ESTRU'lVRA-PADRJto DO POR'l'UGURs ESCIU'1'O DP. FRASE DD1AHICA CON'l'EMPORAImo DO BRAS:IL Sebastiao Expedito I~cio UNESP Esta comunica~ao faz parte de uma pesquisa que objetiva descri~ao da estrutura sintatico-aemintica da frase escrita do portugues oontenporlineo do Brasil. 0 "corpus" ,que a inclui a linguagem litera ria (romance, novela, conto. croni- ca e teatro). jornal.istica e teonica, abrange a produt;rioverificada nos ultimos cinql1enta anos, nos varios pontos do ~ ia. Pretendemos daa £raaes analisar din&micaa as .struturaa-padrao e astativas. Ate 0 •• s derlvadas IllOIIlBnto ,toram levan- tadas as estruturas-padrao das frases dinlmicas. A conceitua~ao de fraae dinlmica VS frase astativa deve passar peJ.a discuSMo do que seja. movlmento verbal, c~ja presen~a ou ausencia e que va! determ!nar urn ou outro tipo de frase. ldentificamos, ~oi., nas frases dinamicas. dois tipos de movimento: (i) intem2, inte1actual ou psicologico (ex.: "0 bomem Pensa") , e (il) extemo ou lisico (ex.: "0 h~ mem anda"). Esta subdivisao se torna util na medida em que se re1aciona com a tipo1ogia dos c~lementos exempl.o, cit~se os comp1ementos oraclonais cern .er prOprio. dos verbas Da§ dos verbas "dicendi" de mov~nto verbais. (SO) que interno que sao exterioriza~Oes Como pare- e dos ch~ c1as acOes inter- ou inte1actuais. Tipo1ogia daB Fra,e, DipAmicas As £raBes dinlmicas se caracterizam por urn FAZER (na fraae~) e por urn ACONTECER (na frase processiva) em rela~ao ao sujeito (CHAFE,1970). Se ha, ao rDesmo tempo, urn FAZER. em rela~ao ao sujeito, e um ACONTECER em re1a~o ao objeto, tem-se 0 tipo mi$to: Do ponto FILLMORE. de vista ativo-processiva. doe papeis ou ~ 1968/1971 - •.0 argumento to, apresenta-se como Agente(Ag) - te(pac)/Experimentador(E)!Receptivo(Rec) vas -1 semanticos de 1st grau frasea - (A1)' ou suje,i ativas -: Pacien lrasea procesai- e Agente(Ag)/Causat1vo(Ca)/Instrument.al(I) - :frases ativo-processivas. usamos Na representa~ao grafica as aeguintes not.ayoes: das estruturas em eatudo, ~) Ai' A2 e A3 para representar os argumentosde pr~ mairo, segundo e terceiro graue,reapectivamenta, e V para 0 verba: (1.) b) urna flacha reta, no sentido A1--V, para indicar acao: uma f1echa eurva, no sentido V-A1 ou no sentido V-A2, para indicar processo: c) os sinais + au - para ligar A2 ao verbo, nas frases ativas e processivas', e a A3 em qua1quer tipo de fraae. Assim sendo, a representa9ao generica das fraaes dinamicas se fara da sequinta maneira: A2 .:t A3 A----V ± A2 + A3 1 Frases ATIVAS: A1~V:!:. Frases PROCESSIVAS: Frases ATIVO-PROCESSIVAS: V ........--. A (0 verba 1exicallza a) Al 2 ± A3 b) Al ~ V---+ A2 0 proces- J!Q) ± A3 (0 verba l.exica1.izaa acio)(2) - com a estrutura A1.-+V: (1.)Os animais nao raciocinam. (2) Os passaros voarn. - com a estrutura Al~V + A2: (3) (4) (5) (6) (7) 0 prisioneiro so pensa na liberdade. Raimundo freqUenta lugares suspaitos. Clarimundo nao julgava ninguern. Marqarida val a BrasI1.la. You telefonar ao Presidente. tS) Os Estados Unidos con8ideram que sac invenc:!veis. (9) 0 gover,no reclama de que 0 povo nao colabora. - com a estrutura Al~ V + A2 + A3: (10) Joao pensava numa casa para a filha. (1.1)Toda mae considera 0 fi1ho'o me1hor de todos. (1.2) Francisco convidou-me para 0 almo90' (l3) Edite insistiu com 0 marido para que ficasse. Tendo em vista os objetivos especificos desta fase do traba1.ho, nao discutiremos ainda, em separado, as dois