DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO NOTA INFORMATIVA Alerta para a intoxicação por ingestão de uma espécie de cogumelos silvestres Face aos testemunhos recolhidos, relatando algumas situações pouco agradáveis relacionadas com o consumo de pressupostamente da espécie Macrolepiota procera, e que se veio a confirmar, ser Macrolepiota venenata, produziu-se um documento de divulgação “O frade (Macrolepiota procera) comestível e o falso frade (Macrolepiota venenata) venenoso. precauções e sinais de identificação obrigatória” disponível no portal da DRAPC: http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/mproceravenenatafinal.pdf, onde são enunciados alguns cuidados a ter na apanha, conservação e consumo do Macrolepiota procera, assim como apresentadas e comentadas com inclusão de fotografias, as características distintas das duas espécies passíveis de confusão. Já posteriormente à realização deste trabalho foram dado conta de novas situações de intoxicações relacionadas com o mesmo consumo. Entretanto ocorreu, em Novembro ultimo, um caso de ingestão de cogumelos tóxicos por parte de um casal da aldeia da Torre, freguesia do Sabugal. Sabendo-se que a informação que corria localmente era de que teriam ingerido tortulhos (Macrolepiota procera - espécie comestível), fizeram-se algumas diligências no sentido de tentar saber de facto qual seria a espécie que levou ao desfecho tão trágico - a morte da esposa. Confrontado o marido, sobrevivente à tragédia, com algumas espécies que poderiam ser a causa da intoxicação a versão final foi de que: - Tinham comido tortulhos mais claros que o normal; - Tinham comido cogumelos claros, com anel, pé curto e grosso e unidos pela base; - A cor dos cogumelos ingeridos apresentava, depois dos processos de cozimento e conservação, uma cor lilás/violácea; - Tinham sido apanhados no prado perto de casa, pastoreada por gado caprino. Após a despistagem das espécies que foi feita, tudo leva a crer que, a espécie ingerida se tratou de Macrolepiota venenata, espécie tóxica pouco conhecida, com anel e chapéu muito semelhante ao Macrolepiota procera, mas com um pé liso, claro, curto e grosso, cuja carne avermelha ao corte, e que aparece muitas vezes unido a outros exemplares pelo pé e em áreas com muita matéria orgânica, em particular sujeitas a pastoreio ou perto dos currais do gado. Ultimamente, fruto da observação de anos com Outonos mais quentes, tem-se notado, o aparecimento com alguma frequência de exemplares Macrolepiota venenata. No entanto esta espécie, recentemente identificada, está ainda pouco estudada, sendo a informação produzida escassa e pouco divulgada. A pouca atenção dada às características macroscópicas na identificação do Macrolepiota procera, o desconhecimento da generalidade das pessoas sobre a existência de uma espécie não comestível, muito semelhante, assim como a manutenção do uso do alho e de objectos em prata como método vulgar de confirmação da comestibilidade dos cogumelos, tem conduzido à ingestão esporádica de Macrolepiota venenata e provocado intoxicações que foram do simples mau estar, às consequência mais graves, por falta de assistência atempada. Numa altura em que cresce a pressão da colheita e num tempo em que se notam mudanças no clima favoráveis ao aumento das populações de Macrolepiota venenata, tratando-se de uma questão de saúde publica, para evitar potenciais intoxicações, deve-se alertar e divulgar de forma alargada, a existência desta espécie semelhante ao Macrolepiota procera e os riscos potenciais que derivam do seu consumo. DIREÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO Rua Amato Lusitano, Lote 3 – Apartado 107 6000-150 CASTELO BRANCO www.drapc.min-agricultura.pt Tel. 272 348 600/73 Fax. 272 348 625