Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB PRODUÇÃO COLETIVA: UMA ATIVIDADE FORMATIVA EM ARTE NO CONTEXTO ESCOLAR Liana Arrais Seródio1; Cláudia Roberta Ferreira; Guilherme do Val Toledo Prado Resumo: Relato de uma atividade formativa na área das artes, realizada no ano de 2011 em uma escola de educação básica integrada à rede privada de ensino e pertencente à Pontifícia Universidade Católica de Campinas ¨C PUC-Campinas, na cidade de Campinas, estado de São Paulo, no Brasil. Trata-se de um trabalho pedagógico derivado de uma atividade que envolve professores e alunos da Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1° a 5° ano), a qual denominamos “Produção Coletiva” (PC). Segundo relato das professoras do núcleo comum, a sobrecarga da rotina da classe afastou-as da proposta durante alguns anos, o que abriu espaço para novas experiências de PC: extracurricular e em horário contrário às aulas regulares, onde as crianças que se inscrevem para a chamada Escola de Artes (EA), realizam atividades ¨C aulas, estudos e experiências artísticas ¨C com Música, Artes Visuais e Teatro e as respectivas professoras especialistas. Na proposta adaptada, participam alunos de 3º a 5º anos do Ensino Fundamental em que as crianças, ao invés de optarem por uma das diversas oficinas trabalham em todas elas, se dividindo conforme a necessidade da proposta desenvolvida durante as oficinas e realizando uma PC criativa e integrada. Apresentamos um breve relato de uma atividade formativa na área das artes, realizada no ano de 2011 em uma escola de educação básica integrada à rede privada de ensino e pertencente à Pontifícia Universidade Católica de Campinas ¨C PUCCampinas, na cidade de Campinas, estado de São Paulo, no Brasil. Trata-se de um trabalho pedagógico derivado de uma atividade que envolve 1 CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil, Brasília ¨C DF 70040020, Brazil, estágio de doutorado em Bari-Itália, na Universidade de Bari “Aldo Moro”: co-tutore: Augusto Ponzio. 1 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB professores e alunos da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental (1° a 5° ano), a qual denominamos “Produção Coletiva” (PC). Há uma atividade anual de caráter artístico, a Produção Coletiva, que engloba várias áreas de conhecimento segundo os objetivos exigidos pelo formato escolhido a cada ano. Cada criança e professora polivalente2 escolhe uma das 'Oficinas' por centro de interesse pessoal: de acordo com o que pensa poder contribuir mais; porque deseja vivenciar situações novas; porque não gostou tanto assim da experiência passada... Nas Oficinas todos têm igual peso nas decisões, argumentadas e definidas coletivamente sem limitações de faixa etária. Na Música, nas Artes Plásticas e no Teatro as professoras responsáveis são as especialistas de cada área, sendo que com o passar dos anos, professoras polivalentes adquirem um elevado grau de autonomia e eficiência nessas áreas, assim como muitas crianças, que se tornam parceiras experientes em outras Produções Coletivas. (L. A. Seródio, comunicação pessoal [narrativa no 'caderno vermelho'], 26 de fevereiro, 2009) A PC teve sua origem nas produções de música e a seguir em seu entrelaçamento inicialmente com o teatro e depois com a artes visuais. Os conteúdos específicos destas áreas, passaram a exercer forte influência no trabalho, proporcionando as primeiras vivências e a projeção de novas-outras possibilidades de criação. Na PC, de maneira 2 Professora polivalente ou professora do múcleo comum das disciplinas. 