ti.pos de movimento verbal -interno: (1), (3), (5), (8), (10) (11), e externo, os dernais exemploB --, reiterando, no entanto, a nossa hipotese de que a real~zaQao de AZ como SO, esta, de certa forma, condicionada ao tipo de moviTDento do verba r£ gente, ou seja. do verba constituinte da ora~ao tradicionalmente denominada "principal". Assim, ocorrerci ~ompleJtE!ntodirate oracional (A2=SO) com os verbos de movimento interno-ex.; (8)--, ou com os verbo" "dicendi". dentre os de rnov:inlento externo -- ex.: (9). A~V 1 a) sendo A~ Paciente: (~4) 0 soldado morreu. (15) 0 gelo derreteu. (16) A porta abriu. (17) Os ipes floresceram. (18) A peQa de procelana quebrou(-~e). Os verbos que indicam Rrocesso fazern pressupor uma causa externa (implici ta na estrutura acima, mas que pode explicitar-se dando ori.gem a estrutura COlD A2) • que permite a formulac;ao cIa seguinte regra: a190 ou alguem FAZ acontecer a ~l: 0 fenOmeno indicado pel0 verbo. Em forma el!lque~tica: [ALGO/ALGlreH + FAZER + Ai + v inf J Exemplificando: Para (14): "Algo/algueltlfez 0 Boldado morrer". Para (15): "Algo/alguem fez 0 qeto derreter", etc. A explicitac;ao desta causa externa, segundo a regra ~ cime, tern como conseqtiencia a construc;ao de frases ativo-processivas, conforme veremos maia adiante. b) sendo Ai Experimentador: Existeltldois tipos bAsicos de verba. que indicam uma "experimentac;ao" por parte do sujeito: (1) os que indicam um afetamento emocional ou pl!licol6gico,e (ii) os que indicam um afe~nto da percepcao, seja do ponto de vista fisico, seja do ponto de vista intelectual. 1) - verbos do 19 grupo: (19) Rosa entrlsteceu-se. (20) Naqulil1.einstante 2) - verbos do ja nao (22) Os a1unos (23) Em todos e5trutura direto, Er~itiva com nem ouvia. aprendeJn mais vivos podem isso deve a que pCssuir A2 Ai rapidamente. sentir. os exemp1.os acima por a estrutura a) sendo via de hoje 56 os seres to do comp1emento se assustou. ZQ grupo: (21.) 0 anci30 Observacao: 0 gado houve apagamell eer considerada camo exp1icito. V + A2 Al. Paciente (24) 0 sol-dado morreu (25) 0 geloo derreteu de fome. com (26) A porta abriu (27) floresceram Os ipSs com calor. 0 0 vento. com (28) A pec;a de porce1ana a chuva. quebrou( -se) com 0 choque. (29) A aguijipingava dGl torneira. (30) Urna frente fria vinha do 5ul. Note-se exp1icita~ao titui pee que A2, da 0 ponto causa nos de origem, loogicamente: por exemplos externa~ sendo exempl0, (24) nos exemp10s que a causa "a for~a 1.) sendo A]; do Em qualoquer do (35) Ja (36) Senti no primario uma aprendfamos forte que dor ha nao (38) 0 CjJoverno sante sativo, verbos do 1S! caracteriza c~ como vit6ria A2 em~. Objetivo, cadente. frances. de cabe~a. que perdeu grupe, a exemp1.o do que ocorreu Be dos 22 grupo: (37) Aprendi po, A2 ,em (29). W1\ com a notfcia. com 0 barul.ho~ (33) A crian~a viu uma estre1a (34) Ouvlamos vozes estranhae. 08 se pressu- 12 gruRo: (31) Rosa entristeceu-se (32) 0 gada assustou-se Com externa a cons- ExperiJnentador verbos 2) - verbos constitui (29) e (30) da gravidade" e "as condi~s atmosfericas". eJn (30). sos, AZ Be realiza como SNpr.