOS A implementação computacional, para avaliar os resultados numéricos, foi desenvolvida através do programa FORTRAN. Para implementar as soluções, inicialmente define-se o esquema de quadratura utilizado no método de ordenadas discretas analı́tico (ADO). Logo após, objetivando-se calcular integrais no intervalo [0, ∞), usa-se a transformação não-linear u(ξ) = e−ξ (51) e,logo após, usa-se então o esquema de quadratura de Gauss-Legendre. O próximo passo é a determinação dos autovalores (constantes de separação) e autovetores. Em seguida, encontra-se as constantes arbitrárias Aj , Bj resolvendo-se os sistemas lineares, e portanto as quantidades fı́sicas de interesse são encontradas. Os resultados numéricos encontrados foram comparados aos do trabalho do Siewert Ref. [4] com os coeficientes de acomodação de cada gás da placa 2 iguais aos da placa 1. Nas tabelas abaixo os resultados são encontrados com os coeficientes de acomodação de cada gás da placa 2 diferentes aos da placa 1, onde por sua vez a literatura não apresenta trabalhos relacionados ao mesmo. Apresenta-se nas tabelas, duas misturas de gases nobres, obtidos com N = 60 pontos de quadratura e em termos da concentração molar, é definida em relação a primeira partı́cula como C= n1 /n2 . 1 + n1 /n2 (52) Nas tabelas a seguir os resultados numéricos foram obtidos considerando-se as misturas: • Tabela 1 e Tabela 2- Neônio (Ne) e Argônio (Ar), onde m1 = 20.183, m2 = 39.948 e d2 /d1 = 1.406. • Tabela 3 - Hélio (He) e Xenônio (Xe), onde m1 = 4.0026, m2 = 131.30 e d2 /d1 = 2.226. Tabela 1: Taxa do fluxo de partı́culas e Taxa do fluxo de calor para o caso 2a = 1.0, a11 = 0.3, a12 = 0.9, a21 = 0.7, a22 = 0.4 e C = 0.8. τ /a −U1 (τ ) −U2 (τ ) Q1 (τ ) Q2 (τ ) 1.0(-2) 1.0(-1) 5.0(-1) 1.0 2.0 5.0 1.0(1) 1.0(2) 11.88741 6.98654 4.88587 4.38943 4.18780 4.43776 5.14448 18.81164 5.14351 4.17865 4.35829 4.63091 5.02864 5.88261 7.05646 26.44742 4.32011 1.82197 7.62406(-1) 4.88534(-1) 3.00224(-1) 1.46370(-1) 8.02267(-2) 8.78713(-3) 2.02746 1.26704 7.80008(-1) 5.71521(-1) 3.81246(-1) 1.91326(-1) 1.04016(-1) 1.12149(-2) 279 Tabela 2: Perfil de velocidade e fluxo de calor para o caso 2a = 1.0, a11 = 0.3, a12 = 0.9, a21 = 0.7, a22 = 0.4 e C = 0.8. τ /a −u1 (τ ) −u2 (τ ) q1 (τ ) q2 (τ ) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 2.26520 2.26328 2.25749 2.24777 2.23398 2.21590 2.19318 2.16523 2.13094 2.09771 2.02137 2.51459 2.50949 2.49409 2.46803 2.43069 2.38103 2.31744 2.23728 2.13579 2.00252 1.78521 2.72066(-1) 2.71367(-1) 2.69255(-1) 2.65676(-1) 2.60534(-1) 2.53674(-1) 2.44845(-1) 2.33641(-1) 2.19313(-1) 2.00178(-1) 1.67352(-1) 3.35292(-1) 3.34193(-1) 3.30847(-1) 3.25107(-1) 3.16703(-1) 3.05192(-1) 2.89865(-1) 2.69538(-1) 2.42039(-1) 2.02464(-1) 1.25561(-1) Tabela 3: Perfil de velocidade e fluxo de calor para o caso 2a = 1.0, a11 = 0.5, a12 = 0.8, a21 = 0.7, a22 = 1.0 e C = 0.5. 5 τ /a −u1 (τ ) −u2 (τ ) q1 (τ ) q2 (τ ) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 9.47842(-1) 9.40865(-1) 9.43673(-1) 9.38385(-1) 9.30827(-1) 9.20817(-1) 9.08067(-1) 8.92105(-1) 8.72087(-1) 8.46145(-1) 8.04972(-1) 1.89408 1.89037 1.87919 1.86035 1.83350 1.79810 1.75327 1.69754 1.62827 1.53953 1.40080 2.55575(-1) 2.55087(-1) 2.53610(-1) 2.51101(-1) 2.47483(-1) 2.42627(-1) 2.36337(-1) 2.28284(-1) 2.17884(-1) 2.03845(-1) 1.79745(-1) 3.51241(-1) 3.53039(-1) 3.49484(-1) 3.43450(-1) 3.34759(-1) 3.23121(-1) 3.08077(-1) 2.88869(-1) 2.64126(-1) 2.30774(-1) 1.73068(-1) Referências [1] Barichello, L. 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