2 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB coletiva, em cada fase da construção realizamos uma ideia-forma artística contando com a opinião, palavras, atos e pensamentos, silêncios e resistências, bem como as experiências de todas as pessoas envolvidas divididas por centros de interesse. Alguns alunos fazem o cenário enquanto outros criam a trilha sonora e outros fotografam, por exemplo, e são acompanhados pelas professoras que se disponibilizaram para orientar cada oficina e proporcionavam momentos e situações de aprendizado, conforme nos relatam Seródio, Ferreira e Leardine (2010) En cada reunión, propiciábamos momentos en que los niños se enfrentan a situaciones que les permitieron comparar puntos de vista, rever sus hipótesis, replantearse nuevos cuestionamientos, depararse con otros elementos, tener opinión propia, dividir tareas, realizar registros diferenciados de lo vivido¡K (y también para nosotros, los maestros, cada encuentro representaba ejercitar el rol no apenas de ensinante, sino fundamentalmente, de aprendiz). La acción de los niños fue Fundamental y decisiva en el curso del trabajo, ejercitando la responsabilidad y la autonomía, convirtiéndose en co-responsables. La acción de los profesores, en cambio, fue la definición de la promoción de un entorno para el aprendizaje en el que hubo respeto al tiempo y a las características individuales favoreciendo la convivencia en actividades colectivas. (p.7) Avaliando o trabalho do ano de 2008 no planejamento pedagógico de 2009, a maioria das professoras polivalentes relatou sentir uma sobrecarga de tarefas com a realização da PC diante de um grande número de atividades assumidas seja por necessidade de levar as crianças a participar das atividades e eventos da escola como um 3 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB todo (gincanas, saídas de estudo, feiras culturais etc.), ou como forma de acompanhar com maior empenho cada criança. Isso levou-nos, coletivamente, a não assumir novas propostas de PC. Embora tenha havido um crescimento da escola com o aumento do número de alunos possibilitando mais participantes, o ingresso de novas professoras que não tinham experiência nessa atividade também foi um fator que contou nessa pausa: as novas não iriam se colocar a favor de algo que não conheciam. Assim, a última PC foi realizada em 2008. Foram quatro anos consecutivos de PC e outros três anteriores, precursores da ideia de escolha de quais as crianças se envolveriam, já que a participação de algumas, determinada por um modelo da obra, as silenciava, não dava a elas situações que permitissem que se expressassem. Naquela época não havia PC, mas sim IC (interpretação coletiva)3. Por outro lado, esta negativa para a realização de novas PC abriu um espaço para uma adaptação desse projeto, em uma proposta de trabalho extracurricular e em horário contrário às aulas regulares. Neste participam alunos de 3º a 5º anos do Ensino Fundamental que se inscrevem na Escola de Artes (EA), na qual há propostas que envolvem estudos e experiências artísticas com Música, Artes Visuais e Teatro, com as respectivas professoras especialistas. Assim, no ano de 2010, as professoras projetaram uma variação da PC com o grupo de alunos participantes naquele momento. Nas aulas/oficinas/ensaios se realizam, então, fora do horário das aulas 'oficiais', em período alternado a elas, tanto as professoras quanto os alunos não sabiam o que se produziria o que passou a ser conhecido na medida em que o projeto avançava, a repetição para apropriação das ações (cenas) de acordo com o roteiro, com os adereços e os múltiplos recursos utilizados, com o material plástico criado ou a música ou ambientação sonora escolhida, aquilo que as crianças iam descobrindo iam também tomando forma, apresentando, com as contingências, os limites e as superações, o conteúdo na forma. Nesta proposta de PC, as crianças, ao invés de optarem por uma das diversas oficinas como se passou nas PC anteriores por envolver a totalidade dos alunos, trabalham em todas elas, depois se dividindo conforme a necessidade da proposta Produções de teatro e musicais projetadas, adaptadas, dirigidas para as crianças 3 realizarem nos ensaios que tinham a função de ensinar a fazer (tocar, representar etc.) e em muito menor grau, explorar e criar. 