(3) b) a (28), sam l.uta. a credibil.idade. se caracteriza Com todavia os verbas como Cay' do:zltgr.!! persiste.urn tra~o de causativi,daW (mai.s ~6qica do que semantica) pel0 ai!etaroento do suje1to. Dado 0 lieU cariiter caueat.i.vidade MO _ presaupOe forma~te. Not_ae. do verba ~ aindP. que. c) send0 A]; iudiciario de rec:eocio processo UJII (A1) que •• (IGN~CIO .1984) ,que tern NO de nUmero bilst.ante redy 0 vet-be "reeeber", ai-d.o. IndicilD\ c,2 aec:eptivo") Os chamados verbas dest.lnatarl0 A2 pede rea~bar-.e e (38). (37) arquet1po esta d;a IUltureza do lI\OViment.o r8CjJ8Dte(mov:i.nlentointerna). so. EX.I CCllllO eat face respon.avel "16g1co", de dest.J.nacio caraC1:erl •• de urn objeto(A2) como beI\Ificillrl0 a urn au pre- de uma a~lo pressuposta: (39) 0 ex-presidente recebeu um premio. (40) 0 garoto ganhou uma bicie1eta. (41) Ralmunda apanba d.o marido. Neste uma frase balle de caso, a eausatividade atiyo-processiya \DO verba de originar-se wn A2 do tipo de significaCifio reunimos A~~eu (40a) Al.~8m deu (41a) 0 marido bate deu um prhaio nao entrarmos sob esta 0 UIIla P2 - quanta de essas Agente. que (42) Ouerubina de (43) 0 vento (44) Villachave rOll •• abriu em que 0 verba 0 e Instrumental. 0 proces!O ...• V A2 a porta. a porta. abriu (A~=Ag) (A1-Ca) a porta. (A~-I) A~---;.. V--:-l>A+ 2 A3 - com a estrutura (45) Ouerubina (46) 0 fazendeiro abriu a porta engorda verba 1exiea1i- ae rea~i&am com os se- Cauaativo A~-. abriu em que frasea lexiea.~izam - can • est.rutura as frases aquel.. za a aC;ao. De modo gera~. ~) verba. (ou "0 marido bat.e"). em especulaCifOes supracontext.uais, quanto de sujeito: ao ~aroto. en. a.illUnda denaninaCifao tanto processo ao ex-presldente. bicicleta guintes tipos a Esse Agente tanto de urnA3 apagado en. (39) e (40) em (41). AssiA, ter.iamos: Raimunda the l.exicaliza oposta. no Agente de que se conatrOi expresso (396) Para se pressup5e correspondent.e, com a chave. porcos com fareLa. ( 47) A velha asaustou a cr ianC;aCOllI aua roupa preta. so Em principio. ~ estrutura acima e possIvel senda 0 sujeito urnAgente e aendo 11.3um Instrumental. Todavia, ha caS08 em que .6 0 contexte, ou aeja, a dimansio pragmatica, pode indicar com precis50 a natureza de A3 (Instrumental ou Ca~ sativo), cano, par exeltp10, em (47): Se hauve a intencaode -a velha assustar a crianli!acom sua roupa preta", endio A3 se caraeterizara como Instrumental~ caso contrario, saria apanas Causativo. 2) verbos que lexioalizam a acao: • - com a estrutura A1 ~V_ --... 11.2 0 lenh~or cortOl:las arvores. CACAg) (~) 0 calor ~~ou asplanta~3es. }A.L=fa) (50) Urn JIIilchado '~sti~o' cortou 'as arvo~es. (48) - - CQIIIa .e4¢nl.tura Al-+V •••. A2 ~ A3 (51) 0 lenhador eortou as 'llrvorescom um machado. (52) Paulo levou a 88pOsa para a Europa. (53) Pus 0 oarro na garagem. (54) Petronilio deu urnanel de brilhantes a noiva. (55) Escrevi um poema para Josefina. (56) As enda. trouxeram 0 c01'1>0para a praia. (57) Urn caminhao leva os bOias-frias ao trabalho. (58) 0 pai obrigou 0 filho a casar-se. Tamb8m aqui Al se caracteriza como Ag: (51). (52), (53). (54), (55) e (S8)~ como Ca: (56); e como I: (57). E e de se n~ tar que esta estrutura e a que apresenta maior variedade na natureza do afetamento de 11.2:(1) afetamento da integridade ~{sica: (5.L)~ (11) mudan~ de .Lugar: (52). (53), (56) e (57b (Hi) mud.~a de de stina<;ioI. (54) 7 (iv) ~ de cClmpOrtamento:(S8)~ (Y) fac:titividade ("vi,.. a ex1aUJ;"); ,(~:i). Em COZl_qt1encia destee tipos de afetamento Qe ~2 e ~e Be cara~texiza A3• Pela ordam dada, temes: (i) Instrumental~ (ii) Locativo7 (iii) Receptivo: (iv) Objetivo7 (v) Receptivo. Distinc0e8 l»sicas entre as {rases do item leas do i- AIem das restri~Oes seminticas apresentadas pelo argumanto de 39 grau (A3' naa frasea do primeiro grupo, em rela~io a aua variedade nas.frasea do segundo grupe, uma das distin~oes fuodasnentais entre os dois tipos de frases reside no cCIlIlOrt.! mento de 1.2: naa frases 8m que 0 verbo.lexiealiza 0 proce'80, 1.2 poae passer a Al de uma estrutura processiva correspondente, 0 que nlo aeria possivel com 0 verbo que lexiealiza .