4 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB desenvolvida durante as oficinas. Entendemos que na configuração desse coletivo4 houve, pelas circunstâncias apresentadas e outras herdadas e/ou ampliadas, outras reduzidas ou modificadas: maior participação efetiva das crianças no planejar, no produzir, no criar e na preparação da PC, em função de um número reduzido de integrantes; substituição, por algumas crianças, do papel das crianças que faltam, seja nos ensaios ou mesmo na apresentação, como mostra o vídeo5, nos encontros ou na apresentação, à seu modo e entendimento em coerência com o que se vinha realizando com a presença do outro; criação e apresentação ocorreram intercalarmente; exploração de materiais plásticos e das maneiras de fazer com o corpo a 'bem' usá-los por cada um dos alunos; ideia do representar sujeitada ao material e à capacidade corporal; vivência da expressão corporal com intenção dramática; aprendizado da canção tema do trabalho (Um índio, de Caetano Veloso) cantada, tocada, harmonizada6, encenada. A técnica de ensinar a tocar é oral, memorizada mecânica e auditivamente diretamente nos instrumentos. Seja de “duas músicas diferentes andarem juntas” (Gabriel, 8 anos, 2009, ao escutar contraponto a duas vozes de uma invenção de J. S. Bach) ou de alguns instrumentos acompanharem e outros fazerem o canto, juntamente com as vozes que cantam a letra da música. A de ensinar a dançar é produzir movimentos improvisados que aos poucos vão tomando formas que são a seguir fixadas para o momento, seja em função de um sentido dramático (de Drama, no Teatro) ou de um efeito plástico-visual, para a dança; criação de trilha sonora para diferentes cenas, favorecendo o desenvolvimento de um dos ‘lados’ da música, tal como diz o professor Ney Carrasco7, ao abordar o rompimento 4 Este coletivo contou com a participação de 25 crianças e as PC que aconteceram nos anos anteriores com a totalidade dos alunos, envolveu cerca de 200 deles. 5 No momento das comunicações será possível assitir os vídeos demonstrativos. 6 Harmonia enquanto prática de acompanhamento de canções, musicalmente, no sistema modal ou tonal. Como também é 'harmonizada' com a expressão corporal e com a cena produzida, pode-se dizer que há uma ampliação do conceito as outras linguagens. 7 O autor afirma: (¡K) “quando se consolida a ideia da trilha sonora, temos a música, o diálogo, ruído em tres pistas [nas fitas dos filmes] que acbam por se tornar as três dimensões do som. Ao longo do tempo tanto ruído vai sendo usado cada vez mais experimentalmente quanto a música é utilizada como ruído, especialmente a partir da década de 50 que você tem a incorporação da musica de vanguarda. Isso 5 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB da fronteira entre ruído e música no cinema e na trilha sonora, destacando que os usos da música desde os anos 50, no cinema, incluíram os ruídos e que a partir da década de 70 conduzem ao surgimento do sound designers e ao esfumaçamento da fronteira entre eles e os compositores, levando à criação de outro modo de ver/ler a música e os ruídos cujo caminho ninguém sabe o que será; ampliação do conhecimento das professoras no entrecruzamentos das diferentes linguagens (música, teatro e artes visuais) em um contexto de trabalho pedagógico, uma vez que, para compor diálogos criativos, houve deslocamento de cada especificidade para as outras áreas, tal como podemos notar nas palavras de Costa (2004) A noção de encenador pedagogo modifica ou até mesmo substitui a noção de diretor. Isso porque o encenador, segundo essa teoria, está preocupado não só com o resultado da obra mas com seu processo de construção e com os indivíduos envolvidos nela. Nesse processo o encenador não tem uma idéia pré-estabelecida que transmite para os atores executarem. Ao contrário, ele concebe sua idéia de direção durante o processo levando em consideração a criação dos atores e dos outros participantes: músicos, artistas plásticos, iluminadores, cenógrafos, etc. Nesse sentido, o ator e os outros criadores da