~: (42) Querubina abriu a porta - - -."1. porta ahriu". (48) 0 lenhador cort.ou aa arvores - - - _~' * As arvo- rea eortaram".(5) - o qwa4xo &baixo re8\D18as principais daa traMs cUnlmica. eatudadas: Tip08 FOrMS Estruturais Papel ~ tico do Sujeito (1. ) 1 de Frases II) ! E4 tC A1,-+V ••••••••••• .1.g 1.1--+V + 1.2•••••• .Ag •••••••••• 1.1-.,..V + 1. + A • .Ag••.•••.•.• 2 3 caract.eristieaa Realiza9io Morfo8sinutica dos c~ plementos (A e 1. ) . 2 3 1. 1. 2 3 SN/SNpr/SO .SN/SNpr SNpr/SO " A~V 1 - -- ------_ -- Ill) ~ Ill) VJ 8' ~ A 1 ·Pac .,.",.- ~ V + A2----'" '" , , _B .tm/SNpr 11 grupo. .SNpr/SO .•Pac ••••••••• .E""" .••..•. 22 grupo. .S1f/SO Reo ••••••••• .SN/SlJpr re A~1 V + A2 + 1.3' .Ilec ••••••••• tIJ Al~ (lex. V 1.2' ••••• processo) ~ H tIJ VJ Ilil 8 a: ~ I ~ ~ --. .1.g/Ca/I •••• Al~V~2 + 1.3' •Ag •••••••••• (lex. processo) 1.l---+v~2"'" (lex. a<;ao) 1.l~v::;A2 (lex. ~ao) • SIlI •••••••• SNpr • SN .SR •••••••• SNpr • .1.g/Ca/I ••••• •SN!SNpr + A3• .Ag/ca/r •.•• • SN •••••••• SNpr/ SOinf NOT A S: (1) Chamamos1.2 e A3 de complemento dire to e comp1emento indi~. respectivamente, (IGm{CIO,1984), os quais nao coinc,! dem, necessariamente, tradic:ionais. com obieto direto e obieto indireto Allsim, per exemplo, A2 tanto pede sar wn SN de seu valor semantico. quanto urn SNpr, independentemente A condiC;;lo e to forma~ente, que, que se caracterize (2) SOUZA(1969) divide ~, as frases as que se constroem ~, e em frases frases cujo como argumento (A), elerne.!! integraliza a val~ncia ativo-processivas com verbos em causati- que le:xicalizam de acao-processo verbo le:xicaliza verbal. propriamente 0 pro- ditas, as a aclo. (3) 'Quando A2 especifica 0 conteudo da s1gn1fica910 verbal, in dicando tempo. par exemplo, ele se realiza como SN. Neste: case ainda "A festa hesitamos em classificar durou tres (4) PreterilllOs Al COlllO pacien~e. dias"."· 0 ter1llO "Receptivo'" par 8er mais gener •.lizante. Rle eng10ba 0 beneficiario!prejudiclario (5) Excetuam-se diversas, al9uns de significa9ao correspondente REFERtNcIAS eo-desUnatario. que passuem formas lexica1Jllente oposta, (matar!llIOrrer, e que indicam derrubar/cair. 0 processo etc.). BIBLlOOAAFlCAS: CHAFE,W.L. Significado Neves et alii. cos, verbos EX.: ' r e estrutura Rio de Janeiro, 1in~!stica. Livros Trad. Tecnicos M.H.M. e Cient!fi- 1979 (1970). FILLI«>RE,C.J. Hams eds., Rinehart "The case for Unibersa1s case" • .!!!: ElIIIIOn Bach Robert in Linguistic and Wiston, 1968. Theory. New York., Holt, (pp.I-88) "Some Problems for Granmar". 1.!!: O'OBRIEN,R.J. ad. - Monograph series on Language and Linguistics,24:35-55, Washington, Press, University IGNlkIO, S.E. portugues Para uma tipologia contemporaneo. ao Departamento 1971. dos cQrl.ll?lementosverbais Tese de Livre-Dodmcia de Lingft£stica da F.C.L. do apresentada de Araraquara, SP, UNESP, 1984. SOUZA,N.A.M.B.C. de. Urnestudo 8emantico doe ve~bosde tuque •• Dissertac;lo de L~gt1!stica do comoortamento siJit~tico- acao-processo e de proces8g de Mestrado apresentada da F.C.L. de Araraquara, no por- ao Departamento SP, UNESP. 1989.