cena ganham voz ativa e autônoma no campo de sua expressão. (COSTA, A. D., Recuperado em 12 de maio, 2012, de http://alb.com.br/arquivo- morto/edicoes_anteriores/anais15/alfabetica/CostaAldiane Dala.htm). vai levar a uma situação nos anos 70 a fronteira entre a exploração dos compositores e a de sound designers se torna cada vez mais t~enue e gera uma pergunta que se mescla com a do compositor e que leva a uma indefinição sobre em que a experimentação dos compositores e sound designers”. CARRASCO, N. Relatos Sonoros. Recuperado em 12 de maio, 2012, de http://soundcloud.com/ciberlegenda/relatos-sonoros-ney-carrasco. 6 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB Tais constatações representam um conjunto de aprendizados sobre as diferentes formas de organização, produção e realização de PC. Evidenciou-se que a impossibilidade de manter a PC no formato realizado até o ano de 2008, abriu possibilidades outras de experimentação artística. A participação de todos os alunos nas diferentes áreas artísticas proporcionaria, pensávamos, tanto às crianças como a nós, outras vivências, outros enfoques de uma produção de expressão artística, por meio de uma vivência respondente8, de uma criação em linguagem artística, assim como da vivência do prazer estético que denominamos intuição estética. O que, de fato, se configurou. No entanto, a descoberta mais relevante foi a de que a participação dos alunos em todas as fases e especificidades do projeto da PC gerou, efetivamente, experimentação criativa diversificada para cada um. O fato de ser o terceiro ano letivo sem realizar PC com todos os alunos e professoras, gerou um não conhecer e não experienciar a PC por parte dos novos alunos (e professoras) integrantes do grupo escolar nos últimos três anos, sendo muitos deles inscritos na atividade extracurricular do ano de 2010. Mas o fato de constar na experiência dos mais velhos in-voca, in-fluencia, dis-ponibiliza, abre uma porta n'alma das crianças à proposta, às 'palavras' da cadeia verbal, mas também aquelas dita não verbais: musical, teatral, visual. Enquanto alguns dos mais velhos (das crianças) esperavam uma forma já provada, saboreada e resistiam ao nosso projeto artístico adaptado, de experimentar um caminho que privilegiasse o processo como fim. Para encerrar esse relato, nos apresentamos, de nossa “responsabilidade sem álibi” (BAKHTIN, 2003) a partir da fundamentação vivenciada9 por vários pesquisadores do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Continuada (GEPEC), coordenado desde 2001 por Guilherme Prado, dizendo com Mikhail Bakhtin e sua Filosofia da Linguagem, que impregna nosso movimento no mundo-na escola-na academia e se traduz nesse momento de escrita, no presente suscinto trabalho no âmbito da escola, divulgado para registrar e também dialogar o propósito inicial de ampliar as 8 Fazemos uma aproximação do conceito de escuta respondente, de Augusto Ponzio, que, por sua vez, fundamenta-se fortemente naquele de Mikhail Bakhtin, compreensão respondente (PETRILLI, 2003. PONZIO, Augusto; CALEFATO, Patrizia; PETRILLI, Susan, 2007. BAKHTIN, 2003 9 Partilhamos de uma convicção, de que o encontro, ou como diz A. Ponzio, a relação verdadeira “il rapporto vero” ( produz conhecimento na vivência mesma, pois as diversas linguagens se nos atravessam e nos compõem. 7 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB zonas de contato entre as crianças e delas com as professoras e a arte, igualmente de forma vivenciada. Enfim, trabalhos criativos na escola são possíveis e desejados. Diríamos,ainda com Bakhtin: necessários, como ampliação do horizonte espacial da comunidade escolar. O outro com todas as suas singulares características e expressões irrepetíveis, como a participação dos autores deste texto que também compartilham do grupo de pesquisa, da experiência de uma vivência no exterior com bolsa da Capes e do trabalho no mesmo colégio (PIO XII-PUC-Campinas) e por fim, com mesmo orientador de pesquisa, Guilherme Prado (Faculdade de Educação, Unicamp) e partilhando do mesmo método de pesquisa: A pesquisa “Narrativas Pedagógicas: percursos e indícios de saberes, conhecimento e desenvolvimento profissional”, desenvolvida por Guilherme do Val Toledo Prado, desde 2007, procura evidenciar a partir das escritas cotidianas de professores e profissionais da escola, como os saberes e conhecimentos se manifestam, bem como evidenciar os processos de desenvolvimento pessoal e profissional inscritas nestas escritas (PRADO, MORAIS, ARAÚJO, 2011). Se não há “(1)l'orizzonte spaziale comune ai parlanti (¡K); (2) la comune conoscenza e comprensione della situazione e (3) la comune valutazione di questa situazione10 (VOLOSHINOV, 2010, p.193)” não é possível vencer a ideologia impregnada nas linguagens. Por outro lado, talvez a escola seja uma das instituições privilegiadas que reune os recursos para estabelecer entre os alunos de uma classe ou equipe de trabalho um horizonte espacial comum, um conhecimento e compreensão comum e comum avaliação dessa situação planejada, desenvolvida e representada pelos 10 Se não há (1) horizonte espacial comum aos falantes (¡K); (2) comum conhecimento e compreensão da situação e (3) comum valorização desta situação [tradução nossa]. 8 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB professores inicialmente, de modo a disponibilizar a inter-ferencia e co-participação de todos para todos. Este trabalho criativo, tanto na escola como na pesquisa-narrativa, “altamente abstrato de modelação tipo simbólico” (PONZIO, CALEFATO, PETRILLI, 2007, p.18) produz frutos. Conforme Augusto Ponzio11, segundo relata em suas aulas e seminários e em muitos de seus livros (1997, 2007, 2010), contamos com os ensinamentos, a contribuição fundamental de Bakhtin, que “reside na investigação das condições de possibilidade para subverter a ideologia da identidade ¨C no sentido filosófico ¨C, que podem permitir entrever e justificar uma lógica diferente, que se baseia na alteridade” (PONZIO, 2010). A Produção Coletiva possibilita essa investigação, abrindo espaço para contribuição de todos os participantes nos diversos momentos e características específicas das atividades, ampliando a possibilidade de imaginar, abstrair, colocar-se 'como se' as situações fossem diferentes, realizada a partir de experiências onde o corpo também é instrumento e é requisitado à interpretação e criação: musical, expressivo corporal, plástica, teatral, mas também crítica e paciente da escuta do outro. Ou seja, nossa pesquisa tem como objetivo não só possibilitar a emergência de um movimento criativo e reflexivo inscrito no cotidiano escolar, possibilitando um movimento de reflexão entre os professores como simultaneamente fortalece o caráter autoral das reflexões (PRADO, 2008), mas, em primeiro lugar, possibilita uma largueza de olhar para a formação de nossas crianças, jovens, adultos e formação de professores. Bakhtin/Voloshinov em Marxismo e filosofia da linguagem (1984. p.197), num recorte de O idiota, de Dostoievski. Príncipe Míchkin está pensando sobre seu amigo/rival Rogójin: “Havia qualquer coisa que parecia evidente mas que era difícil de analisar e relatar. Era impossível explicar as suas causas, mas, apesar da sua inverossimilhança e sua impossibilidade, essa coisa qualquer deixava uma impressão clara e incontestável que fazia nascer uma certeza completa”. Mas que certeza? Essa é a proposta para a criatividade do leitor. Referências Bibliográficas 11 Professor de Filosofia da Linguagem e membro do Departamento de Prática Linguística e Análise de Texto, na Universidade de Bari, Itália, http://www.augustoponzio.com/presentazione.htm (07 de junho de 2012) 9 Pujol, Mª A.; Lorenzo, N.; Violant V.(Coordinadoras) (2012) Innovación y creatividad: Adversidad y Escuelas creativas. Barcelona: GIAD-UB Bakhtin, Mikhail (2003). Estética da criação verbal. Tradução do russo: Paulo Bezerra. 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